Trump chama Kamala de ‘comunista’ e isso mostra que ele está preocupado

A imagem mostra um homem em um terno escuro com uma gravata vermelha, gesticulando com a mão direita enquanto aponta para frente. Ao fundo, há várias bandeiras dos Estados Unidos dispostas em fileiras, criando um efeito visual marcante.

Trump perde a linha e chama Kama de “comunista”

Paul Krugman
Folha/(NYT)

Donald Trump tem usado uma palavra feia para descrever a vice-presidente Kamala Harris. Não, não estou falando de chamá-la de “vadia” em particular, embora ele supostamente faça isso. Estou falando de “comunista”, um insulto ecoado por alguns de seus aliados. Por exemplo, Elon Musk em uma postagem no X, declarou “Kamala é literalmente uma comunista”, demonstrando, entre outras coisas, que ele literalmente não sabe o significado de “literalmente”.

Agora, Harris obviamente não é comunista. Então, por que Trump diz que ela é? Bem, a tática de acusar alguém de ser comunista, assim como a de usar questões raciais —que Trump também faz em relação a Harris— faz parte da tradição política americana. Por exemplo, no início de sua carreira política, Ronald Reagan participou da Operação Coffee Cup, um esforço para convencer os eleitores de que o seguro de saúde governamental, na forma do Medicare, destruiria a liberdade americana.

POLÍTICAS SOCIAIS – Também é verdade que o discurso político americano carece de um termo amplamente aceito para pessoas que não acreditam que o governo deva controlar os meios de produção, mas que acreditam que devemos ter políticas para limitar a desigualdade econômica e prevenir dificuldades evitáveis.

Para encontrar tal termo, é necessário ir a países europeus onde era importante distinguir entre partidos que apoiavam uma forte rede de segurança social e partidos comunistas, que não eram a mesma coisa. Nesses países, políticos como Harris, que apoiam uma economia de mercado livre com uma robusta rede de segurança social, são conhecidos como social-democratas.

A questão é que a social-democracia não é uma posição radical. Pelo contrário, tem sido a norma por gerações em todas as nações ricas, incluindo a nossa.

ASSISTÊNCIA MÉDICA – É verdade que a rede de segurança social dos Estados Unidos é menos abrangente do que as da Europa Ocidental. Mesmo assim, temos um sistema universal de aposentadoria, a Seguridade Social, e assistência médica universal para idosos, o Medicare. O Medicaid, que fornece assistência médica para americanos de baixa renda, cobre cerca de 75 milhões de pessoas. Cerca de 7 milhões são cobertos pelo CHIP, o Programa de Seguro de Saúde Infantil. A Lei de Cuidados Acessíveis subsidia a assistência médica para milhões mais. E assim por diante.

Além disso, esses programas têm um apoio público esmagador. Pelo menos três quartos dos eleitores registrados têm uma visão favorável da Seguridade Social, do Medicare e do Medicaid. A ACA era impopular quando foi promulgada, mas agora tem 60% de aprovação.

Se você acredita que o governo não deveria apoiar os idosos e pagar pela assistência médica de muitos americanos, essa é uma posição filosoficamente defensável. E certamente há ativistas na direita política que consideram praticamente toda a expansão do papel do governo desde o New Deal ilegítima. Mas eles têm muito pouco apoio fora de sua bolha ideológica.

PERIGOS DA VIDA – Até Friedrich Hayek, que os libertários adotaram como seu patrono intelectual, reconheceu que não há razão “por que o estado não deveria ajudar a organizar um sistema abrangente de seguro social para prover contra aqueles perigos comuns da vida contra os quais poucos podem fazer provisão adequada.”

O que nos traz de volta a Harris. Ela é uma social-democrata que favorece programas governamentais que mitigam a dureza de uma economia de mercado —mas quase todos os democratas, a maioria dos americanos e, quer percebam ou não, muitos republicanos também são assim.

Ela quer expandir a rede de segurança social, especialmente para famílias com crianças, mas o conjunto de políticas que ela apoia não representaria uma mudança fundamental no papel do governo. Ela já defendeu um sistema de saúde de pagador único, mas desde então recuou dessa posição, e se você acha que um sistema de pagador único é uma ideia radical e antiamericana, o que você acha que é o Medicare? 

9 thoughts on “Trump chama Kamala de ‘comunista’ e isso mostra que ele está preocupado

  1. Sinceramente não dou a mínima para o que vai ser melhor pro estadunidense, aliás quero que eles se danem.
    Se o outro candidato for menos pior pro resto do mundo, então ele terá minha torcida.

  2. Fakenews do Trump. O comunismo não existe nos EUA e no mundo, nem a China pode-se dizer, que é um país capitalista. A China se tornou o segundo maior país capitalista do Globo terrestre.

    Rússia, é numa ditadura comandada por Putin aliás, que é amigo do Trump, que agradece o russo, por ter ajudado a hackear as redes sociais de Hilary Clinton e expor a candidata democrata, que acabou perdendo para o ogro golpista e sonegador de impostos, alem de misógino declarado.

    Só sobrou Coreia do Norte e Cuba, duas ditaduras falidas, que não têm nada de comunismo.

    Trump está desesperado com a candidatura de Kamala Harris e tenta colar todo tipo de grosseria contra ela:
    Sorri muito,
    Lunática.
    Maluca
    Comunista.

    Não colou nada nela, que só faz subir nas pesquisas. Trump está desesperado, quase botando fogo nas vestes.
    Deu entrevista para Elon Musk, num fracasso completo. Ele se perdeu, se enrolou, repetiu o mesmo assunto várias vezes, dando a entender uma leve confusão mental, início de demência.
    Toda a artilharia despejada contra Joe Biden, sobre etarismo, esquecimento e confusão mental, como um bumerangue, se volta contra ele, agora, nos seus 78 anos.

    Tanto, que ele não está querendo debater com Kamala Harris, com pavor de esquecer alguma pergunta ou resposta e cair no descrédito com seus apoiadores republicanos e os supremacistas brancos. Trump é um racista enrustido.

    Vai perder, esse desgracado.

  3. Constatação
    Os comunistas não gostam de ser chamados de comunistas. Já tiraram esse termo dos nomes das siglas.
    Eles perceberam que o povão não gosta de comunismo.
    No máximo alguns jornalistas de esquerda falam em “Antigo Partidão” assim como é repetido que o X é o antigo “twitter”.

  4. Em política o negócio é dar pedrada, uns dão pedradas nas joias sauditas e outros dão pedradas nos 11 caminhões da Granero e um adega inteira.

  5. Desde a dissolução da União Soviética, praticamente o Comunismo ruiu, com o ocaso da Cortina de Ferro.
    Só tem um regime hoje: Capitalismo.

    Mas, os manipuladores do povo, os aproveitadores, os corruptos, teimam em usar esse fantasma para assustar a população, principalmente a classe média, colocando o apelido de comunista, em quem eles não gostam ou que se tornam um perigo para seus negócios escusos.
    Trump usa essa estratégia, Milei usa e Bolsonaro é no campeão dessa fakenews.
    Não está colando mais, como no golpe de 64, desfechado com a desculpa de afastar o Comunismo do país.

    Cambada de mentirosos. A verdade não é a praia do cidadão de bem

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