Não há erro de Moraes que justifique impeachment, alega Gilmar Mendes

STF pode analisar a validade de impeachment contra seus ministros, diz Gilmar  Mendes à CNN | CNN Brasil

Gilmar enfatiza a lenga-lenga da defesa da democracia

Deu na CNN

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, em entrevista à CNN Brasil, defendeu seu colega Alexandre de Moraes contra as críticas e a possibilidade de um pedido de impeachment. Mendes afirmou categoricamente que “não há nenhuma falta cometida pelo ministro Alexandre ou qualquer outro ministro que justifique um impeachment ou sequer a abertura de um procedimento de impeachment no Senado”.

As declarações de Gilmar Mendes surgem em um momento de intenso debate sobre as decisões de Alexandre de Moraes, especialmente aquelas relacionadas às plataformas digitais. O ministro ressaltou que o que existe é “um incômodo com uma decisão que estava correta”, referindo-se às ações tomadas contra o X (antigo Twitter).

RECONHECIMENTO – Mendes destacou o apoio internacional às decisões do STF, afirmando que “a imprensa mundial expressiva reconheceu que era preciso que os Estados soberanos parassem essas plataformas hiperpoderosas”. Para ele, este reconhecimento é “um dado positivo da vitalidade da democracia brasileira e não o contrário”.

Gilmar Mendes também abordou a questão do rito do impeachment para ministros do STF. Ele lembrou que os dois impeachments presidenciais ocorridos no Brasil (Collor e Dilma) passaram por discussões no Supremo, e que uma eventual abertura de processo contra um ministro certamente levantaria debates sobre a recepção da lei do impeachment pela Constituição de 1988.

Gilmar Mendes concluiu reafirmando sua confiança na atuação do STF e na legitimidade das decisões tomadas por Alexandre de Moraes, enfatizando o papel do Supremo na defesa da democracia e no enfrentamento dos desafios impostos pelas novas tecnologias e plataformas digitais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enquanto Gilmar Mendes fala num suposto “apoio internacional” às decisões do Supremo, o próprio Alexandre de Moraes está intranquilo devido à forte reação no Capitólio contra seus atos. A contestação aos exageros de Moraes é tão forte nos Estados Unidos que une democratas e republicanos. E a própria Casa Branca também já se manifestou contra ele. Portanto, esse apoio internacional mencionado por Gilmar Mendes é uma tremenda fake news. (C.N.)

São Pedro agora também dá as cartas na política de São Paulo

Comerciantes da Rua Joaquim Antunes no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, trabalham a luz de vela.

Comerciantes no escuro, desesperados com os prejuízos

Josias de Souza
do UOL

O novo apagão inferniza São Paulo há cinco dias. Na sexta-feira, o breu atingia 2,1 milhões de residências e estabelecimentos comerciais. Nesta quarta, a Enel ainda mantém no escuro algo como 100 mil imóveis. Abrigam famílias e trabalhadores. Por baixo, meio milhão de pessoas. Talvez muito mais.

O custo psicológico é inestimável. O prejuízo financeiro, uma conta por fazer. A consequência eleitoral será mensurada pelas próximas pesquisas. O comitê de Ricardo Nunes supõe que sua vantagem continua sob controle. Mas um dos operadores do prefeito tem medo de novos temporais.

TEMPO RUIM – O Instituto Nacional de Meteorologia alerta para o risco de tempestade no estado de São Paulo, com chuva e vendaval. A preocupação está mais voltada, porém, para o interior do estado.

A essa altura, se a emergência climática trovejar de novo sobre a fiação da capital paulista, pode produzir o fato novo que Guilherme Boulos anseia para mandar o favoritismo de Nunes ao raio que o parta.

Montou-se na eleição um grande circo. Inclui marqueteiros contratados a peso de ouro e pesquisadores. Produzem-se comerciais com efeitos especiais e musiquinhas. Fabricam-se camisetas e bonés. De repente, em meio a uma campanha caríssima, São Pedro passou a dar as cartas em São Paulo. O descaso climático também apresenta sua fatura.

Quem pode apoiar uma tática de guerra baseada no uso de escudos humanos?

ONU revisa dados do Hamas de 14.500 crianças mortas em Gaza para 7.800

Crianças e idosos são usados como escudo pelo Hamas

Duarte Bertolini

Quando escrevemos sobre algo e as pessoas que leem mostram um entendimento absurdamente diverso do pretendido por nós, só restam duas interpretações. Ou o texto não é inteligível ou estamos pregando no deserto, isto é, as pessoas estão de tal forma impregnados de crenças enraizadas que seu entendimento se torna previsível e repetitivo.

Minha intenção é mostrar os perigos e as consequências dramáticas de a população de Gaza permitir ser usada como escudo pela facção terrorista que chegou ao poder com pensamentos fanáticos, infantis, erráticos, sem capacidade de enxergar a grandeza e a responsabilidade de exercer o poder.

FANATISMO – Por desconhecimento, inércia, preguiça ou, muito pior, pelo engajamento cego e fanático, quando permitimos que o poder seja tomado e assumido (nas diferentes formas) por pessoas ou grupos com esse grau de radicalismo, que constroem arsenais e quartéis nos subterrâneos de escolas, hospitais, condomínios, templos religiosos e até quartéis da Força de Paz da ONU, corre-se o grande risco de ser vítima da guerra, como está acontecendo com os povos de Gaza e do Líbano, que estão sofrendo consequências diretas ou indiretas destes atos.

Obviamente não preguei, nem jamais admitiria esta política de dizimar a população ao atacar os bunkers subterrâneos, mas parece inevitável que isso aconteça.

Lembrem-se de que é a primeira vez que um povo em guerra usa essa estratégia de criar escudos humanos de tal natureza. O exemplo anterior é dos vietnamitas, mas eles usavam escavações subterrâneas apenas no cenário da guerra, jamais embaixo de hospitais, escolas, condomínios, templos religiosos e quartéis da Forças de Paz da ONU, repita-se, quantas vezes for necessário.

HORROR E TERROR – É uma desumanidade jamais vista, em termos de estratégia de guerra. Para alcançar seus objetivos políticos, os terroristas do Hamas e do Hezbollah praticamente oferecem em sacrifício essas vítimas civis (crianças, adolescentes, mulheres e idosos), na esperança de iludir o inimigo israelense.

Não é possível que haja quem aceite e apoie essas impiedosas táticas supostamente militares de usar escudos humanos, seja de que forma for. Esse tipo de conflito, que não segue as normas da Convenção de Genebra, não pode ter defensores em nenhum lugar do mundo, ainda mais no Brasil, um país pacífico, sem inimigos externos e sempre aberto a receber refugiados.

Por que o governo brasileiro tem de tomar partido nesse tipo de situação, em que os dois lados agem de forma equivocada? O que diferencia Lula e seus iluminados, em relação aos dirigentes do Hamas, Hezbollah, Irã, Nicarágua, Venezuela, Cuba, entre outros, quando agem, tomando partido em conflitos seculares e muitas vezes confusos, na direção contrária ao pensamento dos países mais civilizados?

SEM EXPLICAÇÃO – Por que esta compulsão em apoiar sempre e com firmeza esses grupos terroristas ou essas ditaduras escancaradas, na contramão de todo mundo ocidental e principalmente em desacordo à tradição de equilíbrio e sensatez mantida pelo Brasil desde o tempo do Império?

Existem opiniões rasteiras, mas também existem mentes com substância que fazem mil voltas e elucubrações para defender o procedimento indefensável desses líderes de comportamento mais do que medieval.

Eu prefiro, quero viver e lutarei por toda vida para viver numa democracia nos moldes das democracias ocidentais, longe, muito longe destes modelos que esses enlouquecidos fanáticos querem nos impor. Agora, é preciso que todos reforcem a necessidade de um cessar-fogo, com uma disposição firme de todos, especialmente Israel e Irã, de cclebrar um acordo de paz.

Depois das eleições: “Companheiros, encolhi o PT e a esquerda brasileira!”

Lula, com a mão na boca, em gesto característico do petista -- Metrópoles

Lula enfraquece o PT, 44 anos depois de criar o partido

Mario Sabino
Metrópoles

Lula deixou entrever a preocupação com o fiasco do PT nas eleições municipais. O partido aumentou timidamente o número de cidades que governa, embora haja os otimistas que vejam aí um “recomeço”, e não conseguiu conquistar a prefeitura de nenhuma capital importante. No cômputo geral, a esquerda encolheu pela metade desde 2012.

