Ato no 7 de Setembro pode sugerir que o bolsonarismo nas ruas esfriou?

Bolsonaro participa de ato na Avenida Paulista; acompanhe - SBT News

Bolsonaro e Tarcísio, no ato organizado por Malafaia

Bruno Boghossian
Folha

Por alguns anos, as manifestações convocadas por Jair Bolsonaro foram termômetro e ferramenta de coesão da direita radical. Levaram às ruas bandeiras autoritárias, deram forma a causas excêntricas como o anticomunismo e foram essenciais para cultivar o caldo golpista. Os protestos indicavam até onde o ex-presidente estava disposto a ir e dava uma pista de quanta gente topava acompanhá-lo.

O último 7 de Setembro sugere que alguma coisa mudou. Os atos se tornaram mais previsíveis, demonstram capacidade de mobilização mais limitada e, mesmo quando têm combustível à disposição, produzem menos calor.

PIOR QUE LULA – Bolsonaro levou ao trio elétrico na avenida Paulista um repeteco de discursos passados. Estavam lá o atentado de 2018, o pedido de anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023 e um favorito de sua turma: a classificação de Alexandre de Moraes como ditador.

A frase mais emblemática apareceu num formato novo e ajuda a explicar o estado das coisas. Ao pedir que o Senado vote o impeachment do ministro do STF, Bolsonaro disse que Moraes “faz mais mal ao Brasil do que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”.

A hierarquia revela um ex-presidente que enfrenta um risco real de condenações criminais. A briga pela sobrevivência é exibida de maneira nua, deixando uma causa política mais ampla e agregadora em segundo plano.

EFEITO MARÇAL – Nesse sentido, a divisão provocada por Pablo Marçal aparece como sintoma. Para uma parte do público de direita, o surgimento de uma alternativa na praça torna menos urgente e aflitiva a luta para salvar a pele de Bolsonaro.

Além disso, a maneira como o bolsonarismo distorce a defesa da liberdade de expressão já ofereceu ao ex-presidente resultados melhores. A manifestação de domingo esteve longe de ser um fracasso de público, mas outros protestos levaram muito mais gente às ruas ou tiveram um grau de octanagem maior, capaz de incendiar políticos e apoiadores.

Atos anteriores mostraram força suficiente para dar tração a convocações políticas até fora de bolhas radicais. Agora, o protesto gerou pouca novidade e não fez o barulho necessário para mudar o ânimo de senadores diante do pedido de impeachment de Moraes.

Caso de Silvio Almeida demonstra dois pesos e duas medidas de Lula

O caso Silvio Almeida e os dois pesos e duas medidas de Lula – DW –  11/09/2024

Almeida foi demitido sumariamente, mas Juscelino, não

Philipp Lichterbeck
Site DW

O presidente Lula demitiu seu ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania na sexta-feira passada (06/09). Silvio Almeida era uma figura de proa no gabinete governamental de 39 membros. Como advogado, é reconhecido nas áreas de direito empresarial, direito econômico e tributário e direitos humanos. Sua demissão ocorreu após acusações de abuso sexual, que estão ainda sendo investigadas. A ONG Me Too Brasil divulgou as denúncias, sem citar a identidade das supostas vítimas ou os crimes cometidos por Almeida. O ex-ministro nega as acusações.

No entanto, a professora Isabel Rodrigues publicou um vídeo no qual descreve como Almeida a teria assediado sexualmente em 2019. Rodrigues é candidata à vereadora de Santo André (SP). Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, também relatou a seus colegas ministros que Almeida havia tocado nas suas pernas de forma inadequada durante uma reunião oficial em maio de 2023. Aparentemente, ela não tornou isso público para não prejudicar o governo.

TROCA DE MENSAGENS -Pelo menos a troca de mensagens pelo WhatsApp atribuída aos dois ministros, vazada depois da denúncia, levanta questões nesse contexto. Em agosto de 2023, os dois marcaram um jantar pessoal. Sem deixar claro a que está se referindo, Almeida escreve: “E, olha: eu quero recomeçar com você. Recomeçar”. Anielle Franco teria respondido: “Eu também. De verdade.” Ela escreve ainda: “Minha admiração por você é imensa”.

No início de setembro de 2023, Almeida teria escrito: “Somos lindos, Anielle! E esse seu vestido é deslumbrante”. A ministra responde: “Ficou mto foda né!?” Cinco minutos depois, Franco descreve a si mesmo e a Almeida como: “Lindos, negros, competentes e ainda ministros kkkkkkk”. Dois meses depois, ela lhe garante sua solidariedade após os ataques políticos: “Por isso a união da gente é tão importante! Qualquer coisa, tô aqui!.”

As mensagens não permitem tirar conclusões sobre a situação descrita por Anielle Franco, mas mostram que os dois mantiveram um relacionamento profissional e amigável depois disso, e que Franco aparentemente queria deixar o incidente para trás.

SEM COMPROVAÇÃO – O caso Silvio Almeida apresenta um dilema, como acontece frequentemente com as alegações de abuso sexual. As acusações raramente podem ser comprovadas, e é por isso que muitas vítimas relutam em vir a público. Mas a situação também é ruim para o suposto perpetrador.

