Políticos, policiais, juízes, militares e até religiosos estão corrompidos

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Charge do Duke (O Tempo)

Eliane Cantanhêde
Estadão

A cultura do “todo mundo faz” na vida cotidiana, na corporativa, na institucional, é um dos maiores males nacionais. Se todo mundo ao meu redor faz errado, por que só eu tenho de fazer direito, cumprir as regras, seguir à risca a lei, não tirar vantagens indevidas, não fraudar um benefício daqui outro dali? Enfim, não usar o ambiente para se autoconceder um salvo conduto para “se dar bem”, com o velho “jeitinho carioca”, naturalizado e nacionalizado.

A missão da polícia, por exemplo, é nobre e fundamental, mas, se um superior segue a linha do “bandido bom é bandido morto”, ele contamina a tropa e o, ou a, policial que veste a farda para combater a violência vira agente dela. Daí a pancadaria e tiros letais em pessoas desarmadas e rendidas, cidadãos jogados de pontes ou mortos com gás em porta-malas. O, ou a, jovem policial segue o exemplo de cima e vai servir de exemplo para quem vem depois.

JUSTIÇA VAZIA – Também no Judiciário, se “todo mundo” estoura o teto constitucional, abusa dos penduricalhos, só pensa em se dar bem, por que só um juiz/desembargador ou juíza/desembargadora vai se rebelar? O problema é grave, deixa de ser do cidadão de toga e passa a ser do juizado, do tribunal, da instituição.

Foi assim nas Forças Armadas, com um comandante-em-chefe que não fez outra coisa na vida senão defender golpes, ditaduras e torturadores. Se generais de quatro estrelas aderiram, por que não os de três e duas, almirantes, coronéis, capitães?

Golpista era machão; legalista que respeitava a ordem, a disciplina e os poderes constituídos era “melancia” (verde por fora e comunista por dentro) e “cagão” – assim como quem se protegia da Covid era “maricas”. Foi longe, mas os “machões” estão indo para a cadeia.

EXEMPLO DESCARADO – O Congresso é um exemplo desolador do “todo mundo faz”. Convivi com grandes políticos de esquerda, centro e direita, com ideologia, compromisso e talento, mas jovens que entravam para a política cheios de ideais eram sugados para a vala comum das rachadinhas, emendas marotas, desvios, corrupção. Hoje, qual o perfil da maioria dos candidatos e dos eleitos?

Nem mesmo as igrejas escapam da patologia do “todo mundo faz” e é chocante a abrangência da pedofilia ao redor do mundo. Imagina-se que um cidadão que largue os prazeres da vida mundana para servir a Deus tenha uma alma limpa, pura. Por que tantos se desviam? Porque, se um superior pode, os demais se sentem no direito.

Bem, a lista é grande, enorme, mas fica aqui uma lembrança: a verdadeira coragem é saber dizer não, desagradar, nadar contra a corrente e poder se olhar no espelho sem ter vergonha de si mesmo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É muito triste ler um artigo verdadeiro, como este. Mais triste ainda é ter de escrevê-lo, e não o fazer. Todos os jornalistas têm obrigação de rubricar este artigo. Mas poucos o farão. (C.N.)

Sob pressão de Musk, EUA fecham agência de combate à desinformação

Elon Musk: conheça o dono da Tesla, da SpaceX e do X (Twitter)

Antes de assumir, Musk consegue importante vitória

Deu no Poder360

O Departamento de Relações Exteriores dos EUA anunciou o fechamento de seu escritório especializado em combater a desinformação no exterior, chamado Centro de Engajamento Global. O Congresso decidiu não renovar o orçamento do órgão, de US$ 61 milhões.

O escritório foi inaugurado em 2016 por Barack Obama, então presidente dos EUA. O fechamento do órgão deixa o Departamento de Estado sem um escritório dedicado a rastrear e combater desinformação. A atuação do órgão era criticada por republicanos e pelo bilionário Elon Musk, um dos conselheiros do presidente eleito Donald Trump.

ÓRGÃO DE CENSURA – Musk disse em 2023 que o centro era o “pior infrator na censura do governo dos EUA” e chamou o órgão de “ameaça à democracia”. O centro se defendeu e disse que seu trabalho era “crucial”.

James Rubin, enviado especial e coordenador do centro, anunciou em junho a criação de um grupo multinacional em Varsóvia (Polônia) para combater a desinformação russa sobre a guerra na Ucrânia.

O Departamento de Estado disse que a iniciativa reuniria governos parceiros para coordenar mensagens e promover reportagens precisas sobre a guerra. Em um relatório no ano passado, o centro declarou que a China gastava bilhões de dólares para espalhar desinformação.

VITÓRIA DE TRUMP – Como membro da equipe governamental de Trump, o empresário Elon Musk se opôs ao projeto de lei orçamentária original que teria mantido o financiamento do centro.

A extinção do órgão é sua primeira grande vitória, antes mesmo de o governo Trump assumir. Ele foi escolhido pelo novo presidente para chefiar o Doge (Departamento de Eficiência Governamental) em seu governo.

Ele será encarregado de reduzir os gastos do governo e a burocracia estatal. 

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Está faltando um Elon Musk no Brasil, para modernizar a administração pública. Aqui existem milhares de Conselhos, dos mais diversos tipos, com cargos remunerados, veículos, motoristas, assessores etc. e tal. É preciso acabar com essa sem-vergonhice. Mas quem se interessa? (C.N.) 

Dino dá 10 dias para que Senado explique emendas de comissão

Gilmar Fraga: emendas do relator... | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Victor Correia
Correio Braziliense

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino determinou neste domingo (29/12) que o Senado se manifeste em até 10 dias sobre o rito adotado para a indicação de emendas de comissão. A medida foi tomada após a Câmara argumentar que seguiu os mesmos procedimentos que a Casa Alta, que não foi alvo de bloqueio de recursos.

A determinação consta na decisão publicada hoje pelo STF que liberou parte dos R$ 4,2 bilhões bloqueados em 23 de dezembro pelo descumprimento das regras de transparência.

CONTRADITÓRIO – “Sem prejuízo do efeito imediato dessa decisão, em homenagem ao princípio do contraditório, fixo o prazo de 10 (dez) dias úteis, conforme o CPC [Código de Processo Civil], para que o Senado se manifeste sobre as alegações da Câmara”, escreveu o magistrado.

Apesar da liberação parcial das emendas, autorizada neste domingo, Dino criticou as explicações fornecidas pela Câmara dos Deputados e reforçou que a indicação das emendas descumpriu a regras de transparência. De acordo com o magistrado, parte dos recursos só foi liberada para não prejudicar serviços públicos e gerar insegurança jurídica.

SENADO NUMA BOA – Após ter seus recursos bloqueados, a Câmara negou ter cometido irregularidades e questionou por que o Senado Federal também não foi alvo de bloqueio, afirmando que segue os mesmos ritos para a indicação de emendas de comissão que a Casa Alta.

Dino, por sua vez, explicou que o Senado não foi alvo de ação no STF questionando a indicação de suas emendas. A ação que levou ao bloquei dos recursos foi protocolada pelo PSol, pelo Novo e por entidades da sociedade civil apontando irregularidades na indicação de emendas de comissão pela Câmara.

Porém, o magistrado frisou que as mesmas regras de transparência devem sim ser seguidas pelo Senado Federal. Com a decisão mais recente de Dino, a Casa Alta também terá que prestar explicações.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Agora, sim. Estava causando estranheza a passividade de Dino em relação ao Senado. Ficava parecendo que se tratava de uma perseguição pessoal contra o presidente da Câmara, Arthur Lira. Agora, com o envolvimento do Senado, as coisas voltam a seus devidos lugares. (C.N.)

