Carlos Chagas
Na reunião da Comissão de Constituição e Justiça, chamou a atenção o esforço inócuo e desnecessário dos senadores governistas para protelar os trabalhos, até evitando o depoimento de Lina Maria Vieira. De Ideli Salvatti, exigindo a apreciação de outras matérias, a Aloísio Mercadante, confuso ao extremo, até Romero Jucá, Gim Argello, Antonio Carlos Valadares, Magno Malta, Renan Calheiros e Almeida Lima, entre outros, deram todos a impressão de estar enxugando gelo. Só fizeram irritar quem se encontrava diante das telinhas da TV-Senado aguardando o depoimento da ex-secretária da Receita Federal. Questões de ordem e dúvidas sobre a competência da Comissão de Constituição e Justiça arrastaram-se por mais de duas horas e meia, antes que a depoente fosse chamada ao plenário. A impressão foi de que os referidos senadores atuavam apenas para o presidente Lula tomar conhecimento de sua lealdade ao governo. Mais do que uma tropa de choque, constituíram um exército de vento.
O contraponto aconteceu quando os ânimos serenaram e a funcionária chegou ao plenário. O senador Demóstenes Torres concedeu tempo ilimitado para sua exposição inicial que, com todo o respeito, foi uma chatice. Dona Lina relatou sua vida profissional inteirinha, até chegar à secretaria da Receita Federal, usando slides e referindo-se às inovações por ela implantadas na arte de tomar dinheiro do contribuinte. Nesse período, muitos senadores dormiram.
Gilmar não dá trégua
Mais uma do presidente do Supremo Tribunal Federal em sua guerrilha contra promotores e procuradores de Justiça: em debate na Fiesp, esta semana, ele declarou que, no governo Fernando Henrique, parte do Ministério Público foi o braço judicial de partidos oposicionistas.
Nomeado ministro da mais alta corte nacional por Fernando Henrique, Gilmar Mendes acrescentou que os promotores que assim agiram quando o PT era oposição deveriam pedir desculpas e até indenizar o estado por usar indevidamente o Ministério Público para fins partidários. Mas ressalvou ter a impressão de que agora isso mudou. Claro, os partidos oposicionistas hoje são outros. Inverteu-se a equação…
Hipótese remota
Circulou em Brasília a possibilidade de Henrique Meirelles entrar no PMDB e tornar-se candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Dilma Rousseff.
Trata-se de hipótese remota, praticamente inviável. Primeiro porque o PMDB já tem candidato. É o presidente da Câmara, Michel Temer. Depois porque para a ministra Dilma, ainda desconhecida da maioria do povão, nada pior do que um companheiro de chapa também ignorado pela maioria do eleitorado. Nada que desabone os dois, é claro, mas em se tratando de amanuenses, competentes funcionários públicos pouco afetos aos palanques, seria curioso ver como pediriam votos, mesmo apoiados pelo presidente Lula.