Afinal, como ele poderá provar sua inocência se a acusação for fabricada e usada como arma política ou por motivos de vingança pessoal? Particularmente no Brasil, onde os nomes e as fotos dos acusados (não dos condenados!) são publicados pela mídia, esse é um método eficaz de causar enormes danos sociais e profissionais.

E nesse teclado toca agora Silvio Almeida, apresentando-se como vítima de uma conspiração e ameaçando seus “algozes” com vingança. Ele fala de uma campanha “para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no poder público”. Diz que provará sua inocência e indiretamente acusa a Me Too Brasil de corrupção, alegando que houve irregularidades na candidatura da ONG em uma licitação de seu ministério. Para criar clareza, a Me Too Brasil deveria fundamentar de forma concreta as acusações contra Almeida.

PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA – Não cabe à internet ou à imprensa julgarem Almeida sem ter acesso a todas as informações. Almeida, como todo acusado, tem o direito à presunção de inocência até que um juiz o considere culpado. No entanto, é possível se perguntar qual é a probabilidade de haver uma conspiração contra o “único ministro negro do governo” (autodenominação de Almeida), conforme sugerido por Almeida, na qual justamente Anielle Franco e tantas outras mulheres (o número está crescendo quase diariamente) estariam envolvidas?

A questão de saber se Almeida considerava seu comportamento – toques, abraços, beijos, palavras – como socialmente apropriado porque confundiu amizade e afinidade política com o direito à intimidade, ou se abusou deliberadamente de sua posição de poder porque se sentia poderoso como advogado renomado e figura de proa do movimento negro e dos direitos humanos, é, em última análise, irrelevante porque não é a intenção de Almeida que importa, mas as consequências psicológicas negativas para as mulheres.

Apesar da consternação causada pelo caso Silvio Almeida, o Brasil e sua política de identidade de esquerda podem aprender que nem as convicções políticas corretas e nem o fato de pertencer a um grupo estruturalmente desfavorecido impedem uma pessoa de explorar sua posição de poder contra aqueles considerados mais fracos.

PESOS E MEDIDAS – A segunda lição, no entanto, é que existem dois pesos e duas medidas intoleráveis no governo Lula. Desde o início do Lula 3, há investigações policiais contra o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. De acordo com a PF, ele cometeu crimes de corrupção passiva, organização criminosa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e fraude em licitação.

Mas Juscelino Filho, ao contrário de Almeida, ainda está no cargo. “Nós vamos sempre primar pela presunção da inocência, até porque a gente já viu muita gente ser injustamente condenada publicamente”, diz o ministro das Relações Institucionais de Lula, Alexandre Padilha, justificando a manutenção de Juscelino.

Aparentemente, a presunção da inocência só parece se aplicar a ministros acusados de corrupção.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enfim, surge mais um jornalista a exigir presunção de inocência. Philipp Lichterbeck é alemão, está somente há 12 anos no Brasil, mas já entende como as coisas funcionam aqui. As mensagens entre os dois ministros me fizeram lembrar Vinicius de Moraes, porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz… (C.N.)

A direita tem dono? Marçal não é só “voto de protesto”, do tipo Tiririca

Pablo Marçal, o coach neoliberal que quer representar o bolsonarismo  radical nas eleições de São Paulo

Marçal se apoia em Bolsonaro, mas tem vida própria

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Narcísico, megalomaníaco, soberbo e lacrador foram alguns dos xingamentos usados por Silas Malafaia para se referir a Pablo Marçal depois do protesto de 7 de Setembro na Paulista. O motivo do protesto era, em tese, a liberdade de expressão, mas o que se viu na avenida foi mais um ato político do bolsonarismo.

O curioso é que o público do bolsonarismo parece estar ficando menos… bolsonarista. E não é que tenha aberto mão dos valores que movem o movimento. Só mostra disposição de se descolar da liderança de Bolsonaro para votar em outros que melhor os incorporem. Grande parte deles pretende votar, não no candidato apoiado por Bolsonaro, Ricardo Nunes, e sim em Pablo Marçal.

DIREITA FIEL – Muito se pode criticar a direita brasileira, mas uma coisa ela tem mostrado: é mais fiel a seus valores que a seus líderes. O mesmo não se pode dizer da esquerda brasileira, que dos anos 90 até hoje tem apenas um e único líder.

Lendo a coluna desta segunda de Juliano Spyer (“Decodificando o Evangelho segundo Pablo Marçal”), é impossível não pensar em como a direita brasileira, neste aspecto, se assemelha aos pentecostais, pronta a agir contra as hierarquias eclesiásticas caso sinta o chamado do Espírito; e como a esquerda se assemelha ao catolicismo, sempre ciosa das estruturas oficiais e do guia máximo que se senta no topo.

Marçal não é mero “voto de protesto”, como Tiririca foi no passado. Ele concentra, sim, a revolta (contra a política tradicional, contra a imprensa), mas traz também um valor positivo. Ele oferece ao eleitor algo em que acreditar. Encontrou o ponto ideal entre o discurso das igrejas e o discurso de coach. Predestinação divina e conquista por mérito próprio se fundem num pacote único. Se ele realmente é capaz de entregar os milagres que promete —ou se é um estelionatário— é uma outra questão.

