Nunes não deve a Bolsonaro a liderança que recuperou neste final da campanha

O prefeito e candidato à reeleição em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), no Roda Viva

Nunes conseguiu mostrar que é menos ruim e mais aceitável

Merval Pereira
O Globo

As pesquisas Quaest sobre as eleições municipais no Rio e em São Paulo deixaram claro que o ex-presidente Bolsonaro não tem conseguido impor seus candidatos nas duas principais capitais do país. Em São Paulo, a situação fica mais explícita, pois ele errou ao praticamente deixar de lado a candidatura do prefeito Ricardo Nunes depois que o ex-coach Pablo Marçal surgiu como adversário surpresa.

A pesquisa mostra não apenas que Nunes recuperou popularidade depois da propaganda eleitoral no rádio e televisão, como Marçal está à frente de Boulos mesmo depois da briga política com o clã Bolsonaro e de ser barrado no palanque da Paulista. O resultado, ainda empate técnico entre os três candidatos, não se deve a nenhuma ação de Bolsonaro a favor de Nunes, muito menos de Marçal.

MENOR INFLUÊNCIA – O fato de os dois estarem à frente da disputa neste momento indica, em vez de uma vitória bolsonarista, uma derrota de seu líder, que tentou se equilibrar entre os dois candidatos mais próximos e acabou perdendo a influência decisiva. Ao contrário, para não ter de escolher entre os dois, Bolsonaro tinha decidido abandonar a disputa paulistana e não pretende visitar a cidade até o dia da eleição. Mais grave: nenhum dos dois é mesmo de seu grupo político.

Nunes não deve a Bolsonaro a liderança que recuperou em São Paulo, muito menos a vitória fácil contra seus adversários num provável segundo turno. No momento, pesa mais a propaganda de sua gestão à frente da capital paulista. Os bolsonaristas se dispersam entre Nunes e Marçal, sem que Bolsonaro possa controlar esses votos. O mais grave para os bolsonaristas é a performance de Marçal, que está na segunda posição por conta e risco dele mesmo, sem obras para mostrar e sem apoio oficial da máquina bolsonarista.

Em vez disso, o apoio formal dos evangélicos, por meio do pastor Silas Malafaia, foi-lhe negado publicamente e de maneira agressiva. Malafaia chamou-o de psicopata. Nunes, por sua vez, foi deixado de lado pela família Bolsonaro quando parecia que Marçal o ultrapassaria.

TEMPO NA TV – O peso do bolsonarismo na vitória em São Paulo será menor do que podia ser avaliado no início da campanha. Nunes temeu a “cristianização” em favor de Marçal, mas acabou demonstrando que o tempo na propaganda eleitoral da televisão ainda tem seu valor de convencimento do eleitorado.

Sem tempo próprio, e sem apoio formal de Bolsonaro, dependendo apenas das redes sociais, Marçal mostra resiliência, enquanto Boulos depende mais que nunca de Lula empenhar-se em sua campanha. Num hipotético segundo turno contra Marçal, o candidato da esquerda tem chance de vencer, embora estejam no momento ainda empatados. Mas perde sem apelação para o prefeito paulistano.

No Rio, a situação do bolsonarismo, em seu berço eleitoral, é mais frágil ainda. A cada pesquisa vai-se firmando a possibilidade de o prefeito Eduardo Paes se eleger no primeiro turno. Bolsonaro promete permanecer na cidade, e na campanha de seu candidato Ramagem, nos últimos dias da campanha do primeiro turno. Pode não ser suficiente para uma arrancada.

PAES DISPARA – A pesquisa Quaest deu uma freada nas expectativas de crescimento que permitisse vislumbrar uma reação que o coloque no segundo turno. Embora tenha subido de 9% para 13%, viu Eduardo Paes subir os mesmos 4 pontos percentuais.

Se já se surpreendera com o crescimento de Paes para 60%, pois pensara que ele já atingira seu máximo, agora viu o teto do adversário aumentar. O candidato do PL deixou escapar, na sabatina de ontem do Grupo Globo no rádio e nos jornais, que estudos mostram que o eleitor carioca só se decide mesmo na última semana da campanha.

Não citou, mas me lembrei do fenômeno Wilson Witzel, que venceu na última semana do primeiro turno a disputa de 2018 contra o então prefeito Paes. Pode ser que essa seja a esperança de Ramagem, mas o clima eleitoral hoje não é o mesmo de quando nasceu o fenômeno Bolsonaro.

A teoria dos elefantes brancos: por que há tantas obras inacabadas em nosso país?

Posicionamento – Retomada das obras: geração de emprego e melhoria de  serviços - CBIC – Câmara Brasileira da Industria da Construção

Há mais de 14 mil obras inacabadas pelo governo federal

Marcus André Melo
Folha

Por que há tantas obras inacabadas em nosso país? Já fazem parte da nossa paisagem como uma segunda natureza as estradas que ligam nada a lugar nenhum; obras prontas que se mostram inviáveis ou com defeitos insanáveis: estaleiros, refinarias, cidades da música. A variável explicativa central é a corrupção. Mas não dá conta de explicar muitos casos, onde não há evidências de desvios. Ou de imperícia técnica.

Uma explicação foi proposta por James Robinson e Ragnar Torvik em um paper intitulado sugestivamente “White Elephants”. Robinson é um cientista político e coautor com Daron Acemoglu de “Por que as Nações Fracassam?” e “O Corredor Estreito: As Origens do Poder, da Prosperidade e da Pobreza”. Os autores enumeram inúmeros elefantes brancos em vários continentes e formalizam o argumento.

FALHA DE MERCADO – Os elefantes brancos para os autores são produtos de uma falha política de mercado: de uma incapacidade de agentes políticos de lidar com o problema da credibilidade de suas promessas ao eleitorado. Do ponto de vista da sociedade, a melhor alternativa é quando os agentes políticos prometem bens públicos tais como educação pública e/ou infraestrutura com retorno social elevado.

Mas nas novas democracias os incentivos para a oferta de bens públicos são bem menores do que a oferta de bens com benefícios concentrados para indivíduos (transferências) e firmas (isenções) (o que examinei aqui na coluna). Projetos inviáveis ou economicamente deficitários representam uma forma de transferência de renda para grupos ou localidades. Sinalizam para um setor do eleitorado alinhado com o agente político responsável um compromisso crível de transferir renda. Mesmo sendo deficitários, geram empregos para setores alinhados com seus patrocinadores, e os custos socializados.

A volatilidade que os leva a ficarem inacabados ou funcionando com elevado custo social é produto de incentivos particularistas. Em democracias funcionais, os partidos políticos agregam interesses universalistas e têm mais incentivos para ofertar bens públicos, e para alinhar responsabilidade fiscal com gasto.

Pesquisa mostra que a polarização não funciona na eleição municipal

Tribuna da Internet | Polarização, que é obra de lideranças, depende muito do futuro incerto de Bolsonaro

Charge do Nani (nanihumor.com)

Maria Hermínia Tavares
Folha

Virou lugar comum dizer que o Brasil está imerso em polarização política. Dez em dez comentaristas a tomam como fato consumado e a consideram um dos principais problemas a emperrar o bom funcionamento da democracia no país. O termo foi ganhando importância à medida que se tratou de entender a crise política da década passada. E entrou para valer no vocabulário das classes conversadoras com a ascensão de Bolsonaro e a entrada em cena de uma extrema-direita ativa e ruidosa.

A controvérsia sobre o assunto é maior entre os acadêmicos e reproduz a animada discussão em curso nos departamentos de ciência política de universidades norte-americanas. Lá, como cá, há quem considere que se trata de um fenômeno restrito às elites políticas e à ínfima parcela dos cidadãos que acompanham o dia a dia do jogo do poder.

POLO RADICAL -No Brasil, alguns até argumentam que não seria adequado falar em polarização, pois o que se tem de fato é apenas um polo radical de ultradireita, sem equivalente na outra ponta do espectro, onde predomina uma centro-esquerda para lá de moderada.

Há ainda especialistas para os quais ela não só existe como se calcifica em atitudes extremadas e irredutíveis, muito além das meras simpatias políticas, a ponto de influir nas preferências por interlocutores, tipo de vizinhança ou laços familiares.

