
Datafolha: Dilma sobe; Marina desce; Aécio avança um ponto

Pedro do Coutto
Pesquisa do Datafolha destacada por reportagem de Ricardo Mendonça, edição de 21 da Folha de São Paulo, destaca nitidamente a intenção de votos nas candidaturas Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves por classes sociais do eleitorado brasileiro. A divulgação da matéria é fundamental para que os três candidatos possam dirigir suas mensagens no momento em que a campanha para o primeiro turno ingressa na reta final.
A tendência de voto favorece Marina Silva nos grupos sociais de renda mais alta e fortalece Dilma Rousseff, ao contrário, nas faixas sociais de renda menor. Aécio Neves melhora nos grupos de renda mais elevada e decai nos grupos sociais de renda mais baixa.
Nos grupos considerados de renda alta pelo Datafolha Marina Silva lidera com 36 pontos, seguida de Aécio Neves com 33. Neste segmento Dilma Rousseff atinge somente 19%. Ocorre que os grupos de renda mais alta pesam 7% do total de eleitores. Passando a faixa de classe média alta, Marina alcança 35, mas Dilma tem 27 e Aécio 22. Este grupo representa 20% do eleitorado. Na classificação seguinte, classe média intermediaria, Dilma já assume a liderança alcançando 35 contra 33 de Marina. Nesta faixa, que representa 32% do eleitorado Aécio desce para 15 pontos.
A seguir o Datafolha apresenta as intenções de voto da classe que ele identifica como média baixa pela qual reúne 13% do total de eleitores e eleitoras. Neste seguimento Dilma lidera com 40 pontos, seguida de Marina com 28 e Aécio com 16%.
Finalmente junto às classes de menor renda, que pesam 27% do total de votos Dilma Rousseff dispara com 49 pontos, deixando Marina Silva em segundo com 23. Nesta faixa Aécio Neves registra apenas 10% das intenções de voto. Verifica-se assim a existência de dois seguimentos decisivos para definir os rumos do primeiro turno: a classe média intermediária, pesando 32% e classe de renda mais baixa representando a fração de 27% do eleitorado. Somando-se os dois seguimentos chega-se à conclusão que esses dois grupos representam 59% do total de eleitores do país.
MENSAGENS FINAIS
Isso de um lado, De outro, a pesquisa do Datafolha focalizada claramente por Ricardo Mendonça vem oferecer aos candidatos um panorama bastante nítido de como devem tentar dirigir suas mensagens nas semanas finais que antecedem as urnas de 5 de outubro. Como os números revelam as classes as quais as mensagens devem ser mais intensamente dirigidas são as de renda menor porque são amplamente majoritárias na composição do colégio eleitoral.
Esta divisão praticamente define que as duas primeiras colocações no voto que se aproxima serão ocupadas, como as pesquisas tanto do Datafolha quanto do IBOPE assinalam, pela atual presidente da República e pela candidata do PSB. Isso porque Aécio Neves como os números indicam alcança penetração muito pequena nas classes média intermediária, 15% na média baixa 16%, atingindo apenas 10 pontos junto àqueles que o Datafolha considera de renda menor, socialmente excluídos.
Aécio tem pouco tempo para a tentativa dar certo, mas para ele esse constitui o único caminho possível de passar de uma terceira para uma segunda colocação nas urnas do próximo dia 5. O tempo corre contra ele, mas nem por isso seu esforço nesse sentido pode ser considerado de antemão inútil. Para definir o resultado, vamos aguardar as próximas pesquisas dos dois principais Institutos do país.
Pedro do Coutto
Pesquisa do Datafolha concluída quinta-feira e publicada com destaque pela Folha de São Paulo de 19, reportagem de Ricardo Mendonça e comentários de Mauro Paulino, diretor geral do Instituto, e de Alessandro Janoni, destaca que o duelo final das eleições para presidente da República permanece entre Dilma Rousseff e Marina Silva, embora a ex-senadora tenha recuado de 33 para 30 pontos no espaço de uma semana. Nesse mesmo período, aliás curto, o Datafolha está realizando levantamentos de sete em sete dias, Dilma Rousseff subiu um degrau: passou de 36 para 37%. Aécio neves cresceu de 15 para 17 pontos.
A pesquisa contém diferenças em relação à do Ibope que saiu na terça-feira, mas a direção é a mesma. Para o IBOPE, Aécio saltou de 15 para 19. Para o Datafolha de 15 para 17 pontos. O recuo de Marina ocorreu principalmente nas regiões sudeste e sul. No sudeste desceu de 36 para 32. No sul de 30 para 25%. Nas duas regiões perdeu votos para Aécio Neves. Por falar no ex-governador mineiro, a pesquisa do Datafolha provavelmente o levará a mudar de estratégia: seu alvo deixará de ser Dilma, da qual encontra-se distante vinte pontos, para ser Marina. Isso porque seu esforço, agora, é para obter o segundo lugar que poderá levá-lo às urnas de 26 de outubro. Está mais próximo de Marina Silva que, não se sabe bem por qual razão, perdeu no sul e sudeste. O sudeste é fundamental, uma vez que reúne em torno de 50% do eleitorado brasileiro. Não se sabe também porque a rejeição a Marina, nesta semana, cresceu de 18 para 22. A rejeição a Dilma permaneceu em 33%. A rejeição a Aécio desceu para 21.
RETA FINAL
Praticamente na véspera da entrada na reta final, os índices assinalados nas duas regiões por Marina nas duas regiões , se refletirem uma tendência, são preocupantes, pois Dilma, em decorrência do programa Bolsa Família, registra 49% no nordeste contra 32 de Marina e apenas 8 de Aécio. Na região norte, alcança os mesmos 49 pontos contra 28 de Marina e 9 de Aécio. Para compensar tais diferenças, a ex-ministra do Meio Ambiente tem que manter boa dianteira no sudeste e no sul.
De qualquer forma, em termos de segundo turno, o panorama mudou pouco. Na simulação realizada pelo Datafolha, ela venceria Dilma por 44 a 42 pontos. Panorama de quase um empate. Mas que significa que Marina hoje absorveria para si mais leitores de Aécio do que a presidente da República.A análise feita por Mauro Paulino e Alessandro Janoni ressalta que o recuo de Marina aconteceu entre os eleitores de menor renda mensal, de 1 a 5 salários mínimos que representam – frisaram – a parcela de 77% do eleitorado, portanto largamente majoritária. Esta constatação certamente influirá numa mudança de linguagem e postura da candidata, uma vez que o avanço de Dilma Rousseff ocorreu justamente nesse grupo social.
Mas não só Marina deve alterar o rumo de sua campanha, Dilma e Aécio também. Dos três, concluem Paulino e Janoni, como se vê, a posição mais difícil é de Aécio Neves que, na etapa final do primeiro turno, terá que superar o seu potencial de votação registrado até agora e torcer para que Marina Silva desça ainda mais na escala no roteiro das urnas do primeiro turno. Para os diretores do Datafolha, se acontecer tal processo, terá sido o primeiro da história das eleições brasileiras.
Pedro do Coutto
Dilma foi mal na sabatina organizada pelo Globo no Rio de Janeiro