NO CONFLITO – Além disso, Marçal incorpora um aspecto da política para o qual o eleitorado brasileiro despertou: o conflito. Por baixo da discussão de propostas e dos discursos pretensamente técnicos, existe um conflito entre diferentes grupos para decidir quem terá acesso ao poder e aos recursos limitados. Hoje, ferir o inimigo vale mais do que encontrar soluções conjuntas.

É difícil a vida do político moderado nos dias de hoje. Ele tem que se aliar a um dos grandes campos em disputa e, mesmo assim, corre o risco de levar uma rasteira de algum radical correndo por fora.

Nunes é o representante do bolsonarismo moderado —alguém de índole moderada que tem o apoio de Bolsonaro— e, se chegar ao segundo turno —seja contra Boulos ou contra Marçal— é o favorito. Mas corre grande risco de perder votos para Marçal e ficar de fora.

EMPATE TÉCNICO –  A boa notícia para ele é que as últimas pesquisas retratam um cenário estacionário. Nunes parou de sangrar, e Marçal parou de crescer. Os três primeiros colocados seguem em empate técnico. Tabata vem um pouco atrás.

Tudo está em aberto, mas o significado é claro: uma vitória de Marçal —ou mesmo sua ida ao segundo turno— seria uma vitória não apenas para ele próprio, mas para o que ele representa para a direita brasileira: a possibilidade de crescer por conta própria, falando diretamente ao eleitor, sem a necessidade da bênção de Bolsonaro.

Quantos outros Marçais não esperam sua oportunidade?

Kamala Harris marca pontos em uma etapa decisiva da corrida eleitoral americana

Trump e Harris realizaram o primeiro debate entre ambos

Pedro do Coutto

O debate entre Kamala Harris e Donald Trump na noite desta terça-feira, nos Estados Unidos, terminou com a vitória da candidata democrata sobre o candidato republicano. Houve momentos em que Trump foi levado à defensiva e não soube se desvencilhar das proposições de Kamala Harris.

Logo no começo, os candidatos à Presidência dos Estados Unidos apertaram as mãos, mas o clima amistoso acabou naquele momento. Em quase duas horas inflamadas, Harris tirou o ex-presidente do sério com ataques pessoais que tiraram o seu foco e aumentaram a temperatura deste embate, que era muito aguardado por todos. Suas provocações sobre o tamanho das multidões nos seus comícios, seu comportamento durante a invasão ao Capitólio, em Washington, e críticas de ex-integrantes de seu governo à campanha fizeram Trump recuar.

PROVOCAÇÃO – O padrão que se viu no debate foi de Harris provocando seu rival republicano a fazer defesas demoradas sobre seu comportamento e comentários passados. Ele aceitou isso, subindo de tom e balançando a cabeça. Os americanos deveriam ir a um comício de Trump, Harris disse em uma pergunta sobre imigração, porque os eventos são esclarecedores. “As pessoas começam a ir embora mais cedo por exaustão e tédio”, ela disse.

Essa provocação deixou Trump claramente abalado, e ele passou a maior parte da sua resposta — para uma pergunta que deveria ter sido um dos seus pontos fortes junto ao eleitorado — defendendo o tamanho de seus comícios e diminuindo os eventos dela. Trump depois se envolveu em uma longa resposta sobre uma notícia que foi desmentida de que imigrantes do Haiti na cidade de Springfield, no Ohio, estavam roubando e comendo animais de estimação dos seus vizinhos.

DEFENSIVA – A tática de Harris de colocar Trump na defensiva ficou clara logo cedo no debate, em perguntas sobre economia e aborto. Pesquisas de opinião indicam que os americanos estão descontentes com a forma como o governo de Joe Biden — do qual Harris faz parte — lidou com inflação e a economia. Mas Harris virou a mesa e discutiu propostas de Trump de aumento generalizado de tarifas, que ela apelidou de “imposto de vendas de Trump”, e falou sobre o Projeto 2025, um polêmico plano conservador independente para um futuro governo republicano.

Trump voltou a se distanciar do projeto e defendeu seu plano de tarifas, observando que o governo Biden manteve muitas das tarifas que herdou de Trump. Os pontos levantados pelo ex-presidente eram válidos, mas impediram que Trump atacasse Harris em tópicos como inflação e preços dos consumidores.

No fim da noite, foram as respostas de Trump e seu ímpeto de morder todas as iscas jogadas por Harris que marcaram o debate. E isso era visível no rosto dos dois candidatos. Sempre que seu rival estava falando, Harris exibia uma expressão de perplexidade ou incredulidade. Já Trump fazia cara feia. A impressão que se teve é que Trump esperava vencer de forma fácil impondo a sua presença. Mas foi exatamente o contrário. Kamala marcou pontos em uma etapa decisiva da corrida eleitoral.

Thiago de Mello exalta o mormaço da primavera nas chuvas da Amazônia 

Morre o poeta amazonense Thiago de Mello, aos 95 anos | Metrópoles

Thiago, um poeta participante

Paulo Peres
Poemas & Canções

O poeta amazonense Amadeu Thiago de Mello, no poema “Mormaço de Primavera”, chama atenção para os valores simples da natureza humana, principalmente, a esperança, porque, apesar dos pesares, devemos sempre continuar, mesmo que ainda seja difícil distinguir “o sujo do encardido,/ o fugaz, do provisório”, temos que avançar, temos que lutar, tendo em vista “que é preciso encontrar as cores certas/ para poder trabalhar a primavera”.