Em sociedades com divisões políticas calcificadas, as pessoas evitam ir a locais frequentados por partidários do inimigo, torcem para não tê-los como colegas ou vizinhos, muito menos parceiros das filhas.

PESQUISA REVELADORA – No Brasil, ainda são poucos os estudos empíricos que permitam desatar a controvérsia. Apenas algumas sondagens de opinião trataram de enfrentar a questão.

Daí o interesse em recente pesquisa do Datafolha sobre a segunda preferência dos paulistanos entre os candidatos a prefeito. O levantamento, feito nos primeiros dias deste mês, revela que a polarização passa longe dos prováveis eleitores.

Assim, Guilherme Boulos (PSOL), da coligação de esquerda, é a outra opção dos que se dizem decididos a votar em Ricardo Nunes (PMDB), que desfruta do firme apoio do governador Tarcísio de Freitas e, com menos entusiasmo, da família Bolsonaro.

VICE-VERSA – Da mesma forma, os que já estão fechados com o candidato da coligação petista, têm Ricardo Nunes e Tábata Amaral empatados como segunda escolha. Os que preferem Pablo Marçal (PRTB) são mais coerentes na sua opção pela direita: na maioria apontam Ricardo Nunes como primeira alternativa. Mesmo neste caso, um contingente menor se declara disposto a apoiar Tabata Amaral ou Guilherme Boulos, caso seu escolhido desista de concorrer.

Esses resultados seriam impensáveis se a sociedade estivesse cindida de cima abaixo em torno de opções políticas polares. Para um contingente numeroso dos paulistanos comuns, a distância entre os candidatos da direita e o contendor de centro-esquerda não parece ser grande – nem, em princípio, intransponível. Eles podem percorrê-la a depender da oferta de candidatos.

Talvez o que vale para São Paulo valha também para o país.

O que faria Anielle se o assediador fosse branco e de direita? Teria ficado calada?

O triste fim de Silvio Almeida | Brasil 247Eduardo Affonso
O Globo

O presidente Lula considerou insustentável a permanência de Silvio Almeida em seu governo após as denúncias de que o ministro tivesse praticado assédio e importunação sexual. A insustentabilidade passou a existir quando a imprensa divulgou o escândalo. Lula e seu entorno já sabiam dos fatos, e o ministro continuava lá, firme e forte. O que a opinião púbica não vê a ética não sente.

Foi admirável o contorcionismo dos que não podiam deixar de apoiar a ministra Anielle Franco e tampouco se sentiam confortáveis em condenar o comportamento do único homem preto do Ministério (logo o padroeiro do conceito de racismo estrutural!). E que, para surpresa de ninguém, deu a carteirada racial para tentar desacreditar acusadoras e acusações.

COISA ANTIGA – As violações de conduta por parte do ex-ministro acontecem há mais de dez anos — as queixas não foram levadas em conta quando de sua nomeação. E não faltaram teorias conspiratórias acerca dos “reais” motivos da degola: sua proposta de uma nova Comissão da Verdade, sua oposição à privatização de presídios, uma queda de braço com o Me Too. Tudo, menos considerar que Almeida tenha “letramento de gênero” suficiente para entender o que é assédio, o que é importunação — e que “não é NÃO”.

(Antes de prosseguir, vamos ao mantra: “A culpa nunca é da vítima, a culpa nunca é da vítima, a culpa nunca é da vítima”.)

A ministra tem razão ao dizer que “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência”. Entretanto, se essa vítima for alguém com visibilidade e peso político, convém lembrar a lição aprendida nos gibis: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Quando uma ministra de Estado não se sente em condições de denunciar um abuso, que mensagem estará passando às mulheres que sofrem importunação no transporte coletivo, assédio físico e moral no trabalho, violência doméstica?

CAMINHO LIVRE – É preciso respeitar e preservar a intimidade e os sentimentos de quem sofre ataques desse tipo. E também ponderar que, quando o abusador é contumaz (no caso, era), seguirá fazendo vítimas até que alguém o detenha. Não denunciar — repita o mantra: a vítima não tem culpa… — deixa o caminho livre para o predador.

(Se o macho tóxico fosse branco e de direita, teria a ministra permanecido calada, resguardando sua privacidade por tanto tempo? Mais uma vez, não importa o que se faz, mas quem faz.)

A ministra alegou preferir enterrar o caso por não dispor de provas. É mesmo difícil haver materialidade nesse tipo de crime. Há câmeras nas ruas, nas portarias, até nas fardas de (alguns) policiais, mas ainda não ocorreu instalá-las debaixo das mesas em torno das quais acontecem reuniões ministeriais.

VITIMIZAÇÃO – Conclui-se desse episódio que as mulheres continuam a ser revitimizadas — não só nas delegacias ou em seu círculo social, mas também em função de uma causa. A fim de poupar o governo e as pautas identitárias, parece ter sido revisto e atualizado o (suposto) conselho vitoriano às mulheres para que enfrentassem estoicamente os “deveres conjugais”:

— Feche os olhos e pense no progressismo.

Pelo menos esse incêndio, provocado por fogo amigo, Lula conseguiu apagar — depois que apenas abafar não deu muito certo. O resto do país, esse continua em chamas.

Cadáveres da Primeira Guerra Mundial ainda vagam em Gaza e na Ucrânia

Palestinos que retornam ao campo de refugiados de Gaza caminham em meio a ruínas - ISTOÉ Independente

Viver em guerra ainda é uma realidade para muitos países

Mario Sergio Conti
Folha

Foram tantos os rompantes de Trump no debate com Kamala Harris que um deles passou em branco: o mundo marcha para uma Terceira Guerra Mundial, agora nuclear. Deixando de lado seu diagnóstico (uma barafunda chauvinista) e o purgante que receita (votem em mim), ele está certo. Com as guerras na Ucrânia e em Gaza —que não é bem um duelo bélico, mas um morticínio—, o planeta está mais próximo de uma combustão do que quando Trump foi despejado da Casa Branca.

O que não quer dizer que, fosse ele ainda o inquilino, o mundo estaria em paz; muito pelo contrário. A dança macabra à beira do precipício se acelerou. Os conflitos em Gaza e na Ucrânia engolfaram países vizinhos. Provocaram êxodos que desarranjam continentes distantes. Aguçaram o desespero e o extremismo em massa. Incineraram bilhões e bilhões de dólares.

É INEVITÁVEL? – As guerras, por fim, atiçam a crise climática, cujas labaredas apocalípticas ora medram pelo Brasil. Questionados sobre o assunto, Trump e Kamala repetiram que é forçoso queimar mais petróleo e incrementar a economia – aquilo que, precisamente, agrava o colapso ambiental.

Os combates já não horrorizam como antes. As vítimas ficaram incorpóreas, são cifras. O Ministério da Saúde – do Hamas, mas referendado pela ONU – diz que, até ontem, 41.118 pessoas tombaram em Gaza, a maioria mulheres e crianças. Israel não divulga o número dos que massacrou.

Rússia e Ucrânia também ocultam suas baixas de guerra. O New York Times estima que, entre mortos e feridos, são mais de 500 mil nos dois lados. Por que não se fala de tantas vidas perdidas ou traumatizadas para sempre? Porque, como escreveu T.S. Eliot às vésperas da Segunda Guerra Mundial, “a espécie humana não aguenta tamanha realidade”.

NO DIA D – No 6 de junho passado, por exemplo, festejaram-se os 80 anos do desembarque aliado na Normandia. Com os rostos compungidos, Biden, Macron & Cia foram às praias tomadas dos alemães no Dia D. Pois sabe quantos civis o “tapete de bombas” anglo-americano dizimou? Foram 18 mil, fora os desaparecidos. Nem os franceses se lembram deles.

A guerra é o estado natural da humanidade. É assim desde que se formaram os primeiros clãs e depois as tribos, ducados, burgos, nações, impérios e as alianças entre eles. É inviável formular uma teoria geral da guerra, porque cada conflito armado depende de uma história, um lugar e uma situação; dos contendores, dos bens e territórios em disputa.

Talvez então o melhor seja voltar-se para a literatura sobre a guerra que, como se acreditou na época, acabaria com a própria noção de guerra, pois era tão formidável que depois dela o mundo poderia viver em paz para sempre: a Primeira Guerra Mundial.

