Maria Hermínia Tavares
Folha
O entusiasmo da multidão que Jair Bolsonaro levou à avenida Paulista, no domingo (25), não foi suficiente para esconder que ali se saudava um derrotado: nas urnas e no intento de permanecer no poder por meio de um golpe. Este só não se consumou porque as instituições democráticas e as lideranças que as animam, no Estado e na sociedade, barraram-lhe os passos.
Não foi por outra razão que, vencido, o ex-presidente abandonou a retórica incendiária – sua marca desde sempre – pela moderação, loas à democracia e apelos autointeressados de pacificação e anistia para os conspiradores – de gravata ou farda – e para os descerebrados que invadiram a praça dos Três Poderes.
DIREITA AMEAÇADORA – Suas juras de lealdade ao sistema representativo valem tanto quanto a negação de que tramou contra ela antes, durante e depois da disputa presidencial. Mas, como a extrema direita não é fenômeno episódico – está aí para ficar na nossa vida política –, cabe perguntar até que ponto ela pode constituir ameaça existencial à ordem democrática.
A resposta não está no campo da teoria ou dos princípios, mas na solidez das instituições públicas e sociais em que se arrima o edifício democrático.
Velho conhecido dos latino-americanos, o populismo – agora da direita radical –, desde a segunda década do século, ganhou espaço político nos países onde o sistema representativo liberal existia de há muito, onde era mais jovem e naqueles que pareciam caminhar em sua direção, depois da Guerra Fria.
RETROCESSOS – Neste último caso, a livre competição eleitoral, o controle recíproco dos Poderes e as liberdades públicas vêm sendo limitados, em maior ou menor grau, por setores que, alçados ao governo, se dedicam a solapá-lo. É o que ocorre na Rússia pós-soviética e nos países que outrora figuravam no mapa do socialismo real. E ainda, por outros caminhos, na Venezuela e na Nicarágua, onde o populismo autoritário foi gerado na esquerda.
Nas democracias mais antigas, o rumo das coisas pode ser outro. Bem ou mal, a extrema direita, incorporada ao livre jogo eleitoral, parece adaptar-se às regras do regime de liberdades. O caso da Itália, onde o populismo transitou várias vezes entre governo e oposição, é talvez o mais ilustrativo.
Não se exclui que, também no Brasil, a extrema direita, derrotada, se adapte às regras democráticas e delas se valha para avançar sua agenda, que será insanavelmente reacionária.
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P.S. – A discussão dos dilemas de nossa democracia perdeu uma voz ímpar, com a morte do sociólogo Luiz Werneck Vianna. Foi pensador original, intelectual público, democrata raiz, interlocutor instigante e amigo querido. (M.H.T.)
Matéria da esquerda limpinha é isso aí.
E daí!!!
A agenda boa é a da extrema esquerda, aquela do Holodomor.
Bom Artigo.
Clap, clap, clap!
Muito bem lembrado, Carlos Newton, a importância do intelectual, Luiz Werneck Vianna. Sociólogo e pesquisador da Ciência do Direito. Li o seu livro clássico: Liberalismo e Sindicatos.Um homem de múltiplos saberes.
A Extrema Direita no Brasil, explorada por Bolsonaro, está entrando num labirinto prejudicial só país, ao estimular a mistura de Política e Religião. A Bancada da Bíblia já conta com mais de 100 parlamentares.
Conseguiram aprovar uma mamata monumental: estão isentos da contribuição do ICMS e até do Imposto de Renda para os líderes religiosos. Governo, politica e religião são uma mistura explosiva.
Os resultados já se fazem sentir a quilômetros de distância, tal o fedor exalado.
Essa bancada da Bíblia, têm votado contra os direitos do trabalhador e do povo pobre, em 90% das cotações.
E pelo que vimos na manifestação golpista da Av. Paulista, se posicionaram a favor do governo de Israel, que massacra dia sim e dia não, a população palestina. Os terroristas são preservados. As vezes, fico pensando e não quero crer, que o objetivo do Exército israelense não são os terroristas e sim o extermínio da população terrorista.
Então, os seguidores de Bolsonaro, se enrolaram na bandeira azul e branca de Israel, na frente do verde e amarelo.
O surrealismo Brasileiro, virou uma moda satânica. É preciso libertar essa gente, para que voltam a seguir os mandamentos de Deus. Que estão desviados, há estão e muito.