Reunião ministerial não deixa dúvidas sobre a preparação do golpe de estado

Em reunião, ministro de Bolsonaro defendeu 'alternativas' antes das eleições e admitiu 'risco de conturbar país' | Política | G1

A reunião discutiu “alternativas” antes e depois da eleição,

Roberto Nascimento

Ficar calado depois de assistir às quase quatro horas de reunião sobre o planejamento do golpe de estado, seria ceder para os golpistas e abrir espaço para que voltem a tramar contra o país, quando advier um apocalipse ou condições para decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) ou Estado de Defesa.

As condutas foram delineadas por Bolsonaro. Está lá, é só assistir. Quam não o fez, perde as condições táticas para opinar na defesa ou na crítica.

RESPECTIVAS FUNÇÕES – O general Augusto Heleno foi designado para usar a ABIN na arapongagem das campanhas tanto do PT quanto do PL.

Braga Netto, o general escolhido para candidato a vice-presidente, tratava da cooptação dos militares golpistas e na pressão contra os militares legalistas.

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, encarregado de encontrar uma bala de prata contra o TSE e contra as urnas eletrônicas, através de militares infiltrados na fiscalização das Urnas, e também de convocar reuniões da Defesa para conseguir apoio ao golpe.

ERA GRAVADA… – A CGU e a AGU eram encarregadas de dar o respaldo jurídico contra as urnas eletrônicas. O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, medroso, ao assumir a palavra, perguntou se a reunião estava sendo gravada. Bolsonaro e Braga Neto disseram que não. Mentiram para Wagner do Rosário, o ministro da CGU. Estava havendo gravação.

O ministro da Economia, Paulo Guedes acompanhava tudo para depois informar aos empresários golpistas e conseguir apoio no meio empresarial

Anderson Torres, da Justiça, um dos ministros declaradamente golpistas, discursou aos palavrões, dizendo que algo teria que ser feito para Bolsonaro vencer. Atacou policiais federais que não apoiavam Bolsonaro e disse até que já sabia o nome do novo Diretor Geral da Policia Federal se Lula ganhasse a eleição.

SOCO NA MESA – O general Augusto Heleno então disse, que tinha que dar soco na mesa, antes da eleição, porque depois, nem o VAR mudaria o resultado da eleição.

Bolsonaro endossou a fala de Heleno, informando que ações para mudar o resultado levariam o país para um processo de guerrilha. Ou seja, eles sabiam do risco de guerra civil e ainda assim tramaram contra o país.

Pergunto: tinha alguém naquela reunião com espírito de patriota? Por favor, assistam ao vídeo e depois escrevam aqui contestando o que escrevi. Preciso saber se estava enganado, se entendi errado aquele festival de horrores.

PUNIR É PRECISO – O país não poderá seguir em frente, sem punir aqueles personagens. Se passarem pano para aquelas barbaridades, eles vão retornar. Aí, sim, correremos sérios perigos. Quando a repressão bater às nossas portas, nenhum advogado será capaz de nos livrar do cárcere ou de coisa muito pior.

Aviso aos navegantes: temos medo, mas não vamos recuar. Seguiremos a linha do saudoso jornalista Helio Fernandes, confinado em Fernando de Noronha, em Campo Grande e em Pirassununga, preso também no quartel da Rua Barão de Mesquita, na Tijuca, e vítima também de atentado, quando explodiram o jornal Tribuna da Imprensa, na Rua do Lavradio.

Helio Fernandes jamais se curvou aos poderosos.

16 thoughts on “Reunião ministerial não deixa dúvidas sobre a preparação do golpe de estado

  1. Boas palavras, Roberto. Não adianta o que disserem depois, o vídeo não deixa dúvidas de que estavam preparando um golpe que só não ocorreu porque o alto comando do Exército, o fiel da balança das Forças Armadas, foi verdadeiramente patriota e não quis entrar no jogo. Deixar essa turma livre, leve e solta é deixar um rastilho queimando sob as instituições da República.

  2. Mui bem dito, Roberto Nascimento.

    A canalha tem que ser punida com rigor.

    Quem defende o indefensável é ignorante de todo, ou é cúmplice, ou teme pela integridade física de seus entes queridos.

    (Obs. Não gasto um mínimo de energia com provocações de bocas sujas broxanaristas ou argumentações de delirantes.)

