Governo não pode perder votos que já não tem, como os do eleitor evangélico

Por que o voto evangélico é tão cobiçado?

Conquistar o voto evangélico é um desadio para Lula e PT

Janio de Freitas
Poder360

Anular a isenção de imposto de renda sobre a “remuneração” de pastores, como feito agora pelo governo Lula, só em aparência é decisão na área dos impostos. A rigor, é medida de saneamento básico. Já no surgimento, a decisão do Fisco era enganosa, tratando-se, de fato, de uso da Receita Federal por Bolsonaro na campanha pela reeleição.

Os pastores ganharam o privilégio a duas semanas do pleito. Criar uma igreja é tão fácil quanto fazer riqueza pessoal com ela. Pode começar com hipotética pregação em praça pública, os dízimos logo permitirão alugar uma sede, pronto. E do dinheiro colhido da ingenuidade que pouco ou nada tem, depressa se fará o milagre da fortuna.

Os trabalhadores de 2 salários mínimos vão, neste ano, pagar imposto “de renda” (sic!). Os pastores não querem pagar o imposto sobre a transferência de renda que os enriquece. Transferências às avessas: os que têm mais aflições que dinheiro são os doadores ao abonado.

PERDER VOTOS? – Os pastores e fiéis evangélicos já integram a oposição ao governo, em continuidade ao seu bolsonarismo terraplanista e eleitoral. Em termos políticos, portanto, o governo não precisa negociar concessão, para não perder votos que não tem. Alterar a decisão em troca de apoio reduziria um ato justo a peça de chantagem. Não há o que negociar.

As reações evangélicas começaram na quarta-feira (17.jan.2024) mesmo, com vozes consagradas como a do deputado Marco Feliciano e a da senadora Damares Alves, autodeclarada interlocutora de Jesus. Não os ocupou a decisão concomitante do presidente: auxílio aos moradores de rua. É a peculiaridade do governo: ação com este peso humanitário, e nenhuma forma de interesse, só em governo Lula.

CONTRASTE CHOCANTE – Nesse sentido, o contraste entre o governo e o Congresso, se surpreendesse, seria muito chocante. Sobrecarrega a índole do governo em dois planos. De uma parte, sucedem-se as dificuldades de projetos governamentais e a derrubada de vetos do presidente a aprovações congressistas de duvidosa decência.

Um exemplo para a história: o marco temporal contrário aos indígenas, mas favorável aos açambarcadores de terras e riquezas florestais e minerais. De outra parte, os numerosos ministros representantes do Centrão e de Arthur Lira são um ônus para a ação e a imagem do governo.

Os pastores evangélicos estão nos dois planos.

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