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MORMAÇO DE PRIMAVERA
Thiago de Mello

Entre chuva e chuva, o mormaço.
A luz que nos entrega o dia
não dá ainda para distinguir
o sujo do encardido,
o fugaz, do provisório.
A própria luz é molhada.
De tão baça, não me deixa sequer enxergar o fundo
dos olhos claros da mulher amada.

Mas é com esta luz mesmo,
difusa e dolorida,
que é preciso encontrar as cores certas
para poder trabalhar a Primavera.

Silvio Almeida deve usar informações oficiais da CGU para armar sua defesa

Reprodução / Redes Sociais

Almeida e professor de Direito e sabe como fazer a defesa

Renata Varandas
da CNN

O ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, deve usar informações da Controladoria Geral da União (CGU) para se defender. O órgão — responsável por apurar denúncias de assédio moral e sexual dentro do governo — fez uma análise de todas as acusações de assédio sexual recebidas desde o início do governo Lula. Nenhum registro contra o Silvio Almeida foi encontrado.

A ordem para o “pente-fino” na Controladoria veio ainda no fim da semana. Outros canais do governo também foram consultados, mas nenhum registro de queixa foi encontrado.

COMITÊ DE ÉTICA – Em casos de apresentação de queixa de assédio contra ministros, a denúncia é recebida e analisada pela CGU. A conclusão é enviada para análise do Comitê de Ética Pública. Segundo o “Resolveu?”, painel público da CGU, só este ano já foram registradas 571 denúncias de assédio sexual em órgãos públicos federais.

Silvio Almeida foi demitido na última sexta-feira, um dia após o Me Too Brasil confirmar o recebimento de denúncias contra o então ministro, que nega todas as acusações.

A principal suposta vítima de assédio sexual é a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A Polícia Federal também acompanha o caso e deve ouvir o ex-ministro nos próximos dias.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A ministra Anielle Franco jamais formalizou queixa, mas informou a respeito a primeira-dama Janja da Silva, que é sua amiga pessoal, que então pressionou o presidente da República a demitir o ministro, sem lhe oferecer o direito de defesa. A queixa de Anielle Franco é inverossímil, porque indica que Silvio Almeida teria abusado dela na presença do diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues, que estava sentado ao lado da ministra, numa reunião com outras oito autoridades, e ninguém notou nada de anormal, rigorosamente nada. Ao que parece, dona Janja levou o maridão a praticar uma tremenda injustiça, já que julgou, condenou e puniu o ministro sem lhe dar chance de defesa, baseado numa falsa denúncia. (C.N.)

Índices de rejeição de Boulos e Marçal apontam que Nunes pode ser reeleito

Quem é Ricardo Nunes, novo prefeito de São Paulo | VEJA

Na reta final, Nunes demonstra que tem boas chances

Roberto Nascimento

O maior erro de Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, foi acreditar em Bolsonaro. Agora, está levando uma facada nas costas, pior do que aquela histórica de Brutus contra Cesar. Nunes deveria dizer: “Até tu, Brusolnaro?”. No circo armado pelo pastor Silas Malafaia na Avenida Paulista, neste sete de setembro, Bolsonaro ficou longe de Ricardo Nunes, como se o prefeito fosse um desconhecido.

Ao mesmo tempo, o bloqueio montado pelo pastor Malafaia impediu o candidato Pablo Marçal de subir no palanque amarelinho. Marçal, um marqueteiro de mão cheia, então ficou correndo em volta do carro de som para lacrar nas redes sociais. Um climão para ninguém botar defeito.

DESCONFIANÇAS – O ex-presidente, inconfiável como ele só, mantém apoio informal e envergonhado à reeleição do prefeito Ricardo Nunes, mas ao mesmo tempo procura uma trégua com Pablo Marçal, para ter um candidato seu em eventual segundo turno, seja de Marçal com Boulos ou de Nunes com Boulos.

Bolsonaro sinaliza, com essa atitude dúbia, que ficará com um pé na campanha de Nunes e outro pé na campanha de Marçal, por entender que Boulos já está no segundo turno. Mas é claro que isso não é uma certeza absoluta.

Bolsonaro estaria preparado para um segundo turno entre Ricardo Nunes e Pablo Marçal? Nessa hipótese, qual dos dois terá o apoio do “mito”? Se isso ocorrer, será um castigo do destino na testa de Bolsonaro, que não conseguirá sair sem queimadura ao passar nesse fogo no labirinto político.

DIZEM AS PESQUISAS – Pedro do Couto, mestre dos mestres, fez uma análise isenta e sem nenhum resquício de ideologia, sobre as pesquisas da Folha e da Quaest. Há um empate técnico, na visão do eleitor da capital paulista, entre Nunes, Boulos e Marçal.

Ressalvando as opiniões em contrário, Pedro do Couto entende, que em qualquer cenário do segundo turno, se não houver algum acontecimento impactante, o prefeito Ricardo Nunes venceria tanto Boulos quanto Marçal.

