Adelino Moreira e a eternidade de sua cativante obra romântica e boêmia 

Adelino Moreira – Brazilliance

Adelino era um compositor muito famoso

Paulo Peres
Poemas e Canções

O compositor luso-brasileiro Adelino Moreira de Castro (1918-2002) tem como seu maior sucesso “A Volta do Boêmio”,  cuja letra revela a compreensão, o consolo e a alegria de uma mulher ao entender a vida boêmia de seu amado. Este samba-canção foi gravado,  primeiramente, por Nélson Gonçalves, em 1956, pela RCA Victor, e faz sucesso até hoje.

 A VOLTA DO BOÊMIO
Adelino Moreira

Boemia, aqui me tens de regresso
e suplicante te peço
a minha nova inscrição

Voltei, pra rever os amigos que um dia
eu deixei a chorar de alegria,
me acompanha o meu violão

Boemia, sabendo que andei distante
sei que essa gente falante
vai agora ironizar

Ele voltou, o boêmio voltou novamente
partiu daqui tão contente
por que razão quer voltar?

Acontece, que a mulher que floriu meu caminho
de ternura, meiguice e carinho,
sendo a vida do meu coração

Compreendeu, e abraçou-me dizendo a sorrir:
meu amor você pode partir,
não esqueça o seu violão

Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas,
vá sonhar em novas serenatas
e abraçar seus amigos leais

Vá embora, pois me resta o consolo e a alegria
de saber que depois da boemia
é de mim que você gosta mais

Netanyahu usa a “euforia” em Israel para se manter ilegalmente no poder

Foto: AFP

Netanyahu expande a guerra para ter mais apoio popular

Wálter Maierovitch
do UOL

Pelas ruas de Israel existe uma contagiante alegria. Isso porque acredita-se que o premiê Bibi Netanyahu tenha eliminado o perigo nuclear iraniano com as ações bélicas dos últimos cinco dias. Fala-se por toda parte de Jerusalém que era iminente o risco destrutivo representado pela teocracia dos aiatolás iranianos.

Há pouco, o ex-premiê e antigo ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, criticou o clima de euforia criado por Netanyahu. “A atmosfera eufórica nas ruas, nos telejornais e nas declarações do primeiro-ministro, segundo as quais a ameaça nuclear iraniana terminou, é prematura e distante da realidade”, disse.

AINDA HÁ AMEAÇA – Para Ehud Barak, permanece a ameaça de o Irã, a qualquer momento, poder explodir um artefato nuclear em alguma parte do deserto para demonstrar a sua capacidade.

Além de aparentemente exagerada, a euforia dos israelenses não está sendo capaz também de amenizar a imagem de “pária internacional” que ganhou Netanyahu. Mais ainda, de o seu premiê eliminar crianças, idosos e civis inocentes na Faixa de Gaza.

Enquanto Bibi usa uma poderosa máquina de propaganda ufanista, no sentido de difundir que está salvando os iranianos da tirania dos aiatolás, uma pergunta deve ser feita: como ficam os princípios da autodeterminação dos povos e a escolha soberana dos persas?

CRIMES DE GUERRA – Basta ter olhos para ver que aumentou o antissemitismo no planeta, em face do governo Netanyahu. Ele não soube combater, nos limites estabelecidos pela legítima defesa, o terrorismo do Hamas. Pelo excesso, consumou crimes de guerra e delitos contra a humanidade.

Bibi visto como herói é algo inadmissível à luz do Direito, ainda que o expansionista Irã financie o terrorismo internacional e descumpra acordos nucleares.

O Irã, na verdade, é também um “estado pária” que viola direitos humanos e usa a sua “polícia dos costumes” para tirar a liberdade de expressão e calar os jovens.

“Nova tática” eleitoral dificilmente supera o cansaço em relação a Lula

LULA VOLTA AO TRABALHO DEPOIS DO TOMBO, ENQUANTO A OPOSIÇÃO PREPARA UM NOVO  PEDIDO DE IMPEACHMENT - Jônatas Charges - Política Dinâmica

Charge do Jônatas (Arquivo Google)

William Waack
Estadão

O público-alvo são as faixas de renda de até dois salários mínimos, nas quais Lula costumava manter sólida vantagem eleitoral sobretudo no Nordeste. É nesse segmento que políticas de assistência social têm funcionado menos, mas é onde se espera que a tática do “ricos contra pobres” produza algum tipo de galvanização.

Ocorre que o grande problema é exatamente o eixo central em torno do qual tudo gira: Lula. É impossível para os estrategistas no Planalto admitirem que na erosão estrutural da imagem do presidente reside seu maior obstáculo. O que se cristaliza em largas parcelas do eleitorado é a percepção de um governo inoperante, sem liderança efetiva, sem uma mensagem clara.

MAIS LULA Empenhado agora em ampliar a exposição de Lula, o que equivale a insistir numa tática que as pesquisas demonstram não estar funcionando – Lula aumentou o tempo de palanque, mas os números a favor não subiram.

É insistir no enredo e formato da época em que uma novela parava o País, quando agora o “streaming” está substituindo a novela – também nas faixas mais pobres.

É difuso, porém extraordinariamente poderoso, o tipo de sentimento que está se sedimentando em relação a Lula e seu governo. Chama-se cansaço. Para combate-lo estão vestindo o velho personagem com as roupas empoeiradas de antigamente. Até isso cansa.

A “fórmula mágica” adotada pelo Planalto para manter esperanças de vitória em 2026 é basicamente retornar ao Lula do “rico contra os pobres” de uns 30 anos atrás. É quando ele perdia eleições.

MUITO DESGASTE – Implícita nessa postura está a constatação, também dentro do Planalto, de que o “simples” assistencialismo não funciona mais como fábrica de votos. Daí a “pegada” mais agressiva, abraçada também pelo ministro da Fazenda – que está devolvendo ao “mercado” o aberto desprezo com que vem sendo tratado nos bastidores.

Assim, em vez de “luta de classes”, fala-se em “justiça fiscal” para explicar aumento de impostos para empresas e classe média” – de onde se pretende extrair os tapa buracos no orçamento público causados pela política fiscal irresponsável (aliás, não só do Executivo). Afinal, são “ricos”, então paguem. E, se estão reclamando, é porque nós (o governo) estamos fazendo a coisa certa.

CONTA DE LUZ – Uma medida de caráter descaradamente populista, como baixar a conta de luz para uma faixa encarecendo para outra, sai envernizado de “faremos os ricos pagarem as contas dos pobres”. Esse tom transparece nas falas de Lula na recente reunião do G-7, descrito como uma espécie de “clube dos ricos” em contraste com o G-20, que tem ali um certo número de países “pobres”.

O público-alvo são as faixas de renda de até dois salários mínimos, nas quais Lula costumava manter sólida vantagem eleitoral sobretudo no Nordeste. É nesse segmento que políticas de assistência social têm funcionado menos, mas é onde se espera que a tática do “ricos contra pobres” produza algum tipo de galvanização.

Ocorre que o grande problema é exatamente o eixo central em torno do qual tudo gira: Lula. É impossível para os estrategistas no Planalto admitirem que na erosão estrutural da imagem do presidente reside seu maior obstáculo. O que se cristaliza em largas parcelas do eleitorado é a percepção de um governo inoperante, sem liderança efetiva, sem uma mensagem clara.

