“Não faça isso, Brasil!”, alerta Robin Brooks, sobre Banco Central e gastos 

Charge do JCaesar | VEJA

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Leandro Manzoni
Investing.com

O ex-economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, se tornou uma figura constante na comunidade de investidores no X (ex-Twitter), conhecida como Fintwit. Brooks é um entusiasta dos crescentes e constantes superávits comerciais proporcionado pelas commodities, fazendo projeção de uma taxa de câmbio justa de R$ 4,50 e classificando a economia brasileira como “Suíça dos trópicos”.

Nos últimos dias, porém, as postagens de Brooks são mensagens de alerta, para que o cenário projetado pelo economista se concretiza. “Não faça isto, Brasil”, finaliza Brooks em uma postagem no qual recomenda à manutenção da independência do Banco Central e a busca pelo equilíbrio fiscal.

CRÍTICAS DE LULA – O pano de fundo são as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central (Bacen), Roberto Campos Neto, que também indicam um provável perfil do indicado para sucedê-lo no comando da autoridade monetária a partir de janeiro de 2025.

Lula não está de acordo com a manutenção da taxa Selic em 10,5% decidida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 19 de junho, além de sua equipe econômica não apresentar um programa de corte de gastos que elimine os déficits primário e nominal e acabe com a trajetória altista da dívida pública.

As falas de Lula nos últimos dias apontaram, pelo contrário, uma busca pela continuidade no ajuste fiscal pelo lado da receita, já esgotado nos primeiros 18 meses de seu terceiro mandato.

POLÍTICA ERRADA – Na avaliação do Copom, a política fiscal expansionista, juntamente com uma atividade econômica e mercado de trabalho aquecidos acima das projeções, é o que está deteriorando a expectativa de inflação para 2025 e 2026 acima da meta de 3% ao ano.

Além disso, os investidores têm receio de que o próximo presidente do Banco Central, que será indicado por Lula, possa ser leniente com a inflação e faça vista grossa com os déficits fiscais, mantendo uma taxa de juros artificialmente baixa para contemplar o Palácio do Planalto, o que tiraria, na prática, a autonomia do Banco Central estabelecida em uma lei aprovada pelo Congresso brasileiro em 2021.

“A Turquia é um conto de alerta para Brasil”, afirma Brooks ao comparar as possíveis intenções do atual governo brasileiro com que o governo turco, sob a liderança do presidente Recep Tayyip Erdogan, fez em março de 2021 ao demitir o presidente do Banco Central do país para forçar um corte nas taxas de juros.

EXEMPLO DA TURQUIA – “O que se seguiu foi um colapso da lira [moeda turca], hiperinflação e a taxa de juros da Turquia é atualmente muito maior do que seria sem esse experimento”, avalia o economista.

“O Banco Central do Brasil é a âncora da estabilidade, trazendo a inflação [do Brasil] ao nível dos países desenvolvidos”, diz Brooks, criticando a fala de Lula de querer “um presidente do Banco Central que não pensa nos mercados”.

“A maior âncora de estabilidade não é nem [o ex-presidente Jair] Bolsonaro nem Lula, é um banco central forte e independente. Se começa a desmantelar, tudo isso desmorona…”, prossegue o economista em outra postagem.

SUÍÇA DOS TRÓPICOS – Em meio às críticas ao presidente Lula, Brooks faz recomendações para que o Brasil realmente se torne a “Suíça dos trópicos”, abordando que a economia do país é um exemplo de “contração fiscal expansionista”.

“O caminho para um crescimento maior do Brasil não é pela expansão fiscal e mais dívida. Brasil já tem a maior taxa de juros dos títulos de 10 anos entre as economias emergentes. Se o Brasil reduzisse sua dívida, taxas de juros cairiam e a economia teria um boom. Uma contração fiscal expansionista…”, avalia Brooks, que aponta ser essa uma oportunidade à economia brasileira ao invés de focar esse quadro como um problema.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGEnviada por José Guilherme Schossland, a matéria mostra como é fácil um presidente idiota transformar o Brasil numa gigantesca Argentina. (C.N.)

6 thoughts on ““Não faça isso, Brasil!”, alerta Robin Brooks, sobre Banco Central e gastos 

  1. Sr. Newton,

    Aproveitando a deixa , o Ladrão volta a abrir sua boca imunda

    Dólar volta a subir e bate R$ 5,70 em dia de nova crítica de Lula ao BC; Bolsa oscila

    Fora, Ladrão.!!!

  2. Claro e o que o investidor quer? Superávits comerciais obtidos pela exportação de commodities, mas uma “contração fiscal expansionista”? Tá bem, uma receita aos investidores financeiros? Quer que o Brasil fique condenado a exportar produtos primários, f …. com os mais necessitados para que sobre dinheiro aos especuladores financeiros?

    Essa da mídia dizer que as falas de Lula é que desvalorizam o Real perante o dólar, chega a ser cômico, para não dizer que é algo sem vergonha.

  3. O interesse de Campos Neto pela alta do dólar:
    O governo luta no Congresso para aprovar a cobrança de Imposto de Renda sobre os lucros de fundos exclusivos e de empresas sediadas no exterior, geralmente em paraísos fiscais, as chamadas offshores, mas esbarra nas resistências de sempre. Compreende-se: os negócios na mira são coisas de milionários. A equipe econômica estima que os fundos e as offshores guardem 1,5 trilhão de reais em nome de 62 mil brasileiros, média de 24 milhões de reais por titular. Entre esses abonados está o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
    O economista carioca de 54 anos construiu uma sólida carreira de financista antes de chegar ao BC pelas mãos de Jair Bolsonaro, em 2019. Havia trabalhado na década de 1990 no banco ­Bozano Simonsen, depois juntou-se à equipe do espanhol Santander por 17 anos, em dois períodos diferentes (de 2000 a 2003 e de 2006 a 2018), conforme o currículo enviado ao Senado à época de sua indicação para o cargo. A papelada informava ainda que *Campos Neto possuía quatro offshores: Peacock Asset, COR Asset, ROCN e Darling Corp. Todas em paraísos fiscais. A primeira, nas Bahamas, as demais, nas Ilhas Virgens.*

    https://www.cartacapital.com.br/carta-capital/dois-lados-do-balcao/

  4. Roteiro para o MP de Contas investigar Campos Neto, por Luís Nassif
    O primeiro passo do MP de Contas seria investigar as circunstâncias desse anúncio antecipado de Campos Neto. Para tanto, deveria ouvir diretoria e equipe técnica do banco.

    Depois, analisar o cenário econômico naquele momento e os argumentos invocados por Campos Neto. E comparar com as projeções e análises de outros bancos centrais, especialmente de países emergentes.

    O segundo passo será abrir os dados da Pesquisa Focus e identificar quais as instituições apostaram em 8% de inflação nos próximos meses. É uma projeção totalmente descabida, com o claro propósito de influenciar a formação das médias do Focus e a definição da taxa Selic.

    Para reforçar as investigações, poderia recorrer a gráficos que mostram que a especulação com o real começou entre operadores brasileiros. Há boas análises de economistas estrangeiros apontando para esta manobra.

    Finalmente, investigar as operações de taxa futura e de juros e de câmbio nos últimos dias. Há claramente uma corrida contra o real. O segredo está em identificar quem deu início à corrida e cobrar explicações.

    https://jornalggn.com.br/coluna-economica/roteiro-para-o-mp-das-contas-investigar-campos-neto-por-luis-nassif/

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