No primeiro turno das eleições deste ano, todas as legendas do espectro ideológico fizeram juntas menos prefeitos do que o PSD de Gilberto Kassab.

AÇOITE DE LULA – O presidente da República disse, em entrevista, que é preciso “rediscutir o papel eleitoral” do PT. Entre as quatro paredes do partido, contudo, Lula apontou culpados e brandiu o açoite.

Em público, ele afirmou que “toda vez que termina eleições aparecem os vencedores e heróis que acham que o mundo, a partir dali, mudou. A eleição de prefeito não tem muita incidência na eleição presidencial, porque nem todo prefeito no segundo ano de mandato está bem”.

Na intimidade, Lula está preocupado com a crescente possibilidade de Tarcísio de Freitas ser o nome da oposição (e de alguns aliados atuais) na disputa pelo Palácio do Planalto, em 2026. O governador paulista saiu-se muito bem na eleição municipal, ao bancar Ricardo Nunes contra a vontade geral bolsonarista, e já é visto pelo próprio Jair Bolsonaro como a melhor alternativa para a próxima eleição presidencial.

SEM SUCESSOR – Rediscutir o papel eleitoral do PT implicaria que o próprio Lula admitisse que sempre se comportou como árvore frondosa demais para que outras crescessem a seu lado, e que o partido não atraiu quadros jovens ao longo dos anos, não a ponto de fazer diferença, fato agravado pela perda da base sindical, antes fornecedora de companheiros.

O definhamento de categorias profissionais como as dos metalúrgicos e bancários e as mudanças no mercado e nas relações de trabalho causaram a quase extinção de tal base.

Não houve renovação, e exemplo bastante evidente disto é que o PT recorreu à praticamente octogenária Marta Suplicy, que havia saído do partido, para ser vice na chapa de Guilherme Boulos — candidato do PSol.

PARTIDO DOS VELHOS – O PT é, hoje, uma agremiação de velhos tanto na idade quanto na ideologia, em contraste com os partidos de direita, polo de captação de uma juventude interessada em “desafiar o sistema” (não deixa de ser curioso, embora sintomático, como o desafio ao sistema, bandeira tradicionalmente da esquerda, passou a ser agitada pela direita, e não apenas no Brasil).

Para além do envelhecimento interno, ano após ano, eleição após eleição, Lula também salgou o terreno dos demais partidos da esquerda brasileira, ao tratá-los como meras linhas auxiliares — e eles aceitaram funcionar como tal, voluntariamente servis.

Perderam, assim, a oportunidade de ganhar independência, luz própria, ao não se distanciarem de Lula e do PT quando o chefão e a organização foram torpedeados pela Lava Jato. O resultado é este aí.

Os Três Poderes perderam completamente as “estribeiras” éticas e institucionais

Tribuna da Internet | Código de Ética da Suprema Corte dos EUA precisa ser  adotado aqui no Brasil

Charge do Duke (O Tempo)

Dora Kramer
Folha

A Oposição ao Supremo Tribunal Federal albergada no Congresso não esperou se completarem três dias da volta do recesso eleitoral para abrir pesada artilharia sobre o Judiciário. Menos de 72 horas depois de desligadas as urnas, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou quatro propostas, a maioria despropositada, em claro tom de vingança contra o STF.

Pode parecer estranha a expressão “oposição ao Supremo”, mas é do que se trata na clara deformação institucional posta na relação entre os Poderes da República e que suscita a pergunta: o que está havendo com eles para se comportarem como se numa queda de braço estivessem?

SEM ESTRIBEIRAS – Fui buscar explicação com o procurador de Justiça e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, cuja resposta veio tão sucinta quanto precisa. Ele atribui essa situação à “perda completa das estribeiras” éticas e institucionais.

De fato, parece não haver mais limites ao rompimento dos anteparos impostos à convivência independente e harmônica entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Uns se aliam a outros e se contrapõem entre si ao sabor das conveniências; muitas vezes extrapolam, cada qual à sua maneira.

No caso em tela, das deliberações da CCJ consta que foram tomadas no embalo dos bons resultados nas eleições municipais da centro-direita/direita que abrigam os partidos apoiadores das propostas de restringir a atuação do STF, derrubar sentenças e impor punições a ministros.

SÓ VINGANÇA – Se foi isso, trata-se de uma disfunção além das já conhecidas, decorrentes de vingança contra decisões de ministros sobre vários temas — de emendas parlamentares a condenações de golpistas — e do uso desse tipo de agenda nas negociações pela presidência da Câmara.

No alto comando da República há excessos e deficiências que precisam de urgente correção, mas isso deve se dar pela via da autocontenção, da consciência de cada uma das instâncias sobre fronteiras que não podem ser ultrapassadas. Sob pena de os garantidores do regime de legalidade avalizarem os defensores de um estado de vale-tudo em que o Estado vale nada.

Afinal, Lula parece ter notado que a utopia do petismo subiu no telhado

Tribuna da Internet | Palavra de ordem no governo Lula é ignorar ato  pró-Bolsonaro na Paulista

Charge do Nani (nanihumor.com)

Roberto Nascimento

Foi avassalador o estrago, com a derrota dos partidos progressistas, principalmente do PT, nessas eleições municipais. Os partidos conservadores do Centrão, o PSD e o PL de Bolsonaro fizeram barba, cabelo e bigode. O PT e o PSOL, com o presidente Lula à frente, estão ainda atordoados, numa ressaca pós-eleição, não conseguindo entender nada que justifique a derrota eleitoral.

O pior é tentar esconder a realidade. Lula afirmou, equivocadamente, que a eleição municipal não influi na disputa presidencial. Custei a acreditar no posicionamento do Lula, que demonstrou falhas gritantes na análise do processo político de escolha de prefeitos e vereadores, que estará sempre atrelado não somente às eleições de presidente, mas também de senador, governador, deputado federal e estadual.

TUDO INTERLIGADO – Ora, os prefeitos e vereadores são eleitos com apoio de deputados, senadores e governadores, com dinheiro do Fundo Partidário, das Emendas PIX e do Orçamento Secreto. Então, esse exército de políticos municipais têm o compromisso de ajudar a eleger seus padrinhos.

O PT já perdeu em 2020 nas eleições municipais e foi massacrado nas eleições gerais de 2022. Lula só venceu a disputa presidencial de 2022, porque Bolsonaro se desgastou na gestão da Pandemia da Covid- 19 e nas ameaças golpistas. Entretanto, o Partido de Bolsonaro elegeu 99 deputados federais e o PT ficou com 70.  Para o Senado, o PT sofreu a pior derrota desde a sua fundação em 1982.

Analisando as relações de causa e efeito, projeta- se uma derrota ainda maior do PT em 2026, o que significará a tomada da Bastilha, com o controle total do Senado e da Câmara pelos conservadores, inviabilizando uma hipotética reeleição de Lula. Se ganhar, não vai governar.

CONTROLE DO SENADO – Para completar, se a projeção de Valdemar da Costa Neto e de Jair Bolsonaro for confirmada, e alcançarem o quorum de 54 senadores da direita no total de 81, as primeiras medidas serão os impeachments de Flávio Dino e Alexandre de Morais. Em seguida, virá outro pacote contra os superpoderes do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de submeter ao crivo de três quintos do Congresso, qualquer decisão judicial, que seja contrária aos interesses do Legislativo.

Uma PEC que tramita no Senado, impondo mandato de oito anos para o exercício do cargo de ministro do STF, aguarda o parecer da Relatora, a senadora Tereza Cristina, do PL do Mato Grosso do Sul. Se não for aprovada em 2025, em 2027 serão favas contadas.

O Brasil está seguindo num rumo perigoso para a democracia. As instituições do Estado serão destruídas e reduzidas a pó, se forem confirmados os ventos da derrota das forças progressistas nas eleições gerais de 2026.

NORDESTE SEM LULA – Um fato aterrador, sinalizando o terremoto político que se avizinha, foi a vitória do Centrão e do PL nas capitais do Nordeste. O PT não venceu nenhuma capital. Somente Fortaleza e Natal foram para o segundo turno, e no Recife foi eleito o jovem João Campos, filho do falecido governador Eduardo Campos, do PSB.