  3. Parabéns Nascimento por seu excelente artigo. É uma benção poder ler um conteúdo dessa qualidade aqui no blog depois de tanta porcaria publicada nesse blog de autoria de figuras deprimentes como Alexandre Garcia, Guzzo, Constantino, Augusto Nunes e outros nazifascistas. Está na hora de o Brasil finalmente se livrar dessa tutela militar horrorosa que nos inferniza desde a proclamação da República. Depois das trevas da noite, sempre vem o clarão do nascer do sol.

  4. Sr. Roberto Nascimento,
    Minha dose de colírio diária.
    Muito obrigado pelo lúcido texto.

    Sr. Roberto, eu penso com meus botões, que são sempre meus bons conselheiros, e um fato não me sai da cabeça, o dia 24 de Dezembro de 2022.

    Evidentemente, essa reunião golpista até o talo, foi uma grande amostra do que os golpistas estavam tramando. Bolsonaro como mentor de tudo, não deixa dúvida nenhuma da prepotência exercida na reunião, chegou a falar em meu exército e até mandou o General Heleno, calar a boca.
    Haja “macheza”!

    Está tudo gravado e filmado, a trama do golpe ao vivo e a cores.
    Havia personagens que nem deveriam estar ali, como o nefasto Paulo Guedes.

    Mas como sempre acontece no Brasil,
    tudo é questionável.
    Mesmo um vídeo que não deveria deixar absolutamente, nenhuma dúvida, tem gente questionando.

    Hoje em dia, as palavras e as imagens, são sempre contestadas com, um… veja bem, não foi bem isso ou fomos mal interpretados…

    Sempre cabe uma tergiversação dos partícipes e também dos astutos advogados, que sem saída para o óbvio, sempre tiram da cartola a tal da perseguição política, que muitas vezes dá certo.

    O que mais me espanta, não é essa reunião, “ministerial”.

    O que me assombra de verdade é perceber que há um fato que já foi pras calendas… tratado como um mal menor, ou algo sem consequência mas, não pra mim.
    Estou convicto que se a bomba fosse detonada com sucesso, causaria um hecatombe no aeroporto de Brasília com muitos mortos e feridos, porque o Aeroporto inteiro iria pelos ares.
    Como consequência, hoje estaríamos vivendo numa ditadura sob o jugo de Bolsonaro e seus ensandecidos cúmplices desse projeto odioso de poder que só estavam preocupados apenas com o crescimento exponencialmente das suas contas bancárias.
    Seriam os novos milionários da ditadura.
    Ficaram cegos pelo brilho do “ouro”, (vil metal ) e não mediram consequências.

    Dois homens:

    George Washington de Oliveira Sousa
    e
    Diego dos Santos Rodrigues

    O primeiro levou somente 7 anos de prisão, e o segundo, cinco anos de prisão.

    Os dois foram os que executaram diretamente o diabólico plano, mas me parece que ninguém, nem a justiça, nem a imprensa investigativa, foi a fundo em tentar descobrir quem eram os mandantes ou quem financiou essa loucura

    Acho que aí, o STF, comandado por Alexandre de Moraes, comeu mosca.
    Isso era pena pra trinta anos, pela gravidade do fato em si e sua devastadora consequência.

    Este fato, pra mim, é o mais importante do conjunto da obra.
    Estes homens jamais executariam esse plano sem pelo menos um mandante, que também poderia se desdobrar em vários mandantes e obviamente financiadores.

    Neste episódio, não cabem tergiverzações, nem veja bem, nem o tal surrado, tiraram do contexto ou ainda o surradíssimo, perseguição política.
    Aqui, a verdade é nua e crua.
    Não tem como despistar… ou tergiversar.

    O ato em si, é cabal!
    Indefensável, e nos mostrou que os golpistas estavam falando seríssimo.

    De novo, pouco se averiguou da vida destes dois homens.
    A justiça, a polícia federal e os meios não investigaram nem deram a importância pra um fato jamais visto na história do país, de enorme teor subversivo.

    Pergunto-lhe: Sr. Roberto, estaría eu, ficando meio paranóico?
    Esse fato teve realmente pouca relevância e eu estou exagerando?

    Tenho essa dúvida…

    Deixo em forte abraço,
    José Luis.

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