Alagoas vai ao Supremo para retirar da Braskem a “propriedade” dos bairros 

Flexal: a incrível história do bairro que está afundando em Maceió - Giz  Brasil

A BraskemOdebrecht pensou (?) que os imóveis seriam dela…

Bernardo Mello
O Globo

Em carta divulgada nesta segunda-feira, dia seguinte ao rompimento da Mina 18 da Braskem, o governo de Alagoas preparou terreno para ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para desapropriar terrenos da empresa na área afetada pelo afundamento do solo.

O documento, assinado pelo governador Paulo Dantas (MDB) e por um representante do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), estabeleceu, entre outros compromissos, que as autoridades locais vão acionar a Justiça “pleiteando a restituição dos bens” que passaram formalmente a ser propriedade da Braskem, em cinco bairros da capital alagoana que tiveram cerca de 57 mil pessoas realocadas desde 2019.

ACORDO NEFASTO – O Globo apurou com representantes da administração estadual que o governo de Alagoas prepara a apresentação de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo.

O objetivo é pleitear a inconstitucionalidade de acordos assinados pela Braskem com o poder público, desde 2019, que transferiram à empresa os direitos sobre imóveis e terrenos desocupados, cujos moradores originais receberam indenizações de realocação.

O segundo item da carta fala em “iniciar ação na Justiça pleiteando a restituição dos bens aos proprietários”. É com base neste item que o governo de Alagoas pretende acionar o STF, alegando que a transferência dos direitos de imóveis e terrenos à Braskem é inconstitucional.

ERA INDENIZAÇÃO – O argumento das autoridades estaduais é que a verba paga pela empresa aos moradores tem natureza indenizatória, e não de transferência do direito sobre bens.

A Braskem afirma já ter desembolsado R$ 3,8 bilhões em indenizações para a desocupação de 14,5 mil imóveis em cinco bairros — Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro — que estão classificados como áreas de risco, por conta do afundamento do solo detectado em 2018.

Em 2019, o primeiro acordo celebrado entre a Braskem e quatro órgãos de fiscalização — Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Alagoas (MP-AL), Defensoria Pública da União (DPU) e Defensoria Pública de Alagoas (DPE-AL) — previu que “pagamentos referentes aos terrenos e edificações pressupõem a transferência do direito sobre o bem à Braskem”.

POSSE DIRETA – Já o acordo firmado entre a Braskem e a prefeitura de Maceió neste ano, prevendo R$ 1,7 bilhão em indenizações, previu o município “nada mais tendo a pleitear” após a reparação financeira, “nem mesmo a título de direito de regresso”.

No acordo, a prefeitura também se comprometia a “atualizar o cadastro fiscal dos imóveis” que integram a área de risco “com base no Termo de Desocupação, documento subscrito pelos então possuidores das áreas desocupadas que atesta a transferência à Braskem da posse direta dos imóveis”.

A gestão de Paulo Dantas vem usando essa previsão do acordo da prefeitura para fustigar a atuação de Caldas, ou JHC, como é conhecido o prefeito de Maceió. Dantas já acusou a Braskem de usar as indenizações, com transferência de posse à empresa, para fazer “especulação imobiliária”.

ACORDO ANTERIOR – Em meio às acusações do governo estadual, um outro acordo assinado pela Braskem com o MPF, em 2020, para estabelecer indenizações por danos socioambientais e urbanísticos, também estipulou que a empresa “compromete-se a não edificar, para fins comerciais ou habitacionais, nas áreas originalmente privadas e para ela transferidas em decorrência” do programa de realocação.

O acordo, porém, abria uma brecha: a edificação poderia ocorrer se “após a estabilização do fenômeno de subsidência, caso esta venha a ocorrer, isso venha a ser permitido pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Maceió — AL”.

Representantes da prefeitura de Maceió avaliam que a transferência da posse dos imóveis à Braskem ocorreu para que a empresa pudesse empreender ações, inclusive de demolição, que buscam garantir a segurança da área afetada pelo afundamento.

SEM NOVAS CONSTRUÇÕES – A legislação atual do município proíbe novas construções ou exploração comercial desta região. No entanto, para atender a pressões do governo estadual, a proibição foi incluída de forma explícita na carta de compromissos.

A carta assinada nesta segunda-feira estabelece, em outro ponto, que a prefeitura de Maceió se comprometa a “não permitir a comercialização dos imóveis contidos nas áreas afetadas”.

A assinatura da carta foi a primeira ação conjunta adotada por Dantas e JHC desde o início do alerta de risco de colapso da Mina 18, no dia 29 de novembro. Desde então, governador e prefeito, que são adversários políticos em Alagoas, sequer haviam se falado diretamente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
A Piada do Ano era a Braskem/Odebrecht pensar (?) que poderia lucrar com a tragédia, tornando-se proprietária de três bairros inteiros e parte de outros dois, que já contam com ruas asfaltadas e serviços de água, esgoto e energia. Agora o jogo virou e o novo sonho da família Odebrecht virou pesadelo. (C.N.)

2 thoughts on “Alagoas vai ao Supremo para retirar da Braskem a “propriedade” dos bairros 

  1. Emilião é um “comilão” três digitos….

    Há décadas vem praticando vários assassinatos em série contra o povo brasileiro..

    Mas…

    Alguns ainda o acham um Jênio de administrador e quer que sua empresa bandida ainda continue dando “as cartas”….

    Ah, se fossemos um País um pouco mais sério….

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