É um cenário de terra arrasada para o PT. Fica um alerta para Lula, sair a campo e tirar seu partido da letargia e do conformismo, caso contrário, o PT vai se tornar um partido nanico.

Enquanto isso, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Solidariedade e Liberdade (PSOL), estão chegando para tomar de assalto o eleitor de esquerda. A utopia petista subiu no telhado.

Barroso enfim percebe que existe ‘má divisão’ entre espaço público e privado

Barroso diz não ter simpatia por decisões monocráticas

Falando a empresários, Barroso criticou elites predatórias

Carlos Andreazza
Estadão

Palestrante internacional onipresente e dedicado comentarista político da TV Justiça, também – nas horas vagas – ministro (presidente) do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, nosso recivilizador, falou em Roma contra a “apropriação do espaço público por elites predatórias”.

Falou isso em evento privado patrocinado por empresas privadas de elite, entre as quais a dos irmãos Batista, de muitos interesses no STF. (Estava lá também Dias Toffoli, outro palestrante requisitado; que, na sua porção juiz, suspendeu – em dezembro de 2023 – multa de mais de R$ 10 bilhões devida pelo grupo J&F, dos Batista, em função de acordo de leniência.)

“APROPRIAÇÃO” – Barroso tem cadeira – trono – no “espaço público”. E decerto considera que o problema – essa “apropriação” – ocorre noutros lugares da atividade pública; o que tornaria cômica a alienação, não fosse degradante.

O presidente do Supremo não pisa no chão do mundo real, ou não avaliaria que o tribunal – sob cujo aval um ministro toca constituição própria – cumpre “bem a sua missão”. A percepção delirante faz lembrar o juízo de Cármen Lúcia, em 2022, no TSE, quando, guiada pelo Direito Xandônico, manifestou preocupação com o risco de a censura a um filme – pela qual votava – resultar em censura.

Analisando a chaga da desigualdade social entre nós, disse Barroso desde a Itália: “Temos no Brasil um problema atávico, histórico e persistente de patrimonialismo, quando não de corrupção, que é essa má divisão entre o espaço público e privado”. Disse isso, um servidor público, juiz na Corte Constitucional, em evento privado custeado por empresas privadas com interesses na Corte Constitucional – que ele preside.

“MÁ DIVISÃO” – Isto mesmo. Um ministro do Supremo – agente público – esteve à vontade para denunciar a “má divisão” entre os espaços público e privado, palestrando em evento privado patrocinado por empresas privadas.

Não sendo cínico, em nenhum momento lhe terá ocorrido que encarnava – expressava – a “má divisão”. Atávico. Né? Presidente, Barroso, de um Poder que exige – com razão, contra o patrimonialismo – transparência do Congresso sobre as distribuições autoritárias de emendas parlamentares, enquanto comunica opacidades sobre como são pagas (quem paga?) essas viagens para convescotes particulares (há cachê?) mundo afora.

Questionar isso seria espécie de implicância do jornalismo, “preconceito contra a iniciativa privada” – decretou Barroso. Conceito que é bem formado, ministro, sobre a “apropriação do espaço público por elites predatórias”. Conceito, aliás, educado pelas provas de corrupção que vêm sendo enterradas – rescrita a história – pelo monocrata Dias Toffoli.

Quem será punido pelo apagão em SP e pela contaminação por HIV no Rio?

São Paulo enfrenta 4º dia de apagão após temporal - Super Rádio Tupi

A única coisa garantida pelo poder é mesmo a impunidade

Eliane Cantanhêde
Estadão

Afinal, de quem é a culpa pelo apagão que atingiu e há dias continua atingindo tantos milhares de paulistas após o temporal de sexta-feira? No jogo de empurra-empurra, a Enel, a Aneel, a prefeitura, o governo estadual e o governo federal jogam no colo uns dos outros e acusam São Pedro, coitado, a chuva, as árvores, os postes, os cidadãos. Então, ficamos assim: segundo os culpados, a culpa é da vítima, uma idiota que só sabe reclamar, ficar de mimimi e nem consegue ligar um disjuntor.

São famílias inteiras, trabalhadores, motoristas sem semáforos, donos de escolas, lojas, hotéis, restaurantes e hospitais, que perderam – e continuam perdendo – alimentos, insumos e remédios, sem celular, internet, televisão. E informação. O telefone “de emergência” não atende ou atende mal, a concessionária promete um horário e não aparece, promete outro e não aparece de novo, ninguém resolve nada. Postes e árvores jogados dia após dia. Um perigo!

FURACÃO – Já até compararam o temporal ao furacão Milton na Flórida, mas a prevenção lá funcionou, os alertas de segurança foram disparados, as famílias puderam se proteger, a assistência foi rápida, a reconstrução envolve prefeitura, governo estadual, governo federal e iniciativa privada. Se alguma coisa é parecida com o que ocorreu nos EUA é a briga política, com o furacão invadindo o debate eleitoral e as fake news correndo soltas.

A comparação possível é no próprio Brasil, onde as concessionárias recebem bilhões de reais, mas cortam investimentos e pessoal e mantêm equipes enormes de propaganda. O usuário que se dane.

A versão da culpada prevalece sobre a realidade da vítima, tratada pelas redes alimentadas pelas concessionárias (inclusive como eu já fui) como idiota que “não sabe ligar o disjuntor”. É assim em São Paulo, DF e por aí afora.

TUDO INÚTIL -A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), serve para o quê? Fiscalizar? Prevenir? Punir? Ou para atrair as chuvas e trovoadas dos poderosos quando a tempestade vem, destrói e mata? Um dos piores vícios do Brasil é empurrar culpas com a barriga. Ninguém é responsável por nada, desde que tenha poder, dinheiro, mandato, salário alto e costas largas.

E os seis receptores de órgãos contaminados por HIV? Milhões de reais de recursos públicos foram despejados num laboratório mequetrefe para testes em órgãos de doadores, a maior parte sem contrato e, depois, com contratos sem licitação.

Os donos, ora, ora, são familiares do então secretário de Saúde, hoje deputado federal. Quem vai ser punido pelo crime contra os que buscavam saúde e vida e encontraram corrupção e um vírus que pode ser letal?

Lula repetiu Bolsonaro e fez farra de doações na Codevasf às vésperas da eleição

Candidato “Zelito do Povo” tenta expulsar a reportagem

Flávio Ferreira e Artur Rodrigues
Folha

Três dias antes da eleição, no momento em que retirava de um depósito da estatal Codevasf um trator doado pela empresa pública a uma associação de agricultores, o então candidato a vereador Zelito do Povo (PT) não se identificou com seu verdadeiro nome e ainda tentou impedir o repórter da Folha de fazer fotos de um carro repleto de adesivos da campanha dele que escoltava a máquina. A cena na porta do depósito, na cidade baiana de Guanambi (a 620 km de Salvador), é um exemplo de como a Codevasf foi apropriada pelos políticos e expõe como o governo Lula (PT) repete a farra de distribuição de bens da estatal iniciada na gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Naquele momento do último dia 3, uma quinta-feira, indagado pela reportagem sobre a doação à entidade de Rio do Antônio (BA), o candidato não escondeu que a máquina que ele mesmo dirigia tinha sido obtida com recursos de emenda parlamentar do deputado federal Charles Fernandes (PSD-BA).

MEIO BILHÃO – Os números da empresa pública revelam que as distribuições para os redutos eleitorais de deputados federais e senadores em 2024 ultrapassaram R$ 500 milhões, em valor similar ao ocorrido no mesmo período na gestão bolsonarista.

Neste ano, da primeira eleição municipal sob grande impacto da injeção de emendas parlamentares, as doações de máquinas, equipamentos e materiais pela estatal chegaram a R$ 547 milhões até o dia 14 de setembro. No período eleitoral de 2020, durante o governo de Bolsonaro, a transferência de bens atingiu R$ 529 milhões, o que corresponde a R$ 572 milhões, em valores corrigidos, até o fim do mesmo mês.

Criada na década de 1970 para promover projetos de irrigação no semiárido brasileiro, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) foi transformada em uma espécie de loja de políticos.

