Só um país pode trazer a paz ao Oriente Médio, mas Trump dificulta qualquer acordo

Pelo menos 95 pessoas ficaram feridas nos ataques de Israel contra o Irã |  Jovem Pan

Bairro residencial foi atingido por míssil israelense em Teerã

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

O regime fundamentalista do Irã tem como ponto ideológico inegociável varrer Israel do mapa e está buscando os meios militares para realizar esse intento. Além disso, patrocina grupos armados que atacam Israel repetidamente. Essa é a justificativa para a ofensiva israelense contra o Irã.

Há uma assimetria na relação Irã-Israel. O Irã deseja o fim de Israel. A recíproca não é verdadeira. Se amanhã o governo iraniano mudasse e os novos mandatários aceitassem a existência de Israel, o conflito cessaria na hora. A recíproca não é verdadeira: mesmo se um governo pacifista vencer em Israel, isso em nada mudaria a linha oficial do regime iraniano de varrê-lo do mapa.

IRÃ ENFRAQUECIDO – Israel aproveitou uma janela de oportunidade. O Irã está enfraquecido, agora que as milícias por ele patrocinadas —os houthis, o Hezbollah, o Hamas— estão debilitadas, e o regime sírio, que era seu aliado, caiu.

Nos últimos meses, conforme Israel atacava inclusive o território iraniano, a resposta iraniana, embora sempre anunciada em termos duríssimos, foi pífia. O Irã teme mais o confronto do que Israel. Se, contudo, ele desenvolvesse bombas nucleares, isso poderia mudar.

É por isso que o ataque ao Irã consegue um apoio interno muito mais expressivo do que a campanha em Gaza, cuja brutalidade já passou de qualquer limite. Numa pesquisa da Universidade Tel Aviv publicada no domingo, 83% da população judaica israelense apoia os ataques ao Irã.

FORÇAS DESIGUAIS – O sistema de defesa israelense pode não ser perfeito, mas é incrivelmente eficaz. Ele simplesmente anula a imensa maioria dos mísseis e drones iranianos. Israel, por outro lado, acerta alvos específicos dentro do Irã a seu bel-prazer. O aiatolá Khamenei pode continuar com suas ameaças, mas a realidade mostra a desigualdade de poder bélico.

E, no entanto, Israel não tem como vencer sozinho. Invasão por terra está fora de questão de ambos os lados. Bombardeios são tudo o que os dois países podem fazer. Israel precisa de tecnologia americana para atingir as instalações subterrâneas mais profundas do Irã.

Israel talvez consiga matar as lideranças militares, políticas e religiosas, e o caos dos ataques pode dar fim ao regime, mas não teria como escolher seu sucessor. Quem garante que o substituto dos aiatolás seria melhor ou mais favorável a Israel? Por mais que o regime seja odiado por boa parte da população, o ataque de uma potência estrangeira costuma ter o efeito colateral de unir a opinião pública em nome da defesa nacional e a odiar ainda mais o agressor. Israel quer um Oriente Médio ainda mais instável?

MUITO A PERDER – O Irã não tem nada a ganhar com essa guerra e seu regime tem muito a perder. Ele deve buscar a paz, ainda que ceda muito nas negociações. Seja para a paz, seja para a destruição do programa nuclear iraniano, a presença dos EUA é fundamental.

Hoje os EUA viraram espectadores passivos dos conflitos globais. Apoiam Israel, mas deixam que ele faça o que quiser. Algum acordo que ponha fim ao conflito exigirá que coloquem limites a Netanyahu, mesmo que isso prejudique as ambições dos extremistas de seu governo. Quando os EUA se ausentam da política internacional, o resultado não é a harmonia entre os povos, e sim a guerra sem fim.

7 thoughts on “Só um país pode trazer a paz ao Oriente Médio, mas Trump dificulta qualquer acordo

  1. Seria muito simples achar que tudo se resume a luta bem X mal. Hoje para um país ser independente e soberano, ele precisa ser forte. Caso contrário vai acontecer o mesmo que ocorreu/corre na Líbia, Ucrânia, Sultão, Síria, etc …. Irã cresceu como nação e faz o que os outros países de força política/militar fazem. Criar uma zona de segurança e influência ao seu entorno e isso bate de frente com os interesses de europeus e americanos representados pelo estado de Israel.

    O Irã usou como propaganda a “destruição de Israel” e passou a agregar outros grupos do Oriente Médio como os Sunitas (o Hamas é Sunita). Netanyahu prega guerra com o Irã desde 1996 usando sempre a mesma retórica que o Irã vai desenvolver a bomba nucler em dias ou semanas.

    Repito mais uma vez que a guerra é um golpe no Sul Global. Uma escalada que começou com a queda da Síria e vai continuar com o Irã, Rússia e depois a China. Europa e EUA estão perdendo a sua zona de influência na África e Asia e precisam agir para não perder/dividir o cetro do poder.
    Vale a pena ver esse relato
    Jeffrey Sachs: EUA se Preparam para Entrar em Guerra com o Irã

    https://www.youtube.com/watch?v=RhbgnTCWYkE

  2. A desculpa fajuta assumida pelo estado agressor lembra – e muito ! – as armas de destruição em massa do Iraque. Que não existiam, claro. Foi o pretexto usado pelo cachaceiro (Bushinho) para destruir o Iraque.

    É por causa de FHCanalha que não pertencemos ao clube das nações que têm armas nucleares.

    Por que o Brasil teria que assinar um tratado de não proliferação de armas nucleares se nem ao menos tinha uma ? Se os EUA e Israel tivessem certeza de que o Irã teria a bomba, o ataque não teria ocorrido. Queiram ou não queiram, é um instrumento de dissuasão.

  3. Senhor Joel Pinheiro da Fonseca (Folha) , pare de falar baboseiras e mentiras , pois queiramos ou não os EUA , França , Inglaterra , Israel e a OTAN sempre foram parte dos problemas , porque passam os países do Oriente Médio , sendo que deram carta branca para Israel exterminar a céu aberto ” SADICAMENTE ” o povo Palestino culminando num verdadeiro ” HOLOCAUSTO ” em pleno século 21 , tal como os judeus aprenderam com seus pseudos algozes , resultando no falso holocausto de judeus na 2ª guerra mundial .

  4. Senhor Cláudio , a França e a Inglaterra estão economicamente falidas , por isso provocaram e iniciaram a guerra da ” Ucrânia x Rússia ” , como forma de justificar juntos aos seus respectivos povos , a causa de sua bancarrota ” econômica x financeira ” , sendo que o próprio líder da extrema direito inglês Nigel Farage , confessou em tom de desabafo tais crimes cometidos França x Inglaterra e provocou revolta em seus pares Ingleses , usando a Ucrânia como bucha de canhão , em apoio aos golpistas e extrema traição ao povo Ucraniano , com o agravante de que a Alemanha mesmo sendo vítima dessa trama França x Inglaterra x Ucrânia , tendo seus ” gasodutos x oleodutos ” Alemanha x Rússia sabotados e explodidos pela Ucrânia , se deixou envolver em prejuízo de seu povo .

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