É difuso porém extraordinariamente poderoso o tipo de sentimento que está se sedimentando em relação a Lula e seu governo. Chama-se cansaço. Para combatê-lo estão vestindo o velho personagem com as roupas empoeiradas de antigamente. Até isso cansa.

Se parece censura, nada como censura e grasna como censura, então é censura

Charge sobre censura - Donny Silva

Charge do Nani (nanihumor.com)

Lygia Maria
Folha

O STF formou maioria para tornar inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet. Os membros da Corte ainda definirão quais conteúdos precisam ser retirados do ar pelas plataformas após notificação de usuários (sem necessidade de ordem judicial) —atualmente, isso se dá com violação direitos autorais e imagens de nudez não consentidas. Se não removerem, as empresas correm risco de punição.

Tais conteúdos podem incluir crimes contra a honra e o vago ataque ao Estado democrático de Direito. São condutas subjetivas, que exigem julgamento criterioso, com apresentação de provas e direito ao contraditório.

INCONVENIENTES – Essa invasão do Supremo na seara do Legislativo promove insegurança jurídica e incita censura generalizada por parte das plataformas, que tentarão evitar a responsabilização a todo custo. Basta ver como o Judiciário lida com a liberdade de expressão.

Neste mês, o STJ condenou jornalistas e a revista IstoÉ a pagarem R$ 150 mil por danos morais ao ministro Gilmar Mendes, do STF, devido a uma reportagem de 2017. Segundo a decisão estapafúrdia, o texto era muito irônico.

Outro ponto de preocupação no julgamento do artigo 19 é a escolha do órgão que fiscalizará a remoção de conteúdo. Sobre o tema, Gilmar se referiu a uma frase do ditador chinês Deng Xiaoping: “a cor do gato não importa, o importante é que ele cace o rato”.

A COR É CRUCIAL – Mas, no caso, a cor do gato é crucial. Uma entidade do Executivo federal, sem formato colegiado, seria temerária e é típica de ditaduras.

O ministro já sugeriu antes que a tarefa poderia ficar a cargo da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, uma autarquia ligada ao Ministério da Justiça que fiscaliza o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados —manipulada nos últimos anos para minar a Lei de Acesso à Informação, que garante a transparência de dados públicos.

Assim, o provérbio mais adequado para a bagunça criada pelo STF seria “se parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato, então é um pato”. Ou seja, se parece com censura, nada como censura e grasna como censura, então é censura.

Ações na Tríplice Fronteira envolvem até o Hezbollah e a facção PCC

A Polícia Federal prendeu em novembro de 2023 três pessoas que teriam  ligações com o grupo libanês Hezbollah Há anos, autoridades brasileiras  investigam possível ligação do Hezbollah com PCC na Tríplice Fronteira:Allan Santos
Timeline

O que parecia há uma década apenas uma hipótese levantada por analistas de contraterrorismo internacionais hoje se confirma com força e consistência: o grupo terrorista libanês Hezbollah e a facção criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC) estabeleceram uma aliança funcional na Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

A relação envolve não apenas logística de contrabando e tráfico de entorpecentes, mas também proteção carcerária, financiamento do terrorismo e fornecimento de armas com possível origem iraniana.

COISA ANTIGA – Nos últimos meses, documentos da Polícia Federal, do Ministério Público Federal, de agências de segurança dos Estados Unidos e de organismos internacionais como a Fundação para a Defesa das Democracias (FDD) vieram a público para confirmar o que já era conhecido nos bastidores da inteligência: o Hezbollah opera no Brasil desde os anos 1980, infiltrado na comunidade libanesa de Foz do Iguaçu, e desde os anos 2000 mantém vínculos comerciais e logísticos com o PCC.

Segundo matéria publicada pela Gazeta do Povo, o Hezbollah já atua no contrabando de cigarros, tráfico de armas e movimentação de cocaína para fora do Brasil. A reportagem afirma:

“Para intensificar suas ações criminosas, o Hezbollah começou a fazer parcerias com facções criminosas brasileiras a partir dos anos 2000”.

TUDO DOMINADO – O grupo utiliza rotas dominadas pelo PCC para enviar drogas aos portos de Santos e Paranaguá e, em contrapartida, fornece armas leves de origem estrangeira, além de oferecer contatos logísticos no Oriente Médio e África.

Em 2023, a Operação Trapiche da Polícia Federal desarticulou uma célula do Hezbollah com atuação direta em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os presos estavam mapeando sinagogas e centros judaicos, e buscavam recrutar brasileiros para uma rede terrorista.

Embora o governo brasileiro tenha se recusado a classificar oficialmente o Hezbollah como organização terrorista, o Ministério Público Federal confirmou que as movimentações financeiras investigadas envolviam recursos destinados ao Líbano.

PRISÃO DE TERRORISTAS – Além disso, a Operação Sem Fronteiras, realizada em 2020 com cooperação de autoridades da Argentina, Paraguai, Chile, EUA e Romênia, resultou na prisão e extradição de três membros do Hezbollah acusados de financiar o grupo com dinheiro proveniente do tráfico de cocaína.

“O Hezbollah precisa do PCC para operar no Brasil. E o PCC se beneficia da rede internacional e do acesso a armas que o Hezbollah possui. Essa é uma aliança pragmática, mas com implicações estratégicas graves para a segurança nacional”, afirma o delegado da PF Marco Smith, citado pela Gazeta.

A Lei Antiterrorismo de 2016 (Lei nº 13.260) não tem sido aplicada nesses casos. Segundo o pesquisador Diorgeres de Assis Victório, a legislação é tecnicamente falha e insuficiente para enquadrar casos de terrorismo não motivados por xenofobia ou preconceito étnico-religioso — o que, na prática, torna o Brasil um país permissivo para operações encobertas.

FALTA O BRASIL – Enquanto Argentina e Paraguai já classificam formalmente o Hezbollah como organização terrorista, o Brasil continua sem posicionamento claro. O silêncio do Ministério da Justiça e Segurança Pública diante da crescente presença do Hezbollah no Cone Sul e dos alertas da inteligência internacional reforça o temor de que o país esteja se tornando um elo vulnerável na arquitetura da segurança ocidental.

OUTRO RISCO -Mais grave ainda é a possibilidade — levantada por fontes da comunidade de inteligência americana — de que, com a morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em ataque aéreo israelense em setembro de 2024, sobreviventes da cúpula terrorista busquem refúgio em território latino-americano.

Autoridades de segurança da Argentina e do Paraguai já elevaram o nível de alerta. O Brasil, por ora, permanece em silêncio.

Não se trata de uma conspiração. Trata-se de uma realidade documentada. A Tríplice Fronteira tornou-se um dos centros de financiamento do terrorismo internacional e o Estado brasileiro, por conveniência ideológica ou fragilidade institucional, permanece omisso.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Em fim de carreira, Lula se transforma num tirano que distorce a democracia

Lula vai ao Canadá para participar da Cúpula do G7 » Esportes & Notícias

Lula sonha em ser eleito para instaurar a tirania final

J.R. Guzzo
Gazeta do Povo

Por muito tempo, imaginamos que a tirania viria vestida de farda, montada num tanque, com botas sujas de sangue. E, de fato, ela veio assim: Hitler na Alemanha, Stalin na Rússia, Mao na China, Pol Pot no Camboja. Todos deixaram suas marcas com tinta vermelha — milhões de mortos, povos destruídos, economias arrasadas, civilizações traumatizadas. Foram monstros clássicos. Visíveis. Nomeáveis.

