Bruno Boghossian
Folha
O chilique de Elon Musk é o pior ponto de partida para qualquer discussão sobre o poder do STF no controle das redes. A estatura moral, o compadrio político e os interesses empresariais fazem do bilionário um ator de baixa credibilidade nesse debate. O que desqualifica de verdade o dono do X, no entanto, são seus métodos e argumentos.
Assim que entrou na briga, Musk sacou uma arma habitual de sujeitos com delírios de grandeza e ameaçou descumprir decisões judiciais. Depois, o X apelou para a malandragem ao alegar que seu escritório no Brasil não tem poder de remoção de conteúdo, o que criaria embaraços a ordens de bloqueio na plataforma.
ENDEREÇO CERTO – Foi um desafio endereçado a Alexandre de Moraes e pensado para fazer barulho. Se a ideia era denunciar medidas consideradas abusivas, pode-se dizer que Musk conseguiu o que queria. Mas o comportamento do empresário também expôs mais uma vez a complacência de sua plataforma com delinquentes abrigados e promovidos pelo X.
Autoproclamado “absolutista da liberdade de expressão”, Musk permite e tira proveito das distorções desse princípio caro às sociedades democráticas.
O X se beneficiou de ações orquestradas capazes de criar riscos reais, como campanhas contra a vacinação e mobilizações golpistas —que deveriam merecer um controle mais rigoroso do que garantias individuais de manifestação.
DEPENDE DO LADO – Musk é mais ou menos absolutista dependendo de quem está do outro lado. Em fevereiro, o governo da Índia determinou a suspensão de contas no X. A rede publicou quatro parágrafos com um polido questionamento à decisão. O bilionário, que já disse ser fã do primeiro-ministro populista Narendra Modi, não chamou ninguém de ditador.
O histórico da plataforma e as atitudes de seu dono contaminaram o que poderia ser um justo protesto contra a extensão e a duração dos bloqueios determinados por Moraes.
Se Musk tem um mérito na história é mostrar que a lista desses alvos é, na prática, uma caixa-preta.
O último parágrafo diz tudo.
E não é um mérito pequeno, é todo mérito! Ou como se fala hoje em dia, é a questão raiz.
O método de desqualificar o oponente é mais manjado que umbigo de vedete, como se dizia antigamente.
Do exposto resta a convicção que se trata de mais um devoto daquele experimento.
Um é o bandido e o outo é o mocinho, a ideologia carimba o que lhe é favorável.
Com certeza o Articululista Folhista não fez o “Elon”….