
Defesa pede que Primeira Turma enfrente “nulidades” do processo
Ivan Martínez-Vargas,
Sarah Teófilo e
Bernardo Lima
O Globo
A defesa do general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 21 anos de prisão por envolvimento com a trama golpista, apresentou à Corte um novo recurso contra a condenação.
O advogado de Heleno, Matheus Milanez, interpôs novos embargos de declaração, instrumentos jurídicos que visam esclarecer dúvidas, omissões ou contradições de uma decisão. Os ministros da Primeira Turma já haviam negado os primeiros embargos interpostos por Heleno, em julgamento encerrado em 14 de novembro.
ALEGAÇÕES – “Ao deixar de enfrentar de forma efetiva as nulidades que maculam o processo, limitando-se a invocar a suposta desnecessidade de enfrentamento pormenorizado dos argumentos, a Suprema Corte acaba por esvaziar por completo a finalidade própria dos embargos de declaração, que é justamente a de exigir do órgão julgador a entrega de decisão clara, coerente e devidamente fundamentada, com o obrigatório exame dos pontos, devidamente suscitados pelas partes, que eram essenciais à formação do livre convencimento motivado dos julgadores”, diz trecho da petição.
Na petição em que recorre novamente, o advogado de Heleno insistiu que a Primeira Turma do STF deve enfrentar o que chamou de “nulidades” do processo. Uma delas seria o fato de Moraes, que é relator do caso, “investigou ativamente as redes sociais de uma testemunha de defesa”, no caso, Waldo Manuel de Oliveira Aires, durante a instrução do processo. A testemunha fora questionada por Moraes sobre uma publicação em redes sociais que não constava nos autos.
“Ao assumir o protagonismo na formulação das perguntas, o Eminente Ministro Relator causou evidente prejuízo à defesa, configurando quebra da imparcialidade necessária ao julgamento da presente demanda”, argumenta Heleno.
PREJUÍZO – Segundo Milanez, “a manifesta violação da distinção entre as funções de acusar, defender e julgar (por parte de Moraes) traduz-se em prejuízo irreparável à ampla defesa e ao contraditório, direitos fundamentais assegurados pelo artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal”.
Outro ponto questionado por Heleno “é a alegação de que a Abin seria ‘subordinada’ ao GSI” e a atuação do general no caso da Abin paralela. “É contraditório apontar que tal grupo “ABIN Paralela” seria capitaneado pelo Réu, mas com completa ausência de provas ou esclarecimentos por parte do Ministro Relator sobre qual seria a atuação do Réu.”
Não há um limite definido para os embargos de declaração, mas o Código de Processo Civil estabelece que não serão admitidos novos recursos desse tipo quando os dois anteriores tiverem sido considerados apenas “protelatórios”.
EMBARGOS INFRINGENTES – As defesas do general e dos demais réus do núcleo central da trama golpista também podem optar por apresentar outro recurso, os embargos infringentes, que visam questionar julgamentos não unânimes. O prazo para esse recurso é de 15 dias. Neste caso, porém, será de 10 dias. Isso porque a contagem começou com a publicação do primeiro acórdão, referente à condenação, e foi interrompida após a protocolação dos primeiros embargos.
O entendimento atual do STF desencoraja esse tipo de recurso porque entende que ele só pode ser apresentado quando houver dois votos divergentes nas análises pelas turmas. No caso de Heleno, só houve um voto pela absolvição, do ministro Luiz Fux. Por isso, uma tentativa nesse sentido tem baixa chance de ser admitida.
Além de Heleno, foram condenados o próprio ex-presidente Bolsonaro e seus ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), além do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos e do ajudante de ordens Mauro Cid.
CRIMES – Heleno foi condenado por organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou que Heleno atuou em prol de uma narrativa para descredibilizar o sistema das urnas eletrônicas. A acusação ainda mostrou que ele estimulou o uso da Advocacia-Geral da União (AGU) pelo governo Bolsonaro para amparar o descumprimento de decisões judiciais
Entre as principais provas apresentadas estão anotações feitas de próprio punho em uma agenda. Em uma das páginas, intitulada “REU DIRETRIZES ESTRATÉGICAS”, o general listou quatro ações atribuídas ao grupo, como “estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações” e “é válido continuar a criticar a urna eletrônica”.
FRAUDES – Outras páginas da agenda contêm referências a supostas fraudes no sistema de votação, com expressões como “FRAUDES PRÉ PROGRAMADAS”, “MECANISMO USADO PARA FRAUDAR” e “TSE – 1 alimenta”. Para a PGR, o conteúdo demonstra a intenção de sustentar o discurso de desconfiança nas urnas, fomentando a ideia de fraude eleitoral.
A denúncia também cita a fala de Heleno em uma reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto. Na ocasião, o general afirmou: “Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”. Para a Procuradoria, o discurso evidenciava a disposição para uma ação golpista antes do pleito presidencial.
PARTICIPAÇÃO – O órgão também destacou que Heleno teria participado, ao lado de Alexandre Ramagem, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), de ações voltadas ao uso do órgão de inteligência para fins ilícitos. Segundo a PGR, o ex-ministro “tinha pleno domínio sobre as ações clandestinas” realizadas pela chamada “Abin paralela”, estrutura que teria sido usada para monitorar opositores e produzir desinformação.