Mas a história, como um organismo vivo, muda de forma.
Hoje, a tirania veste terno, distribui sorrisos e se esconde atrás de urnas e de discursos democráticos. Ela não fuzila, mas endivida.
Não censura com fogo, mas com algoritmos. Não prende por opinião, mas por interpretação.

MODELO BRASILEIRO – No Brasil, essa nova face da tirania tem nome: “Luiz Inácio Lula da Silva”. Não é exagero, tampouco metáfora solta. É uma constatação estrutural: o país é hoje “governado por um homem condenado por corrupção em todas as instâncias do Judiciário, libertado não por inocência, mas por manobras jurídicas promovidas por juízes escolhidos por ele próprio”.

E não bastasse isso, foi reintegrado ao poder como salvador da pátria. Recebeu honrarias de academias literárias, apesar de sua limitação de leitura e escrita. É tratado como exemplo de estadista, mesmo tendo chefiado o maior esquema de corrupção da história do país. Condenado, absolvido por burocratas da toga, aplaudido por quem deveria denunciar.

É a consagração do absurdo. Mas o estrago não é apenas moral. É econômico, social, ético e cultural.

TUDO DOMINADO – O brasileiro que trabalha vê seu salário ser corroído pela inflação, pela carga tributária, pelos juros descontrolados. Os que empreendem vivem cercados de regulações que favorecem apenas os grandes conglomerados amigos do poder.

A máquina estatal cresce, devora, impõe — e o povo, sem saber para onde correr, afoga-se em parcelas, dívidas e narrativas. Tudo isso com “a bênção de um Supremo Tribunal Federal transformado em quartel ideológico”. Nove ministros nomeados por Lula ou seu partido.

Um Senado cúmplice, que não fiscaliza, pois muitos de seus membros têm medo de serem julgados. Uma Câmara de Deputados domesticada a golpes de emendas bilionárias.

APENAS FACHADA – E assim, “a democracia se converte em fachada”. As instituições continuam de pé — mas são cascas ocas. As leis existem — mas não se aplicam a todos.
As eleições acontecem — mas com uma imprensa subjugada e uma Justiça Eleitoral que julga e executa conforme o cheiro do vento.

O resultado é uma sociedade entorpecida. Uma população explorada sem perceber. Um país saqueado com assinatura, carimbo e cobertura jornalística favorável.

“Não há paredões, mas há fome”. “Não há campos de concentração, mas há milhões de presos econômicos”.
“Não há guerra civil, mas há destruição moral diária”.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Piada do ano! Se a delação de Cid for anulada, as acusações serão mantidas

Prisão preventiva de Mauro Cid: fundamentos jurídicos

Se a delação for anulada, Cid vai pegar uma longa cadeia

Ana Gabriela Oliveira Lima e Arthur Guimarães de Oliveira
Folha

Dentre os argumentos das defesas de réus para tentar a anulação da colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, apenas uma eventual falta de voluntariedade do delator poderia prejudicar a utilização de provas e interferir no processo no STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga a trama golpista de 2022, avaliam especialistas ouvidos pela Folha. Esse cenário, porém, é considerado remoto no caso do militar, que tem reiterado publicamente a higidez do acordo.

As outras possibilidades —como eventuais omissões ou quebra de sigilo, com a divulgação de informações referentes à colaboração— teriam potencial de prejudicar apenas Cid, que pode perder seus benefícios.

TRÊS PEDIDOS – As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem Cid era ajudante de ordens, e do general Braga Netto pediram a anulação do acordo sob argumento de que Cid mentiu ao Supremo e contou detalhes de seus depoimentos a amigos.

O pedido foi inicialmente negado por Alexandre de Moraes, que citou a fase atual do processo, e pode ser analisado no julgamento final.

A nulidade da delação também foi pedida pela defesa de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro e réu no caso da trama golpista, preso nesta quarta-feira (18) sob suspeita de obstrução de Justiça.

MAURO CID NEGA – Nesse caso, a solicitação cita também possível quebra de voluntariedade do pedido e conta com fotos e áudios de conversas entregues à Justiça por seu advogado e que comprovariam a quebra do sigilo feita pelo delator. Mauro Cid nega que isso tenha ocorrido.

Também comporia prova de descumprimento da regra um perfil que, segundo a revista Veja, teria sido usado por Cid nas redes sociais para falar da delação, episódio questionado pela defesa de Bolsonaro durante interrogatório em 10 de junho no STF.

Para o advogado Rogério Taffarello, especialista em direito penal e sócio do Mattos Filho, o vazamento do áudio e das mensagens pode dar base para a perda dos benefícios de Cid.

VIOLAÇÃO GRAVE – “Deverá haver uma avaliação de proporcionalidade, se isso é uma violação grave o bastante para a rescisão do acordo. Existe uma série de cláusulas, algumas cujas violações são menos relevantes, outras mais.”

Ricardo Yamin, doutor em direito pela PUC-SP, concorda que a quebra de sigilo pode ensejar a perda de benefícios combinados entre a Polícia Federal e Cid. O conteúdo da delação, entretanto, permaneceria intacto. O mesmo tenderia a acontecer se fosse comprovado que o militar mentiu.

A delação de Cid ajudou a fundamentar relatório da PF e denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre a trama golpista, mapeando a participação de Bolsonaro e outros atores e fornecendo detalhes sobre questões como a minuta golpista e o plano Punhal Verde Amarelo, que previa o assassinato de Moraes, do presidente Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

CID NUMA BOA – O acordo prevê ao tenente-coronel perdão judicial ou pena privativa de liberdade inferior a dois anos, assim como a restituição de bens e valores apreendidos. Também está prevista a extensão dos benefícios a familiares de Cid, bem como ação da PF garantindo segurança.

O caso de omissão no depoimento de Cid também poderia resultar em perda de benefícios, mas a prática jurídica tem sido de pedido de ajuste no depoimento do colaborador, aponta Thiago Bottino, professor da FGV Direito Rio.

“Isso aconteceu com várias empresas na Lava Jato, como a Odebrecht e a Andrade Gutierrez”, diz.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Êpa! É uma tremenda maluquice, tipo Piada do Ano, quando advogado diz que a delação de Cid pode ser anulada, mas as acusações seguiriam valendo. Acusações de delação só valem se forem comprovadas por provas materiais, a lei é muito clara a respeito. Se a delação de Cid for anulada, só ficam valendo as acusações que obtiveram confirmação segura, por outros meios. (C.N.)

Alta de juros para 15% é incompreensível e faz a festa dos banqueiros

Mercado projeta a taxa básica de juros em 15% para 2025

O mercado projetava taxa básica de juros em 15% este ano

Brenda Silva
da CNN

A ministra Gleisi Hoffmann, que comanda a Secretaria de Relações Institucionais, afirmou ser “incompreensível” a alta da taxa básica de juros anunciada pelo Banco Central (BC) na quarta-feira (18). A Selic foi elevada de 14,75% para 15% ao ano.

“No momento em que o país combina desaceleração da inflação e déficit primário zero, crescimento da economia e investimentos internacionais que refletem confiança, é incompreensível que o Copom aumente ainda mais a taxa básica de juros”, escreveu a ministra em publicação no X nesta quinta-feira (19).

