A genialidade da filosofia de Monsueto e Arnaldo Passos

Onda 21 – 4 de novembro na música

Monsueto, grande sambista carioca

Paulo Peres
Poemas & Canções

O pintor, ator, cantor e compositor carioca Monsueto Campos de Menezes (1924-1973) é o autor de sambas clássicos como “Mora na Filosofia”, em parceria com Arnaldo Passos, cuja letra relata as diversas formas pelas quais a pessoa amada foi avaliada para se chegar à decisão final, ou seja, de que é impossível continuar com esta pessoa. Este samba foi gravado por  Caetano Veloso, no LP Transa, em 1972, pela Philips.

MORA NA FILOSOFIA
Arnaldo Passos e Monsueto

Eu vou lhe dar a decisão,
Botei na balança e você não pesou,
Botei na peneira, você não passou,
Mora na filosofia,
Pra que rimar amor e dor,
Vê se mora na filosofia,
Pra que rimar amor e dor.

Se seu corpo ficasse marcado,
Por lábios ou mãos carinhosas,
Eu saberia,
A quantos você pertencia,
Não vou me preocupar em ver,
Seu caso não é de ver pra crer….

Uma imortal conversa de botequim, na genialidade de Noel e Vadico

Crítica: Biografia mostra sambista Vadico além do parceiro Noel Rosa -  11/09/2017 - Ilustrada - Folha de S.Paulo

No botequim, o garçom olha espantado para Vadico

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, músico e compositor carioca Noel de Medeiros Rosa (1910-1937), com seu parceiro Vadico (1910-1962), conseguiu, com ironia e sensibilidade, retratar em versos as principais características populares do Rio de Janeiro do início do século passado.

Nesse sentido,  a letra de “Conversa de Botequim” é exemplo de malandros da época que conseguiam quase tudo com muita conversa fiada. Este samba teve inúmeras gravações, sendo a primeira delas feita pelo próprio Noel Rosa, em 1935, pela Odeon.

CONVERSA DE BOTEQUIM
Vadico e Noel Rosa

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada

Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro,
Um envelope e um cartão,
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas,
Um isqueiro e um cinzeiro

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada

Telefone ao menos uma vez
Para três quatro quatro três três três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório

Seu garçom me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro,
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frente

A grandeza poética da mulher, na visão realista de Adalgisa Nery

Tribuna da Internet | Uma declaração de amor profunda, sincera e absoluta, no poema de Adalgisa NeryPaulo Peres
Poemas & Canções 

A jornalista e poeta carioca Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira (1905-1980), mais conhecida como Adalgisa Nery por seu casamento com o pintor Ismael Nery, definiu a “Mulher” através das características que a vida lhe impõe.

MULHER
Adalgisa Nery

Na face, a geografia da angústia,
Dos pânicos e das medrosas alegrias.
Cada ruga é um presságio.
E auréola da aflição constante
O esplendor dos cabelos brancos.

Uma só raiz para frutos diversos,
Uma só vida para destinos tão complexos,
Um só pranto para dores tão diversas.

O útero que gera o herói, o sábio, o poeta,
O santo, o miserável e o assassino.
Uma só raiz para frutos tão diversos!

O dom da paz em cada gesto
Cai como noites quietas
Sobre a alma em rancor,
Amor acima do amor.

Num diálogo de amor, lá vai Adélia Prado pela rua, no caminho do céu

Tribuna da Internet | Adélia Prado declara amor ao mundo, apesar do  sofrimento inerente à vidaPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, escritora e poeta mineira Adélia Luzia Prado de Freitas não teve dúvidas ao definir um diálogo de amor e afirmar que, um “Poema Começado do Fim” pode levar até o caminho do céu.

POEMA COMEÇADO DO FIM
Adélia Prado

Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido,
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear,
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.

Um poema de Alice Ruiz, saudando a saudade de quem se foi desta vida

poesia.net 459 - Poetas de 2020Paulo Peres
Poemas & Canções

A publicitária, tradutora, compositora e poeta curitibana, Alice Ruiz Scherone, compôs uma delicada e criativa “Saudação da Saudade”.