“TEMPESTADES DE AÇO” – Existe um relato espantoso dela em “Tempestades de Aço”, de Ernst Jünger. Ele era um soldado alemão promovido a lugar-tenente e condecorado com a Ordem do Mérito por bravura – foi ferido 14 vezes. Fora do prelo há dez anos, o livro foi republicado pela Carambaia; Marcelo Backes, autor das notas e do posfácio, revisou sua tradução original.

Sobre o fundo preto, há 5 soldados verdes de brinquedo espalhados entre gotas de lágrima e um rio vermelho. O soldado que está no centro está sentado sobre um joelho e com o braço apoiado no rosto – ele está colocado sobre a página de um livro aberto.

Escrito no calor da hora, “Tempestades de Aço” retrata as mazelas da primeira guerra moderna, a que combinou aviões e tanques com o corpo a corpo sanguinário nas trincheiras. É ainda, na mesma medida, um enaltecimento dos aguerridos guerreiros teutônicos que veicula uma concepção aristocrática da guerra, vista como a alma nacional em ação.

Pode ser visto como uma crítica ao absurdo da guerra e, contraditoriamente, um apelo literário à destruição sádica do inimigo. “Mate o cão a pauladas!”, ordena um major a Jünger, apontando para um soldado inglês; e o escritor, sumário e sinistro, diz que isso “foi desnecessário”.

NACIONALISTA – O autor sustenta que a Alemanha era um país “digno de que se sangrasse e morresse por ele”. Não diz um “ai” contra os comandantes e o imperador, nem quando a derrota é certa. Descreve as atrocidades com um estilo altissonante, à altura da loucura da luta letal, revela a guerra como a pulsão de morte encarnada.

Jünger escreveu “Tempestades de Aço” com 20 anos. Seu estilo opulento se embebia no sangue da expansão imperial. Não era um ingênuo: flertou com o nazismo, do qual veio a se afastar, mas foi protegido por Hitler. Morreu com 102 anos, em 1998. É admirado na França (André Gide o celebrou) e atacado na Alemanha (Thomas Mann o chamou de “playboy gélido do barbarismo”; Walter Benjamin disse que era kitsch e fascista).

Insepultos, os cadáveres da guerra que acabaria com todas as guerras vagam em Gaza e na Ucrânia.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O relançamento de “Tempestades de Aço” coincide com o sucesso de “Nada de Novo no Front Ocidental”,  a obra-prima de Erich Maria Remarque, em que um soldado pacifista morre com uma flor na mão, no último dia da Primeira Guerra Mundial. Não há nada mais idiota do que uma guerra. (C.N.)

O Brasil apodrece e o governo fala em asfaltar a BR-319, na Amazônia

Bets' disputam espaço com o consumo no bolso do brasileiro e preocupam segmentos do comércio

Jogo nas Bets endividam famílias e reduzem consumo

Luís Francisco Carvalho Filho
Folha

Na manhã da segunda-feira (9), São Paulo registrou a pior qualidade do ar em todo o planeta, superando metrópoles como Ho Chi Minh, no Vietnã, e Lahore, no Paquistão. O Brasil pega fogo. A fumaça e a destruição ambiental se espalham. Sem orientação sanitária, a população sofre os efeitos da seca, da poluição e do calor.

Assim como os rios Tietê e Pinheiros e a baía da Guanabara apodreceram diante do olhar complacente de autoridades de diferentes linhagens ideológicas, governo e Congresso são espectadores da tragédia climática, vendo-a como algo inexorável, natural ou divino.

É necessário (além da crítica jornalística) que, diante da “pandemia” de incêndios, o ministro Flavio Dino, do STF, aplique um polido puxão de orelhas. O governo então se move em relação às queimadas, porém ressuscita a ideia temerária de asfaltar a BR-319, no coração da Amazônia, e protesta contra lei antidesmatamento da União Europeia que pode prejudicar exportações brasileiras.

FICÇÃO/SLOGAN – Desenvolvimento sustentável (que satisfaz necessidade do presente sem comprometer necessidade futura) é ficção ou slogan. A expansão das energias eólica e solar promove desmatamento da caatinga, bioma único, protegido pelo Estado brasileiro. Como é energia limpa, há relaxamento no licenciamento ambiental. Vegetação nativa é destruída para instalação de fazendas solares.

Poluição sonora de turbinas eólicas afeta sono e audição de moradores locais, gerando ansiedade e depressão. Turbinas promovem também a matança de aves, ameaçando espécies em extinção. Empresas sustentáveis criam cemitérios clandestinos para descarte de cata-vento e painel solar.

O Brasil apodrece. Entre 2012 e 2023, o número de pessoas que vivem nas ruas de São Paulo aumentou 16,8 vezes, passando de 3.842 para 64.818 habitantes. Segundo o Datafolha, 23 milhões de brasileiros convivem, na vizinhança, com milicianos e facções criminosas.

NAS ESCOLAS – Escolas públicas do complexo da Maré, no Rio de Janeiro, permaneceram pelo menos 15 dias totalmente ou parcialmente fechadas nas últimas semanas por conta de operações policiais: quase 20 mil alunos afetados por falta de ensino, insegurança alimentar e traumas psicológicos.

O setor de apostas esportivas cresceu 734% desde 2021. Movimenta bilhões, faz nascer um novo e vil “empresariado”, favorece a lavagem de capitais e patrocina a maior parte dos times de futebol. Compromete 20% do orçamento de famílias mais pobres.

Faz crescer o vício e o endividamento. Segundo a Fecomercio-SP, 20% dos apostadores deixam de pagar contas para jogar. O governo se vê diante de extraordinária fonte de arrecadação e recomenda que o jogador aposte com responsabilidade.

PREDADOR SEXUAL – Cai o ministro dos Direitos Humanos, acusado de ser predador sexual. Ministro bolsonarista do STF pega carona em jatinho de “empresário” do setor de apostas e vai para a Grécia comemorar, em luxuoso superiate, o aniversário de cantor sertanejo que tem bens bloqueados pelo Judiciário por suposto envolvimento no escândalo de lavagem de dinheiro da tal “influenciadora”, atualmente presa.

O planeta é finito. O calor é desértico. A destruição ambiental parece irreversível. Fumaça e fuligem cobrem os céus do continente. O Brasil apodrece. O desconforto é físico, político, moral.

Ataques de Malafaia fizeram Marçal perder votos de eleitores evangélicos

SILAS MALAFAIA CRITICA PABLO MARÇAL POR 'MANIPULAÇÃO' DA DIREITA

Reprodução do site da Rádio Itatiaia

Roberto Nascimento

Uma vitória de Pablo Marçal na Prefeitura de São Paulo seria um retrocesso medieval na política brasileira. Nesse ponto, muito constrangido, tenho que concordar com o pastor Silas Malafaia, que atacou o Marçal com vontade no palanque do Trio Elétrico no sete de setembro da Av. Paulista e nos dias seguintes.

Não me venham com chorumelas nem torcida apaixonada por Marçal. A verdade é que o ex-coach, hoje empresário de sucesso, bateu no teto nas pesquisas.

Não cola mais essa história de “outsider”, com o eleitorado preferindo votar em quem não é político. Em 2018, Bolsonaro usou esse estratagema para enganar os incautos, o que vem conseguindo até hoje, apesar de ser um político patrimonialista, que soube conquistar o voto dos militares e botou nessa mamata política a primeira mulher e os três filhos. Virou uma dinastia vivendo da política e surripiando parte dos salários dos funcionários dos gabinetes parlamentares.

IGUAL A DORIA – Bem, voltando ao Marçal, com seus movimentos de independência, o homem já falava em disputar o governo de São Paulo ou a Presidência, seguindo o exemplo de João Doria. Com isso, assustou o clã Bolsonaro e também o governador Tarcísio de Freitas.

Bolsonaro ainda tentou surfar nas duas canoas, um pé no Marçal e outro pé no Nunes, mas o governador, esperto e rápido no gatilho, embarcou de mala e cuia na campanha de Ricardo Nunes, dando uma bela demonstração de força eleitoral. Bolsonaro ficou no muro e só saiu dele, no sete de setembro, aconselhado pelo pastor Malafaia, o novo guru político do clã.