Esta é a sétima vez que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleva a Selic desde a retomada do ciclo de aperto monetário em setembro de 2024. Em comunicado, o BC sinalizou que o ciclo de aumentos será interrompido.

“O Brasil espera que este seja de fato o fim do ciclo dos juros estratosféricos”, completou a ministra.

Em maio, Gleisi afirmou que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, está administrando os efeitos de uma “herança maldita” deixada por seu antecessor, Roberto Campos Neto.

O Brasil ocupa agora a segunda posição no ranking dos maiores juros reais do mundo, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 15%.

Este é o patamar mais elevado para os juros básicos do país desde maio de 2006, quando a taxa ficou em 15,25%.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em seu comunicado, o BC sinaliza juros em 15% por tempo “bastante prolongado”. Comércio e indústria mostram surpresa e acendem alerta sobre alta da Selic. Realmente, não faz sentido, estes juros estão forçados demais, fazem a alegria dos banqueiros. (C.N.)

A linguagem simples e atraente da poesia de Casimiro de Abreu

Biografia do Poeta: CASIMIRO DE ABREU - Autor do Poema "Meus Oito Anos" ! -  YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Casimiro José Marques de Abreu (1839-1860), nascido em Barra de São João (RJ), foi um intelectual brasileiro da segunda geração romântica. Sua poesia tornou-se muito popular durante décadas, devido à linguagem simples, delicada e cativante, conforme o poema “Meus Oito Anos”, que fala da saudade de sua infância.

MEUS OITO ANOS
Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

Desprezo de Motta e Alcolumbre coloca Lula refém do Congresso

Presidente Lula reunido Hugo Motta e Davi Alcolumbre | Agência Brasil

Motta e Alcolumbre sabem como devem tratar Lula

Dora Kramer
Folha

O governo às vezes chega a umas conclusões que nos fazem pensar se são ingênuas ou se fruto de tentativas de emplacá-las no mercado da comunicação. Há quem compre tais ideias, mas o tempo e os fatos se encarregam de desfazê-las no ar.

Uma delas era a de que os problemas com o Congresso estariam resolvidos com a troca de comandos na Câmara e do Senado. Outra atribuía ao deputado Arthur Lira (PP-AL) a raiz das contrariedades e enfrentamentos.

PARALISIA E ATRITO – Pois lá se vão quase cinco meses da eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) e o ambiente não só não melhorou como tornou-se mais hostil. De lá para cá nada andou no Parlamento e, onde havia entraves bem ou mal superados, hoje há paralisia e atrito.

Se o presidente Lula (PT) achou que uma aliança com os presidentes da Câmara e do Senado abriria o caminho para seus projetos e daí em diante a paz estaria selada, calculou errado.

Na época de Lira as coisas eram até melhores. O deputado tinha um acerto claro: na economia ajudava, nos costumes se abstinha e nos interesses diretos do PT o governo que se virasse.

MOTTA E ALCOLUMBRE – Além disso, as divergências internas dele com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o modo de agir temperado do então presidente do Senado, davam um certo alento ao Planalto. Agora a coisa é diferente. Motta e Alcolumbre atuam em parceria no atendimento ao compromisso pelo qual foram eleitos: a preservação da força maior do Legislativo frente ao Executivo.

Ambos devem seus poderes aos pares que os escolheram em votações praticamente unânimes, exatamente para manter a dinâmica da pressão constante. Tensão crescente quanto mais se aproxima o ano eleitoral e quanto menor é o grau de aceitação do governo e de Lula nas pesquisas de opinião.

Daí o equívoco de acreditar que o enrosco respondia pelo nome de Arthur Lira e sem o qual estaria tudo resolvido, assim como não se resolveu com os novos nem se resolveria fossem outros os personagens da mesma linhagem de senhores da situação.

Processo do golpe coloca em dúvida a credibilidade dos chefes militares

Reinaldo Azambuja recebe comandante do Exército Brasileiro – Agência de  Noticias do Governo de Mato Grosso do Sul

Freire Gomes esqueceu muita coisa importante ao depor

João Rosa
da CNN

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, decidiu participar presencialmente da acareação com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A informação foi comunicada nesta quarta-feira (17), ao Supremo Tribunal Federal (STF), pela defesa do militar.

Na terça-feira (17), os advogados de Freire Gomes haviam solicitado ao ministro Alexandre de Moraes que o general fosse ouvido por videoconferência, alegando que o deslocamento de Fortaleza (CE), onde atualmente reside, até Brasília (DF), seria “excessivamente oneroso”.

VOLTOU ATRÁS – Entretanto, a defesa voltou atrás e pediu que o pedido anterior fosse desconsiderado. Em novo ofício, os advogados afirmaram que, “apesar de ser um ato oneroso”, Freire Gomes participará da acareação presencialmente.

“Informa-se que o General Freire Gomes irá participar presencialmente da acareação, em razão do profundo respeito do Ex-Comandante do Exército pelas instituições democráticas e de seu elevado senso de dever cívico”, afirmou a defesa.

A audiência está marcada para a próxima terça-feira (24), às 11h, na sala de audiências do STF. A acareação foi autorizada por Moraes após pedido da defesa de Torres, que apontou contradições entre os depoimentos do ex-ministro e do general.

CONTRADIÇÕES – Segundo os advogados de Torres, os relatos de Freire Gomes contêm “contradições relevantes” e divergem “frontalmente” em pontos considerados centrais para o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Entre os principais pontos questionados está a declaração de Freire Gomes de que Torres teria participado de uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e os comandantes das três Forças Armadas para tratar de temas com teor golpista.

A defesa de Torres sustenta que outros comandantes que prestaram depoimento à Polícia Federal não confirmaram a existência dessa reunião. Tanto Bolsonaro quanto o delator do caso, o tenente-coronel Mauro Cid, também negaram que Torres estivesse presente em qualquer encontro com esse objetivo.

LEMBRANÇA EXCLUSIVA – Os advogados alegam ainda que o general não soube indicar data, local, formato ou os demais participantes da suposta reunião, limitando-se a dizer que “lembra” da presença de Torres. Para a defesa, esse relato enfraquece a credibilidade do depoimento.

A acareação deve confrontar diretamente os dois depoentes sobre esses e outros pontos considerados contraditórios no processo.

Como réu no inquérito, Anderson Torres tem direito de permanecer em silêncio e não se compromete a dizer a verdade, diferentemente de Freire Gomes, que participa como testemunha e, portanto, é obrigado a falar a verdade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGÉ triste constatar que esse inquérito do fim do mundo está bagunçando a credibilidade dos comandantes militares brasileiros. Freire Gomes, do Exército, é desmemoriado: esqueceu quem estava na estratégica reunião sobre a minuta do golpe e não lembra também que o general Estevam Theophilo fez-lhe uma visita à noite, para relatar o encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Dizem que ficou aborrecido porque Estevam aceitou ir sozinho e por isso agora se vinga, fazendo o general passar por mentiroso e correr o risco de ser condenado injustamente. As defesas de Torres e de Estevam deveria exigir que Freire Gomes faça exame de Parkinson e Alzheimer. Talvez esteja doente e até agora não percebeu. (C.N.)

