Pedro do Coutto
Os ataques do deputado Arthur Lira ao ministro Alexandre Padilha ganharam contornos de comédia, levando o presidente Lula a dizer nesta sexta-feira que o ministro das Relações Institucionais permanecerá no cargo “só por teimosia”. A fala do presidente acontece após críticas feitas pelo presidente da Câmara que chamou Padilha de “incompetente” depois de ser questionado por jornalistas sobre a votação na Câmara que manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão.
Nos bastidores, parlamentares dizem que Lira ficou contrariado com o que considerou ser uma interferência do governo, sobretudo de Padilha, na análise pela Câmara da situação de Brazão. Padilha disse, publicamente, que o governo orientaria pela manutenção da prisão. Em um evento no Rio de Janeiro, o ministro de Lula se defendeu. Questionado sobre a fala de Lira, Padilha disse que não desceria “a esse nível” e que seguirá atuando sem “rancor”.
ATO – “O único ato que fizemos durante a votação desse tema foi afirmar que o governo defendia a prisão desse parlamentar que [foi preso], a partir de um processo de investigação de seis anos, com uma atuação forte do ministro Flávio Dino e do ministro Ricardo Lewandowski no governo do presidente Lula”, disse Padilha.
Paralelamente, a declaração de Lula em defesa de Padilha, dada durante a inauguração da sede da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, em São Paulo, deixa clara uma desarticulação entre as forças políticas. Governistas têm receio de que a crise entre Padilha e Lira atrapalhe a votação de propostas de interesse do Executivo
Apesar de vitorioso em votações, como acabou sendo no caso do deputado Chiquinho Brazão, o Planalto não está numa situação confortável em relação à maioria no Congresso. Os problemas fundamentais estão sendo esquecidos enquanto os confrontos se deslocam para o campo do humor.