Antonio Santos Aquino:
“Helio, quem são verdadeiramente, os donos da Vale? E por que, tendo uma verdadeira reserva amazônica de dólares, o Presidente Lula não comprou as ações da Petrobrás na Bolsa de Nova Iorque?”
Comentário de Helio Fernandes:
O controle da Vale é uma terrível caixa preta, difícil de deslindar, Aquino. A Valepar deteria 53,6% desse capital, enquanto investidores brasileiros (13,7%), estrangeiros (25,9%) e o governo federal (6,8%) ficariam com os restantes 46,4%. Mas é tudo muito nebuloso.
Essa Valepar é um consórcio, composto por uma tal de Litel, pela Bradesco Participações (Bradespar), pela empresa japonesa Mitsui, pelo BNDESPar e pela Elétron.
A Litel seria hoje majoritária na Valepar, com 49% das ações do consórcio. É formada pelos fundos de pensão Previ, do Banco do Brasil, Petros, da Petrobras, Funcef, da Caixa Econômica Federal, e da Fundação Cesp. E a Previ seria majoritária na Litel, com 78,4% das ações ordinárias.
A Bradespar, com 21,21%; a Mitsui, com 18,24%; o Bndespar, com 11,52%, e a Elétron (grupo Opportunity), com 0,03%, complementariam os 100% da Valepar.
Tudo no condicional, Aquino. Lembre-se de que, em novembro de 2003, O então presidente do BNDES, Carlos Lessa, e seu vice, Darc Costa, pegaram de surpresa o mercado (e o governo Lula) fazendo o BNDES recomprar 8,5% das ações da Valepar, para impedir que a companhia fosse controlada por estrangeiros. Sete anos depois, ninguém sabe realmente como isso está.
Na privatização, a Vale teve 41,73% das suas ações vendidas por R$ 3,34 bilhões, um valor ridículo para o patrimônio da companhia, ou seja, foi “entregue” pela Comissão de Desestatização nomeada por FHC.
Depois, como precisavam de RECURSOS para funcionar, TOMARAM (a palavra é essa) dinheiro do BNDES. Isso há 13 anos, funcionava assim.
1 – O governo FHC pagava de juros mais de 30 por cento, a banqueiros, seguradoras, grupos internacionais, capitalizava o BNDES.
2 – FHC deixou o juro para Lula a 25 por cento.
3 – Inacreditavelmente , o BNDES repassava dinheiro a tomadores recebendo apenas 2 por cento ao ano. Isso mesmo, podem dizer: I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L.
4 – O governo pagava 25 por cento, e através do BNDES, emprestava recebendo apenas 2 por cento.
5 – Lula não pode dizer que não sabia, pois acertou em cheio no seu primeiro presidente do BNDES: Carlos Lessa, Competente, honesto, sem precisar de dinheiro, contou ao presidente Lula como as coisas se passavam no BNDES.
6 – Lessa revelou ao presidente Lula que o BNDES repassava aos outros bancos, que entravam como “intermediários”, 4% dos 6% ao ano cobrados pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). Ou seja, o BNDES só ficava com 2% ao ano, quando fazia empréstimos a grandes empresas, como a Petrobras. Lessa mostrou a Lula que o BNDES perdia 4% ao ano apenas para o dinheiro atravessar a Avenida Chile, e um banco qualquer embolsava 4%..
7 – Lula, de posse dessas informações, negociou. Como a primeira EXIGÊNCIA, era demitir Carlos Lessa. Foi demitido, é claro.
8 – Lessa tinha acabado com isso, em sua gestão no BNDES os bancos passaram a só fazer intermediação quando a operação fosse inferior a 10 MILHÕES DE REAIS. Nesse caso, o banco entrava como intermediador e também como avalista, se o cliente não pagasse,tinha que cobrir. Os banqueiros, é claro, desde o início exigiam a demissão de Lessa.
9 – Ao afastar Lessa, Lula tirou Guido Mantega do Ministério do Planejamento e nomeou-o para o BNDES. Sem alarde, na encolha, às escondidas. Mantega logo derrubou a medida moralizadora de Lessa, e os bancos voltaram a ganhar 4% na “intermediação” dos empréstimos do BNDES para as grandes empresas nacionais e multinacionais instaladas no País. PARA O BNDES, SOBRA APENAS 2% AO ANO.
10 – Não foi sem motivo, portanto, que Lessa classificou publicamente Mantega como “UM BRASILEIRO COM B MINÚSCULO”.
Pode se estarrecer, Aquino, isso durou todo o período de FHC e continua até hoje, 8 anos depois de Lula exercer o Poder. E não nos iludamos, permanecerá todo o período de Dona Dilma. Com Lula isolado e silencioso em São Bernardo do Campo, como ele apregoava antes, comportamento previsto, mas já modificado inteiramente por ele mesmo. Manda em tudo, comanda tudo, controla tudo, é o senhor de todos os Impérios.