Pedro do Coutto se baseia na rejeição altíssima de Boulos e Marçal, em empate técnico no patamar de 38%, enquanto o atual prefeito, após o horário eleitoral gratuito, reduziu sua rejeição para 21%. Isso significa que Nunes deve ser considerado favorito.

Joe Biden é fotografado usando boné em em apoio a Trump como “gesto de união”

Biden aparece usando boné de Trump em foto viral - 11/09/2024 - Mundo -  Folha

Joe Biden verdadeiramente não tem medo do ridículo

Deu no g1

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi fotografado colocando um boné com apoio à candidatura de Donald Trump, nesta quarta-feira (11). A imagem foi registrada durante uma visita do democrata a um quartel dos bombeiros na Pensilvânia. A foto foi feita um dia depois do debate presidencial da ABC News, entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris. A imagem acabou viralizando nas redes sociais, principalmente entre eleitores republicanos.

O comitê de campanha de Trump compartilhou a foto e agradeceu o “apoio” de Joe Biden. “Kamala sofreu uma derrota tão feia ontem à noite que até Biden agora está apoiando o presidente Trump”, escreveu no Instagram.

BIDEN E KAMALA -Eleitores de Trump aproveitaram para compartilhar uma fala do republicano durante o debate, na qual ele afirmou que Biden odeia Kamala por ter sido pressionado a desistir da reeleição.

“Ela não recebeu votos [na convenção]. Biden teve 14 milhões de votos. Você quer falar sobre ameaça à democracia? Tiraram ele da corrida. Vou contar um segredo. Ele a odeia. Ele não a aguenta”, disse. Andrew Bates, um porta-voz da Casa Branca, justificou que Biden colocou o boné em um gesto de união. Segundo Bates, o presidente estava falando que o país precisava de uma união bipartidária nos moldes do que aconteceu após os atentados de 11 de setembro de 2001.

“Como gesto, ele deu um boné a um apoiador de Trump que disse que, no mesmo espírito, o presidente deveria colocar seu boné de Trump. Ele o usou brevemente”, disse o porta-voz em uma rede social.

APOIO A KAMALA – Joe Biden desistiu de disputar a reeleição em julho, após sofrer pressões de lideranças democratas, doadores e apoiadores. No dia do anúncio da desistência, ele anunciou apoio à candidatura de Kamala. O atual presidente também reforçou o apoio à democrata durante discurso na Convenção do Partido Democrata, em agosto.

Uma pesquisa feita pela rede de TV norte-americana CNN apontou que 63% dos eleitores acreditam que Kamala Harris teve um desempenho melhor no debate da ABC News. Trump foi mais bem visto por 37%. O jornal “The Washington Post” fez uma pesquisa qualitativa para ouvir a opinião de eleitores indecisos de estados decisivos.

A grande maioria — 23 dos 25 entrevistados — disse que Kamala foi melhor do que Trump no debate.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Vivemos uma Era de Decadência, como é comum na História e que antecede uma nova Era de Avanço. A política, no Brasil e no mundo, com raras exceções, é um covil de trapaceiros, irresponsáveis e aproveitadores. Lá na matriz USA virou bagunça, pois um presidente incentiva a invasão do Capitólio, morrem cinco pessoas, e ele ainda tem direito de concorrer a outro mandato. Aqui na filial Brazil, quando a gente vê os candidatos na televisão, dá uma depressão danada. A política parece uma disputa entre os piores cidadãos. Um horror. (C.N.)

Seleção caiu tanto que assistir aos jogos é um suplício para o torcedor

Pelé, the Global Face of Soccer, Dies at 82 - The New York Times

Houve um tempo em que éramos os melhores do mundo

Vicente Limongi Netto

Certa vez um gaiato fantasiado de analista esportivo tentou fazer graça com o cerebral meia, o eterno Gerson, canhotinha de ouro do tri, afirmando que ele não jogaria hoje. O grande craque respondeu a cretinice, na bucha: “Não jogaria, de vergonha”.

A seleção pentacampeã do mundo não é mais temida pelos adversários. Triste constatação. Jogadores não têm brios. Têm brilhos. Nas tatuagens e nos cabelos tingidos. Não se impõem em campo. Falta raça e personalidade. Todos estão bem de vida. Estão milionários e têm vida de príncipes. Precisam honrar a camisa da seleção.

FICAM DEVENDO – A maioria deles é de jogadores que arrebentam, nos clubes. Na seleção, decepcionam e irritam a bola e o torcedor. Talentos indiscutíveis como Vini Jr., Estevão e Hendrick, estão devendo pela seleção.

O técnico (vá lá, vá lá) é patético. Não diz nada que se aproveite. A última pérola do falastrão Dorival Junior, depois de ganhar, no sufoco, do Equador, foi garantir que o Brasil chegará à final da copa de 2026. Virou chacota nacional. Estamos em quinto lugar nas eliminatórias.

Posição ridícula, para a seleção que antes encantava torcedores do mundo inteiro. Com jogadores magistrais, como Gerson, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Rivelino, Pelé, Tostão, Nilton Santos, Garrincha, Paulo Cesar Caju, Jairzinho, Didi, Zito, Romário, Ronaldo, Zico, Domingos da Guia e Zizinho.

