As duas faces da corrupção exibem suas consequências em Lula e em Bolsonaro

O desafio de reduzir a corrupção no Brasil | Tema de Redação - Temas de  redação | coRedação

Charge do Duke (O Tempo)

Marcus André Melo
Folha

Em coluna publicada em 2019 afirmei que “a exposição da grande corrupção favoreceu Bolsonaro; a da pequena poderá fraturar sua base”. A conjetura mostrou-se acertada. Na atual conjuntura o caso das joias está levando o ex-mandatário a uma bancarrota política inédita.

A literatura especializada distingue a petty corruption (corrupção de pequena escala) da grand corruption (de grande escala). A primeira diferencia-se por ser transações singulares, individualizadas, e não institucionalizadas; a segunda por ser institucionalizada, envolvendo burocracias públicas, partidos políticos, estatais, sendo recorrente e de elevado valor.

DESDOBRAMENTOS – Referia-me na coluna às rachadinhas e ao papel que a exposição na opinião pública do mensalão e petrolão teve na ascensão de Bolsonaro. O caso teve pelo menos dois desdobramentos institucionais — no Coaf e na Polícia Federal — nos quais teve participação ativa com custos políticos e derrotas no STF.

A fratura na base acarretou a defecção dos setores que apoiavam a Lava Jato da coalizão que levou Bolsonaro ao Planalto. Seu símbolo foi a saída de Moro do governo. Ao que se seguiu o rapprochement do governo com o centrão e a marginalização de olavistas e militares.

A pequena corrupção no país é uma das menores da América Latina e similar à média da OCDE. Já no pioneiro Barômetro da Corrupção (2011) a percentagem de brasileiros que declaravam ter pago propina (a policiais, fiscais, provedores de serviço etc.) foi de 4%, baixa comparada aos 12% da Argentina, 21% do Chile e 31% do México. Em 2019, continuou a menor da região (11%).

DADOS SOBRE PROPINAS – Os dados sobre “tentativas de obtenção de propina” são mais fidedignos. No Lapop (2021), a percentagem de pessoas que responderam positivamente à pergunta “alguma vez nos últimos 12 meses algum funcionário público lhe pediu uma propina” foi 4,8% (Brasil), 26,2% (México), 19% (Paraguai), 13,9 (Peru) e 7,7% (Argentina); só o Chile (2,0%) supera o Brasil.

A grande corrupção, ao contrário da pequena, não pode ser aferida por pesquisas. É clandestina: não podemos divisá-la salvo em conjunturas excepcionais. O Brasil foi o epicentro de evento raro em que seus tentáculos puderam ser vistos. O affair Odebrecht chegou tardiamente à Colômbia — cuja Procuradoria indiciou nesta semana 60 pessoas após pedido do presidente Gustavo Petro — e depois de ter derrubado três presidentes no Peru.

A bancarrota política de Bolsonaro é assim a crônica de uma morte anunciada já na sua investidura quando foi assombrado pelos desmandos de seu entorno familiar; só que agora encarna o personagem principal. Institucionalmente e o caso salpica nas Forças Armadas.

10 thoughts on “As duas faces da corrupção exibem suas consequências em Lula e em Bolsonaro

  1. Mas, quanto ao DESTRAMBELHADO “Evento de Falsa Bandeira” levado à efeito no dia 08.01.2.023, seus autores vão permanecer só com os rabos presos?

  2. Numa democracia, não há crime maior do que a tentativa de golpe para implantar uma ditadura da extrema direita religiosa que certamente levaria o Brasil a se dividir numa guerra civil.

    A corrupção do mensalão e petrolão há 13 anos, foi gigantesca por agentes de vários partidos. Foi descoberta, os agentes foram processados, condenados e presos.

    A corrupção recente, durante os últimos 4 anos, ainda está sob investigação; por enquanto, é só a ponta do iceberg, o que torna incomparável com qualquer outra corrupção anterior já detalhada.
    Reportar-se insistentemente às corrupções dos governos passado, é querer aliviar e vulgarizar a corrupção atual que ainda está sob investigação

    Não quero vulgarizar a propina, mas quem não fez parte do mercado, não sabe que negócios entre dois atores da vida privada a propina, é as vezes exigida. Essa, é a dura realidade.

    Todo ser humano tem pecados, como deixou claro Jesus de Nazaré, uns mais e outros menos.

    • De fato roubar é mal necessário. Está na alma do brasileiro e o valor que foi roubado de mensalão, petrolão e etc… não chegar próximo de uma da mega sena sem estar acumulada. As joias que Bolsonaro roubou valem muito mais que do foi roubado no mensalão e petrolão.

