Mistério! Por que o general que sabe tudo ainda não foi chamado a depor?

Tribuna da Internet | General Freire Gomes foi um traidor ou um herói? É  isso que deve ser explicado.

Freire Gomes evitou o golpe e ninguém lhe disse “obrigado”

Carlos Newton

É impressionante. Desde o início de 2023 a imprensa vem publicando sucessivas reportagens sobre as movimentações golpistas para evitar a posse do presidente eleito Lula da Silva. De tal forma que grande parte da trama já passou a ser mais do que sabida e tomou a consistência de fatos públicos e notórios, embora ainda estejam em início de investigação pela Polícia Federal.

Note-se que a apuração feita pelos jornalistas é muito mais completa e eficaz, deixa no chinelo a força-tarefa dirigida pela brilhante cabeça do ministro Alexandre de Moraes, que parece mais interessado em acumular investigações no chamado “inquérito do fim do mundo” do que em descobrir a verdade propriamente dita.

CAMINHO DIRETO – Se o ministro Alexandre de Moraes estivesse interessado em rapidamente apurar como se processou o golpe que não aconteceu, não teria maior dificuldade. Bastava convidar o general Marco Antonio Freire Gomes a depor, como comandante do Exército no final do governo Bolsonaro que se recusou a aderir ao movimento, impedindo o golpe.

Ao demonstrar ser um militar de verdade, cumpridor da lei e discretíssimo no desempenho das funções, o general Freire Gomes foi o verdadeiro responsável pela manutenção do país nos trilhos democráticos. Estamos cansados de publicar essa informação aqui na Tribuna da Internet, embora a imprensa tenha a mania de dizer que foi o Supremo que “salvou” a democracia etc. e tal, porém minha ironia não chega a tanto.

O STF não salvou coisa alguma. Pelo contrário, fez uma lambança histórica, ao interpretar casuisticamente a Constituição, de modo a libertar Lula, devolver-lhe os direitos políticos, para depois promover a recuperação social e financeira dos empresários e governantes mais corruptos do país, como a família Odebrecht e Sérgio Cabral, para ficarmos em apenas dois exemplos.

REUNIÕES NO ALVORADA – Sabe-se que os generais do núcleo duro do Planalto fizeram insistentes apelos aos comandantes militares por um golpe contra a eleição de Lula. Também é sabido que Freire Gomes e os ex-comandantes Almir Garnier (Marinha) e Baptista Junior (Aeronáutica) foram chamados cerca de dez vezes por Bolsonaro para reuniões no Palácio da Alvorada em novembro e dezembro, após a vitória de Lula.

Eram reuniões fora da agenda presidencial, convocadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, ou pelo próprio presidente. A primeira foi dia 1º de novembro —dois dias após a vitória de Lula e discutiu dois assuntos: o fechamento de rodovias e os acampamentos golpistas com bolsonaristas diante dos quartéis.

O golpe não era tratado diretamente. Em alguns casos, Bolsonaro apenas buscava conversar e se aproximar dos chefes militares. Mas houve algumas reuniões em que Bolsonaro e militares de seu entorno defenderam intenções golpistas de reverter o resultado eleitoral.

O QUE FALTA – O depoimento de Freire Gomes certamente preencheria as lacunas, informando a reação do Alto Comando do Exército ao tomar conhecimento dessa situação.

O general pode esclarecer também a influência de governos estrangeiros. Sabe-se que em julho de 2022 o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, tocou no assunto com o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

Em seguida, os encarregados de negócios dos EUA no Brasil, Douglas Knoff, e do Reino Unido, Melanie Hopkins, participaram de reuniões sigilosas com generais do Exército para sondar a posição da Força. E comunicaram que haveria forte oposição de seus países a qualquer tentativa de ruptura democrática.

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P.S.
Tudo isso e muito mais pode ser esclarecido pelo general Freire Gomes, caso o ministro Moraes tenha a humildade de convidá-lo a depor. É claro que o general Freire Gomes, esse discreto herói nacional, aceitará explicar como repudiou as intenções de ruptura democrática, porque fazê-lo significa um dever para ele. Mas quem se interessa? (C.N.)

8 thoughts on “Mistério! Por que o general que sabe tudo ainda não foi chamado a depor?

  1. Estimado amigo, não encontro novas palavras pra externar o que penso sobre seus artigos, insuperáveis não apenas na combalida “mídia” brasileira, mas quiçá alhures. Abração.

  2. Prezado Editor Carlos Newton.
    Seus artigos são realmente memoráveis. Aulas de história da política, no exato momento em que os fatos acontecem. O acervo da TI será leitura obrigatória para os futuros historiadores.

    Em relação ao general comandante do Exército, Freire Gomes, não foi ouvido ainda para esclarecer os fatos gravíssimos ocorridos entre o final do segundo turno no final de novembro até os últimos dias de dezembro, quando passou o cargo para o general Arruda, nomeado por Bolsonaro e mantido por Lula em primeiro de janeiro.
    Afirmaram na época, que Freire Gomes não queria passar o cargo para o sucessor. A conferir.

    Em relação ao seu depoimento, a informação que tive, é que o general está em férias com a família na Espanha. Quando voltar ao Brasil, será convidado a prestar esclarecimentos.
    Insta salientar, que o general Freire Gomes não é investigado, pelo contrário, prestou relevantes serviços a pátria. Mas, sempre fico com um pé atrás, aguardando o desenrolar e o término das investigações da tentativa fracassada de golpe de Estado.

  3. E continuam se fazendo de doido ignorando que se hoje Lula tá livre, elegível e eleito, foi justamente graças ao casalzinho Moro e Deltan, que ao invés de se aterem às provas reais quiseram usar o processo de alavanca pra se lançarem na fama e na política, atropelando várias premissas básicas do processo e causando as nulidades que futuramente foram descobertas. O STF não tem nada que ver com isso.

    “Após a derrota de Bolsonaro, Freire Gomes assinou uma nota que ajudou a manter os extremistas diante dos quartéis. Ao mesmo tempo, protegeu o acampamento ilegal que serviria de incubadora para os atos de 8 de janeiro.” (coluna Bernardo Mello Franco, Globo). Eis o discreto herói nacional da TI, que foi o responsável pela manutenção da democracia no país.

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