Cláudio Castro gostaria de dar à Polícia licença para matar, tipo 007

Relator vota pela cassação de Cláudio Castro e julgamento é suspenso

Governador Cláudio Castro é admirador de James Bond

Bernardo Mello Franco
O Globo

Cláudio Castro interrompeu o almoço de Natal para berrar nas redes sociais. Na tarde do dia 25, o governador esbravejou contra a criação de regras para o uso da força pelas polícias. “Sabem quem ganhou um presentão de Natal? A bandidagem, no país inteiro! Parabéns aos envolvidos!!!”, esgoelou-se.

O bolsonarista se esforçou para transmitir revolta. Em três tuítes, despejou nove pontos de exclamação. Além de maltratar o idioma, passou a ideia de que os agentes do Estado deveriam ter licença para matar.

DECRETO FEDERAL – Castro está invocado com um decreto elaborado pelo Ministério da Justiça e publicado no Diário Oficial desta terça. O texto afirma que as polícias devem atuar com “bom senso, prudência e equilíbrio”.

Acrescenta que as armas de fogo só devem ser usadas como “último recurso”. As normas dizem o óbvio, mas irritaram quem aposta na política do bangue-bangue.

O governador do Rio não foi o único a reclamar. Ronaldo Caiado, de Goiás, e Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, também discursaram contra as novas regras. Os três atacaram o decreto para agradar as corporações policiais e ganhar pontos com eleitores de extrema direita. Faltou lembrar as vítimas inocentes da selvageria fardada.

NA METRALHA – Na noite do dia 24, a agente comunitária Juliana Leite Rangel se juntou a essa triste estatística. A jovem de 26 anos trafegava pela BR-040 a caminho da ceia de Natal. Ao passar por Duque de Caxias, o carro da família foi metralhado por agentes da Polícia Rodoviária Federal.

Juliana levou um tiro na cabeça e foi internada em estado gravíssimo. Em depoimento, os policiais disseram ter disparado porque pensaram estar diante de bandidos.

O episódio mostra que o uso abusivo da força e o desdém pelos protocolos de abordagem não são exclusividade das polícias militares.

FALTA PUNIR – O ministro Ricardo Lewandowski condenou a ação e disse que o Estado “não pode combater a criminalidade cometendo crimes”. Ainda falta punir os agentes, mas reconhecer o problema é melhor que tentar escondê-lo.

Em entrevista recente ao GLOBO, Castro culpou o governo federal, os tribunais e até as leis pela crise da segurança no Rio. Questionado sobre a sua parcela de responsabilidade, respondeu: “Sinceramente, nenhuma”. Haja exclamação para tanta imodéstia.

Educar pelo porno-exemplo é a verdadeira pedagogia democrática

A imagem apresenta um jovem indígena com pele azul e um cocar dourado, cercado por arame farpado. Ao fundo, há um padrão de linhas verdes e elementos como uma mão segurando uma caneta, um objeto em forma de lâmina com um crânio, e um engrenagem. A composição sugere temas de opressão e resistência.

Ilustração de Luciano Veronezi

Conrado Hübner Mendes
Folha

Chegou o gran finale magistrale! O JusPorn Awards nasceu da indecência e dela tira sobrevivência. Santos do pau oco nos encantam. Não há recato ético, estético ou higiênico. Moralistas, esteticistas e higienistas que se danem. Não agregam valor à sacanagem.

A juspornografia goza na perversão. O JusPorn Awards goza na chacota. Porque não há assunto que desmereça a galhofa. Porque o discreto charme da magistocracia continua a refinar nossos instintos morais e sensuais, a nos educar pelo porno-exemplo. Viva a pedagogia democrática!

PROMISCUIDADE – Já celebramos a farra das finanças e os festivais de arranjinhos nos buracos da vida privada. É na promiscuidade que se forja nossa parcialidade.

Hoje tratamos da capacidade magistocrática de se acovardar e perpetuar sofrimento de vulneráveis. Não é qualquer um que renuncia tão barato o dever de proteger direitos. A covardia é conquista de caráter. Nossos fazendeiros continuam a cobrar indenização pela abolição de 1889. E contrataram a magistocracia. A venalidade de baixo calão é virtude juspornográfica!

Nossos premiados não são só capazes de expropriar recurso público e lamber dinheiro privado, de namorar o poder corporativo e seviciar o conflito de interesses. O JusPorn premia também a meticulosa arte jurídica de estuprar direitos.

EMASCULAÇÃO – O ano teve epidemia de emasculação precoce. Juspornógrafo despreza a juíza que pede paridade de gênero no tribunal, a ministra que fala, a desembargadora que existe.

Vibramos com o ministro do STJ que impediu fala de ministra, com os juízes quase-desembargadores que resistem à promoção de desembargadoras demais. E nos juntamos ao desabafo do desembargador do TJ-PR: “A mulherada tá louca atrás de homem”.

Festejamos a Justiça Federal por absolver Samarco, Vale, VogBR e BHP Billiton, além de diretores e técnicos, pelo maior desastre ambiental da história do país. Por “ausência de provas suficientes” dos crimes de inundação, desabamento, lesão corporal ou qualquer crime ambiental. O JusPorn não aguenta as provas suficientes!

TIRO AO NEGRO – Nosso reconhecimento aos ministros do STM pela absolvição de oito militares que dispararam 257 tiros contra Evaldo Rosa e acertaram 82. Por acidente, o homem preto da cena morreu. O JusPorn sabe que a coragem militar está para a coragem; a inteligência militar está para a inteligência; e a honestidade militar está para a honestidade como a Justiça Militar está para a justiça.

O STF tem se dedicado a converter Justiça do Trabalho em Justiça facultativa. Modernos, concedem a liberdade da vida precária a motoqueiros empreendedores de si mesmos. Abaixo as proteções sociais!

Três ministros do STF reuniram-se com Bolsonaro nos dias em que se planejava um “coup”. Renato Terra os chamou de “new kids on the golpe”, mas o JusPorn prefere “ministros interlocutores do coup”.

ACULTURAÇÃO – O STF também impõe modernização a povos indígenas. Abriu mesa de negociação de direitos, uma “peace talk” entre a espada e o pescoço, técnica sado-colonialista que promove a liberdade de milicianos da cidade, do campo e da floresta. Tua terra, minhas regras!

Nenhuma nudez judicial será castigada. Toda desfaçatez magistocrática será louvada!

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PS: O JusPorn Committee agradece a Luciano Veronezi pela arte sem vergonha que coloriu esses três capítulos. Temos ilustrador do Roda Viva! (C.H.M.)

Bomba! PM ocultou de Moraes um relatório importante sobre 08/01

Quem é o major da PMDF que disse 'é só deixar invadir o Congresso', em 8 de  janeiro | Distrito Federal | G1

Relatório do major Alencar foi escondido do Supremo

Pablo Giovanni
Correio Braziliense

Um relatório, considerado essencial para averiguar a postura dos integrantes do alto comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, foi ocultado do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pela corporação. É o que mostram documentos exclusivos obtidos pela coluna.

Ao atender a uma determinação de Moraes, em junho de 2023, que solicitava “documentos, procedimentos, ordens de serviços, despachos ou quaisquer outros originados” após os eventos de 8 de janeiro, a chefia da Seção de Pessoal do 6° Batalhão — responsável pela Esplanada dos Ministérios e comandado na ocasião pela tenente-coronel Kelly Cezário — afirmou que não houve a produção de documentos após a elaboração do Protocolo de Ações Integradas (PAI) dos atos de 8 de janeiro.

ONZE PÁGINAS – Entretanto, tinha sido emitido um relatório de 11 páginas relacionado aos atos antidemocráticos, elaborado logo após o ocorrido pelo comandante em exercício do batalhão, major Flávio Silvestre de Alencar.