Acareação com Braga Netto é o pior momento para Cid, avaliam militares

Delação de Mauro Cid pode ser anulada após indícios de mentira ao STF

Se Mauro Cid mentiu, a situação se complicará para ele

Jussara Soares
da CNN

A acareação do tenente-coronel Mauro Cid com o general Walter Braga Netto, marcada para próxima terça-feira (24), é considerada por militares e aliados o pior momento para o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) ao longo do processo que apura uma tentativa de golpe de Estado no país.

O tenente-coronel, que tem um acordo de colaboração premiada, ficará frente-a-frente com o general de quatro estrelas e ex-ministro da Defesa.

CARA A CARA – Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, Braga Netto, preso em uma unidade do Exército no Rio de Janeiro, terá que ir pessoalmente a Brasília para a acareação. No interrogatório no início de junho, o general participou por videoconferência.

Agora, Cid terá de sustentar, diante de um superior hierárquico, o que disse na delação e repetiu no interrogatório: que Braga Netto era o elo entre Bolsonaro e movimentos golpistas e que recebeu do general dinheiro, em uma sacola de vinho, no Palácio do Alvorada.

A ideia, segundo Cid, era que o montante fosse entregue a militares que tramavam um plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Braga Netto nega a versão de Cid e diz que o ex-ajudante de ordens mente.

PRESSÃO EXTRA – A avaliação entre militares é que a “hierarquia e disciplina” do Exército possa exercer uma pressão extra em Mauro Cid, como também poderá ser usada por Braga Netto para desestabilizar o tenente-coronel durante o confronto de versões. Para integrantes da Força, aliás, é nisso que o ex-ministro aposta para desqualificar a delação.

O general conhece Cid desde criança, pela amizade com o pai do tenente-coronel, o também general Mauro Lourena Cid.

O ex-ministro da Defesa foi preso em dezembro de 2024 por tentativa de obstruir a investigação da trama golpista através de contato com familiares do delator.

PIOR MOMENTO – Para pessoas próximas, o confronto com Braga Netto é pior do que quando Cid, em março de 2024, teve de explicar ao STF o vazamento de um áudio em que criticava a investigação e saiu da audiência preso. O tenente-coronel passou mal na ocasião.

Aliados também avaliam que o momento será ainda mais tenso do que quando, em novembro de 2024, Cid depôs diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para esclarecer omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal. Foi neste depoimento que o tenente-coronel mais implicou o general. Braga Netto foi preso dias depois.

Durante o interrogatório no início de junho, Mauro Cid, que era considerado um militar em ascensão na Força, prestou continência aos generais Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; e a Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército – também réus por tentativa de golpe. O clima, na ocasião, foi ameno. Com Braga Netto, a expectativa é de que não haverá espaço para cordialidades.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vai ficando cada vez mais claro que Mauro Cid desde o início apoiava a conspiração. Depois que foram identificadas as contradições em seus depoimentos, o tenente-coronel se desesperou e passou a fazer acusações sem a menor base, só para agradar Moraes, como dizer que Alexandre Ramagem era um dos líderes. Como isso poderia ser verdade, nos meses finais de 2022, se desde abril daquele ano Ramagem estava morando no Rio, fazendo campanha como candidato a deputado? Como ele poderia integrar o núcleo 1, estando a mais de mil quilômetros de distância? É acusação que não se sustenta, pois não tem lógica. (C.N.)

Prisão de coronel “em tese” é balde de água fria para Bolsonaro e outros réus

Alexandre de Moraes: quem é o ministro do STF? | InfoMoney

Moraes acaba de inventar mais uma — a prisão “em tese”

Bela Megale
O Globo

A determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de prender o coronel da reserva Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, investigado na trama golpista, foi um banho de água fria na estratégia de defesa do ex-presidente e dos demais réus.

Moraes ainda ordenou a abertura de um inquérito contra Câmara e seu advogado, Eduardo Kuntz, por obstrução de Justiça. O motivo são os contatos que o advogado manteve com o tenente-coronel Mauro Cid sobre a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

DELAÇÃO MANTIDA – Para os advogados dos investigados, a ação do magistrado é um sinal de que pretende manter a validade da colaboração de Cid que foi questionada pelas defesas de Bolsonaro, do general Walter Braga Netto e até pelo próprio Kuntz.

Na peça que apresentou seus diálogos com o ex-ajudante de ordens ao STF, o defensor de Marcelo Câmara pediu a anulação do acordo de Cid, sob o argumento de que a tratativa não teria sido voluntária. Na conversa com Kuntz, o militar fez críticas à forma como sua delação foi conduzida pela Polícia Federal e pelo Supremo.

A defesa de Bolsonaro se utilizou da troca de mensagens entre Kuntz e Mauro Cid para fazer um novo pedido de anulação da colaboração do tenente-coronel, que já foi negado por Moraes.

“GABRIELAR702” – O primeiro advogado a abordar o tema foi Celso Vilardi, defensor de Bolsonaro que questionou Mauro Cid, em seu depoimento, na semana passada, se conhecia o perfil “GabrielaR702”. Foi essa conta, segundo Kuntz, usada pelo ex-ajudante de ordens para contatá-lo no início de 2024.

Na versão de Kuntz, ele só apresentou as mensagens agora ao STF, apesar de ter o conteúdo há mais de um ano, porque este seria o “momento oportuno” para a defesa de seu cliente, Marcelo Câmara.

O advogado estava convencido de que havia dado um xeque-mate no ministro Alexandre, até ser surpreendido pela decisão desta quarta-feira (18).

ALEGAÇÕES DE MORAES – Na peça, Moraes afirmou que “o réu (Câmara), por intermédio de seus advogados, tentou ‘a obtenção de elementos de informação complementares e destinados à construção de acervo probatório e instrutório’, consistindo, no caso concreto, na obtenção de informações sigilosas acerca do acordo de colaboração premiada do corréu Mauro César Barbosa Cid.”

O ministro ainda disse que a comunicação entre ambos “pode caracterizar, em tese, o delito de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Prender “em tese” um suspeito, sem flagrante delito, é mais um exagero de Moraes, que está pouco ligando para o que dizem as leis. Prender um suspeito “em tese” é rasgar a Constituição e os direitos individuais. Mas quem se interessa? (C.N.)

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é a atual política brasileira

Charges para rir, chorar e pensar a política dos nossos dias – livro leve  solto

Charge do Glauco (Arquivo Google)

Bolívar Lamounier
Estadão

Faz tempo que a discussão sobre o ajuste orçamentário insipidou o noticiário brasiliense; desculpem-me, pois, os leitores se retorno a três outras coisas insípidas que me empenho em lhes expor a cada duas semanas.

O primeiro dos três é Lula, que não é propriamente um aborrecimento, mas uma preocupação que ainda aflige todos nós, brasileiros. O segundo é nosso desinteresse pela política, de modo geral, no qual chegamos a intuir algo de errado, mas carecemos de potência para sobrepujar nossa preguiça e o gozo de alguns prazeres que, bem ou mal, vez por outra nos é dado desfrutar. O terceiro, que na verdade é um resumo dos dois anteriores, é a certeza de que, mesmo se tivéssemos as qualidades que a situação requer, o esforço individual de cada um não faria grande diferença.

LULA DESCARTADO – Comecemos, pois, pelo começo, ou seja, por Lula. No ponto em que nos encontramos, a opinião pública parece dividida em duas partes: de um lado, a dos que temem que ele não se reeleja; e, do outro, a dos que até pensam em mudar de país caso ele saia vitorioso.