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OS CRAQUES SÃO ESTRAGADOS PELOS COMENTARISTAS…
Everaldo França Ferro

O futebol não mudou, continua onze em cada lado. Jogadores chamados “craques”, temos em toda esquina, porém a ansiedade dos narradores e comentaristas de futebol é insuportável. Esses profissionais é que mudaram. É incrível como eles empoderam quem faz um gol ou quem tem a idade semelhante a “Pelé” ao ser convocado para a seleção.

Pelé é uma exceção, fora de série, mas os narradores e comentaristas ficam a todo instante “endeusando” jovens jogadores, iniciantes de um sonho que pode ou não se tornar uma realidade. Precisamos dar “tempo ao tempo”. Ser jogador de seleção exige vários requisitos, dentre eles o fato do jogador ter uma história amadurecida, um passado excelente como atleta em plena condições físicas, mentais etc.

O fato de ser uma seleção de pessoas capacitadas exige referência. Vivemos essa exigência na Comissão Técnica, menos nos atletas. Somos o país do futebol, porém, estamos passando por uma gigantesca catástrofe de comentaristas e narradores do futebol que estão mais preocupados em aparecer na televisão do que estudar o futebol e ter capacidade de identificar a história do atleta, para poder acreditar, confiar na capacidade de jogar na seleção brasileira.

É lamentável o torcedor ter que assistir ao fiasco da nossa seleção canarinha jogando no Paraguai e antes vaiada em Curitiba, onde venceu o Equador mais não convenceu. O povo é sábio.

Crise e medo na Venezuela causam nova leva de migração para o Brasil

no Norte do | OIM  Brasil

Operação Acolhida dá aos venezuelanos um novo começo

Mayara Paixão
Folha

Movimento Acolhida prepara plano de contingência e cria novas vagas em abrigos; imigrantes relatam falta de esperança. O toldo que cobre a grade de ferro em zigue-zague para organizar as filas já não dá conta de abrigar os imigrantes da Venezuela que chegam à pequena cidade de Pacaraima, em Roraima, em busca de uma nova vida no Brasil.

Após a contestada reeleição de Nicolás Maduro em 28 de julho, seguida de uma forte onda de repressão, esse fluxo de venezuelanos começa a crescer. E quem chega com seus poucos pertences após horas de viagem em ônibus descreve, com cada vez mais frequência, uma relação direta entre a permanência do ditador no poder e a decisão de emigrar.

MÉDIA ALTA – As semanas que sucederam a eleição fizeram a média de 300 imigrantes que chegavam diariamente ao Brasil dar lugar a cifras que se aproximam das 600 travessias diárias. O ápice foi registrado em 26 de agosto: mais de 740 cruzaram a fronteira naquela segunda.

Foi naquele dia que o casal Jeferson Barreto, 24, e Natali Rodríguez, 25, atravessou a divisa carregando a filha, Cloe, de 1 ano. Uma semana depois, em 2 de setembro, quando a reportagem chegou ao extremo de Pacaraima, eles ainda estavam na fronteira.

O aumento do fluxo fez com que os processos de emissão de documentos para os imigrantes, como CPF e carteirinhas do SUS e de vacinação, passasse da média de um dia para ao menos cinco dias.

VACINAS OBRIGATÓRIAS – A demanda escalou, e em alguns momentos faltaram imunizantes. As vacinas contra febre amarela, tríplice viral, hepatite B e Covid, além da dupla adulto (difteria e tétano), são obrigatórias. “Viemos pela situação da Venezuela. Não há trabalho e, se você consegue um, é para ganhar US$ 20 [R$ 280], o que não te serve para muito”, diz Jeferson, que saiu com a família de Ciudad Bolívar, no sudeste venezuelano. “A esperança era de que ele [Maduro] saísse, mas não.”

Um tio de 49 anos de Jeferson foi preso após sair para comprar cigarros quando eram anunciados os resultados oficiais da eleição e os protestos começaram no país. “Ele estava abrindo a porta de casa e o levaram dizendo que estava protestando. Foi acusado de terrorismo. Minha família não pôde nem falar com ele”, afirma o sobrinho.

Antevendo um aumento no fluxo, a Operação Acolhida, força-tarefa do governo brasileiro e da ONU que desde 2018 cuida dos abrigos públicos que recebem esses migrantes, está reativando o abrigo 13 de Setembro, antes fechado, e ampliando sua capacidade de 200 para 500 vagas, relatam militares à reportagem em Boa Vista. Hoje, a operação acolhe 6.200 imigrantes em seis de seus abrigos, sendo dois deles destinados a indígenas. A capacidade é de 8.000.

NA FILA – Sentada no meio-fio ao lado dos filhos Joseph, 8, e Leanne, 3, que usam mochilas estampadas com personagens de desenho animado, Loanny Cardiero, 35, cuida das crianças enquanto o marido ocupa um lugar na fila. “Tudo está lento, há muita gente.”

