Cézar Feitoza e Julia Chaib
Folha
O ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, completou oito meses preso e acumula derrotas no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Dois pedidos de soltura já foram negados pelo ministro, e a defesa de Vasques apresentou uma nova petição para a saída do ex-diretor da Papuda no último dia 17, sob o argumento de que a prisão por tempo indefinido é ilegal.
A prisão preventiva por longos períodos, sem apresentação de denúncia, foi prática da Lava Jato retomada por Moraes —e criticada por advogados. Procurado por meio da assessoria de imprensa do tribunal, Moraes não respondeu.
INVESTIGAÇÃO – Os reveses no Supremo se dão em um inquérito sigiloso que investiga Silvinei e outros membros do governo Jair Bolsonaro (PL) por suposta interferência nas eleições de 2022.
A principal linha de investigação é que Silvinei tenha usado a estrutura da PRF para realizar blitzen no segundo turno das eleições com foco em estados do Nordeste, nos quais Lula (PT) teve mais votos que Bolsonaro.
Na nova petição em que pede a soltura de Vasques, a defesa do investigado diz que não faz sentido o argumento de que o ex-diretor da PRF deve permanecer preso para evitar que ele “influencie no ânimo das testemunhas”.
COMPARAÇÃO – Os advogados chegam a comparar a situação de Vasques à de Bolsonaro, também investigado. “Se o argumento fosse válido, a Polícia Federal teria pedido a prisão do ex-presidente da República pelo mesmo fundamento. Isso porque se o requerente poderia influenciar no ânimo de alguma testemunha, mesmo sendo pobre e um mero servidor público aposentado, com muito mais razão poderia o ex-presidente.”
O Código de Processo Penal estabelece que a prisão preventiva pode ser decretada por juiz no meio de uma investigação se comprovada a existência de crime e se a restrição à liberdade for importante para garantir a ordem pública ou econômica, para a conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.
A Polícia Federal argumentou, no pedido de prisão, que o objetivo de manter Vasques sem liberdade seria permitir que a “produção de elementos probatórios possa ocorrer de forma clara, precisa e eficaz, sem qualquer interferência do mesmo em sua produção, sendo mais que conveniente, de suma importância para a instrução criminal”.
NOVAS DILIGÊNCIAS – Alexandre de Moraes, em resposta, disse que as condutas atribuídas ao ex-diretor são “gravíssimas” e que novas diligências seriam “imprescindíveis para a completa apuração das condutas ilícitas investigadas”.
“[Os fatos] Comprovam a necessidade de custódia preventiva para a conveniência da instrução criminal”, afirmou.
A investigação da PF sobre Silvinei Vasques está em fase final. A corporação negociou ao menos duas delações premiadas no inquérito —entre elas há colaboração de policiais federais que trabalhavam com o ex-ministro Anderson Torres, segundo fontes com conhecimento do assunto.
MAPEAMENTO – Um dos elementos em análise pela PF é um mapeamento com o nome das cidades em que Lula recebeu mais de 75% dos votos no primeiro turno. Este levantamento foi encontrado no celular de Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça. Investigadores viram relação entre a planilha achada e as cidades que tiveram barreiras da PRF durante o pleito.
Silvinei Vasques passou por um período de depressão na Papuda após ser preso. Ele perdeu mais de dez quilos e, com doença celíaca, passou a ter problemas de saúde que o fizeram trocar de setor no presídio, para ficar mais próximo de consultórios médico e de psicologia.
No mês passado, Silvinei Vasques e outras sete pessoas foram denunciadas pelo MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro sob acusação de fraude na compra de veículos blindados para a PRF.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A prisão é totalmente ilegal, mais um chilique de Moraes, cuja equipe parece ser muito fraca. O levantamento das eleições mostra que, percentualmente, houve mais blitzen da Polícia Rodoviária em Santa Catarina, onde Bolsonaro ganhou a eleição, do que nos estados do Nordeste, onde perdeu. No entanto, Moraes jamais se interessou por esse detalhe importante, que a defesa de Silvinei também parece desprezar. Mas quem se interessa? (C.N.)
Prisões preventivas por longo tempo, sem motivos concretos fundamentados previstos nos códigos penais, devem ser criticadas e contestadas sempre.
A defesa de Vasques questiona os motivos da prisão e chega a comparar a situação do réu à dinâmica dos processos que correm contra Bolsonaro. No pedido, os advogados dizem que se a justificativa da Polícia Federal (PF) para manter Vasques preso é evitar interferências na produção de elementos probatórios.
Os advogados do detento Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ingressaram nesta segunda-feira com mais um pedido para que o relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), libere o suspeito de cometer uma série de crimes contra a democracia. Vasques está detido desde 9 de agosto do ano passado e já teve dois requerimentos de liberdade negados.
Ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasquez foi preso preventivamente em Florianópolis
Ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasquez foi preso preventivamente em Florianópolis
A defesa de Vasques questiona os motivos da prisão e chega a comparar a situação do réu à dinâmica dos processos que correm contra Bolsonaro. No pedido, os advogados dizem que se a justificativa da Polícia Federal (PF) para manter Vasques preso é evitar interferências na produção de elementos probatórios, então o mesmo critério deveria ser aplicado ao ex-presidente.
Se o argumento fosse válido, a Polícia Federal teria pedido a prisão do ex-presidente da República pelo mesmo fundamento. Isso porque se o requerente poderia influenciar no ânimo de alguma testemunha, mesmo sendo pobre e um mero servidor público aposentado, com muito mais razão poderia o ex-presidente”, dizem os advogados, na petição.
A questão da aposentadoria de Vasques, citando o caso de coronéis da Polícia Militar do Distrito Federal, soltos sob o argumento de que estariam aposentados e não teriam influência sobre subordinados, também é citada no pedido. Os advogados argumentam que, da mesma forma, Vasques não teria capacidade de influenciar o curso das investigações.
O pedido ainda aguarda resposta do ministro Alexandre de Moraes, sem prazo definido para decisão.
Eis acima , um verdadeiro exemplo de ” dois peso e duas medidas ” , sendo que o subordinado esta preso desde Agosto 2023 , enquanto que o seu chefe e patrão , o ex- presidente jair messias bolsonaro , esta livre , leve e solto debochando e caçoando das instituições e do povo Brasileiro , usufruindo dos produtos de seus crimes , e por que a ” Polícia Federal ” até hoje não pediu a prisão preventiva do ex-presidente jair bolsonaro , ele sim é quem deveria estar preso e não seus subalternos .