MUITAS EMENDAS – Nela os congressistas despejam valores bilionários de emendas parlamentares e passam a operar os recursos em um sistema similar ao dos cartões pré-pagos, indicando de forma parcelada à estatal, por meio de ofícios, quando e quais bens devem ser entregues aos municípios onde estão seus aliados.

Nessa tarefa de escolha, os deputados e senadores contam até com um catálogo de produtos semelhante aos de concessionárias de máquinas ou revendedores de materiais. O modelo é alvo de questionamentos no STF (Supremo Tribunal Federal), que entrou em embate com o Congresso sobre respeito do tema.

Lula e seus aliados prometeram acabar com esse emendoduto durante as eleições de 2022 e o processo de transição governamental, mas a situação não mudou na atual gestão. A Codevasf é comandada por aliados de líderes do centrão, que foram nomeados Bolsonaro e mantidos no governo Lula.

MÁQUINAS PESADAS – O grosso das entregas em 2024 é de máquinas pesadas, como retroescavadeiras, tratores e veículos, como caminhões, que concentram 84% das doações, em valores absolutos. Há também muitos casos de itens mais baratos, como caixas-d’água, que foram distribuídos às centenas em meio à campanha.

A cidade mineira de Montes Claros, onde fica uma das superintendências regionais da Codevasf, é a principal beneficiada, com R$ 9,5 milhões em bens. Logo atrás, vêm Macapá (AP) e Campo Formoso (BA).

A reportagem localizou R$ 170 milhões em bens enviados para entidades privadas, como associações comunitárias, sindicatos e conselhos, entre outros. O envio para associações ocorre, muitas vezes, quando parlamentares querem obter dividendos políticos em alguma cidade onde a prefeitura não está nas mãos de seu aliado político.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Antes de Lula, a Codevasf já era um tremendo escândalo. E agora, com Lula no poder, esperava-se que o escândalo acabasse, mas ele se tornou ainda maior. É desalentador, mas não traz nenhuma surpresa, sem novidades no front ocidental. (C.N.)

Após sofrer ataque de drones, Israel bombardeia bairro cristão no Líbano

Israel amplia bombardeios no Líbano e ataca região de maioria cristã |  Jornal da NoiteDeu no Estadão
Com AP

Vinte e uma pessoas morreram em um ataque aéreo de Israel no norte do Líbano nesta segunda-feira, 14, de acordo com o escritório local da Cruz Vermelha. O ataque aconteceu na região de Aito, conhecida por ser de maioria cristã e estar distante das principais áreas da influência da milícia xiita Hezbollah, presente no sul e leste do país.

O Exército de Israel não fez comentários sobre as mortes e não informou qual era o alvo do ataque. O bombardeio ocorre um dia depois que um ataque de drone do Hezbollah a uma base do Exército israelense na região norte do país, que matou quatro soldados de 19 anos. Outros sete soldados ficaram feridos gravemente.

ÁREA CRISTÃ – Até então, os ataques israelenses no Líbano eram concentrados no sul e no leste do país, onde vive a maioria da população muçulmana e o Hezbollah tem mais influência. Os bombardeios poupavam regiões de maioria cristã, como Aito, apesar da sensação de insegurança crescente em todo o Líbano por causa dos ataques em regiões densas, a exemplo de Beirute.

Vídeos da mídia libanesa mostraram uma grande nuvem de fumaça subindo da cidade, com vários carros atingidos ao lado de um prédio destruído, enquanto as pessoas tentavam remover corpos de debaixo de escombros e árvores. O atingiu uma casa que havia sido alugada para famílias deslocadas, disse o prefeito da cidade, Joseph Trad, à agência de notícias Reuters.

O Exército de Israel anunciou a morte de Kamal Naim, comandante da unidade antitanque do Hezbollah, em um ataque aéreo, mas não especificou em qual região ele estava. A Força Aérea também destruiu lançadores de foguetes no sul do Líbano, de acordo com o exército.

O PIOR ATAQUE – O ataque do Hezbollah à base militar de Israel neste domingo é o mais mortal do grupo desde que Israel invadiu o Líbano há duas semanas com o objetivo de restaurar a segurança do norte do país. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, informou a seu equivalente americano, Lloyd Austin, que Israel daria “uma resposta contundente” à ofensiva.

O Hezbollah, aliado do grupo terrorista Hamas, prometeu manter seus ataques a Israel até que haja um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Enquanto isso, o Oriente Médio segue em alerta máximo para Israel retaliar contra o Irã por causa de um ataque de mísseis lançado em 1.º de outubro em resposta aos ataques de Israel ao Líbano. O Pentágono disse no domingo que enviaria tropas dos EUA a Israel junto com o sistema antimísseis dos EUA.

No Brasil corrupto, falar em defesa da democracia é jargão dos piores

Barroso e Moraes decidirão se Bolsonaro será condenado por 5×0 ou 9×2 |  Metrópoles

Para Moraes e Barroso, é tudo em nome da democracia…

Luiz Felipe Pondé
Folha

Começo com um aviso: como hoje a recepção de conteúdos beira o absurdo no que se refere ao entendimento, devo dizer que profissionais da palavra pública como eu são justamente aqueles mais interessados em regimes democráticos, porque sem a liberdade de expressão e do contraditório não pagamos os nossos boletos — claro, afora aqueles que trabalham somente como um hobby.

Vale dizer que não creio que o absurdo referido acima acerca do entendimento dos conteúdos seja apenas fruto de dificuldades de interpretação. Penso que a maioria desses absurdos é fruto de má-fé mesmo por parte dos receptores das mensagens da mídia.

REDES SOCIAIS – Claro que há toda uma gama de pessoas que falam nas redes sociais sobre diversos assuntos, principalmente política, que usufruem da liberdade de expressão. Entretanto, afora os profissionais da palavra pública, o restante continuaria a exercer suas funções dentro das cadeias produtivas, mesmo que não existisse liberdade de expressão. Médicos, advogados, engenheiros, técnicos em geral, funcionários públicos —estes nem tanto, devido às baixarias que caracterizam esse universo da dependência direta do Estado e do governo.

Hoje, quando ouço alguém dizer expressões do tipo “em defesa da democracia”, já sei que vem algum truque político ou jurídico. Essa expressão virou um jargão para reduzir o escopo do entendimento das coisas. Numa sociedade como a contemporânea, que tende mesmo à entropia, isso é péssimo. Nunca foi tão evidente a imperfeição do mundo quanto nos últimos 200 anos, devido à farsa de progresso moral ou político que caracteriza esses últimos dois séculos.

No caso do Brasil em especial, país atravessado pela corrupção em todos os níveis, “em defesa da democracia” serve como marcador de truculência institucional facilmente.

JARGÃO HORRÍVEL – Usar essa expressão virou um jargão dos piores. Regulação das redes é fácil no caso de Marçal e suas mentiras, principalmente acerca de Boulos. Fácil tirar isso do ar, apesar de que as pessoas que gostam de um candidato não estão nem aí se há alguma verdade entre as versões contraditórias —mesmo que uma dessas versões venha do Judiciário, que é tão parte da solução quanto do problema.

Por exemplo, quem gosta de Bolsonaro pouco se importa se ele, durante a pandemia, foi um irresponsável e ignorante. Pouco importa se ele está ou não metido em corrupção como as rachadinhas — que no mundo dos políticos é o equivalente a batedores de carteira. Por outro lado, amantes de Lula nunca acreditaram na versão de que havia corrupção na Petrobrás ou, se havia, que ele tivesse algo a ver com ela. E hoje, na sua condição de passar de condenado a presidente, ninguém se lembra mais de nada.

A democracia é um circo. E Brasília é o maior picadeiro.

PALHAÇOS DIVERSOS – Todos os regimes políticos são, em grande medida, um circo, com palhaços de todos os tipos —os súditos ou cidadãos são os mais numerosos nessa tribo. São muitos os filósofos que apontaram isso ao longo da história. Entretanto, a democracia acrescenta um ingrediente a mais nesse circo: a ideia de que há algum bem puro entre as trapaças e interesses em ganhar a competição por votos, conhecida como eleição. Ou dito de outra forma: a soberania popular é santa.

Sabe-se muito bem da definição procedimental da democracia dada pelo economista Joseph Schumpeter (1883 – 1850), que segue mais ou menos assim: em um regime em que instituições legitimam uma competição por votos, quem ganha manda.

