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Lula não se intimidou e obteve aumento de sua popularidade
Pedro do Coutto
Na última semana, o cenário internacional foi sacudido por um embate direto entre o presidente Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O estopim do confronto veio com o anúncio, por parte do governo norte-americano, de uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras, medida que deve entrar em vigor no início de agosto.
Trump justificou a decisão alegando práticas comerciais desleais do Brasil e, sobretudo, criticando abertamente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem considera vítima de uma “caça às bruxas”. A resposta de Lula não tardou.
“CHANTAGEM” – Em declarações públicas, o presidente brasileiro classificou a medida como “chantagem inaceitável” e avisou que poderá retaliar com a mesma intensidade, taxando produtos norte-americanos e, especialmente, grandes empresas de tecnologia dos EUA que operam no Brasil.
Durante um discurso em Goiás, Lula endureceu ainda mais o tom: “Nenhum gringo vai dar ordens a este presidente.” E foi além, em entrevista à CNN, ao afirmar que Trump age como um “candidato a imperador do mundo”, uma frase que ganhou os holofotes da imprensa internacional.
A Casa Branca reagiu prontamente, negando qualquer intenção de Trump de assumir tal postura e reafirmando que ele está apenas exercendo sua liderança em defesa dos interesses americanos. Mas o estrago simbólico já estava feito. A frase de Lula ecoou globalmente como um grito de soberania e resistência à pressão econômica e geopolítica.
PAPEL NOCIVO – O presidente brasileiro também aproveitou a oportunidade para denunciar o papel nocivo de algumas big techs americanas no Brasil, acusando-as de disseminar violência, discurso de ódio e desinformação. Sugeriu, inclusive, a possibilidade de impor impostos específicos ou adotar regulações mais rígidas para controlar sua atuação no país. A proposta tem ressonância entre parlamentares e setores da sociedade civil que cobram maior responsabilização das plataformas digitais.
Enquanto isso, nos bastidores políticos e empresariais, o clima é de preocupação. Setores exportadores do Brasil, como o agronegócio, a indústria têxtil e o setor de tecnologia, temem o impacto imediato das tarifas americanas. Mesmo segmentos historicamente alinhados ao bolsonarismo manifestaram oposição à medida de Trump, colocando em xeque a tese de alinhamento automático com o ex-presidente brasileiro.
Curiosamente, a tensão internacional parece ter tido um efeito doméstico positivo para Lula: sua popularidade deu sinais de crescimento, especialmente entre os setores que valorizam uma postura firme frente a pressões externas. O episódio escancara uma nova fase nas relações entre Brasil e Estados Unidos, marcada por atritos retóricos, disputas comerciais e embates ideológicos.
PRESSÃO – Trump, em seu segundo mandato, mostra-se disposto a usar o poder econômico como instrumento de pressão geopolítica, inclusive em favor de aliados pessoais. Lula, por sua vez, reforça o discurso de autonomia e soberania, disposto a comprar brigas quando entende que os interesses nacionais estão ameaçados.
No fundo, o conflito ultrapassa a esfera comercial: é também simbólico, representando uma luta entre duas visões de mundo. Uma mais unilateral, baseada na imposição de força, e outra que tenta afirmar autonomia em meio a um cenário internacional cada vez mais complexo e instável. Se haverá recuo ou escalada, só os próximos dias dirão. Por ora, o Brasil parece disposto a resistir, mas Trump já cassou os vistos dos passaportes da família de Moraes e de aliados do ministro..