“Peronização do governo Lula pode levar o Brasil ao caminho da “argentinização”

Argentina. Para entender o peronismo e o seu oposto. Entrevista com  Alejandro Grimson - Instituto Humanitas Unisinos - IHU

Perón conseguiu destruir um dos países mais ricos do mundo

Fabiano Lana
Estadão

Na virada dos séculos 19 e 20, a Argentina era um dos países mais prósperos do mundo com renda per capita superior à dos Estados Unidos e das principais nações europeias. Por lá, como por aqui no Brasil, quase tudo é controverso, mas se atribui ao primeiro governo de Juan Domingo Perón ter jogado nossos vizinhos em uma crise da qual jamais se recuperaram plenamente.

Nos anos 40, Perón fechou o país ao mundo e iniciou um processo de intervenção do Estado na economia, de nacionalizações e quebra de contratos, com resultados econômicos bastante adversos.

AS MESMAS IDEIAS – Em tempos de discussão do nosso déficit público, o dramático é que parte dos integrantes do atual governo Lula e de seu partido, o PT, quer para o Brasil a implantação das mesmas ideias que prejudicaram a nação sul-americana.

Não é tão simples julgar o peronismo, até porque as opções ao sistema personalíssimo argentino muitas vezes tiveram resultados desastrosos.

A saber, a “revolução libertadora” que derrubou Perón nos anos 50, também se finalizou com um golpe; o regime militar de 1976 se desmoronou sete anos depois em meio à instabilidade, desmoralização pela derrota na guerra das Malvinas e um rastro de assassinatos ordenados pelos generais-presidentes.

FRACASSOS SUCESSIVOS – Após a redemocratizacão, dos três presidentes não peronistas eleitos, dois tiveram que renunciar antes do fim do mandato e nenhum conseguiu domar a inflação.

Por meio de subsídios, auxílios, e mesmo pelo mito do próprio Perón e de sua jovem esposa Evita Perón, o peronismo possui uma conexão profunda com grande parte da população mais pobre Argentina.

O paradoxo lá é que se vota em uma doutrina que tem como principal bandeira política a proteção aos pobres, mas o país fica cada vez mais indigente, de eleição a eleição. Ainda com muita classe, muita elegância, excelentes filmes, mas cada vez mais carente.

SOLUÇÃO MÁGICA – A nova solução mágica para a Argentina não-peronista agora atende pelo nome de Javier Milei. Com a motosserra na mão, esse economista aparentemente quer destruir o que tiver pela frente, incluindo a moeda e o Banco Central, para reconstruir o país.

Mesmo com boatos desairosos como o de se aconselhar com o cachorro e coisas piores, lidera por pouco as pesquisas de opinião contra o atual ministro da Fazenda, o peronista light Sergio Massa — que comanda uma economia com inflação anual superior a 100%.

Há uns 70 anos, o Estado argentino tem dificuldade de se financiar, emite moeda, gera inflação, e ninguém conseguiu desarmar a armadilha iniciada no peronismo. Milei é a aposta do momento.

4 thoughts on ““Peronização do governo Lula pode levar o Brasil ao caminho da “argentinização”

  1. A Argentina só tem duas soluções, ou continua com o plano platita do Massa, ou com a motosserra do Milei. E o medo do mundo é que as soluções apresentadas pelo Milei são muito radicais, e q o pior de tudo, elas podem dar certo e a Argentina sair do buraco de vez. Apostar no Massa é apostar na continuidade da inflação de 100%, de 50% da população vivendo de “planes”, as esmolas estatais distribuídas para o povo ficar quieto e não reclamar. A melhor escolha para os argentinos é apostar no duvidoso porque o certo ela já tem, que é inflação de 130% ao ano.

  2. Perón quando saiu do governo, tinha conseguido diminuir em muito a inflação e com a renda média da população em alta. Na ditadura militar, houve aumento da inflação, privatizações a rodo e baixa na renda média da população.

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