Paulo Peres
Poemas & Canções
O diplomata, advogado, jornalista, dramaturgo, compositor e poeta Marcus Vinícius de Moraes (1913-1980) foi um poeta essencialmente lírico, tanto que afirmava esquecer tudo ao encontrar um novo amor, para vivê-lo até a morte, conjugando o “Verbo no Infinito”.
VERBO NO INFINITO
Vinícius de Moraes
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor: nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar.
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito.
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito…
Lamento no imperfeito
Maria sofria mas nunca mostrava
Sorria mesmo se por dentro chorava
Nunca pedia, mas sempre se dava
Diferia, sem mostrar que discordava
Ela era frágil e formosa como uma rosa
E da vida não lamentava seus espinhos
Tratava todos com o carinho e o cuidado
Com que os pássaros fazem seus ninhos
Era acolhedora, era singela, era pura
E, mais que tudo, era tão bela!
Um dia se foi e me deixou as agruras
De não mais poder estar junto dela