O documento, obtido pela coluna e que permanece arquivado no SEI da corporação, foi entregue à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa em setembro, após a operação da Polícia Federal que prendeu a cúpula da corporação, quando a PMDF já estava sob o comando do então comandante-geral Adão Teixeira.

No entanto, o material elaborado pelo major nunca chegou ao conhecimento de Moraes.

PROVIDÊNCIAS – O relatório do major Alencar descreve que o material tem como objetivo “informar com o máximo de detalhes o planejamento, as medidas tomadas e os fatos que ocorreram na manifestação popular do dia 8 de janeiro de 2023”.

A elaboração desse documento é obrigatória, segundo o regimento interno da corporação, e foi confeccionado porque Alencar exercia a função de comandante do batalhão, já que Kelly estava de férias.

Trechos do documento complicam a situação do coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues. No material, o major menciona que recebeu o Protocolo de Ações Integradas (PAI) no dia 6 de janeiro, ao contrário do que foi dito por Casimiro em audiência ao juiz auxiliar de Moraes, quando o coronel afirmou que recebeu o documento apenas em 9 de janeiro, um dia após os atos.

O CORONEL MENTIU – Uma quebra de sigilo telefônico do coronel, já nas mãos dos investigadores da Polícia Federal, entretanto, revela que de fato o encaminhamento do documento ocorreu por parte do coronel ao major às 14h20, em 6 de janeiro.

O ministro Moraes, em outubro último, chegou a dar um ultimato: solicitou ao comando-geral da corporação, no prazo de 24h, o envio de todos os materiais posteriores ao 8/1. A corporação, entretanto, não peticionou o documento elaborado pelo major, encaminhando o mesmo documento de junho de 2023.

A coluna procurou a PMDF, mas até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

Breves são os anos, dizia Fernando Pessoa em versos memoráveis

Fernando Pessoa - Portal da Literatura

Fernando Pessoa, um poeta magistral

Paulo Peres
Poemas & Canções

Um dos grandes poetas da língua portuguesa que se inspirou na chegada do Ano Novo foi Fernando Pessoa, nascido em Lisboa em 1888 e morto em 1935. Sob o pseudônimo de Ricardo Reis, ele criou o poema “Breve são os anos, em que se vê descendo celeremente para a morte, e invito (contrariado) apressa o passo para o próprio fim.

BREVES SÃO OS ANOS
Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

No breve número de doze meses
O ano passa, e breves são os anos,
Poucos a vida dura.
Que são doze ou sessenta na floresta
Dos números, e quanto pouco falta
Para o fim do futuro!
Dois terços já, tão rápido, do curso
Que me é imposto correr descendo, passo.
Apresso, e breve acabo.
Dado em declive deixo, e invito apresso
O moribundo passo.

País vive sob a ditadura do inquérito de Moraes, sem data para acabar

Charge do Frank (Arquivo Goggle)

J.R. Guzzo
Estadão

O Brasil fecha 2024 vivendo o que possivelmente tem sido o mais vicioso período de supressão de seus direitos civis já registrado desde o AI-5 da ditadura militar. É, também, o mais longo e mais neurótico rompimento da vida política, moral e cultural do País com a realidade elementar.

Há quase seis anos o Brasil não tem uma Constituição. Em vez disso, tem como a sua lei máxima um inquérito policial – e contra o qual não é possível recorrer a nada e a ninguém, nunca. Chamam isso de democracia.

DIZIA O AI-5 – O pedaço de papel com que os generais impuseram a sua ditadura ao País dizia, basicamente, que nenhum ato do governo estava mais sujeito à apreciação de ninguém, a começar pela justiça. O AI-5 de hoje estabelece que nenhum ato do STF, e sobretudo do ministro Alexandre de Moraes, está sujeito a qualquer tipo de controle, de contestação ou de reforma.

Tanto faz se esses atos violam a legislação brasileira em vigor: é o STF quem resolve o que a lei está dizendo, mesmo quando diz o contrário.

A Constituição hoje em vigor do Brasil é o inquérito policial 4781 do STF – uma depravação legal criada no dia 14 de março de 2019 pelo ministro Dias Toffoli, para ocultar a publicação de suspeitas de corrupção a seu próprio respeito, e entregue desde então à execução do ministro Moraes.

FICOU PIOR – O STF não é uma delegacia de polícia; por lei, não pode abrir investigação nenhuma. A partir daí, só ficou pior. O inquérito tornou-se perpétuo – acaba, aliás, de ser prorrogado por mais seis meses. Não tem objetivo determinado; investiga tudo. É tocado em sigilo. Não respeita o direito de defesa, nem o Código Penal.

Em nenhum minuto, desde que foi aberto, o inquérito 4.781 teve alguma coisa a ver com a defesa da democracia. Começou como uma gambiarra para censurar a revista Crusoé, proibida de publicar as denúncias contra Toffoli.

Passou a reprimir fake news, “desinformação”, atos antidemocráticos, as vacinas de Bolsonaro, conversas de WhatsApp, discursos na Câmara, a condenação ilegal de um deputado, o batom na estátua (“substância inflamável”), o Golpe dos Estilingues e tudo o que existe sob o sol.

MÁ INTENÇÃO – O inquérito do fim do mundo é hoje o principal instrumento de trabalho da ditadura do Judiciário no Brasil.

Não há, nunca houve e não haverá nenhuma boa intenção no inquérito de Moraes e Toffoli. O que há é um espetacular exercício de hipocrisia por parte da esquerda, das elites intelectuais e das gangues políticas que mandam no Congresso Nacional para ocultar um câncer em metástase.

É o regime de exceção que está sendo criado clandestinamente no Brasil, com juras diárias à “defesa da democracia”, em público – e com a armação de uma tirania na vida real.

A política mudou e o eleitor agora exige resultados instantâneos

Charge Clayton | Charges | OPOVO+

Charge do Clayton (O POVO)

Hélio Schwartsman
Folha

Pelo que leio nos jornais, o presidente Lula fará uma reforma ministerial. O objetivo principal seria melhorar a comunicação do governo. É um clássico. Dirigentes sempre acham que estão fazendo um ótimo trabalho e, se a população não vê isso, só pode ser porque está mal-informada. Mas raramente o problema está na comunicação.

As pessoas não formam seus juízos sobre governantes a partir de dados sobre o que a administração fez ou deixou de fazer, mas a partir de percepções subjetivas moldadas pelas circunstâncias.

MUITOS ELEMENTOS – A economia costuma ter bastante peso aí, mas outros elementos, inclusive os espantalhos produzidos pela polarização e pelas guerras culturais, também influem.

Lula tem, por ora, bons números na economia. O crescimento do PIB foi vistoso, a renda do trabalho aumentou e o desemprego está baixíssimo. Em outros tempos, isso bastaria para transformá-lo num campeão de popularidade e candidato imbatível à reeleição. Mas há sinais de que os tempos mudaram.

Um deles é que os resultados favoráveis da economia praticamente não alteraram a avaliação de Lula, que é quase a mesma da do início da gestão. Outro é o precedente americano. Joe Biden também ostentava ótimos números, mas não só não conseguiu sagrar-se candidato como ainda viu seu partido perder a Presidência e as duas casas do Legislativo.

SITUAÇÃO DE CRISE – As razões desse fenômeno ainda não foram inteiramente digeridas. O surto inflacionário do pós-Covid é apontado como uma causa relevante. Se isso é verdade, a alta do dólar aqui no Brasil, em larga medida consequência de barbeiragens evitáveis, não prognostica ventos favoráveis para Lula.

Cientistas políticos já se perguntam se a chamada vantagem do incumbente, que por mais de um século deu as cartas nas democracias, não se tornou agora uma desvantagem, tirando as oposições do papel de azarões naturais para transformá-las em favoritas. É cedo para dizer, mas eu não me espantaria. Vivemos tempos de impaciência. Talvez influenciadas pela tecnologia e pelas redes sociais, as pessoas hoje cobram resultados instantâneos.

