O que Campos Neto e Haddad podem fazer para arrumar a bagunça nos juros 

Charge: Batendo na taxa de juros - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

Vinicius Torres Freire
Folha

Mancadas de Lula, BC e Fazenda elevam
As taxas de juros estão em nível de exagero faz pelo menos duas semanas, dizem executivos e negociantes de dinheiro de bancos maiores. A efervescência poderia diminuir um pouco caso governo, Fazenda e Banco Central falassem menos e dessem menos mancadas, que elevam o custo do dinheiro, o dólar e a projeção de inflação

Diminuir um pouco? Gente variada do BC e até do Ministério da Fazenda diz que um sedativo duradouro vai exigir mais do que gogó e compostura.

VAI EXIGIR O QUÊ? – “Melhorar a comunicação” de BC e Fazenda, com taxa de juros alta até o final do ano. Assim, em 2025, o BC sob nova direção, luliana, poderia deslanchar cortes na Selic, em vez de ficar manietado.

Falta também Lula anunciar planos de conter gasto com Previdência, saúde e educação, além de baixar logo a nova norma sobre a meta de inflação “contínua” (em vez de aferido ao fim do ano-calendário, o descumprimento da meta seria verificado quando a inflação ficasse por certo tempo acima ou abaixo da banda da meta, e a meta seria definida para vários anos).

Seria um modo de dizer que o regime de metas está forte e sacudido, com o alvo ainda em 3%, e com Lula parando de avacalhar metas de gasto e inflação, entre outros tiros no pé.

NO ATACADÃO – As taxas de juros de que se trata aqui são aquelas negociadas no atacadão de dinheiro, negócios que definem o custo de financiamento de déficits e rolagem de dívidas do governo.

A situação financeira (juros, dólar etc.) se degrada desde meados de janeiro. Os motivos pareciam ser a volta do pessimismo com os juros nos EUA e a perspectiva de que o governo fosse relaxar o plano de redução de seus déficits. A partir de meados de março, as expectativas de inflação também passaram a piorar.

Na semana de 10 a 17 de abril, houve uma conjunção de azares e mancadas: notícias ruins sobre inflação nos EUA; o governo mudou as metas fiscais; o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que era preciso tirar o cavalinho da chuva, pois a Selic talvez não baixasse mais 0,5 ponto. Foi um estrago em juros, dólar etc.

BC DIVIDIDO – O ambiente se acalmou um pouquinho até a decisão sobre a Selic de 8 de maio, quando o BC votou dividido, supostamente entre “lulistas” e “campos-netistas”. O governo e o PT alardeiam que a Selic cairá, sem mais, assim que a maioria da direção do BC for nomeada por Lula. O pessoal do dinheiro acredita, imagina que haverá inflação extra e cobra mais para emprestar ao governo.

Desde maio, diretores do BC tentam unificar o discurso. Ainda não colou. Nesta sexta-feira (24), Campos Neto fez novos alertas desastrados de inflação mais alta.

Na quarta-feira (22), Fernando Haddad dissera que a meta de inflação era muito exigente e que o BC deveria colaborar, baixando a Selic. Disse ainda que haveria um complô de poderosos a fim manter a Selic nas alturas. Deu mais bobagem com juros, dólar etc.

FANIQUITOS – Apesar dos faniquitos recentes, a piora em juros e dólar foi maior de janeiro a abril do que de abril para cá. Entre o céu e a terra, há mais do que os fantasmas de Haddad.

A Fazenda acredita em fantasmas, conspirações para manter juros na lua. É verdade que as estimativas de inflação e juros de certas instituições não passam de “palhaçada”, como disse um diretor de bancão —essas projeções acabam no boletim Focus, que fornece dados para as contas de inflação e juros do BC. Mas essa picaretagem não determina preços, taxas.

A Fazenda acredita também que os donos do dinheiro deveriam agradecer o fato de que a dívida do governo não tem crescido tão rápido quanto “o mercado” previa, por exemplo.

DAQUI EM DIANTE – Não é assim que funciona. Não importa o passado, mas o que vai ser da dívida daqui em diante.

O pessoal da Fazenda pode até ganhar os elogios que quer, da boca para fora. Mas tapinha nas costas não determina preços, assim como promessas não pagam dívidas.

Além das mancadas, essas ingenuidades custam caro.

10 thoughts on “O que Campos Neto e Haddad podem fazer para arrumar a bagunça nos juros 

  1. “Lascas” do Capítulo XX, dos “sábios”!
    “Não permitiremos a estagnação do dinheiro. Por isso, não consentiremos que haja apólices do Estado, excetuando-se uma série a 1%, a fim de que os juros não entreguem a força do Estado à sucção das sanguessugas. O direito de emitir títulos ficará unicamente reservado às companhias industriais, que não farão grande sacrifício, pagando juros com seus lucros, enquanto que o Estado não retira do dinheiro que toma emprestado o menor lucro, pois que o gasta e não realiza com ele operações frutuosas.(16)

    As ações industriais serão adquiridas pelo próprio governo, que, de tributário de impostos, como é agora, se transformará em emprestador por cálculo. Tal medida fará cessar a estagnação de dinheiro, o parasitismo e a imprensa, que nos eram úteis quando os cristãos viviam independentes, mas que são indesejáveis no nosso regime.

    Como é evidente a falta de reflexão puramente animal dos cérebros cristãos! Eles nos pediam dinheiro emprestado com juros, sem refletir que precisariam tomar esse mesmo dinheiro, acrescido de juros, nas arcas do Estado, para nos pagar! Que de mais simples do que ir buscar o dinheiro de que precisavam no bolso dos contribuintes?”
    https://www.islam-radio.net/protocols/indexpo2.htm
    PS. Lula, Campos e Haddad, copiem e cumpram!

  2. Como tamanho da arrecadação de impostos no Brasil, a farra dos altos salários e benesses do judiciário, executivo e legislativo, a gigantesca e paquidérmica máquina pública brasileira fora a corrupção é um acinte ouvir ou ler “…anunciar planos de conter gasto com Previdência, saúde e educação.” Por qual razão não se corta na carne do topo da pirâmide pública? Por qual razão a conta tem que ser sempre paga pelos mais pobres?

  3. A “bagunça” acontece por conta da divida publica trilionária que não para de crescer e exige juros cada vez maiores para sua rolagem devido a falta de credibilidade do Brasil no encaminhamento do problema. Reforma administrativa já e fim das mamatas nas aposentadorias de policiais, bombeiros e militares já diminuiria bastante o problema fiscal abrindo espaço não só para o corte dos juros como a volta dos investimentos públicos. O estado hoje só paga salários e aposentadorias. Não sobra dinheiro para quase mais nada. O que sobra vai para as VERGONHOSAS emendas parlamentares.

  4. Campos Neto fez novos alertas desastrados de inflação mais alta

    Alertas desastrosos ? Este fdp costuma ir à feira ou a supermercados ?

  5. “Falta também Lula anunciar planos de conter gasto com Previdência, saúde e educação”

    Humm, será isso que o tal “mercado” quer?

    Que tempos.

  6. Esse governo quer enfeitar a economia como o cigano enfeita sua mula.
    Eu não compraria um carro usado do $talinacio como não compraria uma mula de cigano.

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