Thomas Traumann
Veja
Duas pesquisas divulgadas na semana passada mostram que a aprovação do governo Lula caiu, a reprovação aumentou e o brasileiro está menos otimista com o futuro. Vamos começar com os números:
Na pesquisa Genial/Quaest, a aprovação caiu de 54% para 51% e a reprovação subiu de 43% para 46%. No Ipec, a aprovação à forma de Lula governar oscilou de 51% para 49% e a desaprovação de 43% para 45%. Nas duas Nas duas pesquisas, é o pior resultado do governo desde o início do mandato.
EVANGÉLICOS – No caso da Quaest, a queda está relacionada ao movimento dos eleitores evangélicos. A rejeição a Lula no segmento foi de 46% em agosto para 56% em dezembro e 62% nesta pesquisa de março. Historicamente resistentes a Lula e ao PT, os evangélicos pioraram suas opiniões sobre o governo depois das declarações de Lula contra Israel. 60% dos brasileiros consideram “exagerada” a comparação feita por Lula de Israel com Hitler. Entre os evangélicos, 69% criticaram a declaração.
A Quaest identificou ainda um mau humor com a economia, já detectada na pesquisa do Ipespe para a Febraban, divulgada depois do Carnaval. No último mês, 41% sentiram aumento nos combustíveis, 63% acharam que as contas subiram e 73% reclamaram da alta de preços nos alimentos.
Pela primeira vez neste mandato, a maioria dos brasileiros (38%) acha que a economia piorou nos últimos 12 meses, enquanto só 26% acham que melhorou.
BOTÃO DO PÂNICO – Olhando por partes, é possível ao governo Lula não apertar o botão de pânico. A derrocada na popularidade foi detectada em segmentos que tradicionalmente não são petistas e os índices gerais são sólidos.
Em tempo de polarização extrema, existem raros governos no mundo com maioria de aprovação. Como os preços de alimentos vão cair a partir deste mês com o início da colheita, um rearranjo na comunicação do presidente seria suficiente para estancar a queda.
A política brasileira, no entanto, não permite soluções simples, nem ingênuas. O problema do governo Lula é mais grave que uma alta sazonal de preços ou uma declaração estapafúrdia. Para muitos brasileiros, o governo efetivamente não parece ser bom o suficiente.
FUTURO INCERTO – Segundo a Quest, 34% dos brasileiros acham que o governo Lula é pior do que esperavam e somente 27% dizem que superou as expectativas.
O futuro também não parece animador. No Ipec, 43% acham que o governo está no caminho certo e 50% que está no caminho errado. 51% dizem que desconfiam de Lula e só 45% confiam no presidente.
A solução simples e ingênua seria culpar a comunicação. A complexa é entender que a oposição se reorganizou a partir do ato de Jair Bolsonaro em fevereiro em São Paulo e que o governo Lula precisa de uma agenda mais forte.
A manifestação bolsonarista mostrou que o poder de mobilização do ex-presidente segue intacto, apesar da possibilidade real de uma prisão. Mais importante: como Bolsonaro está fora da disputa de 2026, o ato deu partida à preparação de uma campanha que reúna as grandes forças antipetistas (evangélicos, agro, empresários, extrema direita) através de um nome que não tenha a mesma rejeição que Bolsonaro.
Se mantiver a base hard core bolsonarista sem a rejeição pessoal do ex-presidente, a candidatura da direita em 2026 fica extremamente viável.
Por último, mas não menos importante, há a própria responsabilidade de Lula. A sua lógica “não quero ministros com ideias novas” foi positiva para impedir a multiplicação de iniciativas estrambólicas, mas tornou o governo uma reedição de programas antigos. Em 15 meses, as únicas novidades foram as renegociações de dívidas (o programa Desenrola) e a poupança para estudantes de ensino médio (o programa pé-de-meia). É muito pouco.
SEM CONJUNTO – O ministério deste terceiro mandato não apenas é pouco criativo. Ele não tem unidade. Cada ministro trabalha para a sua base política ou seu partido. Não existe uma estratégia unificadora a não ser o interesse de todos de permanecer nos seus cargos.
A preferência de Lula pela agenda externa pode lhe dar satisfação pessoal, mas é um desastre na política doméstica. É humano ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva se compadecer com a matança em Gaza, mas o presidente precisa mostrar a mesma comiseração com os flagelados do Acre (sem comparar as duas situações de gravidades distintas).
Lula é o único grande político brasileiro que pode falar da miséria e suas tragédias a partir da experiência pessoal. Sua solidariedade nesses momentos não é falsa, é de quem já esteve na mesma situação da vítima. Afastar a agenda de Lula dos brasileiros mais pobres tem um custo até na expectativa que os eleitores fazem do seu governo. E é esta comparação entre expectativa e realidade que pode decidir a eleição de 2026.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – De repente, Lula entrou na berlinda. Enganou muito no primeiro ano, mas agora está mais difícil continuar enganando. (C.N.)
Não concordo quando fala da miséria. Esse cara não gosta de pobres. Lembrem-se quando Lula tratou uma criança negra. Esses caras governaram quase 20 anos, se quizessem, teriam mudada a história de muita gente.
Ele vem enganando faz muito tempo, como fez com os companheiros de cela na greve de fome, chupando balas paulistinhas.
…não tem caráter!
disse Chico Oliveira, fundador do PT
Há negativos e inconcebíveis “dendos”, em:
https://www.condsef.org.br/noticias/servidores-precisam-respeito-valorizacao-nao-fungada-cangote
Conjecturo que Lula, está tramando entregar a Petrobrás para seus patrões “khazarianos”(Rockfeller), tanto quanto o combinado com o comparsa e tb servil Maduro.
https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2024/03/6817128-petrobras-sofre-novas-perdas-e-planalto-defende-controle-sobre-estatal.html#google_vignette
Na economia, penso que o governo está no caminho certo. Tem é que ter mais cuidado quando se trata de costumes, de preferências por governos autoritários e ainda, envolver-se em questões polêmicas.