Lula aceita inflação alta, se ela ajudar a reelegê-lo em 2026

Charge do Jota Camelo (Arquivo Google)

Carlos Andreazza
Estadão

O governo comunica que é condescendente com a inflação. Mais: que a inflação faz parte dos planos. É o que informa Lula ao declarar que “a inflação está totalmente controlada”. Não se trata de delírio; antes de projeto. Projeto político-eleitoral. Repetido.

O presidente informa que essa inflação que ganha corpo, estoura o limite máximo de tolerância da meta e mostra os dentes é aceitável, se a contrapartida for bancar até 2026 o voo de galinha do PIB.

BOMBA FISCAL – O projeto: levar-empurrar esse crescimento artificial e insustentável até o ano eleitoral, aprovar – como fez Bolsonaro – uma PEC Kamikaze para jorrar bilhões na economia e financiar a tentativa de reeleição, reeleição também do Parlamento, e rolar a bomba fiscal do endividamento descontrolado até 2027.

Você já viu a aterrissagem de galinha parruda que se lança ousada ao céu confiando na própria capacidade de voar longamente? Você já viu.

O que se chama de mercado, como se força monolítica fosse, demorou a entender a natureza deste governo. Foi generoso com a natureza fiscal expansionista do governo Lula.

MERCADO CÚMPLICE – O que se chama de mercado, o cara que financia a dívida do gastador, ignorou – escolheu esquecer – a PEC da Transição. Decidiu fingir que não pactuavam – Executivo e Legislativo – pela jorração de quase R$ 170 bilhões na economia; para estimular-impulsionar a forja artificial deste crescimento sem lastro.

Tudo estava dito-contratado ali. Em 2023. Ainda em 2022. A turma preferiu acreditar no arcabouço natimorto fiscal, mesmo exposta a inviabilidade essencial – imediata – do troço.

O que se chama de mercado, o sujeito pessimista que errou feiamente na estimativa do PIB, é o mesmo otimista que errou belamente nas projeções de inflação e juros.

CHEGOU A HORA – Nunca é tarde para despertar, não sendo o meu o dinheiro que gerem. O pacotinho fiscal cumpriu o papel de despertador. Constatado o óbvio somente agora: que o governo – governo petista – que não controla estruturalmente as despesas no início do mandato jamais o fará da metade para o fim, considerados ademais os recados extraídos das eleições municipais e da vitória de Trump nos EUA.

O projeto – político-eleitoral – é por reforçar a aposta na expansão fiscal, com toda sorte de contrabando parafiscal sendo respondida por pentes-finos pontuais; para que se batam metas tornadas fins em si mesmas, descoladas do ritmo de progresso da dívida pública.

Um dos produtos perversos deste projeto de poder, o dólar que se acomoda aos R$ 6, tem sido atribuído a movimento especulativo do mercado malvadão. Será? É uma especulação que, havendo, derivaria de condições oferecidas pelo governo que se vitimiza. Ninguém especula sobre a certeza, a segurança

Dino e Moraes estão mantendo fervuras políticas em fogo alto demais

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e Alexandre de Moraes, do STF

Flávio Dino e Moraes agitam o Supremo durante recesso

Josias de Souza
do UOL

Observadores apressados imaginaram que o recesso do Judiciário e do Legislativo serviria para jogar água fria nas fervuras nacionais. Mas não foi por diversão que Flávio Dino e Alexandre de Moraes abriram mão de suas férias no Supremo Tribunal Federal.

Um dia depois de ter sido intimada por Dino a abrir novo inquérito sobre emendas orçamentárias, a Polícia Federal recebeu ordem de Moraes para recolher novamente ao xilindró o ex-deputado Daniel Silveira.

TEMPO QUENTE – Com dois despachos, Dino e Moraes esquentaram num intervalo de 24 horas as cabeças de Arthur Lira, da falange do centrão, de Bolsonaro e dos cumplices do alto-comando do golpe.

Para dançar um tango e movimentar o recesso de Brasília, não basta a vontade de um par de relatores do Supremo. É indispensável uma manobra orçamentária aloprada. Ou um desatino de bolsonarista viciado em cana.

O que Dino e Moraes sinalizaram é que estão atentos aos movimentos do salão. Para desassossego dos que foram ao recesso, os ministros contam com a companhia do procurador-geral da República Paulo Gonet, outro que revelou a disposição de trabalhar nas férias.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trabalhar nas férias é ótimo e dá um bom exemplo ao país, O problema é que Dino e Moraes, com apoio de Gonet, estão se acostumando demais a interpretar e refazer o espírito das leis. E isso é uma indignidade. (C.N.)

Se um Kassab incomoda muita gente, mil Kassabs incomodam muito mais

Quadro de governabilidade é muito favorável a Lula, avalia Gilberto Kassab  - JOTA

Gilberto Kassab merece ser escolhido a “Mala do Ano”

Mario Sergio Conti
Folha

Ao listar os malas do ano, Artur Xexéo deixava de fora os sem-alça da política. O palavrório dos pesos-pesados do alto e baixo clero o nocauteava assim que subia ao ringue; beijava a lona e lá ficava, sonhando com gente menos beócia. Não via sentido em vaiar uma fileira de baús girando eternamente na esteira do aeroporto.

É chegada a hora, pois, de separar o joio do trigo —e publicar o joio. Como na política o joio abunda e o trigo rareia, não é mole distinguir os malas dos bons, os maus dos piores. Não dá para generalizar, pois nem todos são sem-rodinha.

MALA DO ANO – Tem, por exemplo, o… a… como é mesmo o nome? Ah, é Kassab. Leva o laurel de mala do ano por sintetizar os modos da casta de cracas que se outorgou um apelido ameno: centrão.

Contados os votos, nomearam-no o César, o Maquiavel, o Átila da eleição municipal. Alçou-se ao altar da pátria ao som do cacarejo de “aspones”: “Olhe o passo do elefantinho, veja como ele é bonitinho”. E lá se foi o rechonchudo filhinho de papai, o queridinho da professora, o bundudinho de topete dos anos 1950, o de risinho bocó entre as bochechas rosadas.

Kassab é o abre-alas dos paquidermes da política. Proclama não ser de esquerda, direita ou centro. Foi ministro de Dilma e Temer numa mesma semana. Faz negócio com quem estiver no balcão. Só se move em causa própria. Nunca melhora a vida de alguém com quem não seja unha e carne. Tira de letra qualquer processo por corrupção e tráfico de influência.

TOMA LÁ, DÁ CÁ – Se um Kassab incomodasse muita gente, mil Kassabs incomodariam muito mais. Mas não é assim que o Brasil funciona porque, em vez de incomodar, Kassab acomoda todos os que vivem da política.

Para os finórios da situação e oposição, os sócios do sopão de siglas partidárias, os vigários de credos contraditórios, é imperioso beijar a mão do sumo-sacerdote do toma-lá-dá-cá.

Outro mala é Daniel Silveira. Ficou quase dois anos preso e voltou para a cadeia quatro dias depois de solto. A dimensão de seu cérebro é inversamente proporcional à circunferência de seu pescoço. Além de um dos malas de 2024, é o jumento da década, quiçá o bolsonarista do século.

INDULGÊNCIA PLENA – Janja recebeu indulgência plena ao se saber que no dia 8 de janeiro do ano passado, quando um atônito comensal sentado à mesa de Lula sugeriu que ele acionasse a Garantia da Lei e da Ordem, ela protestou: “GLO não”.

Para que o golpe prosperasse, a ideia dos milicos era justamente essa: com base num simulacro de legalidade, tomar o poder, assassinar os eleitos e espancar os recalcitrantes.