SAUDAÇÃO DA SAUDADE
Alice Ruiz

Minha saudade
saúda tua ida
mesmo sabendo
que uma vida
só é possível
noutra vida

Aqui, no reino
do escuro
e do silêncio
minha saudade
absurda e muda
procura às cegas
te trazer à luz

Ali, onde
nem mesmo você
sabe mais
talvez, enfim
nos espere
o esquecimento

Aí, ainda assim
minha saudade
te saúda
e se despede
de mim

Um melancólico auto-retrato do poeta carioca Moacyr Félix

TRÊS POEMINHAS DE MOACYR FÉLIX TOCANDO DE LEVE NA POÉTICA DA MORTE |

O poeta Moacyr Félix

Paulo Peres
Poemas & Canções

O editor, escritor e poeta carioca Moacyr Félix de Oliveira (1926-2005) mostra uma estranha aventura no poema “Auto-Retrato”.

AUTO-RETRATO
Moacyr Félix

Certa vez,
numa aventura estranha
fugi do estreito túmulo em que me estorcia
para uma ampliação sem fim.

Quando voltei
e senti, de novo, ferindo-me, o peso dos grilhões,
então não mais sabia quem eu era.
E nunca mais soube quem eu sou.

Talvez a sombra triste de um sonho de poeta.
Talvez a misteriosa alma de uma estrela
a guardar ainda no profundo cerne
a ilógica saudade de um passado astral.

Os preciosos desperdícios do poeta Manoel de Barros

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta mato-grossense Manoel Wenceslau Leite de Barros afirma ser na vida um “apanhador de desperdícios”, sempre inspirado na natureza e que através das palavras compõe seus silêncios.

O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS
Manoel de Barros

Uso a palavra
para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.

Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.

Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos,
como as boas moscas.
Queria que a minha voz
tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra
para compor meus silêncios.

Machado de Assis despediu-se de sua amada dedicando-lhe um soneto

Brazil Imperial - Machado de Assis e o Brasil Império Joaquim Maria Machado  de Assis nasceu no dia 21 de Junho de 1839 no morro do livramento, Rio de  Janeiro, filho do

Machado exaltava seu amor por Carolina

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. O poeta escreveu “A Carolina”, este belíssimo soneto sobre o amor.

A CAROLINA
Machado de Assis

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Qualquer forma de amor vale a pena, na poesia de Manuel Bandeira

Manuel Bandeira, um dos poetas mais cantados de sua geração ...

Bandeira, um dos poetas mais amados do país

Paulo Peres
Poemas& Canções

O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1866-1968), conhecido como Manuel Bandeira, no soneto “Desencanto”, diz que faz versos inspirados nas angústias do desamor.

DESENCANTO
Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora
De desalento, de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue, volúpia ardente
Tristeza esparsa, remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!

A falsa baiana foi criada por um mineiro e cantada por um carioca

LP – História Da Música Popular Brasileira - Geraldo Pereira ( Vários  Artistas )

Geraldo Pereira, compositor mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor mineiro Geraldo Theodoro Pereira (1918-19554), nascido em Juiz de Fora, mostra sambando a diferença existente entre a verdadeira e a “falsa baiana”.

A música foi composta em 1943, a partir de uma cena num baile de carnaval. A esposa do compositor e pianista Roberto Martins estava fantasiada de baiana, mas sua postura e falta de animação contrastavam com o espírito festivo da fantasia, levando o marido a comentar: “É a falsa baiana”, o que inspirou a criação da música. Este samba foi gravado pelo carioca Ciro Monteiro, em 1944, pela RCA Victor.

FALSA BAIANA
Geraldo Pereira

Baiana que entra no samba e só fica parada
Não samba, não dança, não bole nem nada
Não sabe deixar a mocidade louca…
Baiana é aquela que entra no samba
de qualquer maneira, que mexe,
remexe, dá nó nas cadeiras
Deixando a moçada com água na boca

A falsa baiana quando entra no samba
Ninguém se incomoda, ninguém bate palma
Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba
Salve a Bahia, senhor

Mas a gente gosta quando uma baiana
Samba direitinho, de cima embaixo
Revira os olhinhos dizendo
Eu sou filha de são salvador

Uma menina dançando sozinha desperta a poesia em Mário Quintana

AS MAIS LINDAS FRASES SOBRE A VIDA - MARIO QUINTANA (frases,citacões,uma linda reflexão de vida)Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994) poetizou a “Dança” solitária de uma menina.

DANÇA
Mário Quintana

A menina dança sozinha
por um momento.