      Esse atos golpistas é que são o problema, isso foi um absurdo. Ainda por cima querem associar as convocações que Lula fez durante a sua prisão, que foi armação pura, pedindo para o MST e demais frentes pegarem nas armas. Claro que essa guarda armada que o Lula estava tentando montar era legítima e não tinha nada de golpe.

      Ainda bem que a direita golpista foi destruída e Bolsonaro será preso. A esquerda é muito forte, mesmo votando de mãos dadas com o Bolsonaristas e Centrão para mudar a lei de improbidade administrativa, legalizar o mensalão pois isso é um mal necessário e gasta quase nada por ano (uns 40 bilhões mais ou menos), tiveram bom senso e aboliram a prisão em segunda instância, entre outras coisas mais.. Graças a união de todos, o Brasil vai para frente pois assim não teremos mais problemas com a corrupção.

      Querem associar crime de genocídio ao fato de poucos políticos de má índole desviarem dinheiro público que poderia ser usado na saúde, educação etc… um absurdo isso. Afinal o Congresso sabe muito bem o que faz com o dinheiro que recebe do orçamente secreto e azar de quem morre furto desse desvio de dinheiro público…

    • Caro Nelio,

      Quando o financiamento das empresas foi proibido, o que sucedeu? O que é pior?
      O financiamento privado ou o público?

      Emilio Odebrecht falou que é hipocrisia da mídia e outros setores, o espanto causado pela prática do caixa dois.

      Disse que isso ocorre há mais de trinta anos e que aproximadamente 1% do faturamento das empresas é reservado para esse fim. E isso ocorre em várias partes do mundo.

      Já o filho dele disse que não existe qualquer políticos que se eleja sem o chamado caixa dois ou similar. Claro, o que sucedeu na lava jato é que doações legais das empresas viraram todas sinônimo de corrupção.

      Em vez do financiamento público, eu preferiria que continuassem as contribuições das empresas às campanhas eleitorais, de uma forma que fosse cristalina e sem vinculação com contratos. Seria muito melhor do que retirar do orçamento a parte destinada aos fundos eleitorais e emendas.

      • Caro amigo José Vidal, a meu ver, o financiamento privado, é prejudicial aos interesse do Brasil. Ninguém e nenhuma empresa vai financiar um parlamentar sem interesse. Não há almoço de graça.

        Quanto ao financiamento público, precisa ser revisto, é muito dinheiro para uns e pouco para outros.
        Dinheiro, só para material de campanha, proporcional de acordo com cada partido.
        Os debates dão condições de igualdade a todos os candidatos.
        Um forte abraço.

        • Caro Nelson Jacob,
          também, um dia, pensei que o financiamento público fosse melhor. Mas revi minhas convicções, ao verificar que nada mudara. Os políticos continuam a votar, favorecendo certos setores.

          E pior, agora recebendo dinheiro diretamente do tesouro, sem que em contrapartida, ocorram obras para aumentar nossa infraestrutura .
          Abraço.

  3. QUE FIM LEVOU TODA A FLOR DA CRIMINALIDADE BRASILEIRA? O facínora sanguinário Danilo Souza Cavalcante havia sido exportado para os EUA e ninguém sabia disso (segredo de Justiça). É inacreditável que até mesmo as tartarugas da República das Diretas-Já estão aprendendo a abrir grandes portões para passear na rua (Balanço Geral-SP, apresentador Passaia), mas os governantes e autoridades estão cada vez mais estúpidas, ridículas, inúteis, incompetentes, criminosas, genocidas. Os corruptos e facínoras tomaram conta da nação brasileira e estão se sentindo em sua zona de conforto. Hoje mesmo vimos um monstro com aparência humana, um facínora desprezível, uma escória degenerada, jogar o carro em cima do cãozinho Bob (Balanço Geral-SP, apresentador Passaia). Os índices insuportáveis de criminalidade e impunidade alcançam a cada novo dia parâmetros inacreditáveis, absurdos! O Judiciário brasileiro canalha, facínora, perpetrador diário de crimes contra a humanidade de cidadãos do bem, parece, inclusive pelos salários e penduricários, que estão vivendo em plena pax romana! Onde estão os novos presídios para colocar todos esses milhares de monstros e facínora que o povo vê com os olhos que a terra pode comer a qualquer momento por iniciativa de qualquer um dos milhares de anarquistas, celerados, e facínoras sanguinários, ou, explicitamente, potenciais monstrengos, que os Três Poderes brasileiros, renascidos do inferno, deixam livres, ameaçando a paz, a dignidade, a saúde, a vida, dos cidadãos honestos e respeitadores das leis sociais da boa convivência! (L. C. Balreira).

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