O cerne da soberania popular é, ao mesmo tempo, um dos seus calcanhares de Aquiles no que concerne o procedimento de atribuição dessa soberania. Desde Atenas, sabe-se da intima relação entre democracia, retórica e mentira. Para quem gosta de X, nada em X é falso. Para quem detesta Y, tudo em Y é falso.

SEM MARÇAL – Sem dúvida, os debates sem Marçal poderiam talvez recuperar um tanto de dignidade no seu procedimento, mas a ideia de que alguém abre mão da sua intenção de voto devido a uma apresentação de projetos é uma ilusão —outro elemento do circo na democracia.

Mesmo pessoas consideradas mais bem-formadas, em matéria de voto, não se diferenciam do comum dos mortais. Vota em que está a fim, independente de qualquer aspecto racional ou histórico ligado àquele candidato. Este é um dos maiores traços circenses da democracia.

Nada disso deve ser entendido como negação de que não temos saída fora da democracia, pois é o regime menos pior que existe —toda forma de política é ruim. Mas deveria servir para sermos menos ridículos em nossas confissões políticas, sobretudo em se tratando de supostos adultos.

Procurador-geral da Venezuela ironiza Lula, que teria sido “cooptado pela CIA”

Procurador-geral da Venezuela acusa Lula e Boric de serem 'agentes da CIA'

Aliado de Maduro dá entrevista na TV ironizando Lula

Júnio Silva e Samuel Pancher
Metrópoles

O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ter sido cooptado pela CIA e se tornar um porta-voz dos Estados Unidos. A declaração ocorreu durante um programa exibido pelo canal estatal Globovísion neste domingo (14/10).

Segundo Saab, Lula teria se envolvido com a agência de inteligência norte-americana enquanto esteve preso, por 1 ano e 7 meses. O nome máximo do Ministério Público da Venezuela, no entanto, não apresentou qualquer prova.

DOIS PORTA-VOZES – “Parte dessa chamada esquerda cooptada pela CIA e pelos Estados Unidos na América Latina agora tem dois porta-vozes, que são Lula, que não é o mesmo libertado da prisão, por tudo pelo que foi acusado, não é o mesmo em nada. Nem em seu físico, nem em como ele se expressa”, declarou Saab.

O outro “porta-voz” dos EUA, de acordo com o procurador-geral venezuelano, seria o presidente do Chile, Gabriel Boric.

No programa, Saab ainda alfinetou Lula e comparou a vitória do presidente brasileiro com a polêmica reeleição de Nicolás Maduro, em julho. “Eu te digo que você [Lula] ganhou porque um tribunal eleitoral determinou sua vitória, através de uma sala eleitoral”, disse o procurador. “Por que foi bom para você aí É o caso de Nicolás Maduro, não?”.

BRASIL NÃO RECONHECE? – Mais de dois meses após autoridades eleitorais declararem Maduro o presidente reeleito na Venezuela, o governo do Brasil ainda não reconheceu a vitória do herdeiro político de Hugo Chávez.

A diplomacia brasileira tem atuado como uma espécie de “ponte” entre o regime chavista e o restante da comunidade internacional, que cobra a divulgação dos resultados e maior transparência com os dados do pleito.

O pedido também é uma cobrança do governo do Brasil, que até o momento também não reconheceu a vitória do opositor de Maduro, Edmundo González.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Lula fica se metendo com essa gentalha, e o resultado é esse… Maduro o ridiculariza mandando tomar chá de camomila, e agora o procurador-geral também se acha no direito de esculhambar o presidente brasileiro, chamando-o de agente da CIA. Será que já sabem do passado dele como o personagem “Barba”? (C.N.)

Se continuar demorando, a autocrítica de Lula pode chegar junto com autópsia

Charge da Semana - O (des)condenado e o espelho das pesquisas

Charge do Jindelt (Arquivo Google)

Josias de Souza
do UOL

Sob o impacto dos resultados do primeiro turno das eleições municipais, Lula disse que é preciso “rediscutir o papel do PT”. Deveria iniciar a rediscussão concedendo uma audiência ao seu espelho. O encontro com o espelho pode ser uma experiência cruel. A imagem refletida é de uma franqueza inescapável. Revela, sem atenuantes, todas as ofensas do tempo. Rugas, cabelos brancos, calva e flacidez política.

Lula já havia entoado a mesma cantilena da renovação partidária, com outras palavras, numa conferência eleitoral do PT, em dezembro de 2023. O problema é que o discurso pronunciado na ocasião tinha mais perguntas que respostas.

DISSE LULA – Falando para uma plateia que incluía a fina flor do petismo — de Gleisi a Haddad — Lula indagou: “Será que estamos falando aquilo que o povo quer ouvir de nós? Ou será que temos que aprender com o povo como é que fala com eles?”.

Nesse encontro de dez meses atrás, o xamã do PT fez uma aposta: “Eu sinceramente acho que essa eleição que vai acontecer, vai ser outra vez Lula x Bolsonaro disputando essas eleições nos municípios”. Enganou-se. A polarização foi um fator residual no primeiro turno de 2024. Na cidade de São Paulo, onde Lula previu que a disputa seria entre ele e a “figura”, o fenômeno Pablo Marçal mostrou que há males que vêm para pior.

Para resolver o “problema” da desconexão do PT com o pedaço antipetista da sociedade, disse Lula à cúpula do partido, seria necessário retomar o “trabalho de base”. O apoio eleitoral deveria ser conquistado “na rua”.

SUMIU DE CENA – Lula se absteve de seguir o próprio conselho. Frustou candidatos petistas ao redor do país com sua ausência nos atos de campanha. Foi como se intuísse que já não é um cabo eleitoral tão portentoso quanto foi no passado.

Desde que o PT foi fundado, em 1980, o mundo do trabalho foi virado do avesso, o imposto sindical acabou, a militância petista envelheceu, e a direita — oscilando entre marçais e Tarcísio de Freitas — ensaia o pós-bolsonarismo. Quase tudo mudou, exceto Lula.

Com medo de Marçal, a “figura” fugiu de São Paulo. Alegando dificuldades de agenda, Lula também agiu com parcimônia na capital paulista. Ali, o favoritismo de Ricardo Nunes faz de Guilherme Boulos, testa de ferro pinçado por Lula no PSOL, uma espécie de personificação das debilidades do PT.

RUA VIRTUAL – Mal comparando, Boulos revive a saga de Lula, que aprendeu com três derrotas que o êxito eleitoral passa pela suavização do passado radical. Marçal mostrou que a “rua” que faz a diferença nos dias atuais pode ser virtual.

O grotesco extraiu sua força das redes sociais, por cujas vielas Lula e o PT ainda não aprenderam a trafegar. Como um punguista ideológico, Marçal roubou o bolsonarismo de Bolsonaro e fabricou um discurso alternativo ao do PT.

Contra o lero-lero sindicalista da década de 80 do século passado, Marçal vendeu ilusões à legião de empreendedores que ralam para encher a geladeira às margens da CLT. Sem a intermediação de malafaias, capturou corações cristãos com o seu evangelho da prosperidade.

LAUDO FALSO – O impensável foi barrado nas urnas do primeiro turno por um triz. Mas forçou Boulos a marçalizar, por assim dizer, a sua retórica. O preferido de Lula viu-se compelido a mimetizar o discurso empreendedor daquele que, na antevéspera do pleito, divulgou a laudo médico falso da cocaína.

Na conferência petista de dezembro, Lula lamentou que brasileiros com renda acima de dois salários mínimos fogem do PT. Disse que um “metalúrgico que ganha R$ 8.000” já não quer votar no partido. As urnas de São Paulo esboçaram um quadro ainda pior.

Em 2022, Lula prevaleceu sobre Bolsonaro em São Paulo por 53,54% a 46,46% dos votos válidos. Boulos chegou ao final do primeiro turno com apoio de cerca de metade dos eleitores lulistas. No Datafolha da última quinta-feira, o percentual subiu para 63%. Entretanto, 31% dos antigos eleitores de Lula disseram preferir Nunes. Entre os lulistas que optam pela reeleição do prefeito, 27% declaram que jamais votariam em Boulos, cuja rejeição, no eleitorado total, bateu em 58%.

COM FOLGA – Com uma vantagem de 22 pontos percentuais (55% a 33%), Nunes prevalece sobre Boulos em todos os estratos sociais, inclusive entre os moradores da periferia.