A menina dança sozinha
com o vento, com o ar, com
o sonho de olhos imensos…

A forma grácil de suas pernas
ele é que as plasma
o seu par de ar, de vento,
o seu par fantasma…

Menina de olhos imensos,
tu, agora, paras,
mas a mão ainda erguida
}egura ainda no ar
o hastil invisível
deste poema!

O infindo ciúme de Murilo Mendes pela mulher que jamais o aceitou

Murilo Mendes retrato Guinard (Foto: MAMM / Divulgação)

Murilo Mendes, retratado por Guinard

Paulo Peres
Poemas & Canções

O notário e poeta mineiro Murilo Monteiro Mendes (1901-1975), em poucos versos, revelou o destruidor ciúme que sente por uma mulher que jamais quis se entregar a ele. e ele descreve o ciúme como uma “ânsia absoluta”.

POESIA DO CIÚME
Murilo Mendes

Eu nunca poderia aplacar esta ânsia absoluta,
Esta gana que tenho de ti
– Mesmo se te possuísse.
Eu tenho ciúme do teu pai e da tua mãe,
Eu tenho ciúme daquele que te desvirginou,
Eu tenho ciúme de Deus
Que fundiu o molde da tua alma rebelada,
De Deus que me matando poderia
Extinguir enfim meu ciúme
Na noite total sem pensamento e sem sexo.

A homenagem de Luiz Gonzaga que anima todo ano a Festa de São João

Os Grandes Momentos de Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga, o rei do Baião

Paulo Peres
Poemas & Canções

A festa de São João (24 de junho), ápice dos festejos juninos, com a trezena de Santo Antônio (13 de junho) e São Pedro (29 de junho), inspirou o sanfoneiro, cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento (1912-1989), o popular Rei do Baião, a compor em parceria com José Fernandes a música “Olha Pro Céu Meu Amor”, cuja letra retrata uma estória de amor numa noite de São João.

Essa “marcha joanina” foi gravada por Luiz Gonzaga em 1951, pela RCA Victor.

OLHA PRO CÉU MEU AMOR
José Fernandes e Luiz Gonzaga

Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha praquele balão multicor
Como no céu vai sumindo

Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o coração
O céu estava, assim em festa
Pois era noite de São João

Havia balões no ar
Xote, baião no salão
E no terreiro
O teu olhar,
que incendiou
Meu coração!

“Só uma palavra me devora, aquela que meu coração não diz…”

Abel Silva – A Bel Prazer: Abel Silva – CD (Album), 2016 [r15196686] |  DiscogsPaulo Peres
Poemas & Canções

O professor, jornalista, escritor e compositor Abel Ferreira da Silva, nascido em Cabo Frio (RJ), em parceria com Sueli Costa, revela na letra de “Jura Secreta” que, enquanto durou certo romance, muita coisa deixou de ser feita.  A música foi gravada por Simone no LP Sou Eu, em 1993, Sony/CBS.

JURA SECRETA
Sueli Costa e Abel Silva

Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que não causei

Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada do que eu quero me suprime
De que por não saber inda não quis

Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que não sofri

A genial e eterna aquarela de Ary Barroso, amada no mundo inteiro

Ary Barroso: álbuns, músicas, shows | Deezer

Ary começou a carreira como pianista de jazz

Paulo Peres
Poemas & Canções

O radialista, músico e compositor mineiro Ary de Resende Barroso (1903-1964), na letra de “Aquarela do Brasil”, escrita em 1932, exalta a beleza, a grandeza, a miscigenação e seu amor pelo Brasil.

Historicamente, como foi gravada durante o governo Getúlio Vargas, a música sofreu críticas por iniciar o movimento samba-exaltação, que tinha meios ufanistas de enaltecer o potencial brasileiro, suas belezas naturais, riqueza e povo.

Vele ressaltar que, na época, o patriotismo que os brasileiros tinham pelo país não pode ser comparado com o atual. Era um sentimento de amor pelo país, que mesmo não concordando com o governo que tinha poder no Brasil, o compositor consegue esquecer todos os problemas e ainda assim, presta um tributo ao povo e a sua terra. É a segunda música brasileira mais gravada no mundo, superada apenas por Garota de Ipanema.

AQUARELA DO BRASIL
Ary Barroso

Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Prá mim! Pra mim, pra mim

Ah! abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Prá mim! Pra mim, pra mim!

Deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver a sá dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Pra mim, pra mim, Brasil!
Brasil!

Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiferente
O Brasil, samba que dá
bamboleio que faz gingar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil!, Pra mim, pra mim, pra mim

Oh!, esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil!, Pra mim, pra mim, pra mim.