Por que vieram agora? “Estávamos esperando e apostando numa mudança… Votamos. Mas nos roubaram o voto. Não é que perdemos: eles nos roubaram”, diz ela, que afirma ter votado em Edmundo González, opositor que se asilou na Espanha após se tornar alvo de um mandado de prisão da Justiça venezuelana, cooptada pelo chavismo. “Às vezes os próprios vizinhos denunciavam os outros, diziam que tinham ido às marchas da oposição, que eram ‘guarimbeiros'”, segue Loanny, usando o termo com que o regime se refere a opositores. “Nos colocam como inimigos e somos hostilizados.”

“Pensamos: vamos aguentando. Mas não podemos seguir lutando e ‘meio sobrevivendo’. Nós somos adultos, mas não podemos colocar eles [os filhos] nessa situação.” A caçula de Loanny tem epilepsia. O primogênito, um sopro no coração. O Brasil também é para essa família uma esperança de acesso ao sistema de saúde.

PF ouve, sob sigilo, suposta vítima de nova denúncia contra Silvio Almeida

Silvio Almeida está sendo fritado sem que o govern... | VEJA

Até agora, nenhuma denúncia concreta contra Almeida

Bela Megale
O Globo

A Polícia Federal ouviu, nesta terça-feira, uma nova denúncia de assédio sexual contra ex-ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida. A suposta vítima falou aos investigadores sobre o episódio na investigação preliminar aberta sobre o caso. Agora, a PF vai submeter essa apuração preliminar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a corte se manifeste sobre a competência do caso, já que a jurisprudência sobre o foro não é tema pacífico. O foco dos investigadores é evitar qualquer possível nulidade.

Se o STF bater o martelo e confirmar que a ação vai tramitar na corte, a PF transformará a investigação preliminar sobre Almeida em inquérito.

AS DENÚNCIAS – Na semana passada, o movimento Me Too Brasil, que presta apoio a vítimas de violência sexual, informou que recebeu denúncias de assédio envolvendo Silvio Almeida, que nega as acusações.

Entre os alvos estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A informação sobre as denúncias foi antecipada pelo site “Metrópoles”. Anielle confirmou em reunião com o presidente Lula que foi alvo de importunação sexual por parte do colega de Esplanada.

Diante dos fatos, a PF abriu uma investigação preliminar e enviou um ofício à organização Me Too, à Corregedoria-Geral da União (CGU) e à Advocacia-Geral da União (AGU) solicitando informações sobre as denúncias de assédio sexual envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos. A denúncia culminou na demissão de Almeida.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vamos ver o que diz essa segunda denunciante, pois a acusação da ministra Anielle Franco é cheia de furos, não pode ser levada a sério. Uma investigação criteriosa desmonta em poucos minutos a narrativa da irmã de Marielle Franco. Por enquanto, é só conversa fiada. Manter sob sigilo as investigações é impedir que haja ampla defesa de Silvio Almeida. Quando houver alguma acusação criteriosa, podem deixar que a gente avisa. (C.N.)

Supremo se preocupa mais com anistia a Bolsonaro do que com impeachment

Anistia - Charge do desenhista Solda - Disciplina - HistóriaVera Rosa
Estadão

Sob o argumento de que é preciso conceder anistia aos condenados pelos ataques do 8 de janeiro de 2023, aliados de Jair Bolsonaro se movimentam para tentar derrubar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que julgou o ex-presidente inelegível até 2030. É este o pano de fundo da polêmica sobre o perdão a quem praticou atos golpistas, simultaneamente ao pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A menos de um mês das eleições para as prefeituras e na esteira de uma acirrada disputa pela presidência da Câmara, o projeto de lei que prevê a anistia aos presos do 8 de janeiro virou instrumento de barganha política e de “lacração” nas redes sociais.

COMISSÃO DE JUSTIÇA – Uma sessão desse teatro ocorreu na terça-feira, dia 10, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Diante de uma reprodução do famoso quadro de Rafael Falco “Tiradentes ante o carrasco” – que, pendurado na sala da CCJ, mostra o mártir da Independência Mineira recebendo a veste que usaria em sua execução –, bolsonaristas tentaram de todo jeito votar o projeto da anistia.

Mas questões de ordem para lá e para cá, manobras de obstrução e um bate-boca sem fim entre apoiadores de Bolsonaro e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabaram barrando o avanço da proposta.

Antes, o deputado Patrus Ananias (PT-MG) tentou encaixar, fora da pauta daquela reunião, a análise de um projeto que aumenta as penas para quem comete crimes ambientais, sob a justificativa de que mais da metade do País está pegando fogo. Foi prontamente rechaçado. Em tom de deboche, integrantes da oposição cantarolaram “Salve a Amazônia, salve a Amazônia!”.

DEMOCRACIA??? – Munido de uma foto que associava o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, a incêndios, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) disse ali, em outro momento da discussão, que a esquerda não tinha “envergadura moral” para falar em democracia.

“Lave a sua boca para dizer que deputado de direita não respeita a democracia”, gritou Nikolas, dirigindo-se à deputada Erika Kokay (PT-DF). “O seu presidente recebeu de tapete vermelho o Nicolás Maduro”, completou ele, numa referência à recepção oferecida por Lula ao ditador da Venezuela, em maio do ano passado. Perto do colega, o deputado Sanderson (PL-RS) ironizou: “Viva Maduro e a Venezuela!”