Programas como o Bolsa Família tornaram-se dados da realidade. Aos olhos do eleitor, a autoria vai ficando em segundo plano. Na comparação com as obras emergenciais da prefeitura, os CEUs de Marta Suplicy viraram memória esmaecida de uma conquista obtida há duas décadas.

Na última quarta-feira, Lula declarou que seus ministros estão proibidos de apresentar “ideia nova”. Repetiu que é hora de “colher o que plantamos”. Apenas 48 horas depois, o Datafolha informou que a aprovação da gestão Lula (36%) está separada da reprovação (32%) pela margem de erro.

IGUAL A BOLSONARO – No mesmo período, em outubro de 2020, em plena pandemia, o governo de Jair Bolsonaro recebeu notas similares às de Lula: aprovação de 37%, reprovação de 34%. A similaridade demonstra que Lula tem dificuldades para adquirir o tamanho que imagina ter.

Nesse contexto, a conversa de Lula com o espelho tornou-se um imperativo. Se o diálogo for franco, a imagem refletida dirá que o responsável pela dissintonia do PT com o eleitorado chama-se Lula. Impossível terceirizar a tarefa de “rediscutir o papel do PT”.

Se demorar, a autocrítica pode chegar junto com a autópsia.

Há 100 anos, Lima Barreto já afirmava haver ligação entre o crime e as eleições

26 coisas que você talvez não saiba sobre Lima Barreto, o homenageado da  Flip de 2017Marcus André Melo
Folha

As eleições municipais sofreram grandes transformações em um século. Com a mudança de regime em 1891, o chefe do Executivo local passou a ser nomeado pelos governadores. Inicialmente, 12 dos então 20 estados adotaram a regra, só pacificada pela reforma de 1926. Com a Constituição de 1946, novas contestações, mas, nas capitais, estâncias, e bases militares, os prefeitos continuaram a ser nomeados.

A primeira eleição para prefeito em São Paulo, a maior metrópole brasileira, teve lugar em 1953, e em Recife —a então terceira maior— em 1955. Em 1965, o regime militar reeditou a vedação que permaneceu até 1985, quando 201 municípios passaram a eleger prefeitos.

INTERESSE ESTRANHO – Prefeitos nomeados e Câmara de vereadores eleitos são o traço paradoxal das cidades brasileiras no século 20. Os conselhos municipais com forte autonomia vinham do período colonial. Os nomeados não sabiam sequer o nome da avenida principal das cidades, como debochou Lima Barreto, perplexo com “o interesse estranho que essa gente punha nas lutas políticas, nessas tricas eleitorais, como se nelas houvesse qualquer coisa de vital e importante”.

Na voz de Policarpo Quaresma, “não atinava porque uma rezinga entre dois figurões [um governador e um senador] vinha por desarmonia entre tanta gente, cuja vida estava tão fora da esfera daqueles”. Mas logo revelava o que estava em jogo:

“Não há lá homem influente que não tenha, pelo menos, trinta parentes ocupando cargos do Estado; não há lá político influente que não se julgue com direito a deixar para os seus filhos, netos, sobrinhos, primos, gordas pensões pagas pelo Tesouro da República”.

MANIPULAÇÕES – A disputa pelo voto local era e continua sendo crucial para a política estadual e nacional, e nele o controle sobre o alistamento era a chave do processo. A partir da criação da Justiça Eleitoral em 1932, o alistamento tornou-se obrigatório, mas não o voto. Paradoxalmente, a medida reforçou a manipulação do eleitorado analfabeto majoritariamente rural até a década de 1970, e que não votava até o fim da proibição formal, em 1985.

O contraste aqui com as barreiras criadas para a população negra nos EUA como requisitos de testes de alfabetização, taxas de votação etc. é marcante: nossas oligarquias nunca se opuseram à inclusão da massa da população no sistema eleitoral porque controlavam o alistamento.

Como mostrei aqui, isto só mudou em 1955, com a introdução da cédula oficial substituindo a fornecida pelos partidos, e que exigia que os eleitores escrevessem o nome dos candidatos, o que acabava invalidando um terço dos votos. Apenas em 2000, com o voto eletrônico, os votos inválidos despencaram.

CRIME E ELEIÇÕES – Lima Barreto apontou a relação entre crime e eleições na capital de Bruzundanga, mas não podia prenunciar que o crime organizado viria, um século depois, a ser uma séria ameaça nacional, através da coerção e violência sobre eleitores.

“O doutor-candidato vai neles com os mais cruéis assassinos da cidade, quando ele mesmo não é um assassino… A fisionomia aterrada e curiosa da cidade dá a entrever que se está à espera de uma verdadeira batalha; e a julgar-se pelas fisionomias que se amontoam nas secções, nos carros, nos cafés, e botequins, parece que as prisões foram abertas e todos os seus hóspedes soltos.”

Com as pesquisas agora desfavoráveis, Lula e a esquerda dependem de milagres até 2026

Pesquisa mostra Nunes com 55% e Boulos com 33% no 2º turno em São Paulo | SBT NewsVinicius Torres Freire
Folha

Guilherme Boulos está em situação difícil. Mais do que do voto de religiosos, o candidato de PSOL e PT a prefeito de São Paulo depende quase do sobrenatural para vencer. Precisa tirar mais de 840 mil votos de Ricardo Nunes (MDB), dados o número de pessoas que votaram no primeiro turno e o primeiro Datafolha sobre o segundo turno.

Talvez Boulos ganhe pontos com a campanha na TV. Talvez Luiz Inácio Lula da Silva consiga virar o voto dos petistas que preferem Nunes. Mas apenas 15% dos eleitores dizem que ainda podem mudar o voto; se mudarem, 65% destes votam em ninguém. Quem sabe o prefeito candidato a reeleição se dê uma cadeirada.

A VER NAVIOS – Se perder, Boulos não sairá menor desta eleição, mas vai ficar no porto a ver navios que partiram, assim como o duo PT-PSOL, que fez poucos prefeitos e vai governar cidades de pouca repercussão política e econômica. Por isso também, terá dificuldades de criar lideranças ou puxadores de voto parlamentar em 2026. Mais sobre problemas da esquerda mais adiante.

Pesquisa DataFolha diz que Nunes agora vence Boulos por 55% a 33%. Não votariam “de jeito nenhum” em Boulos 58% dos eleitores (a rejeição de Nunes é de 37%). Na ponta do lápis, o percentual de voto em Boulos é menor até do que o daqueles eleitores de Nunes que votam no prefeito por “não haver opção melhor” (68% dos nunistas).

Nunes tem 50% ou mais dos votos não importa renda, escolaridade, idade, gênero ou cor. O prefeito vence o psolista por 58% a 32% entre os católicos e por 62% a 25% entre evangélicos, diferença quase nenhuma no voto por religião.

LEVA ATÉ PETISTAS – Votam em Nunes cerca de 30% dos eleitores que têm o PT como partido preferido, que votaram em Lula no segundo turno da eleição presidencial de 2022 ou em Fernando Haddad (PT) para governador em 2022. Tem ainda o voto de 85% dos que optaram por Jair Bolsonaro (PL) em 2022; de 83% dos que votaram em Tarcísio de Freitas (Republicanos) para governador. Leva 84% daqueles que votaram em Pablo Marçal.

A avaliação de Lula e Tarcísio na cidade de São Paulo diferia pouco, em agosto. De “ótimo/bom”, 35% para o presidente e 32% para o governador. A de Nunes é algo pior: 26% de “ótimo/bom”. No Brasil, a avaliação de Lula pouco difere da que tem em São Paulo.

A melhoria evidente da renda e do emprego não fizeram coceira na avaliação de Lula, até agora. Foram irrelevantes, em termos de variação de prestígio político, mais Bolsa Família, aumento real de salário mínimo, desemprego em mínima histórica, salário médio no nível mais alto ou PIB per capita enfim voltando ao pico de 2013.

UM ROCHEDO – O antilulismo, o antipetismo ou o antiesquerdismo são uma rocha com um tamanho de no mínimo 30% ou de até quase 50% dos votos, a julgar pelo segundo turno para presidente em 2022.