Não tivesse o presidente esposado a negativa de Janja, talvez Lula e Alckmin fossem alvejados por um capanga de Bolsonaro. Daí o susto quando, referindo-se a Elon Musk, ela disse “fuck you”. Ninguém aqui é pudibundo e um palavrão bem assacado é muitas vezes imprescindível. Mas em inglês fica brega.

MALA MOURÃO – Por falar em brega, o ex-vice de Bolsonaro, que no 8 de janeiro do ano passado defendeu que Lula deveria decretar a GLO, disse há pouco que a gangue de Brega Nato não cometeu crime porque “não houve ação”.

Só se dessem um pipoco na nuca de Xandão se poderia a aventar a hipótese de um golpe —e, segundo o general de cabelos pretos como os kids golpistas, os milicos deveriam ser anistiados porque “foi uma fanfarronada”.

MALAS EM SÉRIE – Varões nepotistas. Admita: seu interesse pelo ministério é nulo. Confesse: ao ouvir falar de reforma ministerial, cogita cortar os pulsos. Pois saiba que está perdendo coisas interessantérrimas. Um exemplo: o ministro Fufuca é filho do prefeito de Alto Alegre do Pindaré, urbe de 32 mil almas na caatinga maranhense. Que tal?

Tem mais: os cônjuges de cinco ministros do governo capitaneado pelo PT, que um dia disse adotar práticas republicanas na administração pública, estão empoleiradas em Tribunais de Contas.

São cargos vitalícios que propiciam às ilibadas vestais ganhos de até R$ 40 mil. Eis o quinteto de varões nepotistas: Renan Filho, Waldez Goés, Rui Costa, Wellington Dias e Camilo Santana. Olho neles.

MALA HUMILHADA – Múcio tratou os militares a pão de ló e manteve-lhes as sinecuras. Em troca, a Marinha passou-lhe a mão nos glúteos e fez um vídeo esculhambando o governo.

Múcio, o verdolengo, zelou para que o governo engolisse o sapo e adotasse o velho lema da covardia civil: não se mexe na milicada.

Quanto a Marçal, barbarizou na eleição para prefeito e por pouco não chegou ao segundo turno. Voltará na próxima eleição e, se perder, concorrerá de novo na seguinte —e assim fará até abiscoitar um cargo. Quem ele pensa que é, um político?

Ciência a serviço do mal vicia os pobres nas apostas em bets

Propaganda vira uma aliada das bets em eventos esportivos

Ilustralção de Caio Gomez (Correio Braziliense\)

Hélio Schwartsman
Folha

A ciência pode ser perigosa. É o que ocorre quando ela é posta para explorar vulnerabilidades de nossos cérebros e produzir os chamados estímulos supernormais.

Os dias duros do Pleistoceno, durante os quais era difícil conseguir as calorias necessárias para manter-se vivo, nos transformaram em máquinas de procurar gorduras e carboidratos e acumular as sobras na forma de tecido adiposo. Funcionou bem até que inventaram o baconzitos e o cheesecake. A proporção de obesos e diabéticos no planeta explodiu.

TAMBÉM NAS DROGAS – Algo parecido vale para drogas. A destilação do álcool, a biossíntese da cocaína e a produção de maconha com níveis cada vez mais altos de THC agravaram nossos problemas com essas drogas. Era difícil tornar-se alcoólatra ou cocainômano consumindo só cerveja pouco fermentada e chá de folhas de coca.

E a coisa fica pior quando, além de desenvolver produtos cada vez mais viciantes, empregamos também técnicas de propaganda cada vez mais sofisticadas para convencer as pessoas a consumi-los. É o que acontece agora no mundo das apostas. Os cassinos vieram para os bolsos dos jogadores (celulares), que ainda têm de lidar com um tipo de publicidade particularmente enganoso, que, negando o básico da matemática, sugere que as apostas são caminho seguro para o enriquecimento.

SEM PROIBIÇÃO – Meus pendores libertários me impedem de defender qualquer tipo de proibição. Já vimos várias vezes que isso não funciona. Mas é perfeitamente possível regular, dando ao consumidor alguma chance de defesa contra os estímulos supernormais reforçados pela publicidade.

No caso do jogo, seria urgente banir a propaganda e possibilitar a autoimposição de limites. Ao criar sua conta para apostar, por exemplo, o usuário já indicaria o limite máximo de dinheiro que está disposto a perder por mês. Uma vez transposto esse limiar, recargas não seriam mais processadas. Não é uma bala de prata, mas ajuda.

O desafio das autoridades quando regulam produtos potencialmente viciantes é encontrar um balanço razoável entre a liberdade individual e a saúde pública.

Nas emendas, Lula faz dobradinha com Dino, mas finge que apoia Lira

Daqui a pouco eles pedem aumento', diz Lula sobre elogios de Dino à PF

Flávio Dino ensina Lula a dar uma volta em Arthur Lira

Deu em O Globo

Em mais um capítulo do embate envolvendo o pagamento de emendas, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve postura firme e determinou na sexta-feira que a Câmara respondesse “objetivamente” a questionamentos sobre a indicação de R$ 4,2 bilhões, repasse suspenso por ordem judicial. Em despacho conciso, o magistrado afirmou aos parlamentares que a legislação foi atropelada na tentativa de liberar esse valor.

No início da noite de sexta-feira, a Câmara apresentou uma justificativa sobre os procedimentos adotados para encaminhar a verba. Essa foi a segunda manifestação da Casa em menos de 24 horas. As informações, porém, não são suficientes para cumprir as exigências de Dino, e repetem o argumento de que o governo orientou todo o processo.

ERRO APONTADO – Em seu despacho, Dino argumentou que a cúpula da Casa e líderes não poderiam requerer ao governo o envio de emendas de comissão sem a aprovação por grupos temáticos, como foi feito.

O movimento do ministro ocorreu no dia seguinte ao encontro entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ambos conversaram sobre a possibilidade de uma saída conjunta para a crise. Logo depois dessa reunião, Lira disse, em pronunciamento, que teve o aval técnico do Planalto e de ministérios para a liberação de dinheiro.

Em lei aprovada pelo Congresso durante o ano com o objetivo de resolver a crise, há a determinação de que as emendas de comissão só podem ser executadas, entre outros critérios, se houver aval dos colegiados do Congresso. Mas no pedido de liberação da verba encaminhado ao governo no fim do ano, com aval de Lira, consta apenas a assinatura de 17 líderes, sem análise pelos grupos temáticos.

QUESTIONAMENTOS – No despacho, Dino disse que, na primeira justificativa apresentada pela Câmara, “lamentavelmente não emergem as informações essenciais” para a liberação da verba. O ministro, então, fez quatro questionamentos.

Dino quis saber quais foram as datas exatas das especificações ou indicações das emendas de comissão, e se foram aprovadas pelos grupos temáticos; pediu detalhes em relação às “novas indicações” desses recursos, questionando quem as formulou e quem as aprovou; e também pediu para que seja esclarecido quais são as leis que permitem a indicação dessas emendas.

Dino também registrou que a Câmara insiste com interpretações “incompatíveis com os princípios constitucionais da transparência e rastreabilidade”.

DISSE A CÂMARA – Na segunda manifestação de sexta-feira, a Câmara reiterou que seguiu pareceres do governo. Também ressaltou que esse tipo de verba não é de pagamento obrigatório, “isto é, elas podem ser executadas ou não, a critério discricionário do Poder Executivo”.

Até a noite de sexta-feira, Dino não havia se manifestado sobre este último posicionamento da Câmara.