A subida de Nunes nas pesquisas, se deve a campanha no Rádio e na TV e no apoio irrestrito do governador. Nunes não precisa mais de Bolsonaro, apesar de que, nunca contou com o apoio dele em São Paulo, ao contrário do governador Tarcísio.
Michel Temer tem contribuído bastante também, na campanha de Nunes, mas é um político sem votos.

EMPATE TÉCNICO – O líder sem-teto Guilherme Boulos se mantém em empate técnico com Nunes e tudo indica que disputará no segundo turno com o atual prefeito. Já Marçal atingiu o teto e deverá ficar petrificado por volta de 20%, segundo as pesquisas do Data Folha e da Quaest.

Podem torcer à vontade, Pablo Marçal, atingiu o teto, e assim, está fora do segundo turno. Já se tem a percepção de que os ataques pessoais do pastor Malafaia contra Marçal retiraram os votos dos evangélicos que vinham migrando para Marçal.

São fatos, e contra os fatos não há argumentos. É a realidade fática, que fala mais alto, diferentemente do torcedor de futebol ou do militante político.

Quando Almeida e Anielle irão se abraçar de novo, hipoteticamente?

Almeida culpa a supremacia branca sobre o povo preto

Demétrio Magnoli
Folha

1 – Na hora do escândalo, Silvio Almeida usou a estrutura do ministério para contra-atacar —mas o denunciado por importunação sexual foi o indivíduo, não o ministro. No que essa captura da máquina estatal para fins pessoais distingue-se conceitualmente da operação de Bolsonaro de apropriação privada das joias sauditas?

2 – Naquela hora, Almeida ativou sua voz informal —isto é, a ONG que fundou— para acusar as denunciantes de uma ofensiva racista contra o “povo preto”. Na democracia representativa, só o voto produz representação. Desde quando o “povo preto” concedeu ao ex-ministro a prerrogativa de representá-lo?

3 – Segundo a ONG que serve de boneco de ventríloquo para Almeida, a suposta ofensiva racista abrangeria também vozes negras. Deve ser enquadrado em “racismo estrutural” qualquer um que contrarie as ideias ou os interesses de Almeida?

4 – Mulheres sujeitas a assédio por superiores temem denunciar judicialmente o agressor. Contudo, não existia assimetria de poder entre Anielle Franco e Almeida. Por que a ministra preferiu o caminho tortuoso da denúncia anônima ao Me Too à via cristalina do recurso ao sistema judicial? Teria, no caso, a indignação moral cedido ao cálculo político?

5 – “Taradão da Esplanada” —assim Bolsonaro rotulou Almeida. Na GloboNews, uma ativista da Coalizão Negra por Direitos revoltou-se contra a mera menção ao princípio da presunção de inocência. Será que o linchamento retórico é mais um traço comum à esquerda e à direita identitárias?

6 – Na sua defesa pública, Almeida alegou que “não existem provas contra mim” e murmurou algo sobre sua esposa e filha nenê. A mescla de linguagem de advogado com o recurso emotivo é pouco convincente. Mesmo assim, no Estado de direito, culpa ou inocência são definidas pelo devido processo legal. Os jornalistas que condenaram de antemão o ex-ministro já esqueceram da Escola de Base? Esqueceram-se, ainda, dos nomes Woody Allen e Kevin Spacey, ambos absolvidos nos tribunais anos depois de destroçados pelo linchamento público?

7 – A pluralidade de ideias é uma ideia estranha a Almeida. Antes de ser elevado a ministro, ele deflagrou uma campanha infame (porém vitoriosa) pelo veto à publicação de textos de Antonio Risério nesta Folha. O “crime” do “cancelado” teria sido apontar manifestações racistas oriundas de negros. Na opinião de Almeida, só ele mesmo tem o direito de sugerir, com ou sem razão, que negros também podem engajar-se em racismo?

8 – No rastro da demissão, ouviu-se uma enxurrada de lamentos: “Dia triste, uma derrota para os direitos humanos!”. Almeida publicou um texto evasivo que, na prática, atribuía a condenação da guerra imperial russa na Ucrânia a “reflexões “maniqueístas” e responsabilizava o “expansionismo capitalista” pela agressão russa (folha.com/v2tb0mrg). Desde a fraude eleitoral na Venezuela, não deu um pio sobre as prisões e torturas de opositores. Para ele, direitos humanos não são direitos universais, mas privilégio de aliados ideológicos. Não é mais apropriado celebrar sua queda como uma vitória para os direitos humanos?

9 – Quanto demorará até que Almeida e Anielle voltem a se abraçar (figurativamente, claro!) para rotular essa coleção de perguntas como um abominável ataque racista contra o “povo preto”?

Acuado, Trump diz que não vai participar de nenhum outro debate

Várias pesquisas mostram que Kamala venceu o último encontro

Pedro do Coutto

Nos Estados Unidos, Donald Trump anunciou que não participará de mais nenhum debate com Kamala Harris, e não apresentou motivos concretos para tal atitude, a não ser ter levado a pior no confronto na semana que passou. O candidato republicano à Casa Branca, em uma rede social, na última semana, disse que venceu o debate presidencial da ABC News, contrariando resultados de pesquisas.

Horas depois, em um comício, Kamala disse que acredita que os candidatos “devem aos eleitores” outro debate. A campanha dela já havia proposto um novo encontro, que poderia ser marcado para outubro. A emissora Fox News se propôs a organizar o programa.

“TERCEIRO DEBATE” – Entretanto, Trump afirmou que não haverá um “terceiro debate”, já que ele também participou de um encontro com Joe Biden em junho. Segundo o republicano, Kamala deveria focar no fim do mandato dela como vice-presidente dos Estados Unidos. Pesquisas feitas pela imprensa norte-americana mostram que os eleitores avaliaram que Kamala se saiu melhor que Trump no debate da ABC News. Um levantamento da CNN, por exemplo, indica que ela venceu por 63% a 37%.

Analistas e comentaristas de política dos Estados Unidos avaliaram que Kamala deixou Trump na defensiva, tendo uma postura mais equilibrada e presidencial. O republicano, por sua vez, se destacou na economia. Por outro lado, foi criticado por alegar que imigrantes estavam comendo pets de moradores de uma cidade de Ohio. Trump acabou sendo desmentido pelo mediador do debate.

DESEMBARAÇO – Sem dúvida alguma, Harris levou a melhor, mostrou mais desembaraço. O temor de Trump está na vantagem de Kamala Harris nos estados considerados chaves para o desfecho da eleição. O que ficou demonstrado foi a vantagem marcante de Kamala Harris pela sua atenção em frente às câmeras.

A televisão, assim, além das redes sociais, demonstra o seu caráter decisivo nos desfechos eleitorais. Se não fosse, não haveria motivo de Trump recuar diante de novos debates. A televisão revela perfis importantes, sobretudo porque leva ao ar mensagens independentes, de um lado e de outro, ao contrário das redes sociais, nas quais o público mostra apenas o seu lado da versão dos fatos.

Com saudades de Lili, Rubem Braga faz um poema em Ipanema, sem esperanças

Sentiu uma coisa boa dentro de si, uma... Rubem Braga - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

Considerado o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, o capixaba Rubem Braga (1913-1990), sempre afirmou que a poesia é necessária, tanto que escreveu vários poemas, entre eles este “Poema em Ipanema, numa Quarta-feira sem Esperança”, que retrata o seu amor e a sua paixão por sua bela prima Lili.

###
POEMA EM IPANEMA, NUMA QUARTA-FEIRA SEM ESPERANÇA

Rubem Braga

Podias ir à proa de barcos antigos
Cortando ventos salgados
Com espumas fervendo em teus seios de virgem
Figure étroite en proue de bâtiment
Galga esgalga
Lili

És menina nos bicos dos seios e
na pevide do sexo —
estranhamente pequenos os três,
como botões de irrevelada flor.
És menina na voz tímida, saccadée,
Nervosa e doce.

És mulher na arquitetura de teus braços
longos como asas de ave do mar
na ousada arcadura de teus ombros
na firmeza de tuas coxas e na longura
nobre de tuas pernas.