Agora, Aquino, o que você chama de RESERVA AMAZÔNICA DE DÓLARES, que Lula controla. (Vá lá, CONTROLARIA).
É tudo mistificação, Aquino. Não tem saldo algum. O que o presidente Lula e seus acólitos jogaram de dinheiro no espaço ou nas contas dos mais revoltantes grupos globalizantes, é de gritar por todos os cantos e da maneira mais retumbante.
O próprio Lula apregoou que tinha tantos dólares no exterior, que até um homem bem informado, acreditou. E você está com a razão, como deixar de aceitar a palavra de um presidente da República? Quando um presidente que vai completar 8 anos no cargo, declara: “Diziam que a DÍVIDA EXTERNA era IMPAGÁVEL, pois nós pagamos”.
Não pagou nada, isso é uma INFORMAÇÃO e não um INFORME, como gostam de dizer os militares, quando fazem exame da situação. Lula conseguiu entre 160 e 170 BILHÕES DE DÓLARES, provocando tremendo prejuízo ao país.
Como é que um governo (leia-se: com a autoridade máxima que é o senhor Henrique Meirelles) consegue essa MONTANHA DE DÓLARES? Por investimentos diretos (mínimos), por saldo na balança comercial, mais EXPORTAÇÃO do que IMPORTAÇÃO (mas estamos com déficit e portanto com reservas sólidas?)
Se o governo não conseguiu acumular dólares nas formas citadas aqui, como teria conseguido? Estarrecedoramente, comprando. Comprando a mercado, e portanto, sujeitando-se às chamadas “leis de mercado”. Como o câmbio é variável, o propósito do governo de comprar, teve que se sujeitar ao “preço variável”. E como no mercado todos são espertíssimos, foram comprando “das mãos” do governo, e o dólar baixando cada vez mais.
As primeiras aquisições do Banco Central foram feitas a 3,2º e a 3 reais cravados. O prejuízo foi se avolumando, o dólar caindo cada vez mais, e o Banco Central mergulhado no “ensinamento”: quando se compra, a moeda sobe, quando se vende, ela cai. Só que a esperteza derrotou a rotina.
O Banco Central, “não precisando prestar contas a ninguém”, só parou de comprar com o dólar a 1,80/90, o prejuízo estava insustentável. Façam as contas, hoje o BC tem em Zurich (Suíça) 170 BILHÕES DE DÓLARES. Constatem as perdas irreparáveis. Se quiser vender, só encontrará comprador a 1,75/76. Jogou fora o dinheiro bom, pode acabar “micando” com o dinheiro ruim. Que é o que está acontecendo.
Agora a mentira enorme da DÍVIDA EXTERNA. Ela está em 240 BILHÕES DE DÓLARES, a juros de 14 por cento. Rigorosamente verdadeiro. E os 160/70 BILHÕES do governo (Banco Central) num banco poderoso. Só que da DÍVIDA, o governo paga 14 por cento de juros. Do depósito, recebe 1 por cento ao ano.
É tão estapafúrdio, desencontrado, desastrado, desmoralizante, que parece que não pode acontecer. Mas o Brasil tem tal rotina de surrealismo, que esses (ou estes, vá lá) fatos ou dados, não podem ser desmentidos de forma alguma.
E como aqui mesmo neste blog, alguns dizem (provavelmente sem utilizar o nome verdadeiro) “que tratar de dívidas, INTERNA ou EXTERNA, é ABOBRINHA”, Dona Dilma manterá tudo assim, (talvez mantenha até o autor do suicídio financeiro que se transforma em econômico) até que consiga autorização para substituí-lo.
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PS – Portanto, as relações do governo na questão das DÍVIDAS, se transformaram num pandemônio. Ninguém sabe quem anda ou quem obedece. A palavra presidencial, vindo com voz forte do Planalto-Alvorada, não passa de um murmúrio.
PS2 – E Antonio Santos Aquino tem toda razão em chamar a atenção para esse fato: apesar do governo espalhar que tem muitas reservas, não tomou nenhuma providência para comprar essas ações da Petrobras em Nova Iorque.
PS3 – Embora só existam NEGOCIÁVEIS ações sem direito de voto, ainda assim seria um bom negócio, pois esses papéis têm direito a dividendos POLPUDOS e PRIORITÁRIOS.
PS4 – As ações com DIREITO A VOTO, não estão no mercado, pelo seguinte fato constitucional. A Petrobras tem que ter, dessas ações, pelo menos 50 POR CENTO DO TOTAL E MAIS UMA, o que lhe garante direito à maioria.
PS5 – Que não pode ser perdida de maneira alguma. O Procurador Geral da Fazenda, é o guardião da maioria IMPERDÍVEL da União.