O duo PT-PSOL teve pouco mais de 10% dos votos para prefeito neste 2024, em todo o país (9% em 2020 e 19% no pico de 2012). O PT elegeu ou levou para o segundo turno apenas 261 candidatos. Dos 248 eleitos, 70% são do Nordeste —o partido se desnacionaliza.

Tendo em vista a política federal e poucos favoritos na legenda, o PT apoiou outras candidaturas neste 2024. Não tem histórico bom de cultivar e manter lideranças. Não é impossível inventar novos nomes, se der um sacolejo grande, mas 2026 é depois de amanhã e o discurso da esquerda, na forma ou conteúdo, vai mal nas urnas desde 2016 —já são cinco eleições.

Irã está “preparado para guerra” e EUA enviam mais defesas antimísseis para Israel

US confirms sending THAAD battery, soldiers to 'Israel' - Mehr News Agency

A bateria THAAD é o mais moderno sistema antimíssil

Jalaa Marey
MSN/AFP

O Pentágono anunciou neste domingo (13) a implantação em Israel de um sistema americano de defesa antimísseis de grande altitude THAAD, que será operado pelos militares dos Estados Unidos, após ataques recentes com mísseis do Irã. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou hoje que o seu país está “totalmente preparado para uma situação de guerra”, ao mesmo tempo que reiterou que o seu governo quer “paz”.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, “autorizou o envio de uma bateria THAAD e de uma equipe de militares americanos para Israel para ajudar a reforçar as defesas aéreas do país após os ataques sem precedentes do Irã, em 13 de abril e em 1º de outubro”, disse o porta-voz do Pentágono, general Pat Ryder, em uma declaração. Ele especifica que outras baterias THAAD já haviam sido implantadas em Israel após os ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, e antes disso, em 2019.

IRÃ QUER PAZ? – Do lado iraniano, o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, afirmou a disposição do país para o combate, reiterando que prefere, no entanto, a paz. “Estamos totalmente preparados para uma situação de guerra. Não temos medo da guerra, mas não a queremos, queremos a paz e trabalharemos por uma paz justa em Gaza e no Líbano”, declarou ele neste domingo, durante uma visita a Bagdá, capital do Iraque.

Em conversa por telefone neste domingo com o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu “apoio a uma desescalada geral” da violência na região. Já a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, cujo país detém a presidência rotativa do G7, disse neste domingo ao premier israelense Benjamin Netanyahu, que “atacar” a força de paz da ONU no Líbano passava  todos os limites.

Giorgia Meloni “reiterou que era inaceitável que a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) fosse atacada pelas Forças Armadas israelenses”, durante uma conversa telefônica com  Netanyahu, segundo o seu gabinete. Ela “enfatizou a necessidade absoluta de que a segurança do pessoal da UNIFIL seja garantida em todos os momentos”.

SOLDADOS DA PAZ – Na sexta-feira, a UNIFIL, que inclui mais de 1.000 soldados italianos, acusou o exército israelense de disparar “repetidamente” e “deliberadamente” contra as suas posições, enquanto pelo menos cinco soldados da paz ficaram feridos nos últimos dias.

Neste domingo, dois tanques israelenses “entraram à força” em uma de suas posições na fronteira, anunciou a UNIFIL. À noite, o exército israelense confirmou que um de seus tanques atingiu um posto de manutenção da paz da ONU no Líbano (UNIFIL) enquanto tentava evacuar soldados feridos, sob forte fogo inimigo no sul do país, onde enfrenta o Hezbollah.

Mais cedo, Netanyahu apelou ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, para remover as forças de manutenção da paz destacadas no sul do Líbano, dizendo que o Hezbollah estava usando essas tropas como “escudos humanos”. Esta força da ONU, que inclui cerca de 9.500 soldados de cerca de cinquenta países, foi criada para manter o cessar-fogo que pôs fim à guerra de 33 dias, em 2006, entre Israel e o Hezbollah.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Estava demorando para os Estados Unidos entrarem na guerra. A defesa antimísseis foi só o primeiro passo, porque em seguida chegarão mísseis de médio alcance que resolverão a guerra. Basta Israel lançar meia dúzia para os árabes jogarem a toalha e aceitarem negociar a paz. (C.N.)

Após pacote anti-STF, lulistas temem nova derrota com o projeto da Anistia

Anistia - Charge do desenhista Solda - Disciplina - História

Charge do Solda (Site Solda Cáustico)

Emilly Behnke, Luciana Amaral e Rebeca Borges
CNN Brasília

Após a aprovação do pacote de propostas que atingem os poderes do Supremo Tribunal Federal (STF), deputados governistas temem uma nova derrota na votação do projeto de lei que anistia pessoas com envolvimento no ato de 8 de janeiro do ano passado.

A avaliação é que o PL da Anistia pode ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde a oposição tem conseguido se impor.

O projeto perdoa quem participou, fez doações ou apoiou por meio de redes sociais os ataques do 8 de Janeiro, por exemplo. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizem que o texto poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de alguma forma, o que os apoiadores do ex-mandatário negam.

DIZ PETISTA – “Vamos buscar convencer os parlamentares de que não é razoável a CCJ votar uma matéria como essa, flagrantemente inconstitucional”, declarou o deputado Helder Salomão (PT-ES), acrescentando:

“Se abrirmos esse precedente, nós vamos rasgar a Constituição e dar o seguinte sinal para a população brasileira: você pode praticar crimes, pode invadir a sede dos Poderes, defender o fechamento do Congresso e intervenção militar, e está tudo bem. Pode tentar explodir o aeroporto de Brasília e, olha, você vai ser anistiado”.

Na semana passada, a votação do projeto da anistia foi adiada após um pedido de vista – mais tempo para análise do assunto. No entanto, o movimento por parte dos governistas já era esperado e tem base regimental. Portanto, não chegou a causar surpresa. Para retornar à pauta da CCJ, é necessário que sejam realizadas duas sessões deliberativas do plenário.

OPOSIÇÃO É MAIORIA – Integrante da base governista, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) avalia que a oposição tem maioria na CCJ e, por isso, o projeto não deve encontrar dificuldades para ser aprovado. No entanto, o congressista diz esperar que o governo “se interesse e mobilize sua base” para tentar barrar o avanço do texto.

“Essa é uma ‘anistia fake’. Na verdade, um salvo conduto para novos atentados ao nosso já frágil Estado Democrático de Direito”, disse Alencar à CNN.

A presidente da CCJ, Caroline De Toni (PL-SC), integrante da oposição, aguarda a definição das próximas reuniões do plenário para definir a pauta da comissão. Cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocar as sessões.

TRAMITAÇÃO – O projeto tem como relator o deputado Rodrigo Valadares (União-SE). O congressista projetava a votação do texto já na próxima semana, mas, desde terça-feira (8), o plenário não contou com deliberações.

Para pautar o texto, De Toni também pondera a influência da sucessão à presidência da Câmara no caso. Para ela, o debate do projeto foi contaminado pela disputa sobre quem será o novo sucessor de Lira. Isso porque o avanço da proposta foi colocado por alguns deputados como uma condição para apoiar candidatos.

Se for aprovado na CCJ, o texto seguirá para a análise no plenário, onde é necessária a maioria simples dos votos para ser aprovado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não adianta chorar nem fazer beicinho, se a Câmara aprovar o Projeto da Anistia, é claro que Jair Bolsonaro fatalmente será beneficiado, porque a possibilidade de anistia é prevista em lei e não há inconstitucionalidades. Ou seja, Bolsonaro e o resto da turma, inclusive o general Braga Netto, todos ficam novinhos em folha, cheirando a tinta. Tudo vai depender das estratégias traçadas pelas lideranças. Se não der agora, os bolsonaristas repetirão a dose em 2027, quando começa tudo de novo, com o Congresso renovado. (C.N.)

Para Lula e Amorim, vida de palestino vale mais que a vida de um ucraniano

O assessor especial da presidência, Celso Amorim, com o presidente Lula no Planalto

Amorim e Lula são “dois perdidos numa guerra suja”

J.R. Guzzo
Estadão

A política externa do presidente Lula e do seu chanceler Celso Amorim (o chanceler de verdade, não o outro) ou, mais exatamente, de Celso Amorim e de Lula, está sendo conduzida em obediência a um novo princípio nas relações internacionais: a vida de um palestino vale mais que a vida de um ucraniano. Trata-se, no caso, de uma derivada da filosofia central vigente na diplomacia brasileira de hoje.