De todas as primas feias da roça que eu já tive
és uma insensatamente linda.
Gostaria de ver-te em um vestido de chita —
entretanto desenhado por Chanel —
úmido nos seios e nos lombos
porque terias saído de um banho de rio
descalça, com um pouco de lama e areia
entre os artelhos

Teus olhos luzindo na sombra do bambual
eu te daria pitangas de sangue
jabuticabas de um negrume azul com
a polpa de um branco azul —
cor elusiva — como és —
e cajus, sapotis.
Te ensinaria nomes de passarinhos de nossa terra mas
não prestarias atenção e eu
te amaria de um amor tão complicado apaixonado
brasileiro e chato
que sumirias de mim em uma esquina de Saint-Germain
deixando-me apenas de lembrança a úlcera de teu estômago
doendo e ardendo para sempre em meu desatinado coração,
Lili.

Ministério tentou esconder o nome de Roberto Marinho em papéis falsificados

roberto-marinho-e-figueiredo | A Postagem

Marinho mandava e desmandava no regime militar

Carlos Newton

Muitos comentaristas que acompanham as reportagens exclusivas da Tribuna da Internet sobre as ilegalidades cometidas por Roberto Marinho para se apossar da TV Paulista, canal 5 de São Paulo, sempre perguntam se ainda há como punir seus herdeiros na Justiça, ou se eles vão usufruir da impunidade hoje reinante na Justiça brasileira.

Bem, tudo é possível, porque ato nulo não gera direitos, não pode ser apagado pelo tempo para propiciar benefícios a quem desobedece a lei. Esta é a raiz de qualquer ação rescisória de decisão do Supremo Tribunal Federal a ser implantada pelos herdeiros da família Ortiz Monteiro, legítima proprietária das ações da antiga Rádio e Televisão Paulista S/A.

GRANDE NOVIDADE – O que há de novidade neste caso é que, pela primeira vez, os servidores do Ministério das Comunicações cumpriram sua obrigação de extrair do chamado arquivo morto alguns documentos falsificados para beneficiar Roberto Marinho.

Está é a grande novidade no caso. E que não se diga que foi inadvertidamente, porque o corpo funcional das telecomunicações já deu seguidos pareceres, destacando que a questão era apenas societária “interna corporis” e, em assim sendo, a Administração Federal não deveria se intrometer.

Agora, porém, depois desses vergonhosos atos omissivos e comissivos praticados por diversos governos em favor da Rede Globo, desta vez a verdade dos fatos pôde emergir e as falsificações se tornaram oficialmente públicas, acessíveis a qualquer cidadão. Assim, a matéria está agora sob exame na Procuradoria da República do Distrito Federal e do Departamento de Fiscalização da atuação das concessionárias de televisão.

ÚLTIMA TENTATIVA – Por outro lado, fica claro que o Ministério das Comunicações não revela o menor interesse em cumprir a Lei de Acesso à Informação. Muito pelo contrário, continua dedicado a encobrir das falsificações cometidas por Roberto Marinho.

Antes de abrir vista desses dois processos adulterados, inexplicavelmente, em menos de 30 dias, algum dedicado servidor, não se sabe a mando de quem, colocou centenas de listras escuras em todos os documentos de transferência de ações, para esconder os nomes de Roberto Marinho, dos verdadeiros cedentes das ações e dos procuradores sem procuração e dos cedentes falecidos ou não encontrados.

Mesmo assim, fica a dúvida se o atual governo e o ministro das Comunicações decidiram pagar para ver e pôr um ponto final nesse desvio de conduta sem fim.

E A JUSTIÇA? – Bem, sobre o desenrolar do caso na Justiça há quatro caminhos que podem ser trilhados:

1 –  As partes envolvidas assinam um termo de ajustamento de conduta, esquecendo o passado e assinando um contrato verdadeiro entre os que têm tem legitimidade para tanto;

2 –  Face aos fatos recentes, ajuiza-se uma ação popular que por isso deixa de ser prescritível, pois há ofensas explícitas à legalidade, moralidade…

3 –  Os fatos novos e recentíssimos amparam o ajuizamento de ação de ressarcimento, com juros e correção monetária, incluindo a capitalização do grupo, com os dividendos totais apurados, ao longo dos anos e revertidos para a Rede Globo.

4 – Por fim, se comprovadas infrações penais, isso caberá ao MPF averiguar.

###
P.S. –
Durante décadas, Roberto Marinho e seus filhos souberam como conseguir o apoio criminoso da burocracia federal para esconder seus atos nulos. Mas isso acabou, esquentando a briga jurídica. Portanto, comprem pipocas, amigos. (C.N.)

Deputado americano pede que o X seja autorizado a funcionar no Brasil

Chris Smith confirms he's supporting Trump for president - New Jersey Globe

Chris Smith quer informações sobre a censura prévia

Paulo Cappelli e Petrônio Viana
Metrópoles

O presidente do Subcomitê Global de Direitos Humanos da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, deputado republicano Chris Smith.  enviou pedido ao governo brasileiro pelo desbloqueio do X, antigo Twitter, no país. No pedido, o congressista disse que o Brasil “deve reverter imediatamente o curso” e acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de provocar uma “crise”.

O X, que pertence ao empresário Elon Musk, foi bloqueado por Moraes e teve seus downloads proibidos nas lojas de aplicativos virtuais no dia 30 de agosto, depois do descumprimento de ordens de suspensão de perfis acusados de disseminar informações falsas e do não pagamento de multas.

CRÍTICA AO GOVERNO – “O governo do Brasil aumentou as apostas e atingiu um novo nível – ele passou da perseguição à oposição política, removendo-a das mídias sociais, para proibir uma das maiores redes sociais de notícias do mundo e tornar ilegal o acesso dos brasileiros a ela”, diz Smith, no pedido.

“O Brasil deve reverter imediatamente o curso. As ameaças à liberdade de expressão são ameaças às eleições livres e à própria democracia”, acrescentou o parlamentar americano, que integra o Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA.

No documento, Chris Smith disse não ter recebido respostas a pedidos de informações enviados a Moraes e ao Congresso brasileiro. “No dia 21 de junho, enviei uma carta ao ministro Alexandre de Moraes solicitando informações sobre alegações relativas ao papel de Moraes nas violações generalizadas de direitos humanos cometidas. O ministro Moraes não respondeu – nem tive notícias dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, que também receberam minha carta”, reclamou o congressista americano.

AÇÃO DO NOVO – O Supremo Tribunal Federal analisa uma ação apresentada pelo Novo questionando a decisão de bloqueio do X. O relator da ação é o ministro Nunes Marques, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A expectativa era de que Nunes Marques determinasse o desbloqueio da plataforma de midia social.

O ministro, porém, pediu a Moraes que enviasse mais informações sobre as razões que levaram ao bloqueio e encaminhou o caso ao plenário do STF para que seja tomada uma decisão.

“Para responder à crise que Moraes criou no Brasil, estou agora trabalhando com colegas na legislação sobre o assunto”, disse Smith.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO nome da iniciativa do STF contra a plataforma X é “censura prévia. Esta semana, Musk deve se curvar à ditadura brasileira, para que o X volte a funcionar aqui. Daqui para frente, a todo momento ele vai esculhambar o Brasil, como a democracia da país da censura prévia. E não poderemos dizer nada, porque a acusação é  verdadeira. (C.N.)

Após pesquisas, Bolsonaro se anima e enfim entra na campanha de Nunes

Da esquerda para a direita: Pablo Marçal (PRTB), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)

Bolsonaro bancou o malandro e esperou uma definição

Bela Megale
O Globo

O crescimento de Ricardo Nunes (MDB) nas pesquisas desta semana sobre a eleição para prefeitura de São Paulo fez com que Jair Bolsonaro mudasse sua aposta. No início do mês, o ex-presidente acreditava que a vitória de Pablo Marçal (PRTB) era garantida e orientava o governador de São Paulo a abandonar Nunes. Hoje, porém, Bolsonaro acredita que o prefeito vai conseguir a reeleição.

Conhecido por desacreditar publicamente as pesquisas, Bolsonaro foi influenciado pelos levantamentos da Quaest e Datafolha que mostram Nunes na liderança. A Quaest mostrou Nunes à frente em números, com 24% das intenções de voto, seguido por Marçal, com 23%, e Guilherme Boulos, com 21%, empatados. Já o Datafolha trouxe o prefeito com 27%, Boulos com 25% e Marçal com 19%.