“(O Congresso) limitou-se a cumprir as orientações técnicas dos Ministérios da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, da Gestão e Inovação, da Secretaria de Relações Institucionais e da Casa Civil da Presidência da República, bem como da Advocacia-Geral da União, sobre a forma pela qual deveriam ser encaminhadas as indicações de acordo com as decisões destes autos e com a Lei Complementar 210/2024”, diz a manifestação da Câmara, citando justamente a lei que passou a regular o assunto.

A Câmara diz ainda que, até 25 de novembro de 2024, essa lei não havia sido promulgada. Por isso, não havia obrigação de endosso pelas comissões.

DATA POSTERIOR – Dino, porém, já havia refutado esse argumento, ao dizer que o ofício que redistribuiu as emendas e encaminhou R$ 4,2 bilhões é posterior: “Lembro que o ofício dos senhores líderes data de 12/12/2024, enquanto que a citada lei (…)entrou em vigor no dia 25/11/2024”.

Em outro despacho publicado na noite de quinta-feira, Dino rebateu prefeitos que pediam a liberação de emendas parlamentares sob argumento de que o bloqueio pode prejudicar serviços de saúde.

Dino apontou que a suspensão é “temporária” e ocorreu após descumprimento de decisão judicial dada em agosto. Ele afirmou ainda que sua decisão atinge apenas parte de verba que iria para saúde, não afetando verbas já alocadas nos fundos municipais.

LULA E LIRA – Em reunião no Alvorada na quinta-feira, Lula ouviu de Lira que o encaminhamento das emendas não foi uma decisão tomada por ele individualmente, mas uma solução construída em parceria com o Executivo. Ele deixou claro que agiria para mostrar isso em resposta ao Supremo e que o governo também precisava assumir responsabilidades sobre o tema.

Lira indicou ainda especial preocupação com a entrada da Polícia Federal (PF) no caso. Segundo ele, esse era um descontentamento externado por todos os líderes e com potencial de contaminar a relação do Congresso com o governo. Na avaliação de Lira, era um “exagero” partir para esse caminho.

Lula indicou que entendia o ponto de vista de Lira e da Câmara. O presidente tentou tranquilizar Lira de que não haverá politização do caso e disse que o governo não pretendia agir para persegui-lo. O petista afirmou ainda que não havia conversado com Dino sobre a decisão do bloqueio das emendas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula está tentando embromar Lira e diminuir o volume das emendas. Ele joga em dobradinha com Dino e finge apoiar Lira. É claro que essa bagaça não vai dar certo, diria Délcio Lima. (C.N.)

É preciso lembrar como a democracia foi reconstruída no Brasil

Tribuna da Internet | Fracasso da democracia no Brasil não a torna o pior dos regimes

Charge do Duke (Arquivo |Google)

Maria Hermínia Tavares
Folha

Nos últimos meses, a arte nos trouxe de volta o que de pior e melhor aconteceu ao longo dos sombrios 20 anos da ditadura militar. Guiados pela sensibilidade e inteligência do cineasta Walter Salles, entramos nos porões da tirania, onde opositores eram presos, torturados e, não raro, mortos.

O filme “Ainda Estou Aqui” —um êxito de bilheteria— conta a história de Eunice, viúva de Rubens Paiva, ex-deputado do PTB, preso e torturado até a morte por agentes da repressão.

Já em um show visto por multidões, as vozes ainda poderosas de Caetano Veloso e Maria Bethânia rememoram a explosão de rebeldia e criatividade da música popular brasileira dos anos 1970 e que o regime autoritário tentou calar —em vão.

MEMÓRIA AFETIVA – Filme e espetáculo ajudam a formar uma memória afetiva, compartilhada pelos que vivemos e lembramos; pelos que viveram sem perceber o que acontecia; e por todos quantos não haviam nascido quando os militares governaram pela força.

Agora, no finzinho do ano, um historiador da economia e um cientista político vêm contar as peripécias da volta dos civis ao poder e da sofrida —e bem-sucedida— construção da democracia no país. Leonardo Weller e Fernando Limongi, professores da FGV-SP, acabam de publicar “Democracia Negociada: Política Partidária no Brasil da Nova República”, competente reconstituição da política brasileira nos 44 anos entre a transição para o Estado de Direito, iniciada em 1974, e o governo Temer (2016-2018).

O propósito declarado dos autores é remediar a desmemória do passado recente que frequenta o dia a dia das salas de aula e o debate público.

MONTANHA-RUSSA – A história ali narrada é uma montanha-russa de reviravoltas e reveses. Ao fim e ao cabo, a democracia se firmou porque as instituições consagradas na Constituição de 1988 impediam a formação de maiorias claras, requerendo contínua negociação entre os partidos políticos pragmáticos.

E, sobretudo, porque lideranças políticas expressivas entenderam o jogo e se dispuseram à negociação e à moderação na busca por soluções de consenso. Além de se comprometer com a regra de ouro que estabelece o respeito ao resultado da competição eleitoral livre, limpa e periódica.

Nesse processo, foram importantes o partido dos desgarrados da ditadura —o PFL— e a legenda que lhe fizera oposição —o MDB/PMDB— bem como sua dissidência agrupada no PSDB.

CONVERGÊNCIA NO PT – Mas foi também fundamental que as esquerdas convergissem para o PT, uma agremiação não revolucionária de tipo social-democrata, que apostou exclusivamente na democracia representativa, fincando suas raízes na arena eleitoral.

Ademais, a história reconstruída por Weller e Limongi torna patente que as denúncias de corrupção foram desde sempre combustível das crises políticas: no impeachment de Collor; na crise do Mensalão; e, na maior delas, o escândalo do Petrolão que alimentou a Operação Lava Jato.

Finalmente, a leitura do livro é saborosa porque nos lembra que, no dia a dia das disputas que forjaram a democracia, as intenções dos atores com frequência produziram resultados inesperados. Confirma assim a arguta observação do filósofo escocês Adam Ferguson (1732-1816), segundo a qual a história é resultado da ação dos homens e não de seus desígnios.

Natal da desesperança neste mundo cão da direita radical

Barco que levava imigrantes naufraga na Líbia e deixa 116 desaparecidos -  Jornal O Globo

Perseguidor de migrantes na Itália acabou sendo absolvido

Wálter Maierovitch
do UOL

Terminou a festa que comemorou o nascimento do profeta Jesus — para os cristãos, o filho de Deus uno e trino — numa manjedoura de uma gruta e envolto em paninhos trazidos por uma mãe pobre em deslocamento.

Uma data comemorada à larga num mundo multipolar e num Brasil polarizado. Um Natal e fim de 2024 sem que a sociedade internacional saiba quantos conflitos armados, guerras em sentido amplo, estão em curso no nosso planeta.

SERIAM 59? – Fala-se em 59 guerras em andamento, num balanço não oficial realizado por preocupados operadores do direito internacional e, num outro levantamento, também não oficial, por especialistas em geopolítica.

As vítimas seriam, em grande número e maior quantidade, na faixa de Gaza. Os cálculos incluem civis, palestinos e ucranianos, não partícipes das lutas e, à luz do direito internacional, vítimas inocentes. Nesses dois balanços, em 2024, o número de vítimas fatais atingiu 233 mil, bem mais do que em 2023, que teve cerca de 179 mil.

Caso realizado um quiz pelas redes sociais, muitos responderiam apenas sobre as guerras entre russos e ucranianos e entre Israel e Hamas — esta com derivação para o Líbano e referentemente ao Hezbollah, um dos braços do imperialista Irã.

UM MUNDO CÃO – Numa apertada síntese, muitos não têm noção sobre o mundo multipolar e as dificuldades para se estabelecer uma nova e equilibrada ordem. Poucos atentam para os conflitos e as flagrantes violações aos direitos humanos.

