Queiroz insiste na candidatura e garante que será o deputado mais votado do Rio de Janeiro

Queiroz permanece em silêncio durante primeiro depoimento no caso das  'rachadinhas' - ISTOÉ Independente

Fabricio Queiroz está mesmo decidido a entrar na política

Camila Zarur
O Globo

Pivô do caso das rachadinhas no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e símbolo das suspeitas de corrupção que envolvem a família presidencial, o policial militar reformado Fabricio Queiroz, animado pelo esfriamento das investigações do caso, quer se candidatar a deputado federal.

Em entrevistas e publicações nas redes sociais, por ora sem sinal de cobrança explícita, ele deixa claro que pretende contar com o apoio do presidente a seu nome. Bolsonaro até agora não fez gesto público em relação ao amigo, que sofre para encontrar um partido que abrigue alguém com seu histórico.

Até nas legendas mais fiéis a Bolsonaro há forte resistência ao ingresso de Queiroz. O Globo ouviu dez dirigentes de oito siglas. Cinco delas são da base do governo — PL, PP, Republicanos, PTB e PRTB — e três se dizem independentes: União Brasil, MDB e PSD. Nenhum deles se mostrou favorável à possibilidade de se tornar correligionário do ex-policial.

SEM CRIAR ARESTAS – A contrariedade é ainda maior entre os políticos desse universo que ocupam assentos de comando em diretórios do Rio, domicílio eleitoral de Queiroz.

A maior parte falou sob a condição de anonimato, alegando receio de criar arestas com a família presidencial, de quem Queiroz é próximo desde a década de 1980. Já o presidente do PL no Rio, deputado Altineu Côrtes, confirmou que se encontrou com Flávio Bolsonaro na semana passada para discutir candidaturas do partido ao Congresso, mas disse que jamais tratou sobre os planos eleitorais de Queiroz.

Em seus perfis nas redes sociais, Queiroz tem feito acenos ao PTB. O ex-PM já publicou inclusive fotos homenageando o ex-deputado Roberto Jefferson, cacique histórico da sigla, e que está preso desde agosto do ano passado. O Globo apurou com lideranças da legenda, porém, que o amigo da família Bolsonaro não seria bem-vindo.

PEDIDO DE AJUDA – Há uma semana, em entrevista ao “Estado de S.Paulo”, Queiroz afirmou que, se receber apoio explícito de Bolsonaro, será eleito o deputado mais votado do Rio. Foi um primeiro pedido indireto de ajuda. Outro recado implícito veio nesta sexta-feira.

 Depois da publicação de uma entrevista à revista Veja em que outro amigo de longa data da família Bolsonaro, Waldir Ferraz, admite que havia rachadinha nos gabinetes do clã — atribuindo a culpa à ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle — Queiroz publicou:

“Se isso é amigo, imagina se fosse inimigo”, escreveu o ex-policial. A frase remete à lealdade que o próprio Queiroz sempre manteve com a família Bolsonaro durante toda a investigação da rachadinha na Alerj.

CONSTRANGIMENTO – As movimentações do ex-assessor têm provocado clima de constrangimento na família do presidente. Na última semana, em entrevista à CNN, o senador Flávio Bolsonaro não descartou apoio do pai ao seu ex-assessor, mas evitou se comprometer, saindo pela tangente:

— Qualquer um pode querer ser candidato, tem uma grande rede de relacionamentos. É um PM respeitado no Rio de Janeiro. Sobre apoio, o Bolsonaro tem que apoiar todos que estejam dentro desse contexto de alianças.

Embora não admitam publicamente, integrantes dos partidos aliados sabem que as resistências podem ser deixadas de lado se algum representante do clã presidencial fizer um pedido direto pela filiação de Queiroz. Todos os dirigentes ouvidos pela reportagem disseram, porém, que isso jamais ocorreu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para a família Bolsonaro, Queiroz sempre foi um parceiro rachadista da melhor qualidade. Mas as coisas mudam, ele ganhou vida própria e se tornou cada vez mais inconveniente, como se fosse aquela metamorfose ambulante celebrizada por Raul Seixas e Paulo Coelho. (C.N.)

4 thoughts on “Queiroz insiste na candidatura e garante que será o deputado mais votado do Rio de Janeiro

  1. Realmente, no Brasil a tal “merdamorfose ambulante” tornou-se um caso sério, no RJ então, um estado de criminalidade, nem se fala. Aliás, o eleitorado carioca é campeão em eleger cabrais, etc. e tai$..

    • Foi-se o tempo em que Machado de Assis, Rui Barbosa…, eram figuras exponenciais do RJ, da BA, e do Brasil, a bandidocracia reinante no país criou os seus próprio “mitos”.

  2. O Rio vai de mal a pior. A bandidagem tomou conta. A Muzema, Rio das Pedras, Praça Seca, os Complexos da Maré e do Alemão, são apenas as “comunidades” mais aparentes.
    Está tudo dominado.

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