MUDOU DE IDEIA – Bolsonaro, que havia feito gestos a Marçal, inclusive abrindo espaço para que ele fosse ao 7 de setembro, mudou de postura nos últimos dias. O ex-presidente criticou o candidato do PRTB depois de Marçal tentar subir no trio da Av. Paulista no momento em que os discursos estavam encerrados.

Vetado, o influenciador entrou em rota de colisão com o pastor Silas Malafaia, o organizador do ato. A partir de então, também entrou na mira do ex-presidente.

Na noite de quinta-feira, Bolsonaro retomou apoio a Nunes e fez uma participação online em um jantar com o emdedebista e a comunidade libanesa. No vídeo, defendeu o voto no prefeito e disse: “seremos vitoriosos”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Antes tarde do que nunca, diz o ditado. Oportunista, Bolsonaro continuava em cima do muro, sem definir se apoiaria o prefeito Ricardo Nunes, que parece uma reedição do picolé de chuchu, ou se iria aderir ao furacão Pablo Marçal, que parece cavalo paraguaio e perde impacto na reta de chegada. Se Bolsonaro estivesse apoiando Nunes desde o início, dificilmente Marçal se aventuraria nessa candidatura. Ele é daquele tipo de “político” que tenta vencer antes da hora, no grito, como se dizia antigamente. Mas na prática não funciona assim. Agora, com apoio declarado de Bolsonaro, Nunes fica tranquilo, porque Boulos, invasor de propriedade alheia, tem muito telhado de vidro. (C.N.)

Na utopia iremos ser julgados sem considerar gênero, raça ou renda

Charge do Tacho (Jornal NH)

Fabiano Lana
Estadão

Haveria uma hierarquia metafísica no mundo. Iria do homem, branco, rico, hétero e anglo-saxão, como ponta da pirâmide, a representar os mais poderosos, até uma mulher, preta, pobre e homossexual, de um país subdesenvolvido, na base. De um lado, o detentor de todos os poderes e privilégios; do outro, a vítima de todas as injustiça e humilhações. Na mística identitária (ou o nome que se queira dar ao movimento), inclusive, haveria uma superioridade moral dos grupos oprimidos – em sua luta contra a opressão de quem está no ápice.

Se o topo da pirâmide for um homem branco, rico, americano e de direita, como o exemplo concretíssimo do ex-presidente americano Donald Trump, a mitologia opressor-oprimido que paira acima das circunstâncias individuais ficará mais completa.

TUDO ERRADO – A perplexidade que o caso da demissão do ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida gera – após supostas acusações de importunação sexual feitas pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco – é porque colocou em choque duas pessoas que, em tese, deveriam, como representantes de seus grupos, estarem unidos e coesos, e em luta contra a branquitude opressora – nunca em conflito interno.

Mas quando as situações são vistas com uma lupa, as pessoas, em sua humanidade, mesquinharias, atos de grandeza, contradições, tudo junto, costumam jogar por terra as grandes teorias – à esquerda ou à direita.

O racismo e as consequências de uma sociedade forjada na escravidão são mais do que evidentes. E não se mostram apenas nas estatísticas gritantes. Observem um restaurante sofisticado, a cor da pele de quem serve e quem é servido. Nas profissões mais serviçais e em quem as ocupam. O racismo pode estar num olhar reprovador de quem não consegue se disfarçar. Pode estar interiorizado em quem alisa obsessivamente o cabelo em busca de um padrão europeu.

DISSE FANON -“Por mais que me exponha ao ressentimento dos meus irmãos de cor, direi que um negro não é um homem”, afirmou o filósofo antilhano Frantz Fanon, no brilhante e controverso libelo: “Pele negra, máscaras brancas” – obra, dos anos 50, entre os pilares do movimento decolonial e incontornável na luta que segue até os dias atuais.

Mas há um efeito colateral de julgar – para o bem ou para o mal – as pessoas pelo que representam e não por suas ações individuais. Por exemplo, se um preto, por um lado, sofre preconceito de cor de brancos, é o suspeito eterno, digamos, à direita; por outro, é pressionado a agir como militante de causa, pela esquerda. Se não, pode ser visto como um traidor do seu povo.

Mas a verdade é que ninguém, seja pobre, negra, mulher, LGBT, é o obrigado a ser militante, mesmo que a causa seja justa e urgente. As pessoas podem ser o que querem ser. Forçá-las a agir de determinada maneira só porque há a convicção da necessidade da luta é um movimento autoritário.

CULPA PREMATURA – Aqui não se discuteM os acontecimentos factuais das denúncias contra Silvio Almeida. Ainda não conhecemos com exatidão os pormenores e casos diversos começam a irromper na imprensa. Mas o ministro Silvio Almeida foi tragado por um tipo de movimento que ele também era visto como um símbolo – de que a vítima, quando pertencentes a grupos de base da pirâmide relatada acima, tem sempre razão.

Uma espécie de dogma de seu grupo político do qual agora não consegue se defender sem entrar em contradição. Por ser homem, por sua posição intelectual, de formação, ele está algumas escalas acima de Anielle. Logo, é culpado.

É quase impossível contar esse caso do Silvio x Anielle sem olhar para a nossa longa história. Por milênios, a humanidade escravizou-se uns aos outros. De certa maneira, a história da civilização é a história da escravidão. Levaremos séculos para nos livrarmos dessa nódoa.

NO FUTURO – Mas poderíamos traçar uma meta: que essas questões que nos dividem como raça, gênero, sexo, opção sexual um dia deixem de ser uma questão relevante. Que fiquem no passado das divisões que por tanto tempo nos impediram de sermos justos. Precisaremos de muito desenvolvimento econômico, de milhares de grandes passos em direção à uma igualdade de opções para isso. Mas pode ser um rumo.

Por fim, mas não menos importante. Para uma pessoa miscigenada, do ponto de vista individual e existencial, a discussão sobre branquitude e negritude pode não fazer sentido. Porque o miscigenado não se identifica com noções de raças ou etnias estanques – compartilha todas em seus genes que definem a cor da pele. Parte dos militantes mais ortodoxos da causa negra condena a miscigenação alegando que sua origem se deve a estupros de senhores contra escravas.

Vamos partir do pressuposto de que seja uma verdade histórica. Entretanto, a mescla de cores se tornou hoje um fato, nos constituiu como brasileiros – a sua maioria, aliás. Logo, milhões de miscigenados não podem ser tirados do debate por quem ainda, no final das contas, vê a questão de cores no Brasil sem contrastes, distinções e sutilezas.

Qual é a novidades nas queimadas. Por que não ensinar a proteger a floresta?

Como spray à base de fungos pode ajudar a capital mais poluída do mundo - BBC News Brasil

Fazenda é queimada na Índia para renovar a pastagem

José Maria Lira de Oliveira

Já estive nessa trincheira. Estou aposentado após 45 anos de serviço pelo Ibama. Colocar o Exército para evitar queimadas não funciona. Tem que ser trabalho de conscientização. Os focos têm início com a queima de pastagens para renovação de pasto, e surge a queima às margens de estradas e rodovias, adentrando o fogo nas capoeiras e frestas primárias.

 Dificilmente as pessoas entram na floresta que está intacta para atear fogo. Esta operação só é possível precedida de corte raso. Já pensou perfilar soldados do exército ao longo das estradas e rodovias para inibir transeuntes de atear fogo?

Quanto a proliferação de fogo nas propriedades, geralmente os proprietários alega, que vem dos vizinhos ou das margens das estradas. Portanto, o remédio é conscientização, para evitar o início da queimada. Depois de iniciado o fogo, não tem batalhão de Exército que dê jeito.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
As autoridades se comportam como se as queimadas não existissem. Depois, quando o problema se agrava, começam a anunciar medidas absolutamente midiáticas, como a criação da chamada Autoridade Climática.

Desde sempre, sabe-se que quase sempre é o pecuarista que coloca fogo no pasto, para renová-lo, conforme explica o especialista José Maria Lira de Oliveira. Por isso, tem queimada nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Índia, grandes produtores agrícolas.  Quando ele fala em conscientização, isso significa explicar ao fazendeiro que a queimada precisa ser protegida. O que significa isso?