Além disso, Heleno foi mencionado em uma minuta de teor golpista apreendida pela Polícia Federal com o selo do GSI, em que seu nome aparecia como chefe de um gabinete de crise que seria instalado após a efetivação do golpe.
A saga do ex-mito é quase um manual de estupidez política
A conduta do ex-mito é quase um manual de estupidez política. Na pandemia, teria sido possível mais competência e empatia. No golpe, havia sempre a opção de não o cogitar. E, na comédia da tornozeleira, a suposta tentativa de fuga jamais compensaria o risco.
O que leva um homem a agir, de forma tão consistente, contra seus próprios interesses?
A pergunta surgiu durante o seu governo, continuou com sua reação à pandemia, aprofundou-se com a tentativa de golpe —e encontra agora um desfecho teatral com a prisão preventiva depois de tentar arrancar a tornozeleira eletrônica. Por “curiosidade”, justificou ele.
A vigília convocada pelo filho é apenas mais uma prova de que genética não perdoa.
Alguns dirão que essa tendência antecede a política e já vem dos quartéis —o que talvez autorize a piada “de soldado a soldador” que anda circulando por aí.
Mas o assunto é sério: como explicar a estupidez na política?
A estupidez de suas ações não nasce da inocência; mas a deformação deliberada do pensamento exige um tipo de inteligência que ele também não possui.
Guardadas as proporções de escala e importância, a conduta do ex-mito é quase um manual de estupidez política. Na pandemia, teria sido possível mais competência e empatia — mas o homem “não era coveiro”.
No golpe, havia sempre a opção de simplesmente não o cogitar —e, quem sabe, aguardar na oposição outra eleição, já que a derrota de 2022 foi por margem mínima. Mas isso implicaria admitir que o PT venceu o pleito, uma heresia para os bolsonaristas.
E, na comédia da tornozeleira, a suposta tentativa de fuga jamais compensaria o risco. Cumprir a pena —ou parte dela— teria trazido mais vantagens que desvantagens; mas aprender com o caso de Barba seria outra heresia.
Fonte: Folha de S. Paulo, Opinião, 24.nov.2025 às 21h09 Por João Pereira Coutinho
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The New York Times: Brasil desafiou Trump e venceu
Presidente dos EUA tentou manter o ex-presidente Jair Bolsonaro fora da prisão. Ele falhou e agora segue adiante
Trump sobre prisão de Bolsonaro: ‘É uma pena, só acho que é uma pena’
“É uma pena.”
Foi uma resposta reveladora do presidente Donald Trump no sábado, 22, quando soube pelos repórteres que o seu antigo aliado próximo, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, tinha acabado de ser preso.
Ele tinha alguma opinião?
“Não”, respondeu Trump. “Acho apenas que é uma pena.”
Que diferença faz alguns meses. Em julho, Trump enviou uma carta irada ao atual presidente brasileiro, Lula , exigindo que as autoridades retirassem as acusações de que Bolsonaro teria tentado um golpe.
Trump impôs tarifas de 50% sobre as importações brasileiras e sanções a um ministro do Supremo Tribunal Federal brasileiro para tentar manter Bolsonaro — um político de direita por vezes chamado de Trump dos Trópicos — fora da prisão.
Bolsonaro, de 70 anos, está numa cela de prisão, prestes a iniciar cumprimento de uma sentença de 27 anos. E Trump — após um encontro amigável com Lula — acabou de remover as tarifas mais significativas contra o Brasil.
O resultado destaca o contraste impressionante nos destinos de Trump e Bolsonaro depois de cada um ter tentado agarrar-se ao poder após perder uma eleição.
(…)
O Estado de S. Paulo, Política, 24/11/2025 | 17h42 Por Jack Nicas (The New York Times)
https://www.estadao.com.br/politica/new-york-times-brasil-desafiou-trump-e-venceu/
Milaneza tem apenas um propósito: FAMA.
Os (as) idiotas de plantão não conseguem nem entender a diferença entre desistência de cometer um crime e tentativa de crime …
Todo homem saudável já pensou – isso depois de imaginar o cenário, o lugar, o momento de ataque – em pegar uma mulher sem que ela demonstrasse vontade de ter relações com o gajo.
Pela “lei de merda” vigente, milhões deveriam estar presos, mas como a prisão é seletiva … Os rejeitados ficariam muito felizes com isso, até mesmo as deputadas portadoras de próstata.
DESTRAMBELHADAS “Falsas Bandeiras”, visando “Estancar Sangrias”, resulam em decisões, sem pés nem cabeças, diante de toda “inteligencia e defesa nacionais”, dopadas e acometidas de glaucomas!
Augusto Heleno preso e José Dirceu solto. Alguém ainda acredita no Brasil?
Senhor Carlos Pereira , uma pessoa desistir de cometer um crime , não significa que ela desmobilizou seus ” parceiros e comparsas ” de faze-lo , sendo que na verdade o autor não desistira de seu intento , mas sim fora assistir comodamente e seguro de camarote , a léguas de distância em outro país .