Partidos desconhecem (?) a lei e pedem à Justiça Eleitoral mais prazo para fechar federações…

Charge do dia

Charge do Cabalau (Arquivo Google)

Julia Affonso
Estadão

Diante da falta de acordo para fechar alianças nos Estados, as cúpulas do PT e do PSB decidiram pedir mais prazo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para formalizar uma possível federação partidária. Na prática, isso significa adiar a união em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto.

O prazo para que as federações sejam registradas termina em 2 de abril, seis meses antes das eleições. Na avaliação de dirigentes do PT e do PSB, o prazo é muito curto. Um dos motivos é que a janela partidária – período em que parlamentares podem trocar de partido, sem perder o mandato – termina na véspera, em 1º de abril.

RECURSO AO TSE – O pedido de prorrogação da data fixada pelo TSE para registro das federações é apoiado pelo PCdoB e PV. Os partidos devem apresentar representação ao TSE até segunda-feira, 24.

“Nós queremos fazer um recurso, porque o tempo da política não pode ser dado pelo tempo do processo burocrático do TSE”, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, após deixar reunião com dirigentes do PSB nesta segunda-feira. Foi o primeiro encontro do ano das cúpulas dos dois partidos. “Tem definições na política que vão acontecer só depois da janela partidária, a partir de abril. O TSE está nos forçando a fazer uma discussão sem ter uma clareza.”

As federações partidárias serão uma das novidades das disputas de 2022. Foram criadas pelo Congresso em setembro do ano passado, e regulamentadas por uma resolução do TSE publicada em 14 de dezembro, sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte eleitoral.

ATUAÇÃO CONJUNTA – A exemplo das coligações, a federação permite que os partidos atuem em conjunto no período eleitoral, inclusive somando os votos para conquistar mais vagas na Câmara e nas assembleias. Mas as semelhanças acabam por aí: a federação exige que as siglas continuem juntas, por, no mínimo, quatro anos.

“(O prazo) cria uma dificuldade, é um instituto muito novo, muito complexo e é um tempo insuficiente”, afirmou o presidente do PSB, Carlos Siqueira.

Ele e Gleisi se reuniram nesta quinta-feira, 20, na sede nacional dos socialistas em Brasília para discutir as estratégias dos partidos. Participaram do encontro pelo PSB, o ex-governador de São Paulo Márcio França, o governador de Pernambucano, Paulo Câmara. Pelo PT, o secretário-geral do partido, Paulo Teixeira.

CASO ALCKMIN – O encontro não definiu a entrada do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin no PSB. Alckmin é cotado para ser vice na chapa liderada por Lula. Segundo Siqueira, Alckmin foi convidado a entrar no partido e “tudo indica que ingressará”, mas é preciso ver se haverá uma aliança formal com o PT.

No Twitter, Siqueira disse que o PSB vai apoiar candidatos petistas na Bahia, Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte e voltou a falar que é necessário reciprocidade por parte dos petistas. “Há que se ter reciprocidade na construção da unidade política. Vamos iniciar com o PT uma rodada de reuniões nos Estados para aprofundar o debate sobre os nomes aos governos estaduais”, destacou ele ao lembrar que o PSB também tem palanques a oferecer no Maranhão e em Alagoas.

EXISTEM PENDÊNCIAS – O principal entrave para as alianças são as candidaturas aos governos estaduais. Em São Paulo, por exemplo, o PT pretende lançar o ex-prefeito Fernando Haddad ao Palácio dos Bandeirantes, mas Márcio França, do PSB, quer ser candidato.

O PT já indica que pode abrir mão da candidatura em Pernambuco para fechar acordo com o PSB. Ainda há impasses para acertos no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Acre.

Gleisi afirmou que as escolhas de candidatos devem seguir os mesmo critérios em todos os Estados.  “Com muito respeito entre nós, temos de chegar a um denominador. A competitividade da disputa lá vai se dar se nós conseguirmos unificar esse campo. Eu sou daquelas que defendem também trazer o PSOL para essa união”, disse a presidente do PT. Uma nova reunião dos partidos foi marcada para a próxima quarta-feira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bem, amigos, é normal que jornalistas não conheçam as leis e se baseiem em informações de terceiros. Mas é inaceitável, abominável e inacreditável que os partidos políticos não conheçam as leis que regem as eleições. Já explicamos diversas vezes, aqui na Tribuna, que o prazo para federações não é 2 de abril, mas 5 de agosto (último dia para realizar convenções). A Lei 14.208, de 28 de setembro de 2021, é absolutamente clara a respeito e cita esse prazo em dois artigos. Um deles determina que “a federação poderá ser constituída até a data final do período de realização das convenções partidárias” (5 de agosto). E o outro reafirma que “é vedada a formação de federação de partidos após o prazo de realização das convenções partidárias. Mas a ignorância e a esculhambação falam mais alto no Brasil de nossos dias. É lamentável. (C.N.)

One thought on “Partidos desconhecem (?) a lei e pedem à Justiça Eleitoral mais prazo para fechar federações…

  1. Os partidos desconhecem tudo.
    Aliás, eles nem sabem porque existem. Seus filiados e representantes legislativos, 90 por cento são analfabetos funcionais. Muitos não têm a menor ideia da grandeza do País.
    Os que chegam lá sendo analfabetos ou não, aprendem rapidinho as seis letras do alfabeto: R-O-U-B-A-R.

    Fazem tudo que podem pra meter a mão, afinal, o sujeito pensa que pode não se reeleger e aí mete a mão sem medo de ser feliz.
    Ninguém perde a chance de ganhar alguns milhões rapidinho.
    É mais fácil que tirar doce de criança.

    Se o bicho pegar, o que é raro, é só dizer que é perseguição política. rsrs

    O Brasil e os Brasileiros, estão comendo o pão que o diabo amassou.
    Há trinta anos!!

    Poderíamos ser uma potência, mas somos o país da ladroagem.
    Lamentável!

    JL

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