A queimada fica protegida e não se espalha quando antes é removido o capim da faixa de 100 metros contigua à floresta ou à área de proteção ambiental, que na Amazônia é de 80%, no imóvel situado em área de florestas; 35% no imóvel situado em área de Cerrado e Pantanal; e 20% (vinte por cento) no imóvel localizado nas demais regiões do País, além das áreas que protegem nascentes e cursos d’água.

A legislação é a mais avançada do mundo, mas não há fiscalização nem multas. Reina a esculhambação. Se o governo fiscalizasse quem faz queimada sem faixa de proteção, já estaria de bom tamanho, mas nem isso a Fadinha da Floresta faz. (C.N.)

Nunes sobe e Boulos precisa dizer que está sendo apoiado por Lula

Triplo empate técnico agitam uma eleição espetacular

Bruno Boghossian
Folha

A nova pesquisa do Datafolha dá algumas pistas do cenário por trás da névoa do empate triplo que marcou a campanha nas últimas semanas. Os números indicam que a aposta de Ricardo Nunes (MDB) nas vias tradicionais da política surtiu efeito, reforçam a leitura de que a disparada de Pablo Marçal (PRTB) cessou e dão um respiro à questionada campanha de Guilherme Boulos (PSOL).

Nunes aparece com destaque neste ciclo. Depois de estancar uma fuga de eleitores, o prefeito manteve uma trajetória de alta baseada na combinação da propaganda de TV com a potência da máquina da prefeitura.

ALTA CONSISTENTE – O principal indício de que o canhão duplo funcionou é o crescimento do candidato do MDB em quase todos os segmentos de renda e idade, além da melhora na avaliação de seu governo. É o primeiro sinal de que Nunes experimenta uma alta consistente.

Na concorrência pelo voto na direita, o quadro ainda é acirrado. Entre eleitores de Jair Bolsonaro, o prefeito recuperou terreno (31% para 39%), mas continua pressionado por Marçal (48% para 42%). Nesse campo, o ex-coach ocupou um espaço que limita o crescimento de Nunes. Além disso, 70% dos eleitores de Marçal dizem que não pretendem mudar de voto.

A sequência de pesquisas do Datafolha indica que o candidato do PRTB se mantém no mesmo patamar há três semanas, quando chegou a 21% (agora, ele tem 19%). É o suficiente para cravar que o ex-coach parou de crescer, ainda que seja cedo para decretar que atingiu um teto.

MAIOR REJEIÇÃO – A curva mais relevante da pesquisa começa a ser desenhada pelos números de rejeição a Marçal. Os dados mostram uma trajetória ascendente acelerada. O índice bateu em 44% e se aproximou de uma perigosa maioria que se recusa a dar um voto ao candidato do PRTB.

O ex-coach fez barulho e conseguiu o que queria: virou protagonista e fez uma escalada íngreme até o primeiro pelotão. A tática foi suficiente para produzir uma reviravolta, mas o custo aparece agora como uma taxa de rejeição que pode definir o desfecho deste primeiro turno.

A oposição a Marçal cresce inclusive entre eleitores de Ricardo Nunes, o que sugere que a opção pelo prefeito toma algum impulso entre paulistanos que descartam votar no ex-coach. Os números reforçam a percepção de que Marçal seria um candidato vulnerável num eventual segundo turno, facilitando os apelos por uma adesão antecipada à campanha do prefeito.

AJUDA A BOULOS – Em alguma medida, esse quadro também ajuda Boulos, ao reduzir o risco de deixá-lo num amargo terceiro lugar. As próximas pesquisas farão um retrato mais claro da questão.

O principal problema do candidato do PSOL ainda é a transferência lenta de votos de Lula para sua campanha. Em três semanas, passou de 41% para 48% o índice de eleitores do petista que declaram voto em Boulos.

Sua esperança se mantém no fato de que muitos eleitores de baixa renda (cerca de 40%) ainda não sabem que ele é o candidato de Lula.

Medo de apostar no perdedor deixa Bolsonaro numa situação ridícula

Bolsonaro pode ficar até 15 anos preso por fraude em vacinação ...

Até quando Jair Bolsonaro continuará em cima do muro?

Bruno Boghossian
Folha

Se pudesse, Jair Bolsonaro só escolheria um candidato em São Paulo depois da apuração dos votos. O medo de apostar no cavalo perdedor expõe o ex-presidente a uma situação ridícula. Após fechar negócio com Ricardo Nunes, bater boca com Pablo Marçal e ameaçar virar a casaca, o capitão chega ao último mês de campanha sem saber o que fazer.

Bolsonaro estava pronto para romper com Nunes e abraçar Marçal. O ex-presidente estava duplamente abalado. Corria o risco de sofrer uma derrota humilhante ao lado do prefeito, vendo o ex-coach ganhar terreno na direita sem pedir licença. A solução seria mudar de lado.

MUITO CEDO? – A última pesquisa do Datafolha confundiu a cabeça de Bolsonaro mais uma vez. Nunes mostrou que ainda é capaz de contestar o favoritismo de Marçal na direita. Como nenhum dos dois tem vaga garantida no segundo turno, Bolsonaro assumiu o próprio oportunismo e disse que “está muito cedo” para entrar de cabeça na campanha do prefeito.

A vitória de candidatos de esquerda não é o maior perigo que se apresenta diante de Bolsonaro nestas eleições. A pior derrota que o ex-presidente poderia sofrer seria o sucesso de candidatos de direita que não precisaram ou até abriram mão de seu apoio.

A hesitação de Bolsonaro reflete esse receio. Marçal e Nunes aparecem na ponta das pesquisas sem nenhum impulso direto do ex-presidente. Ao contrário, o ex-coach passou uma semana sob artilharia dos bolsonaristas, enquanto o prefeito foi praticamente ameaçado de abandono.

EM CIMA DO MURO – O capitão tenta corrigir a rota de maneira envergonhada, sem escolher um caminho. No 7 de Setembro, o ex-presidente abriu espaço para “qualquer candidato” que quisesse comparecer à manifestação, com uma restrição: “Obviamente, não vão usar o microfone porque seria um comício”.

Bolsonaro deveria calcular com cuidado seus próximos passos. Se rifar Nunes de vez e o prefeito sobreviver, o mérito será do candidato e de Tarcísio de Freitas, que parece disposto a permanecer a seu lado.

Se o ex-presidente continuar em cima do muro e Marçal avançar, o ex-coach não precisará dividir os louros. A cada dia que passa, a bênção de Bolsonaro tem menos peso nessa disputa.

PF defende que a investigação sobre Silvio Almeida tramite no Supremo

Silvio Almeida prometeu "cair atirando" em meio a acusações de assédio sexual | Brasil 247

Almeida só será ouvido pela Polícia no final deste mês

Elijonas Maia
da CNN

A cúpula da Polícia Federal (PF) defende que a investigação envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida seja conduzida no Supremo Tribunal Federal (STF). A notícia-crime foi encaminhada nesta quinta-feira (12) para que a Corte analise a questão do foro privilegiado e determine a instância competente para tramitação do inquérito.

Segundo investigadores ouvidos pela CNN, os supostos casos de assédio sexual teriam ocorrido durante o período em que Silvio Almeida ocupava o cargo de ministro de Estado, supostamente valendo-se da função para cometer os crimes.

NOTÍCIA-CRIME – Uma investigação na PF foi instaurada por meio de uma notícia-crime ainda na quinta-feira (5), à noite, logo que as denúncias contra o então ministro se tornaram públicas. Ele foi demitido no dia seguinte.

Na terça-feira (10) desta semana, a PF ouviu, com base na notícia-crime, uma denunciante que acusou Silvio Almeida de importunação sexual. Com o relatório preliminar elaborado, a petição foi encaminhada ao STF, que deve se instaura inquérito, se a relatoria será mantida no Corte – com ministro a definir – ou se o caso será remetido a outra instância, como a Justiça Federal.

Delegados afirmam que o envio do caso ao STF pode evitar qualquer chance de nulidade no processo, garantido que a Suprema Corte defina a competência para a condução da investigação.

SEM FORO – O ex-ministro não possui mais foro privilegiado desde sua demissão. No entanto, há um movimento no STF para ampliar a aplicação dessa regra, de modo a abranger também autoridades que deixaram o cargo, mas que ocupavam funções com prerrogativa de foro.