Abaixo, comentarei o escândalo da sentença absolutória do líder da direita radical italiana, Matteo Salvini, membro, no âmbito da União Europeia, do partido europeísta denominado “Patriotas”, do qual participam Marine Le Pen, Viktor Orbán e a fina flor do radicalismo de direita.

Dando uma olhada para o nosso umbigo, no Brasil, a polarização política continua. Prendeu-se preventivamente e erroneamente um general por obstrução à Justiça.

PRESO E SOLTO – Tal general, de nome Walter Braga Netto, é golpista, autoritário e despótico. Está preso, mas isso nada tem a ver com o mérito do futuro processo criminal, por golpe de Estado, organização criminosa e atentado violento ao Estado de Direito.

Atenção! Permanece solto, sem cautelar judicial detentiva e necessária, o líder de um golpismo em continuação delitiva, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Embora fora do poder, Bolsonaro segue agitando, ao atacar a Constituição democrática e, por consequência, formar um clima de inconformismo e intranquilidade social.

VERGONHA ITALIANA – A direita radical italiana, tendo à frente Matteo Salvini (apoiador de Bolsonaro), está comemorando uma incrível absolvição, apesar da consumação de crime de sequestro, com gravíssimas violações ao direito natural dos seres humanos.

Vamos aos fatos incontroversos. A embarcação humanitária de nome Open Arms resgatou 147 náufragos no Mediterrâneo, em três difíceis operações em razão do mar revolto e condições climáticas negativas. Ou melhor, 147 migrantes fugindo da fome, das guerras, do desemprego, da falta de medicamentos e assistência médica e do nenhum futuro.

Eles tinham partido da Líbia, em transporte precário, operado por organizações criminosas.

PROIBIÇÃO – A embarcação de salvamento, mantida por uma organização humanitária de socorro a migrantes, tentou alcançar o porto mais próximo, devido às condições precárias dos recolhidos e à pouca quantidade disponível de água potável, alimentos e medicamentos. Era muita gente: 147 pessoas, a incluir crianças, grávidas e idosos.

Ao se aproximar do porto da ilha de Lampedusa, no canal da Sicília, a comandante e condutora da Open Arms recebeu, por rádio, a comunicação de ordem que proibiu o desembarque.

A ordem, naquele agosto de 2019, partiu do então ministro do Interior (segurança interna), Matteo Salvini.

SEPARATISTA – Salvini preside o radical partido da Liga Norte, nascido separatista na Itália — inicialmente a estabelecer um Estado nacional na região mais fértil italiana, que chamaram de Padânia, numa referência ao rio Pó.

Durante 19 dias, a comandante do Open Arms resistiu e apontou os riscos de deslocamento a outro porto. A ordem de Salvini continuou a mesma, apesar da pressão internacional humanitária.

Depois de 19 dias, a embarcação partiu do canal siciliano e ocorreu o desembarque em porto de Malta. E a Justiça italiana, pelo Ministério Público de Palermo, processou, em outubro de 2021, Matteo Salvini, hoje vice-premiê e da coalizão de direita dirigida pela primeira-ministra Giorgia Meloni.

SEQUESTRO E ABUSO – Salvini foi processado por agravado crime de sequestro de pessoas e por abuso de poder, ao descumprir regra legal de natureza administrativa.

Atenção! Na semana que antecedeu o Natal, o órgão colegiado de primeiro grau absolveu Salvini. Na véspera do Natal, os italianos tomaram conhecimento da motivação da sentença.

A tese vencedora, apresentada pela defesa técnica, era pela insubsistência de crimes. Alegaram que Salvini havia praticado ato administrativo legal ao impedir a imigração clandestina, operada pela criminalidade organizada. O “fato não subsiste”, entendeu a Corte de Palermo.

PANO RÁPIDO – Assim como Jair Bolsonaro, o vice-premiê Matteo Salvini saiu falando que foi processado por uma magistratura politizada, que sustenta a oposição de esquerda.

A canhestra e desumana decisão absolutória, com fatos mais do que comprovados, serve para mostrar como o mundo se encontra desestabilizado.

A direita radical, pelos seus desvalores, perdeu a piedade… Embora tenham os radicais comemorado o Natal, com grande alegria e sem dor na consciência.

Piada do Ano! Movimentos sociais pedem que Lula reconheça eleição de Maduro

Maduro busca reforçar o apoio militar venezuelano antes da votação que ameaça seu poder - Rádio Pampa

Nicolás Maduro é apoiado pela esquerda brasileira

Jamil Chade
do UOL

Movimentos sociais brasileiros enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo que o governo reconheça a eleição de Nicolás Maduro.

A carta é assinada por entidades como o Movimento Nacional de Juventude, Associação Brasileira de Imprensa, Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Confederação Nacional das Associações de Moradores, Movimento Brasil Popular, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, União Brasileira de Mulheres, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, União de Negros pela Igualdade e União Nacional LGBT.

Também fazem parte da petição a Federação Árabe Palestina do Brasil e o Instituto Brasil Palestina, entre outros.

FRAUDE EVIDENTE – Em julho, a eleição na Venezuela foi concluída com o anúncio por parte de Maduro de que teria sido o vencedor para mais um mandato como presidente. A oposição denunciou uma fraude e insistiu que seu candidato, Edmundo Gonzalez, teria vencido.

O governo brasileiro evitou falar em fraude. Mas explicou que não reconheceria a eleição enquanto as atas com os resultados não fossem apresentadas.

Os documentos nunca foram publicados e uma crise diplomática se instaurou entre Brasília e Caracas. O governo Maduro chegou a atacar o assessor especial de Lula, Celso Amorim, e acusou a diplomacia brasileira de estar à serviço dos interesses americanos.

POSSE DIA 10 – Agora, com a posse de Maduro no dia 10 de janeiro de 2025 se aproximando, esses movimentos brasileiros tentam convencer Lula a mudar de atitude.

“Gostaríamos de ressaltar a importância da manutenção de boas relações de vizinhança entre o nosso país e a República Bolivariana da Venezuela, baseadas no respeito mútuo, na cooperação e na compreensão das complexidades internas de cada nação”, afirmam.

O grupo solicita que “o governo brasileiro reconheça a legitimidade da reeleição do presidente Nicolás Maduro, ocorrida de acordo com os processos internos da Venezuela”.

LAÇOS DE AMIZADE – “O reconhecimento dessa eleição não apenas reafirma nosso compromisso com o respeito à soberania venezuelana, mas também fortalece os laços de amizade e cooperação que historicamente unem nossas duas nações”, defendem.

O grupo destaca que política externa de Lula tem como um de seus mais importantes eixos a integração regional, “como uma das condições essenciais para uma inserção mais soberana no contexto mundial, conforme o documento Consenso de Brasília, aprovado pelos países sul-americanos por iniciativa de seu governo em maio de 2023”.

“Em nossa opinião, relações diplomáticas, de abertura ao diálogo, sincero, empático e direto com o governo da Venezuela, especialmente nesse momento crítico pós-eleitoral, assim como com outros países de nossa região, é essencial para construir de maneira mais estrutural, institucional e permanente a Integração Regional”, apontam.

RISCOS À REGIÃO – O grupo ainda alerta para os “riscos que a ascensão de movimentos extremistas na Venezuela representa para toda a região”.

“A mais recente apreensão por parte das autoridades venezuelanas, de 400 fuzis de uso exclusivo dos Estados Unidos e 6 pessoas, evidencia o caráter anti-democrático e terrorista de alguns setores da oposição venezuelana e dos Estados Unidos. Entre estas pessoas estão venezuelanos recrutados pelo Centro Nacional de Inteligência espanhol e um militar da ativa da Marinha dos Estados Unidos, Wilbert Joseph Castañeda Gómez”, disseram, acrescentando:

“A extrema direita venezuelana e seus aliados fora do país, promovem uma agenda polarizadora e desestabilizadora, ameaçando não só a paz interna do país, mas também a estabilidade de toda a América Latina”.

