E se Braga Netto tiver sido o grande mentor do golpe que não ocorreu?

Braga Netto coordena programa de governo de Bolsonaro | Política | Valor Econômico

Braga Netto se comportava como grande líder do golpe

Carlos Newton

Como os depoimentos ficam sob sigilo, a novela sobre o golpe que não houve, sem a menor dúvida, tende a se prolongar per secula seculorum, como diziam os latinistas. A investigação caiu no universo do chamado inquérito do fim do mundo, aquele que não acaba nunca, embora produza resultados, inclusive longas penas de prisão, absolutamente inconstitucionais, que já atingiram 116 cidadãos suspeitos de atos de vandalismo, sem haver provas materiais, mas quem se interessa?  

A imprensa abre enorme espaço ao assunto, que realmente é muito importante e atraente, por envolver grandes personalidades da República.

FALTA UM DEPOIMENTO – Aqui na Tribuna da Internet, apontamos a falta do depoimento do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército que evitou o golpe, e rapidamente a Polícia Federal supriu a lacuna, interrogando-o como testemunha e não como investigado.

Agora, cumprimos mais uma vez a obrigação de indicar que falta outro depoimento, desta vez do general Luiz Eduardo Ramos.

Ex-secretário de Governo e ex-ministro-chefe da Casa Civil, era o único companheiro da Academia Militar das Agulhas Negras que restara no governo.

Se há alguém que saiba das coisas, é o próprio Ramos, o mais próximo amigo que Bolsonaro tinha no Planalto e no governo, o único que o chamava de Jair. No entanto, ainda não foi ouvido nem mesmo como testemunha pela Polícia Federal.

SAINDO DE FININHO – Há poucos dias, o general Luíz Eduardo Ramos deu declarações dizendo que não se envolveu no golpe, jamais o apoiou, por isso não é investigado.

Ora, quem pode acreditar que Bolsonaro tramava um golpe de estado, mas seu ministro mais próximo, amigo íntimo desde a juventude, não estava envolvido? Pode até ser verdade, mas a Polícia Federal precisa conferir por que e como isso aconteceu, pois Ramos não se demitiu.

Só existe uma possibilidade. Ramos não se envolveu porque na realidade o golpe não estava sendo liderado por Bolsonaro, que estaria servindo de marionete nas mãos do general Braga Netto, que se comportava como verdadeiro líder da conspiração.

MUITO PARA FALAR – Na manifestação da Avenida Paulista, disse Bolsonaro: “Tenho muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas quero passar uma borracha. Já tivemos uma anistia no Brasil. Peço outra”, afirmou o ex-presidente.

Em tradução simultânea, Bolsonaro pode estar dizendo que o mentor do golpe era Braga Netto, que tencionava assumir o poder no Estado de Defesa, na condição de general de quatro estrelas, como era exigido na ditadura militar.

Diante dessa confusão desconcertante, é necessário ouvir o general Luiz Eduardo Ramos, porque Bolsonaro está embromando o depoimento, com medo de ser preso. E ser preso é justamente o que vai acontecer, caso Bolsonaro continue protegendo Braga Netto, conforme está ficando mais do que evidente.

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P.S. – Se realmente fosse amigo de Bolsonaro, o general Luiz Eduardo Ramos deveria se apresentar para depor e contar o que realmente aconteceu na transição do governo. Caso contrário, teremos de esperar o encerramento do inquérito do fim do mundo para saber o que houve. (C.N.)

7 thoughts on “E se Braga Netto tiver sido o grande mentor do golpe que não ocorreu?

  1. Convenhamos: O “deixado de lado” General GDias, TAMBÉM e primordialmente deve ser chamado para “CONFESSAR” sua visível e subversiva e INEXPLICÁVEL(injustificável) participação no evento, conforme flagrantes imagens divulgadas, deixando boquiaberta a classificada inteligência mundial!

  2. “longas penas de prisão, absolutamente inconstitucionais, que já atingiram 116 cidadãos suspeitos de atos de vandalismo…”???

    Nenhum, NENHUM!, desses “cidadãos” estavam ali para rezar a Deus ou para fazer turismo cívico. Todos esses cidadãos “do bem” mereciam/merecem ser penalizados com rigor.

    Ressalto que a Justiça, ao começar pelos criminosos “menores” – ainda assim criminosos -, pesou a mão na dosimetria das penas -, que deveriam/devem ser aplicadas com maior rigor aos chefões.

    Quanto ao “verdadeiro” idealizador do golpe abortado, quem sempre fez questão de aparecer como tal foi BROXAnaro. Não tendo, inclusive, pudor ou receio de defenestrar os três chefes das FA do seu (des)governo – d’uma única canetada!

    [Paro (quase) por aqui para o comentário não se alongar mais.]

    Nota:

    Continuo alimentando a Esperança de ver um Artigo desassombrado que faça justiça à Memória do músico Evaldo e do catador Luciano, assassinados covardemente por soldados sob as ordens de oficiais milicomilicianos BROXAnaristas.

  3. Me lembrei do filme Os intocáveis.
    E o general G. Dias?
    Os nossos Eliot Nes, nossos untouchables será que só vão procurar cadáver de afogado rio acima?
    A ‘Lei Seca’ está molhada.

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