Ah!, e estas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah! esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil!
Brasil! Pra mim, Brasil!, Brasil!

Uma importante lição de vida, na poesia realista do carioca Francisco Otaviano

Francisco Otaviano - Ilusões Da Vida - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, político, diplomata e poeta carioca Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889), ao escrever o poema “Ilusões da Vida”, em poucos versos faz um convite à reflexão sobre a importância de viver a vida com intensidade nos bons e maus momentos.

ILUSÕES DA VIDA
Francisco Otaviano

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

No Dia dos Namorados, não esqueça de beijar aquela pessoa que embeleza sua vida

Tribuna da Internet | No colo da mãe natureza, Paulo Peres criou versos nas  nuvens do ateliê do ventoCarlos Newton

O advogado, jornalista, analista judiciário aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), compositor, letrista e poeta carioca Paulo Roberto Peres homenageia o dia de hoje através deste “Soneto dos Namorados” e festeja seu amor à bela Cristina Peres.

SONETO DOS NAMORADOS
Paulo Peres

Dia dos Namorados.
Corações iluminados,
Beijos, abraços, amores,
Poemas, canções e flores.

Nos salões dos sentimentos
Sob luz de velas e violinos
Casais eternizam momentos,
Sonhos reais, cristalinos.

O namorar é o vital sabor
Da idade, descoberta e valor
Cuja beleza maior está na grandeza modesta.

Invoco à bênção futura
Cultivar do passado a ternura
Aos hoje namorados em festa.

A cidadania, segundo Thiago de Mello, é mais do que dever, é uma obrigação

Site Taquiprati - Thiago de Mello e o Amazonas de chuteirasPaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta amazonense Amadeu Thiago de Mello (1926/2022) nasceu em Barreirinha, Amazonas. Além de tradutor e ensaísta, foi um dos poetas mais influentes e respeitados do país, sendo reconhecido como um ícone da literatura regional. A luta política, o lirismo, as relações de família e os amores são facetas marcantes em sua obra.

Preso durante a ditadura militar (1964-1985), exilou-se no Chile, encontrando em Pablo Neruda um amigo e colaborador. Da amizade veio a decisão de traduzirem os poemas um do outro.

Mello morou na Argentina, no Chile, em Portugal, na França e na Alemanha. Voltou à sua cidade natal, onde viveu até sua morte, há três anos.

CIDADANIA
Thiago de Mello

Cidadania é um dever
do povo. Só é cidadão
quem conquista o seu lugar
na perseverante luta
do sonho de uma nação.
É também obrigação:
a de ajudar a construir
a claridão na consciência
de quem merece o poder.
Força gloriosa que faz
um homem ser para outro homem,
caminho do mesmo chão,
luz solidária e canção.

Saudade eterna de Sérgio Bittencourt e de seu pai, Jacob do Bandolim

MULTIVERSOS: Naquela Mesa, de Sérgio Bittencourt

Sérgio e Elizeth, que gravou “Naquela Mesa”

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista e compositor carioca Sérgio Freitas Bittencourt (1941-1979) compôs “Naquela Mesa” em homenagem póstuma ao seu pai, o compositor Jacob do Bandolim, e a saudade que ele deixou. Esta samba-choro foi gravado por Elizeth Cardoso em seu LP “Preciso aprender a ser só″, em 1972, pela Copacabana.

NAQUELA MESA
Sérgio Bittencourt

Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre, o que é viver melhor.
Naquela mesa ele contava histórias,
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor.

Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã.
E nos seus olhos era tanto brilho,
Que mais que seu filho, eu fiquei seu fã.

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa no canto, uma casa e um jardim.
Se eu soubesse o quanto doi a vida,
Essa dor tão doída não doía assim.

Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala no seu bandolim.
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim.

O amor total de Vinicius, que sabia amar como amigo e como amante

Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os...
Paulo Peres

Poemas & Canções

O diplomata, advogado, jornalista, dramaturgo, compositor e poeta Vinícius de Moraes (1913-1980) foi um poeta essencialmente lírico, e notabilizou-se pelos seus sonetos, como o belíssimo “Soneto do Amor Total”, que se refere a sua realidade interior do poeta, confessando seus sentimentos dirigidos à pessoa amada.

SONETO DO AMOR TOTAL
Vinicius de Moraes

Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, como grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo, de repente
Hei-de morrer de amar mais do que pude.