“Ou o STF respeita os advogados ou não teremos Justiça”, alerta Mariz de Oliveira

O advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira em seminário promovido pelo Estadão

Mariz de Oliveira disse verdades a Luís Roberto Barroso

Pepita Ortega e Rayssa Motta
Estadão

Em meio a um esgarçamento na relação entre o Supremo e advogados, um nome expoente da advocacia, o criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, afirmou nesta segunda-feira, 13, que os cidadãos que batem às portas do Judiciário não estão ‘sendo ouvidos adequadamente’.

“O STF deve voltar às origens de respeitar o advogado ou não teremos a implantação da Justiça e do Judiciário que almejamos”, ponderou.

PAPEL DO STF – Mariz é um dos participantes do seminário promovido pelo Estadão e a Universidade Presbiteriana Mackenzie para discutir o papel das cortes constitucionais e do próprio STF na democracia. O advogado desviou do debate sobre as diferenças da atuação do Supremo e das demais cortes constitucionais da América Latina para fazer um ‘desabafo’ sobre o que chamou de uma ‘fase difícil’ de ‘cerceamento’ à advocacia.

Diante do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, Mariz disse que é necessário ‘alertar’ sobre o fato de jurisdicionados – pessoas que acionam o sistema de Justiça – não estarem sendo ouvidos nem pela Corte máxima e nem pelo Superior Tribunal de Justiça. Segundo o advogado, é preciso ‘pedir para que os responsáveis tomem medidas para que os cidadãos sejam ouvidos nos tribunais superiores’.

A crítica central de Mariz ao Supremo diz respeito à forma de julgamento de pedidos de habeas corpus – geralmente impetrados como pedidos de liberdade.

DECISÕES MONOCRÁTICAS – Segundo o advogado, tais instrumentos estão sendo ‘julgados de forma muito precária’, uma vez que decididos monocraticamente – em decisão individual de ministro integrante da Corte máxima.

“O tribunal é um órgão colegiado. Mude-se o sistema. O povo não tem culpa de termos um Supremo abarrotado”, afirmou. “Ou temos uma Justiça mecânica ou uma Justiça em que se vai respeitar o devido processo legal”, completou.

Mariz reconheceu o papel do Supremo na defesa da democracia, assim como em ‘temas delicados’, como o aborto. De outro lado, criticou a atenção dada pela Corte aos advogados. “Só não podemos aplaudir o STF e o STJ na medida em que não estão dando valor ao advogado ou melhor, valor ao cidadão. Decisão monocrática é para juiz de 1º grau, o STF tem que julgar coletivamente”, assinalou.

ELOGIO A BARROSO – Após a crítica, Mariz fez um afago a Barroso, destacando sua imparcialidade: “age de forma correta”.

Em seguida, o advogado propôs um debate: “Precisamos, não sei como, mudar o sistema para que o Supremo se veja menos atulhado de processos, porque esse número excessivo de processos está fazendo com que o jurisdicionado seja prejudicado. É necessário que Ordem (dos Advogados), Judiciário e Ministério Público se unam par que haja uma triagem maior de casos que chegam ao STF”.

O ex-presidente do STF, Ayres Britto, concordou com as ponderações de Mariz, pregando o respeito ‘aos profissionais que compõem funções essenciais da jurisdição’. “Tudo afunila para o Judiciário e o Supremo, porque é o único Poder que não pode dar o silêncio como resposta”, indicou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É simples limpar a pauta do Supremo. Basta cumprir a regra de só julgar decisões que possam ser inconstitucionais. O resto fica sendo julgado no Superior Tribunal de Justiça. Será que há alguma dificuldade nisso? (C.N.)

3 thoughts on ““Ou o STF respeita os advogados ou não teremos Justiça”, alerta Mariz de Oliveira

  1. KKK caro C.N. você está querendo que os onze supremos percam o protagonismo? Esta gente é tão prepotente que mais um pouco vai decidir o horário em que devemos dormir e acordar. Antes disto já terão decidido o nosso cardápio.

  2. Senhores Carlos Newton e Jorge Beja , aqui em Manaus -Am , houve inicio de 2023 um assassinato de uma jovem mãe de 19 anos, gravida aos 8 meses, por seu ex-namorado , que abriu a barriga dela , tirou o neném e deu um sumiço nele , fugiu para outro estado e foi capturado , e já foi submetido ao juízo de instrução .
    Porque a diferença de procedimento de um juiz que espera cerca de sete até quinze anos depois do crime , para submeter o criminoso ao juízo de instrução , se teoricamente as leis que regem a matéria , são as mesmas .

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