REFLEXOS NEGATIVOS – Esta situação pode ter reflexos negativos em nosso próprio país, gerando tensões que poderiam ser evitadas por meio de uma ação do Brasil pautada no diálogo e no respeito às escolhas legítimas do povo venezuelano”, alertam.

Segundo eles, ao reconhecer a reeleição de Nicolás Maduro, “o Brasil não apenas reafirma seu compromisso com os princípios de soberania e autodeterminação, mas também envia uma mensagem clara de apoio à paz e à estabilidade regional, promovendo o fortalecimento da integração latino-americana em um momento de grandes desafios globais”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Caramba! E até a ABI entrou nessa barca furada… Agora só falta recriarem o MR-8 e outros movimentos da luta armada. (C.N.)

A chegada do Ano Novo é um eterno tema que inspira os poetas

Ferreira Gullar escreveu um belo Ano Novo

Paulo Peres
Poemas & Canções

Para os poetas, não existe nada como o amor.  Mas entre os demais temas preferidos, o Ano Novo é sempre um grande inspirador. Vejam como o grande poeta, tradutor, escritor e dramaturgo maranhense Ferreira Gullar (1930-2016) tratou do assunto.

ANO NOVO
Ferreira Gullar

Meia noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.

Olho o céu:
o abismo vence o
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.

E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.

Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta)

Advogado ataca Mauro Cid e quer fazer acareação com Braga Metto

Criminalistas José Luis Oliveira e Rodrigo Dall'Acqua abrem escritório  “butique” para dar ainda mais atenção – e afeto – aos poderosos que  defendem - Revista Poder

Advogado diz que facilmente apontará as mentiras de Cid

Zeca Ferreira
Estadão

O advogado do general da reserva Walter Souza Braga Netto, José Luis Oliveira Lima, afirmou nesta sexta-feira, 27, que o tenente-coronel Mauro Cid é um “mentiroso contumaz”. Ele também declarou que pretende solicitar uma acareação — procedimento utilizado para confrontar informações prestadas à Justiça — entre seu cliente e Cid.

O acordo de delação premiada de Cid é peça no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado, no qual Braga Netto é indiciado.

MORAES QUESTIONADO – Em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, o criminalista afirmou também que, após o Ministério Público Federal (MPF) apresentar a denúncia e os investigados se tornarem efetivamente réus, a participação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo será questionada. De acordo com Lima, o motivo é o fato de o ministro ser parte envolvida como vítima, uma vez que o plano de golpe previa o assassinato de Moares.

“Caso ele (Alexandre de Moares) participe do julgamento, no momento oportuno, terei que alegar a nulidade do julgamento com base em uma defesa técnica”, disse Lima, acrescentando que sua preocupação é que o julgamento não seja político, mas, sim, técnico.

“Realmente não fico confortável, após a apresentação da denúncia, que o ministro Alexandre de Moraes, que teria sido vítima desse suposto golpe, atue no julgamento”, afirmou.

ACESSO AOS AUTOS – José Luis Oliveira Lima esclareceu também que solicitará o procedimento de apuração dos fatos assim que tiver acesso aos autos.

“Vou pedir uma acareação entre Braga Netto e o Cid. Quero os dois ali, um na frente do outro”, disse. Ele sugeriu ainda que a delação premiada do tenente-coronel, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, teria sido feita sob coação policial, após Cid permanecer preso por mais de 100 dias.

Durante a entrevista, também afirmou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes de prender Braga Netto sob a acusação de obstrução da Justiça é “desprovida de prova concreta”. Ele argumentou que o ministro teria sido induzido ao erro por um relatório enviesado produzido pela Polícia Federal.

COM TODO RESPEITO – “Preciso registrar, evidentemente, o meu respeito pelo Supremo, pela Polícia Federal e pelo ministro Alexandre de Moraes… Mas Moraes é humano, e humano também erra”, declarou o advogado, que conta com mais de três décadas de experiência e trânsito nos tribunais superiores do País.

Lima já trabalhou em casos de grande repercussão. Ele defendeu nomes como o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães e o humorista Marcius Melhem.

Ao ser questionado por jornalistas, o advogado evitou responder diretamente. Durante a entrevista, Lima indicou que a defesa de Braga Netto tentará desacreditar a delação premiada de Cid, tratando o tenente-coronel como mentiroso.

PROVAS CONCRETAS – O advogado foi lembrado de que as acusações contra o general não se baseiam apenas nas declarações de Cid, mas também em documentos e provas concretas.

Um exemplo citado foi uma conversa entre Braga Netto e um agitador, no contexto de pressionar comandantes das Forças Armadas a aderirem ao golpe para manter Jair Bolsonaro no poder.

Quando confrontado com essas provas, o advogado se esquivou, afirmando não ter tido acesso aos autos e que, se entrasse nesse debate, estaria atuando como comentarista, não como advogado.

CRIME E DELAÇÃO – O criminalista também afirmou ter conversado com Braga Netto apenas cinco vezes e estar à frente da defesa do general há apenas dez dias.

Nessa entrevista ao canal GloboNews, Oliveira Lima repetiu a declaração feita ao Estadão, dizendo que não pretende utilizar a delação premiada de Mauro Cid como estratégia de defesa.

Segundo o advogado de Braga Netto, como seu cliente não cometeu crime, não há o que ser delatado.

Absolvido pelo Planalto, Silvio Almeida avalia ir trabalhar no exterior

Masculinidade tóxica é discutida nas comunidades de Salvador - Noticia  Preta - NP

Comissão de Ética do Planalto absolveu o ex-ministro

Milena Teixeira e Igor Gadelha
Metrópoles

Com destino incerto desde que foi demitido do Ministério dos Direitos Humanos por acusações de importunação e assédio sexual, o ex-ministro Silvio Almeida avaliar deixar o Brasil em 2025 para trabalhar no exterior.

A aliados, o ex-ministro de Lula contou ter recebido convites de universidades de fora do Brasil para atuar como professor. Silvio, porém, ainda não decidiu se aceitará assumir um cargo em outro país.

NOS ESTADOS UNIDOS – O ex-ministro dos Direitos Humanos já atuou como professor visitante da Universidade Columbia e pesquisador da Universidade Duke, ambas nos Estados Unidos.

Como a coluna mostrou, Silvio fez sua primeira aparição pública após a demissão no dia 11 de dezembro, na festa de final de ano do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE).

A aliados, o ex-ministro tem dito que pretende, aos poucos, voltar à vida pública e a usar as redes sociais, especialmente para falar sobre questões raciais, tema que marcou a carreira do ex-ministro.

MENSAGEM A LULA -Uma das primeiras sinalizações desse desejo de ser mais ativo nas redes foi a postagem feita pelo ex-ministro desejando “plena recuperação” a Lula após as recentes cirurgias na cabeças.

O ex-ministro foi demitido pelo próprio Lula em setembro após o Metrópoles revelar que ele era alvo de denúncias de assédio sexual. Uma das acusadoras foi a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Após as acusações, negadas pelo ex-ministro desde o início, a Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar os fatos. Apesar disso, ele não tem qualquer impedimento para deixar o Brasil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA imprensa faz o que pode para destruir o que resta do ex-ministro Silvio Almeida. As acusações são repetidas, sem mencionar que estão totalmente desmoralizadas desde 25 de novembro, quando a Comissão de Ética da Presidência nada constatou de errado e arquivou o processo contra ele. A imprensa se esqueceu de entrevistar a ministra Anielle Franco e o presidente Lula da Silva, que acreditou nela, demitiu Silvio Almeida imediatamente e agora morre de vergonha e está “por aqui” com o baixo nível da irmã de Marielle Franco. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe… (C.N.).