
Por “mera coincidência”, Lira é envolvido em rachadinhas
Pedro do Coutto
O Globo, Estadão e o Valor deram grande destaque nesta sexta-feira aos lances que estão envolvendo a disputa para a presidência da Câmara Federal, focalizando as articulações que se sucedem principalmente para a escolha, por Rodrigo Maia, do nome que enfrentará Arthur Lira, líder do Centrão e candidato do presidente Bolsonaro. O episódio, a meu ver, reveste-se de uma importância enorme no campo político. Principalmente porque o mandato das novas mesas diretoras da Câmara e do Senado são de dois anos, portanto, estarão nos postos na sucessão presidencial de 2022.
Se Bolsonaro perder a disputa, sua candidatura a reeleição sofrerá a partir de 2021 uma forte queda em seu projeto de permanecer no Planalto depois da alvorada das urnas.
MAIA INDEPENDENTE – Rodrigo Maia, que se encontra rompido com o ministro Guedes, tem atuado com independência, o que fortalece sem dúvida à oposição. O que falta a Maia é alcançar um consenso em torno do candidato que em Janeiro enfrentará Arthur Lira e o bloco do governo. Rodrigo Maia está se empenhando a fundo para vencer a disputa.
O candidato capaz de unir o presidente da Câmara à frente dos oposicionistas deverá surgir até o final deste ano. Na Folha de São Paulo a reportagem é de Júlia Chaib e Tiago Resende, no Estadão é de Felipe Frazão, no Valor assinam Marcelo Ribeiro, Rafael Di Cunto e Fábio Murakawa.
A partir da semana que vem as articulações vão ganhar cada vez mais empenho, como é natural sobretudo porque, como disse há pouco, Rodrigo Maia vai avançar para obter destaque que poderá ser decisivo para seu futuro político.
TODAS AS FICHAS – Jair Bolsonaro joga todas as fichas na própria reeleição que já esteve mais viável do que na atual faixa de tempo. A pesquisa do IBOPE inclusive mostrou que a aprovação de seu governo pela opinião pública já esteve melhor situada e agora mesmo, nas urnas municipais sua administração é mais reprovada do que aprovada. Rio e São Paulo são destaques uma vez que concentram praticamente 1/3 do eleitorado brasileiro.
Que Bolsonaro estará nas urnas é um fato certo, mas sua candidatura pode ser confrontada por algum candidato capaz de reunir as forças que lhes são contrárias. Nesta escala situam-se o governador João Doria e o ex-ministro Ciro Gomes.
PT É INCÓGNITA -A posição do PT de Lula da Silva é uma incógnita. Até porque, segundo a matéria do Valor, o PT poderá inclusive votar em ArtHur Lira. Ou então abster-se, posição que Lula vem adotando.
O ex-presidente sonha com uma noite de verão para conseguir livrar- se das condenações que lhes foram imputadas, e Arthur Lira promete abrandar a Lei da Ficha Limpa. Terá coragem e apoio para fazê-lo?