Com essa primeira questão, digo-lhes sinceramente: não estou convencido de que ele sequer se candidate e, caso o faça, não logrará a vitória.

Digo isso por várias razões. Não tanto pela idade avançada, que por ora não lhe parece tolher a saúde, mas porque, nessa altura, mesmo os grandes estadistas sentem que a memória de seus grandes feitos empalidece, ao mesmo tempo que as delícias da nona década se vão delineando com maior clareza.

MENOS AMOR – A essa cogitação há que acrescentar que Lula, mesmo modesto como é, percebe que já não é tão amado como foi outrora.

A inflexão que o levou a ser admirado no mundo inteiro vai aos poucos se invertendo, transformando-se numa curva assintótica. Por último, a lucidez não o abandonou.

Se o próprio governo admite que nosso país pode resvalar para uma crise dentro de dois anos, que cenário lhe virá à mente quando pensar naquela outra, verdadeiramente macabra, que muitos economistas consideram quase inexorável, 15 ou 20 anos a partir de hoje?

POLÍTICA REJEITADA – O segundo aborrecimento que prometi lhes trazer é a coceira que o simples vocábulo política nos causa. Essa é a sensação predominante entre os cerca de 8 bilhões de seres humanos que ora habitam a Terra. No Brasil, indagado sobre o que entende por política, a resposta mais provável será que nunca pensou e não pretende pensar no assunto.

Os mais “politizados” dirão que são as falcatruas que soem ocorrer cotidianamente em Brasília. E os congressistas? E os integrantes do “Centrão”? Sobre estes, meu hipotético cidadão com certeza dirá que poderá oferecer seu voto e algum outro penduricalho em troca de um emprego para um parente ou amigo ou de algum benefício em seu município.

Sobre a gritaria e os insultos que de tempos em tempos se ouvem nos plenários e comissões, ele admitirá que se trata de uma questão filosófica mais complexa, quem sabe algo que traz alojado no subconsciente desde o tempo das cavernas.

ESTUDO SÉRIO – Quem contra-argumentar que o estudo sério da política, refazendo todo o caminho de Aristóteles até (por que não?) alguns dos melhores brasileiros, pode ser uma experiência prazerosa e útil, quiçá exponha os ouvidos a uma sonora gargalhada.

O leitor por certo terá entendido que estou me referindo ao Brasil, mas poderia ser a qualquer país, até os Estados Unidos, aquele Dr. Jekyll que parece estar agora se transformando em Mr. Hyde. Sob Donald Trump, a outrora “democracia exemplar” (e nem era tanto) parece estar resvalando para uma caricatura de si mesma.

No terceiro ponto que me pareceu merecer atenção, devo admitir que meu hipotético cidadão tem boa dose de razão. Se a indagação que lhe fizemos diz respeito a uma coletividade de grande porte – a um país, mesmo dos menos populosos –, é certo, certíssimo, que a participação individual pode ser comparada a um grão de areia.

GRANDE E PEQUENO – Claro, nosso hipotético interlocutor será milhares ou milhões de vezes maior se for um daqueles 3% ou 4% que detêm metade da renda e da riqueza do País, mas, no Brasil, será meio grão de areia, se tanto, se ele for um dos 30% inteiramente destituídos da sorte, que não sabem hoje o que vão comer amanhã – este cidadão que mal se vê como membro de um país e tampouco compreende o que significa identificar-se com uma “nação” ou com uma “esfera pública”. Ora, se assim é, o leitor que chegou até aqui poderá objetar: para quê, então, dar-lhes atenção?

Aqui, precisamente, é onde podemos cogitar que algumas dúzias de grãos de areia podem se ver e ser vistas como uma fração considerável de uma grande praia; compreender ou não as realidades que esbocei no parágrafo anterior.

E, por conseguinte, dispor-se ou não a fazer ao menos um modesto esforço para levar a sério o vocábulo “política” equivale à diferença entre um cidadão e um marginal. Ou, dizendo-o de outro modo, equivale à diferença entre ter e não ter caráter. A merecer ou não merecer ser tido como parte de uma nação.

Reeleito por milagre em 2026, Lula teria mínimas condições de governabilidade

Nova cara do governo Lula - Paçoca com Cebola

Charge do Benett (Folha)

Marcus André Melo
Folha

Em um cenário de reeleição, as condições de governabilidade seriam críticas, e acentuariam as patologias atuais

As defecções no âmbito da coalizão de governo e a fragmentação da centro-direita e da direita radical, a pouco mais de um ano para as eleições presidenciais, tem sido o foco das atenções. Para além dos fatores que levam às defecções —o declínio da popularidade presidencial e da avaliação de governo— há questões relativas à influência do controle massivo daquele campo político sobre o Congresso e no nível subnacional, e como esse controle impacta a eleição presidencial.

Os efeitos das eleições em um nível —presidencial— sobre os demais, e vice-versa, é tema clássico da ciência política (coattails effects, no jargão).

CORRELAÇÃO – No Brasil, a eleição de um prefeito impacta a subsequente eleição de deputados federais do mesmo partido no município em aumento da ordem de 30%, em estimativa de Avelino et al. Neste caso é um coattail inverso, discutido aqui.

O tamanho da representação legislativa sobre a eleição presidencial impacta a presidencial —embora o processo seja de mão dupla— através de vários canais. O principal e direto no país é através do financiamento partidário (que é proporcional às bancadas), cuja magnitude não tem paralelos em outros países, e pode ser canalizado para a eleição presidencial. O segundo é através do impacto indireto da própria campanha nos estados, afetando o sentimento do eleitor em contextos polarizados.

ASSIMETRIA CLARA – O efeito é maior entre eleitores sem lealdades partidárias ou personalistas. O controle massivo da centro-direita e direita radical sobre o Congresso impactará a eleição presidencial e é tema para investigações futuras.

A assimetria é clara. Além do PT deter apenas 13% das cadeiras do Congresso, não tem representantes nas bancadas de seis estados brasileiros, inclusive em um estado nordestino, Sergipe. Em nove estados, o partido tem apenas um representante.

Afora o Piauí —um outlier— estado pequeno onde detém 40% da bancada, o partido tem presença pouco significativa nas bancadas dos grandes estados como São Paulo (13, 9%), Rio de Janeiro (8,2%), Bahia (17%), Minas Gerais (18,5%).

PDT MURCHA – O segundo maior partido de esquerda —o PDT— viu sua bancada se reduzir a apenas 3,4% da Câmara em 2024.

A recém-criada federação União Brasil-PP contará com bancadas superiores, ou muito superiores, a 20%, em 19 estados. Em três destes terá maioria ampla, chegando a 75% no Acre. O PL conta com nove estados em que detém pelo menos 1/5 do eleitorado, e chega a 50% em Mato Grosso e quase 40% em Santa Catarina.

No plano municipal, o PT detém apenas 4,5% das prefeituras do país. Aumentou o número de prefeituras em 2024 (252) —menos que o dobro do PL, em relação à 2020, em proporção inferior aos demais partidos. Já não governava nenhuma capital em 2020, e passou a fazê-lo apenas em uma (Fortaleza).

CENTRÃO CRESCE – O grande vencedor das eleições foi o PSD (com mais de 800 prefeituras). Juntos, PSD, PL, MDB e União-PP governam quase 3.000 prefeituras. O efeito agregado sobre a composição futura da Câmara será expressivo em virtude do controle que exercem sobre emendas orçamentárias.