Seres humanos perseguidos nas ditaduras que Amorim e Lula têm como as grandes aliadas do Brasil podem ir para o diabo que os carregue – na Rússia, na Venezuela ou no Irã. Se têm o azar de viverem em países que a Rússia resolve invadir fica pior. A política externa “ativa e altiva” do Itamaraty diz que a Ucrânia, por exemplo, deve ceder uma parte do seu território para o invasor russo e “negociar” a partir daí. Ou faz isso, ou está recusando a “paz”.

GENOCIDAS – Pelo mesmo entendimento do mundo, Israel, depois de sofrer o massacre terrorista que matou 1.400 civis, teria de oferecer um cessar-fogo ao agressor – cujo programa exige a extinção física do Estado judeu. Como decidiu reagir, Israel é tido como “genocida”. Os seres humanos que vivem em Israel, segundo o Itamaraty de Lula, não têm direito a defender o seu país, nem as suas vidas.

Não se trata apenas de um colapso moral. A política externa de Amorim e de Lula, após 20 meses seguidos de abuso, tornou-se uma agressão maciça aos interesses brasileiros. Eles foram trocados pela promoção de programas ideológicos da extrema esquerda – e o Brasil começa a pagar, concretamente, o preço dessa disfunção.

Não dá, como se sabe, para ter um comportamento de delinquente lá fora e não ter problemas aqui dentro. É o que acaba de acontecer, e justamente numa área crítica: a defesa nacional.

TAMPA DA PANELA – É mais um desses escândalos que o governo Lula tenta manter em fogo baixo, mas uma exposição factual do ministro da Defesa, José Mucio, fez a tampa da panela explodir. O Exército brasileiro, relatou ele, fez uma licitação internacional para a compra de blindados; uma empresa de Israel, mundialmente respeitada por sua alta capacidade tecnológica, ganhou, por oferecer a maior qualidade e o menor preço. A licitação foi tecnicamente perfeita. Mas Amorim vetou.

O argumento para o veto não é um argumento. Alega-se que a compra não pode ser feita porque vai beneficiar Israel, e Israel está em guerra com a “Palestina” – só que o edital da licitação não exige que o fornecedor esteja numa nação em paz.

O resultado é que o Exército, que já fora ilegalmente proibido de vender material para a Alemanha (poderia ser usado na defesa da Ucrânia) está sem os blindados que comprou legalmente.

Em campanha para 2026, Lula amplia as verbas de publicidade do governo

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

A principal preocupação de Lula é sua reeleição em 2026

Roseann Kennedy
Estadão

Após as eleições municipais, o governo Lula deve retomar a concorrência interna das agências de publicidade para tocar as propagandas sobre as ações da atual gestão, e o foco das peças deve mudar. Nos bastidores, sobram críticas à comunicação adotada até o momento. Também há pressão para conversar mais com a classe média, com mensagens que ajudem a afastar o pessimismo da população em relação à economia brasileira.

De acordo com a última pesquisa Quaest, divulgada em outubro, mais brasileiros acreditam que o maior problema do País é a economia. Antes, o índice era de 21%; agora, é de 24%. A preocupação com a economia supera até temas como violência, questões sociais, corrupção, saúde e educação. Além disso, para 41% dos brasileiros, a economia brasileira piorou nos últimos 12 meses.

PIMENTA DE VOLTA – O pós-eleições coincide com a volta do ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta. E voltou ao cargo dia 12 de setembro, mas tirou férias para acompanhar de perto a disputa eleitoral. Agora, seu retorno ao dia a dia no Planalto gera expectativa no ambiente palaciano de uma estratégia publicitária “mais ampla e agressiva” com as agências, diz um interlocutor.

Uma das queixas internas sobre o período em que Pimenta se afastou para assumir o Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, e a comunicação ficou a cargo de Laércio Portela, foi de que se falou apenas para convertidos, com peças destacando os programas sociais.

O governo até lançou a campanha Fé no Brasil, no início de maio, com quatro eixos temáticos (economia, educação, saúde e agro), trabalhando o conceito básico de injetar esperança na população, e também buscando alcançar os eleitores evangélicos — segmento onde a popularidade de Lula patina —, mas a estratégia terminou sendo impactada pelas tragédias climáticas, no Rio Grande do Sul e, depois, pelas queimadas. Sem trocadilhos, “não havia clima”, resume um dos integrantes do governo.

SAIU DE FÉRIAS – Por ser gaúcho, no próprio mês de maio Paulo Pimenta foi designado para comandar as ações do governo federal para a reconstrução do Rio Grande do Sul, devastado pelas enchentes. Em setembro, ele voltou para a Secom, mas saiu de férias para se dedicar às eleições municipais.

No diagnóstico sobre os motivos do pessimismo do eleitor, uma das leituras é de que reflete uma sazonalidade do período eleitoral e do mal estar com as queimadas.

Entre responsáveis pelas peças de comunicação do governo, uma ala acredita que o final de ano, com o período natalino, é o momento ideal para retomar a publicidade porque deve ajudar a resgatar o otimismo na população.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, Lula é um político eternamente em campanha, Com o fracasso do PT nestas eleições municipais, fica mais difícil a vitória em 2026, mas ele insiste na candidatura e vai aumentar as verbas para publicidade. Enquanto isso, a dívida pública continua crescendo ameaçadoramente, apesar das medidas de contenção do Banco Central. (C.N.)

“Apoio” de Lula ao Hamas e Hezbollah é um erro grotesco que prejudica o Brasil

O governo brasileiro está preocupado', diz Celso Amorim sobre ataque do Irã contra Israel

Lula e Amorim colocam o Brasil na contramão da História

Duarte Bertolini

Tenho a tendência natural de avaliar questões macros através de opções. Por exemplo, quando a população do Líbano abriga e deixa se dominar pelos terroristas do Hezbollah, para mim, ela perde totalmente o direito de se lamentar e condenar Israel pelos ataques de retaliação. Quando a população da Faixa de Gaza escolhe para seus líderes os terroristas do Hamas e permite que eles usem escolas, hospitais e condomínios para esconder arsenais de bombas e quarteis de terroristas, fica muito estranha a lamentação pelos ataques de resposta de Israel.

Como posso me explicar, frente a qualquer pessoa ou entidade do mundo civilizado (neste caso, excluídos todos os fanáticos comunistas, socialistas etc. etc.) que meu governo do Brasil, um país sabidamente pacifista e equilibrado nas disputas internacionais, tem uma posição favorável a esses terroristas?

PERGUNTA-SE – Como é possível que cheguemos a isto? Como é possível pensar que esta política represente a maioria da população brasileira? Alguém em sã consciência acha que a maioria da população brasileira não condena a ditadura da Venezuela?

Se alguma potência resolver nos retaliar por causa desses alinhamentos catastróficos de Lula e seus alucinados, por coerência, terei que aguentar calado e sofrer os impactos.

Moro no interior do Rio Grande do Sul e nos mercados daqui são dezenas ou centenas de venezuelanos, de todas as formações técnicas e experiências, que trabalham para se manter e fugir da ditadura. Alguém imagina que eles viajaram 6.000 km, num paÍs estranho e se submetem a qualquer trabalho, porque são contrarrevolucionários e não gostam de Simon Bolívar?

CULPA DE ISRAEL – Excluídos os fanáticos petistas e correlatos, assim como os descendentes de palestinos e libaneses que obviamente condenam os horrores de uma guerra que os atinge e seus familiares, alguém imagina que um brasileiro lúcido (não- alinhado, lembrem) acha que a culpa do conflito no Oriente Médio é somente de Israel?

Lula, Amorim e toda a malta de cafajestes aplaudidores, por favor, parem de nos expor ao ridículo e aos perigos de uma retaliação (bélica, econômica, social etc.) por causa de suas patéticas crendices.

Marx morreu, Lenin também, Stalin idem, a China é uma ditadura, a Albânia tornou-se uma redoma medieval, Cuba é um sonho que se transformou em piada e pesadelo, a Nicarágua uma carnificina, Venezuela etc. etc. Então, não está na hora de cuidar de um futuro para o Brasil e parar de usar o nome de 212 milhões de pessoas em seus delírios e sonhos infantis?

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUm artigo verdadeiro e corajoso. Israel usou a força e agora tem de negociar a paz. (C.N.)