Ministros se escondem atrás da imagem do Supremo para não aceitar as críticas

Por que o STF (se é supremo) tem causado tanta repulsa popular? - Quora

Charge do Custódio

J.R. Guzzo
Estadão

O Supremo Tribunal Federal (STF) sustenta, há anos, que é vítima de perseguição da direita brasileira e, nesses últimos tempos, da direita mundial. Construíram e colocaram em circulação a doutrina segundo a qual o STF é maior produtor líquido de democracia no Brasil. Simetricamente, todos os que fazem críticas à sua conduta são conspiradores dedicados a impor uma ditadura no país, liquidar as instituições e deter o chamado “processo civilizatório”.

Podem até não ser conscientes do que fazem, mas são todos “golpistas”, “fascistas”, “bolsonaristas” – enfim, inimigos da democracia que se disfarçam por trás de sua hostilidade ao Supremo para destruir o estado democrático de direito no Brasil.

TUDO É “ATAQUE” – Não ocorre ao STF, nunca, que pelo menos uma parte da indignação causada pelo mais alto tribunal de justiça do Brasil junto à opinião pública não se deve às suas decisões – mas sim aos atos objetivos que os ministros praticam. Classificam absolutamente tudo, seja lá qual for a crítica, como “ataques ao Supremo”. É falso.

O que acontece é que os ministros se comportam mal, e se escondem por trás da imagem do STF como “defensor perpétuo” da democracia para não ter de responder pelo que fazem. É o que está acontecendo, mais uma vez. Três ministros, ao mesmo tempo, fazem uma viagem a Londres e não explicam quem pagou suas despesas. O que isso tem a ver com democracia? Nada, mas eles se acham vítimas de mais um “ataque”.

Por este critério, o STF promove a si próprio à condição de infalível, e seus ministros a um estágio superior ao de todos os demais seres humanos vivos no momento no planeta Terra – nem um nem outro podem ser julgados, jamais, pelo seu comportamento.

CARDUME INTEIRO – No caso de Londres, a deformação fica especialmente agressiva. É impossível entender, em primeiro lugar, porque três ministros, fora de seu período de férias, precisam ir a Londres para fazer uma palestra para brasileiros e sobre questões do Brasil.

Fica ainda mais incompreensível que tenham sido acompanhados por um cardume inteiro de peixes graúdos do alto judiciário: cinco ministros do STJ, um do TSE, o procurador-geral, o advogado-geral. Levaram até o diretor da Polícia Federal. Para que isso tudo?

Mas o pior é quando se vai ver quem pagou as contas – e essas contas incluem hotel com diárias de R$ 6.000 para os ministros. A tentativa de esconder foi inútil. A imprensa ficou sabendo a identidade de pelo menos dois dos financiadores: o Banco Master e a antiga companhia de cigarros Souza Cruz, hoje de volta ao nome da matriz, a British-American Tobacco.

CAUSAS PENDENTES – As duas empresas têm uma penca de causas em julgamento no STF e no STJ – só o Banco Master, e só no STJ, tem 27 processos pendentes.

Existe alguma possibilidade de acontecer uma coisa dessas em qualquer supremo tribunal do mundo civilizado? Não, não existe nenhuma.

Fica então a pergunta final: porque dar essas informações e falar deste assunto seria colaborar com o “golpe de Estado da direita”, que, segundo os ministros, estaria em andamento?

3 thoughts on “Ministros se escondem atrás da imagem do Supremo para não aceitar as críticas

  1. Pode ter tido uma imagem em uma certa época. Hoje os caras do stf, são iguais aos vampiro que não formam uma imagem num espelho

  2. Dentro dos padrões focalizados, minhas postagens aqui na Tribuna se configuram como um golpista descarado que só pensa em ditadura que solapa a democracia.
    Diante do exposto declaro que não pretendo me suicidar com treze facadas nas costas.

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