Paradoxalmente, neste cenário de reeleição, as condições de governabilidade seriam críticas no pós-2026, em que as patologias atuais provavelmente se acentuarão.

Jogue-se a superbomba no bunker nuclear do Irã. É dever moral absoluto

B-2 Spirit - Coluna Mario Sabino -- Metrópoles

A bomba é tão pesada que só este avião pode transportá-la

Mario Sabino
Metrópoles

A questão essencial do conflito entre Israel e Irã é, hoje, jogar a bomba ou não. A bomba, no caso, é uma superbomba americana, a GBU-57. Trata-se de um “bunker buster”, o único destruidor de bunkers capaz de atingir a instalação nuclear iraniana de Fordow, um imenso complexo situado a 100 metros de profundidade, no interior de uma montanha.

A GBU-57 é tão pesada que só o bombardeiro B-2 Spirit, que tem o aspecto de um morcegão, é capaz de transportá-la.

SUPERPROTEGIDO – Ninguém instala centrífugas que enriquecem urânio para fins pacíficos em um bunker como o de Fordow, vamos deixar de fazer gracinha ideológica, e dada a sua profundidade e camadas de proteção em cimento e aço, ele se mantém praticamente incólume até o momento — a força aérea israelense conseguiu danificar apenas a sua parte mais externa.

A questão essencial do conflito entre Israel e Irã é precedida por outra: como só os Estados Unidos dispõem da GBU-57, lançá-la contra Fordow significa que os americanos teriam de participar diretamente de um ataque contra o Irã.

Os Estados Unidos devem ou não entrar de modo aberto nessa história?

DÚVIDA CRUEL – Acho até graça quando dizem que o ação militar de Israel no Irã “desestabilizou” o Oriente Médio. Por causa do regime iraniano e das suas guerras por procuração, a região era tão estável quanto um borderline estressado e sem medicação perdido em um souk sírio.

Ao atacar o Irã, depois de praticamente exterminar o Hamas e o Hezbollah, fantoches de Teerã, o que Israel fez foi escancarar a verdadeira face da ditadura iraniana e a sua mentira de que o programa nuclear dos aiatolás não visa a fabricar bombas atômicas.

A destruição do bunker nuclear de Fordow é um imperativo categórico, um dever moral absoluto: um regime terrorista como o iraniano não pode, de jeito nenhum, dispor de armas nucleares. Já basta existir uma Coreia do Norte atômica.

FATO CONCRETO – Todos os aspectos políticos envolvidos, como o do fortalecimento de Benjamin Netanyahu e o da desmoralização da retórica isolacionista de Donald Trump, empalidecem diante deste simples fato: sem a eliminação de Fordow, Israel continuará a ser ameaçado existencialmente por um regime que prega a aniquilação do Estado judaico.

Poupar Fordow significará, ainda, dar um sopro de vida extra à ditadura sanguinária de Ali Khamenei, que hoje parece estar por um fio e que já pede arrego.

Jogue-se a bomba no bunker nuclear iraniano ou teremos um Strangelove xiita. A GBU-57 é uma chance de paz duradoura.

Acareação com Torres indicará que um ex-comandante militar mentiu

Divergência é questão de interpretação, diz advogado de Freire Gomes | Blogs | CNN Brasil

Um dos dois mentiu: Freire Gomes ou Baptista Júnior?

Rafael Moraes Moura
O Globo

A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres pretende explorar na acareação com o ex-comandante do Exército Freire Gomes uma contradição nos depoimentos dele e do ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior: a versão de cada um deles sobre a suposta participação de Torres em reuniões para discutir medidas que poderiam ser tomadas pelo governo de Jair Bolsonaro para impedir a posse do presidente Lula.

A acareação foi marcada para a próxima terça-feira (24) pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que atendeu ao pedido da defesa de Torres.

REUNIÃO DUVIDOSA – O principal ponto a ser explorado pela defesa do ex-ministro é a divergência dos dois comandantes sobre se Torres participou ou não de uma reunião em que alternativas golpistas foram discutidas.

Em depoimento prestado no mês passado, Freire Gomes disse se lembrar “de apenas uma vez, ou duas no máximo” em que Torres se reuniu com os ex-comandantes para “explicar juridicamente algum ponto ali”. “Ele nunca interferiu, nunca me procurou particularmente e, mesmo nas reuniões, ele não opinava sobre esse assunto, que eu me lembre”, disse Freire Gomes.

Já Baptista Junior, que deu um dos depoimentos mais contundentes contra Bolsonaro, mudou de versão sobre o papel de Torres na trama golpista.

BAPTISTA SE CORRIGE – Em fevereiro de 2024, ele disse à Polícia Federal que Torres “chegou a participar de uma reunião em que os Comandantes das Forças estavam presentes”, procurando “pontuar aspectos jurídicos que dariam suporte às medidas de exceção (GLO e Estado de defesa)”.

No mês passado, Baptista Júnior se corrigiu. “Eu conheço o meu depoimento (à PF), estava à vontade no meu depoimento. Quando foi quebrado o sigilo (das declarações), eu vi a reação do ministro Anderson Torres e fiquei em dúvida. Gostaria de fazer uma retificação – acho que em tempo. Não tenho a mesma certeza sobre a participação de Anderson Torres em alguma reunião.”

A defesa do ex-ministro, capitaneada pelo advogado Eumar Novacki, vai exigir que o ex-comandante do Exército informe a data, hora e local dessas reuniões.

VERSÃO DE CID – Além de colidir com o depoimento de Baptista Junior, a versão de Freire Gomes também vai contra a versão apresentada pelo próprio delator do caso, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que fundamentou a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente e outros 33 alvos.

Em seu interrogatório na semana passada, Cid disse que Torres não esteve presente em qualquer reunião que tenha girado em torno de discussões sobre medidas antidemocráticas nem assessorou Bolsonaro nesse tema.

ENTRADA E SAÍDA – Na petição protocolada no Supremo na última segunda-feira (16), o advogado recorre a um relatório de entrada e saída do Palácio do Alvorada com as movimentações de autoridades em dezembro de 2022, para alegar que Freire Gomes e Torres “jamais estiveram juntos no mesmo horário/local”.

“A vagueza do depoimento prestado por Freire Gomes salta aos olhos. A testemunha não se recorda de data, horário, local ou nome dos participantes da suposta reunião na qual Anderson Torres assessorou o ex-presidente, nem, tampouco, em que contexto ela ocorreu ou o papel desempenhado por ele, a caracterizar hialina violação aos princípios da ampla defesa, do contraditório e da dialeticidade”, escreveu Novacki.

O que diz a defesa do general? Procurada pelo blog, a defesa de Freire Gomes alegou que a acareação do general Anderson Torres é “desnecessária, porque o ex-comandante do Exército falou a verdade em todos os seus depoimentos, sem contradições”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O inquérito do fim do mundo é um verdadeiro festival de mentiras. Como dizia Erasmo Carlos, “pega na mentira, pisa em cima, bate nela!”. (C.N.)