Com o envio do caso ao STF, surgiram dúvidas entre os próprios ministros sobre qual instância é competente para a tramitação do processo, conforme divulgado pela analista da CNN Luísa Martins.

Silvio Almeida nega as acusações de assédio e declarou que pretende comprovar sua inocência durante o curso das investigações. Sua defesa informou à reportagem que contará com uma equipe de advogados “coordenada” e “multitarefa” para conduzir o caso.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O relator no Supremo é André Mendonça, tremendamente evangélico. Ele vi decidir se manda o caso para primeira instância. Esse caso vai demorar a se resolver. Ao que parece a Polícia Federal só interrogará o ex-ministro no fim de mês. Até, haja tiroteio, de lado a lado. Comprem pipocas, amigos e amigas. (C.N.)

No Brasil, a onda de impunidade agora tem um nome –  chama-se Dias Toffoli

Tribuna da Internet | Toffoli, o “Amigo do Amigo”, suspende multa  bilionária que Odebrecht se ofereceu a pagar

Charge do Kacio (Metrópoles)

Deu no Estadão

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli deve estar orgulhoso de seu revisionismo histórico da Operação Lava Jato, sua magnum opus como juiz. Um ano depois de anular todas as provas obtidas por meio do acordo de leniência da Odebrecht, hoje Novonor, seu nome batiza um movimento de dezenas de delatores, alguns criminosos condenados, que têm acorrido aos tribunais para obter os mesmos benefícios processuais concedidos pelo ministro ao presidente Lula da Silva, autor do pedido de anulação.

É o “Efeito Toffoli”, algo que, sem qualquer prejuízo semântico, também pode ser chamado de festim da impunidade.

VISÃO PECULIAR -Em 6 de setembro de 2023, vale lembrar, Toffoli usou um despacho monocrático em uma Reclamação (RCL 43007) interposta pela defesa de Lula, na véspera do feriadão da Independência, para submeter a sociedade brasileira à sua visão muito peculiar sobre o que foi a maior operação de combate à corrupção de que o País já teve notícia.

Com uma canetada, Toffoli declarou “imprestáveis” as provas obtidas a partir dos sistemas Drousys e My Web Day, dois instrumentos que fizeram rodar com eficiência germânica o notório “departamento de propina” da então Odebrecht, o centro nervoso do esquema do petrolão nos governos lulopetistas.

Segundo esse realismo fantástico toffoliano, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba teria se valido de “tortura psicológica”, algo que ele havia chamado de “um pau de arara do século 21?, para obter provas contra pessoas “inocentes”.

PRISÃO DE LULA – De acordo com o ministro em sua decisão, a prisão de Lula teria sido “um dos maiores erros judiciários da história do País”, “uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado”.

Rasgando a toga para se lançar como analista político, Toffoli ainda avaliou que a prisão do petista seria fruto de “uma verdadeira conspiração com o objetivo de colocar um inocente como tendo cometido crimes jamais por ele praticados”, ação esta que representaria “o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições” a partir da ascensão de Jair Bolsonaro.

Sabe-se que, entre idas e vindas, o STF entendeu que a 13.ª Vara Federal de Curitiba não era o foro competente para julgar Lula da Silva. A Corte entendeu ainda que o princípio da presunção de inocência não autoriza o cumprimento da pena antes do trânsito em julgado da decisão penal condenatória. Mas escapou ao ministro Dias Toffoli, por razões que não cabe a este jornal perscrutar, que as provas que o levaram a anular o acordo de leniência da Odebrecht e deram a largada para essa corrida pela impunidade foram obtidas por meios flagrantemente ilegais, o que ficou evidente no âmbito da Operação Spoofing.

RÉUS CONFESSOS – Toffoli também parece ignorar que os delatores que agora pedem a anulação de seus acordos de colaboração premiada – e a devolução de milhões de reais pagos a título de multa – confessaram seus crimes e concordaram em devolver milhões de reais cada um à Petrobras e/ou ao erário. Ademais, todos esses acordos que teriam sido assinados “sob tortura psicológica”, um rematado disparate, foram considerados hígidos pelo próprio STF, que os homologou.

Essa esquizofrenia jurídica, chamemos assim, somada ao voluntarismo, à criatividade e às intenções pessoais de Dias Toffoli – que não esconde de ninguém sua genuflexão de penitência diante de Lula da Silva –, é o que tem levado uma plêiade de ex-executivos da Odebrecht e de outras empresas à Justiça para pedir a anulação de seus acordos com o Ministério Público Federal, entre outros órgãos de controle, e a devolução de multas milionárias que foram pagas como contrapartida da não persecução criminal em casos de desvios de recursos públicos confessados com espantosos níveis de detalhe.

Por piores que sejam as decisões do ministro Dias Toffoli sobre a Operação Lava Jato nesse ano que passou – decisões que, é bom enfatizar, até hoje não foram submetidas ao crivo do plenário do STF –, mais aviltante é o desrespeito da Corte à inteligência e à memória dos cidadãos e ao próprio Poder Judiciário como um todo, pois a ninguém interessa, como já sublinhamos, um STF voluntarista, instável e politizado.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUm editorial para ficar na História , exibindo as entranhas de uma Justiça comprometida e corrupta, que envergonha o Brasil perante o resto do mundo. (C.N.) 

Datafolha: Nunes dispara e vai a 27%; Boulos tem 25%, e Marçal recua para 19%

Nunes está tecnicamente empatado com Guilherme Boulos

Pedro do Coutto

A luta pela Prefeitura de São Paulo está entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos e o terceiro lugar, como aponta pesquisa do Datafolha desta quinta-feira , é de Pablo Marçal. Porém, diante dos números apresentados, já não se pode dizer que existe um empate técnico entre os três. A pouco mais de três semanas do primeiro turno das eleições municipais, o levantamento registrou uma nova reviravolta na disputa.

De acordo com a pesquisa, o prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição, retomou a liderança da corrida municipal, subiu 5 pontos percentuais em uma semana e aparece com 27% das intenções de voto. Nunes, que tinha 22% na pesquisa anterior, está tecnicamente empatado com o deputado federal Guilherme Boulos, que marca 25% da preferência do eleitorado (oscilou dois pontos percentuais para cima).

RECUO – Quem perdeu força, segundo o Datafolha, foi o empresário e influenciador Pablo Marçal, que recuou três pontos percentuais e agora aparece com 19%, se descolando do pelotão à frente, isolado em terceiro lugar. A deputada federal Tábata Amaral oscilou de 9% para 8% das intenções de voto, enquanto o apresentador José Luiz Datena teve uma variação de 7% para 6%.

A pesquisa divulgada indica que a chamada “onda” em favor da candidatura do empresário e influenciador Pablo Marçal pode ter sido contida. No penúltimo levantamento, por exemplo, Marçal havia subido 7 pontos percentuais, bem acima da margem de erro, e chegado à liderança (em empate técnico com os dois rivais) pela primeira vez. Na última pesquisa, quando marcou 22%, Marçal havia oscilado positivamente um ponto percentual. Nesta nova rodada da pesquisa, o candidato do PRTB perdeu 3 pontos percentuais, ainda dentro da margem de erro, o que pode indicar que pode ter batido no chamado “teto”.

EMPATE – Pode-se considerar um empate técnico entre Nunes e Boulos, mas não um empate triplo, pois Marçal está mais distante. Não se trata apenas de números, mas também de percentagens entre os três candidatos. A diferença percentual de Nunes para Marçal é superior a 20%. A diferença de Boulos para Marçal pode ser estimada em 15%. Logo, não há uma igualdade decorrente da diferença aritmética de um candidato para o outro. É preciso analisar a diferença de percentagens. Nas últimas horas, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos avançaram, enquanto Pablo Marçal recuou.

O segundo turno é inevitável como os números mostram e esse cenário entre Nunes e Boulos é o mais provável. Marçal perdeu pontos e deixou o espaço aberto. Tábata Amaral perdeu o embalo, Datena caiu substancialmente e o quadro assim se define. Não se sabe a que ponto Lula se envolverá na campanha. Se Boulos vencer, Lula marcará pontos importantes para a sucessão presidencial.