Pesquisa mostra como os eleitores distribuem a culpa por desastres naturais

Garota é resgatada em área de alagamento em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul

Tragédia da natureza não é responsabilidade de ninguém

Bruno Boghossian
Folha

Depois do furacão Katrina, pesquisadores mediram como os americanos distribuíam a culpa pela tragédia. O levantamento mostrou que o eleitor jogava mais responsabilidade em políticos do partido adversário, mas fazia acusações mais ponderadas quando tinha informações sobre o papel de cada autoridade.

A análise pode explicar como operam o partidarismo, a propaganda e a desinformação. Os cientistas políticos Neil Malhorta e Alexander Kuo apontaram que, nesses casos, o eleitor não faz uma avaliação totalmente objetiva, mas também não é uma vítima cega de suas paixões políticas.

RESPONSABILIZAÇÃO – A pesquisa mostrou que eleitores democratas tinham probabilidade 75% maior de culpar autoridades republicanas, como o presidente George W. Bush. Republicanos atribuíam responsabilidade a seus correligionários com frequência 48% menor.

Eleitores que consideravam o Katrina um evento “pessoalmente importante” eram menos contaminados por filiações partidárias. Aqueles que apontavam uma relevância pessoal menor na tragédia tinham mais chances de culpar seus adversários.

O ranking de culpados mudava quando o entrevistado recebia informação sobre o cargo de cada autoridade. Democratas batiam menos em Bush, e republicanos miravam com mais intensidade o diretor da agência de gerenciamento de emergências, Michael Brown (republicano).

DEBATE MANIPULADO – Os dados ilustram as atitudes da população em desastres, mas também são úteis para entender como o debate público pode ser manipulado para atingir objetivos políticos.

Distorções e desinformação, por exemplo, são armas ideais para esconder responsabilidades, ativar o partidarismo e confundir as atribuições de diferentes autoridades.

Por outro lado, quando a população tem informações corretas sobre a atuação de seus políticos, ela é capaz de fazer um julgamento um pouco mais equilibrado. O governador gaúcho, Eduardo Leite, disse que “não é hora de procurar culpados”. Tudo indica que o eleitor saberá fazer isso no tempo certo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Criticar depois de acontecer é bem mais fácil… De toda forma, é triste ficar sabendo que a Lagoa dos Patos fica acima do nível do mar e só inundou Porto Alegre porque seu sistema de vazão para o oceano é mínimo e não dá conta. Sinceramente, ampliar o sistema de vazão é obra da maior simplicidade e de baixo custo. Mas quem se interessa? (C.N.)  

13 thoughts on “Pesquisa mostra como os eleitores distribuem a culpa por desastres naturais

    • Quem nesse País está preocupado com o povo. Chico Anysio foi um gênio e criou diversos bordões. Um é bem clássico ele dizia “Quero que o povo se exploda”, é isso que nossas autoridades querem. Quando o povo desaparecer eles terão tranquilidade.

  1. Quem se interessa?
    Caro CN, digo ninguém, pois justamente porque é simples e de custo baixo, fica ruim para o mechanismo, os empreiteiros e as mamatas.
    Obra boa é a cara e “difícil “.

  2. Concordo com você, Carlos Newton.
    A tragédia teve um componente hidrológico: A Lagoa dos Patos.
    Essa Lagoa tem 265 kilometros, mais da metade do trajeto Rio São Paulo.
    A vazão das Lagoas, a caminho do mar é sempre muito lento.
    Todos os Rios do Sul desembocam no Rio Guaíba e depois vão para a Lagoa dos Patos.
    O final da Lagoa tem uma passagem estreita. Quando a maré está alta, as águas não desembocam no oceano.

    As obras de Engenharia deveriam focar nessa dificuldade. É o primeiro passo para impedir, que essa tragédia não se repita.

    Outra obra necessária, seria aumentar os diques, construídos na altura de cinco metros, principalmente em torno de Porto Alegre e São Leopoldo.
    Todos os diques do RS foram ultrapassados por causa do volume gigantesco das águas.

    • Há “dendos”, em:
      “Como os Furacões Katrina, Ofélia e Rita Fizeram Avançar a Futura Ditadura — Assinaturas Ocultistas Provam Que as Tempestades Foram Planejadas Como Fases de um Mesmo Evento
      Embora o furacão Rita tenha enfraquecido e não tenha causado o nível de dano originalmente esperado, ele se uniu ao Katrina e ao Ofélia para fazer avançar a vindoura ditadura. O governo federal nos EUA se fortaleceu após a ocorrência desses três furacões. Além disso, pelo menos sete outros objetivos foram alcançados ou avançados.” https://www.espada.eti.br/n2078.asp

  3. Abrólhos!
    “Como Pode o Homem Controlar o Clima Se Deus Criou os Céus e a Terra e Reservou Essa Capacidade Para Si Mesmo?”
    “A expressão “foi-lhe dado poder” aparece cinco vezes no Apocalipse referindo-se ao Anticristo — a chave para nossa compreensão.”
    https://www.espada.eti.br/n2071.asp

  4. Quanto a nota de CN sobre a solução para a cheia do Guaíba, há um detalhe importante e fundamental. O pequeno desnível entre os dois mananciais. Tanto é que a lagoa dos patos somente aumenta o seu nível após dias do ocorrido no Guaíba. Portanto, mesmo que a largura da ligação entre a lagoa dos patos e o mar aumente, o problema em Porto Alegre permaneceria.

    • Desculpe, José Vidal, você tem todo direito de discordar de tudo o que eu escrevo, mas tente não levar isso ao paroxismo, quando eu estiver dizendo o óbvio. Fica parecendo que você está de implicância, como se dizia antigamente.

      Entre reservatórios de água, por exemplo, só existe uma teoria – os vasos omunicantes. Assim, quanto mais pontos de escoamento houver, mas rápido a água escoará. Foi isso que escrevi.

      Repare que eu sou como o Lula e escrevo muita bobagem, mas geralmente estou apenas citando a lei ou a regra científica.

      Abs.

      CN

  5. Aqui na capital dos paranaenses temos o principal cartão postal da cidade, conhecido como Parque Barigui, quando concebido lá nos anos 70 deveria ser um reservatório, mas nunca o foi. Diversas vezes o lago foi dragado mas volta logo a ter uma lâmina d`água de pouco centímetros, e a cada chuva mais forte ele transborda. Como há poucas mansões a sua volta os danos são mínimos, e é assim que se trata deste assunto, as enchentes que são uma realidade, que resistem a todo tipo de demagogia.

  6. Alexandre, o Magno, teria declarado em seu leito de morte, “estou morrendo nas mãos dos melhores médicos do império”.
    Lá como cá existe especialistas para qualquer problemática, e sempre chegam com abalizadas solucionáticas.

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