Os argumentos de defesa do poeta Bastos Tigre são uma aula de bom humor

Bastos Tigre – PoemasPaulo Peres
Poemas & Canções

O publicitário, bibliotecário, humorista, jornalista, compositor e poeta pernambucano Manoel Bastos Tigre (1882-1957) no soneto “Argumento de Defesa” ao ser acusado de caluniar uma senhora, apresenta o seu melhor argumento de defesa, embora preconceituoso, ou seja, ele sempre a achou feia demais para não ser honesta.

ARGUMENTO DE DEFESA
Bastos Tigre 

Disse alguém, por maldade ou por intriga,
que eu de Vossa Excelência mal dissera:
que tinha amantes, que era “fácil”, que era
da virtude doméstica, inimiga.

Maldito seja o cérebro que gera
infâmias tais que, em cólera, maldigo!
Se eu disser tal, que tenha por castigo
o beijo de uma sogra ou de outra fera!

Ponho a mão espalmada na consciência
e ela, senhora, impávida, protesta
contra essa intriga da maledicência!

Indague a amigos meus: qualquer atesta
que eu acho e sempre achei Vossa Excelência
feia demais para não ser honesta…

Só um país pode trazer a paz ao Oriente Médio, mas Trump dificulta qualquer acordo

Pelo menos 95 pessoas ficaram feridas nos ataques de Israel contra o Irã |  Jovem Pan

Bairro residencial foi atingido por míssil israelense em Teerã

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

O regime fundamentalista do Irã tem como ponto ideológico inegociável varrer Israel do mapa e está buscando os meios militares para realizar esse intento. Além disso, patrocina grupos armados que atacam Israel repetidamente. Essa é a justificativa para a ofensiva israelense contra o Irã.

Há uma assimetria na relação Irã-Israel. O Irã deseja o fim de Israel. A recíproca não é verdadeira. Se amanhã o governo iraniano mudasse e os novos mandatários aceitassem a existência de Israel, o conflito cessaria na hora. A recíproca não é verdadeira: mesmo se um governo pacifista vencer em Israel, isso em nada mudaria a linha oficial do regime iraniano de varrê-lo do mapa.

IRÃ ENFRAQUECIDO – Israel aproveitou uma janela de oportunidade. O Irã está enfraquecido, agora que as milícias por ele patrocinadas —os houthis, o Hezbollah, o Hamas— estão debilitadas, e o regime sírio, que era seu aliado, caiu.

Nos últimos meses, conforme Israel atacava inclusive o território iraniano, a resposta iraniana, embora sempre anunciada em termos duríssimos, foi pífia. O Irã teme mais o confronto do que Israel. Se, contudo, ele desenvolvesse bombas nucleares, isso poderia mudar.

É por isso que o ataque ao Irã consegue um apoio interno muito mais expressivo do que a campanha em Gaza, cuja brutalidade já passou de qualquer limite. Numa pesquisa da Universidade Tel Aviv publicada no domingo, 83% da população judaica israelense apoia os ataques ao Irã.

FORÇAS DESIGUAIS – O sistema de defesa israelense pode não ser perfeito, mas é incrivelmente eficaz. Ele simplesmente anula a imensa maioria dos mísseis e drones iranianos. Israel, por outro lado, acerta alvos específicos dentro do Irã a seu bel-prazer. O aiatolá Khamenei pode continuar com suas ameaças, mas a realidade mostra a desigualdade de poder bélico.

E, no entanto, Israel não tem como vencer sozinho. Invasão por terra está fora de questão de ambos os lados. Bombardeios são tudo o que os dois países podem fazer. Israel precisa de tecnologia americana para atingir as instalações subterrâneas mais profundas do Irã.

Israel talvez consiga matar as lideranças militares, políticas e religiosas, e o caos dos ataques pode dar fim ao regime, mas não teria como escolher seu sucessor. Quem garante que o substituto dos aiatolás seria melhor ou mais favorável a Israel? Por mais que o regime seja odiado por boa parte da população, o ataque de uma potência estrangeira costuma ter o efeito colateral de unir a opinião pública em nome da defesa nacional e a odiar ainda mais o agressor. Israel quer um Oriente Médio ainda mais instável?

MUITO A PERDER – O Irã não tem nada a ganhar com essa guerra e seu regime tem muito a perder. Ele deve buscar a paz, ainda que ceda muito nas negociações. Seja para a paz, seja para a destruição do programa nuclear iraniano, a presença dos EUA é fundamental.

Hoje os EUA viraram espectadores passivos dos conflitos globais. Apoiam Israel, mas deixam que ele faça o que quiser. Algum acordo que ponha fim ao conflito exigirá que coloquem limites a Netanyahu, mesmo que isso prejudique as ambições dos extremistas de seu governo. Quando os EUA se ausentam da política internacional, o resultado não é a harmonia entre os povos, e sim a guerra sem fim.

Empresas de Trump citam novamente Moraes e querem indenização

Alexandre de Moraes diz que papel do STF é evitar ditadura da maioria | Agência Brasil

Moraes não esperava essa reação das empresas de Trump

Hugo Henud
Estadão

O Tribunal do Distrito Médio da Flórida, nos Estados Unidos, expediu nesta terça-feira, 17, uma nova citação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após um pedido das empresas Trump Media & Technology Group, ligada ao ex-presidente Donald Trump, e da plataforma de vídeos Rumble.

As companhias, que movem uma ação contra o magistrado, o acusam de censurar conteúdos publicados dessas redes sociais no Brasil.

SEGUNDA TENTATIVA – A nova notificação foi determinada depois que a primeira tentativa de citação, feita em março, foi frustrada. Procurado por meio do STF para comentar o caso, Moraes ainda não se manifestou. O espaço está aberto.

Moraes terá um prazo de 21 dias para apresentar uma resposta formal à ação ou apresentar uma petição para contestar o processo, conforme as regras processuais federais dos Estados Unidos.

Caso não se manifeste dentro desse período, a Justiça americana poderá declará-lo em revelia, permitindo que o caso avance com base apenas nas alegações apresentadas pelas empresas.

INDENIZAÇÃO – A solicitação da nova citação ocorreu após as duas companhias apresentarem, no dia 6 de junho, um aditamento à ação pedindo indenização por supostos prejuízos à reputação, perda de receita e oportunidades de negócio. O pedido foi protocolado no mesmo tribunal da Flórida, onde o caso tramita.

A Rumble e a Trump Media alegam que Moraes violou a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão, ao ordenar a remoção de contas de influenciadores brasileiros de direita na plataforma e por outras supostas “tentativas de censura”.

Na petição do início de junho, as empresas também citaram o inquérito aberto contra o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como exemplo do que classificam como “abuso de autoridade” por parte de Moraes.

INVESTIGAÇÃO – A pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), Eduardo passou a ser investigado por supostamente buscar sanções internacionais contra o Brasil para pressionar o Supremo.

As empresas pedem que a Justiça americana declare as ordens de Moraes “inexequíveis” em território norte-americano, por violarem a Primeira Emenda.

Também solicitam indenização financeira e a responsabilização pessoal do ministro brasileiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes tirou uma onda de valentão latino, ao enfrentar o império do Norte, pensando que estaria livre de represálias devido às fronteiras diplomáticas, mas a coisa não funciona bem assim. O dedo esticado do Tio Sam acabará por atingi-lo, no mínimo, moralmente. E para que tudo isso? Não era muito mais simples respeitar a lei, ao invés de tentar reinterpretá-la, como se fosse uma tese de mestrado? (C.N.)