J.R. Guzzo
Estadão
A neurose permanente que perturba a vida pública atual está colocando em circulação mais uma ideia suicida – o grande problema do Brasil, segundo o regime em vigor, é o povo brasileiro. É esse povo que elege os integrantes do Congresso Nacional e, na opinião do governo Lula, não há nada pior do que “esse Congresso que está aí.”
Existem nele, por sua visão das coisas, duas doenças terminais. A primeira é que há 350 deputados infiéis entre os 513 que formam a Câmara. A segunda é o conceito de que os representantes do povo representam o povo. Como o povo brasileiro está errado, quer coisas erradas e vota errado, acaba por eleger o Congresso errado – e isso atrapalha o “projeto de país” do consórcio Lula-STF-etc.
ELEITOR NÃO QUER – A população não entende os benefícios que “o processo civilizatório” do sistema quer impor a ela – por exemplo, as “saidinhas” de criminosos da prisão, a punição com cinco anos de cadeia para os acusados de “fake news”, o aumento das terras indígenas e por aí afora. Mas o Congresso, em geral, entende, e muito bem, o que o eleitor não quer. Acaba nesse tipo de surra que o governo levou na semana passada.
Como os militantes do regime não conseguem admitir que suas derrotas no plenário tenham alguma relação com os atos que praticam, acabam achando que a culpa de tudo é “deles”. São “eles” que estão errados, e são “eles” que teriam de mudar.
Como “eles” não mudam, o governo se abandona a um estado de irritação neurastênica com o público pagante. Não pode, é claro, dizer isso na cara de todos. Diz então pelas costas – ou seja, acusando o Congresso de ser o lobisomem do Brasil de hoje.
EXTREMA-DIREITA – O crime inafiançável da maioria dos deputados e senadores atuais é ser de “extrema direita” – a direita simples, na sua opinião, nem existe mais. O sujeito oculto da frase é que, sendo de direita, são contra a democracia, e sendo contra a democracia não podem estar no Congresso.
Não existe nenhuma lei no Brasil que proíba o cidadão de ser de direita – e nem de esquerda, ou de centro. Mas, no pensamento oficial vigente, trata-se de uma tara política que não tem cura possível. Ela faz os direitistas usarem as eleições para serem eleitos e, uma vez eleitos democraticamente, usarem a democracia para “acabar com a democracia”.
O Congresso Nacional, no mundo das realidades, não é de “direita”, nem bom e nem ruim – é o que a população brasileira, através de eleições, quer que seja. Tem o Partido Ruralista, o Partido Evangélico, o Partido da Polícia; tem, também, a Frente Nacional de Lutas Contra o Erário. É o retrato do Brasil, não o da Suécia. Se não está bom assim, vão ter de trocar de povo.
Bela democracia, por fora bela viola por dentro pão bolorento, coitado do povo, só leva fumo, é o último que fala e o primeiro que leva a pior, e agora mais essa, tornou-se a besta do apocalipse eleitoral, face a um monopólio eleitoral que nem sequer é dele, como deveria ser em sendo a Democracia o poder e governo do povo para o povo, como é nos EUA, pelo menos no quesito monopólio eleitoral, daí as candidaturas avulsas, e o voto não obrigatório, ao passos que aqui no Brasil o monopólio eleitoral é dos donos de partidos que impõem goela abaixo seus nomes a serem chancelados pelo coitado do povo nas urnas, com os derrotados argumentando que “cada povo tem o governo que merece”, como se tivesse sido o povo que tivesse montado a chapa dos vencedores e não os donos de partidos. Por tudo isso e muito mais, em verdade eu vos digo, hermanos, na Democracia Direta, com Meritocracia, existe um novo mundo de verdade, bem melhor do que tudo isso que aí está, há 134 anos (golpes, ditaduras e estelionatos eleitorais…), com prazo de validade vencido há muito tempo.
O problema de Loola é ser Loola, está difícil para um pilantra continuar a posar de bom moço e salvador dos pobres.
Não há mal que sempre dure, até para as consciências mais obtusas existe um limite.