Depois de quase três horas de gritos, vaias e troca de insultos, os governistas conseguiram adiar a votação. “Isso aqui não é terreiro de briga de galo, não”, protestou o líder do governo, José Guimarães (PT-CE). “Vamos deixar essa discussão para depois das eleições até para estabelecer uma convivência mínima entre nós, e não fazer da nossa relação uma praça de xingamento.”

BOLSONARISTAS – Na plateia havia parentes de presos do 8 de janeiro, pessoas enroladas na bandeira do Brasil e outras segurando cartazes que pediam anistia. Entre elas, Jane Duarte, a viúva de Cleriston Pereira da Cunha, empresário que morreu na Papuda, em novembro.

“Aqui não estão preocupados com bagrinhos condenados”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). “Querem é fazer desse projeto de anistia um terceiro turno de eleição indireta para resgatar Bolsonaro.”

Para obter o aval do PL à candidatura de Hugo Motta (Republicanos) na eleição que vai escolher o sucessor do presidente da Câmara, Arthur Lira, o PP patrocinou uma manobra na Comissão de Constituição e Justiça. Antes do início da sessão, o partido de Lira trocou deputados que votariam contra a anistia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bem, esta foi apenas a primeira batalha. Muitas outras vão ocorrer. Podem comprar muita pipoca. (C.N.)

Moraes pune 20 milhões de brasileiros que não cometeram nenhum crime

X é bloqueado no Brasil após Musk descumprir decisão de Moraes | Jornal Tradição Regional

Moraes não entende que puniu também os usuários do X

J.R. Guzzo
Estadão

Os principais acusados no caso X por Mores já estavam punidos e silenciados, mas o ministro fez questão de “condenar” outros 20 milhões de brasileiros que usavam as redes dentro da lei e da ordem.

A história oficial do Brasil de hoje, narrada, revisada e aprovada pelo STF, registra que, no final do mês de agosto de 2024, a plataforma X foi expulsa do país por desobedecer a ordens judiciais. Também se recusava a cumprir as leis que obrigam todas as empresas estrangeiras a manter um representante no Brasil, segundo consta em sua bula de excomunhão.0

Mais que tudo, sempre segundo a versão ora em vigor, era uma operação tóxica que se valia da liberdade de expressão para espalhar notícias falsas, calúnias, desinformação, discurso do ódio e ataques às instituições.

OS PUNIDOS -A história contada com apoio nos fatos registra os mesmos eventos sob um outro prisma. No final de agosto de 2024, por decisão individual de um ministro do STF, 20 milhões de cidadãos brasileiros foram proibidos de escrever e de ler mensagens no X. Não eram parte da demanda judicial que envolvia a plataforma. Não tinham usado a rede para espalhar nenhuma notícia falsa, calúnia, desinformação etc. etc. etc. Não estavam indiciados em nenhum inquérito – e não foi por falta de inquérito, pois o ministro Alexandre de Moraes tem pelo menos uns dez em andamento, com todos os acusados que quis incluir.

Nenhum dos indiciados pelo ministro pode publicar uma única sílaba no X, ou em qualquer rede social da qual seus perfis estão banidos. Aliás, se alguém divulgar qualquer notícia falsa etc. etc. etc., em qualquer lugar, vai ser bloqueado também. O empresário Elon Musk, dono do X, vai continuar usando a rede para falar o que quiser a seus outros 500 milhões de usuários. Feitas todas as contas, o que realmente se tem de prático é que 20 milhões de brasileiros não podem mais dizer ou ouvir nada na maior rede social que havia no País.

CONTRA A DEMOCRACIA – A história do STF, sustentada pelos fiéis de sua religião, diz que as redes sociais, a começar pelo X, são um instrumento da extrema direita para destruir a democracia no Brasil. A história segundo os fatos diz que crimes cometidos através da liberdade de expressão, da calúnia à injúria, do racismo à pregação da derrubada do Estado de Direito, são punidos pelas leis em vigor no país.

Quem não faz nada disso perdeu o direito de usar o X por atos cometidos por outros – os descritos acima e todos os que o ministro considera “antidemocráticos” e inclui nos seus inquéritos.

Os brasileiros que o Supremo acusa de transgressão têm seus perfis derrubados, sofrem bloqueio de contas bancárias, são alvo de pedidos de extradição à Interpol e de mais tudo o que o STF, PF, MP etc. podem jogar em cima deles. Já estão punidos e silenciados; não são eles o problema. O problema eram os outros 20 milhões. Pelo visto, não são mais.

Aumenta a temperatura na eleição de SP, com a direita dividida

Marçal e Nunes disputam votos do eleitor conservador

Pedro do Coutto

O ato bolsonarista realizado no último sábado, dia 7 de Setembro, em São Paulo, elevou a temperatura da divisão da direita na disputa pela Prefeitura, onde Ricardo Nunes e Pablo Marçal correm lado a lado pelo voto conservador. Na segunda-feira, vídeos sem autoria identificada circularam nas redes bolsonaristas chamando Marçal de “arregão”, tendo em vista que o candidato evitou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, além de “aproveitador” e “traidor”. Marçal, por sua vez, respondeu aos ataques afirmando que Bolsonaro se “curvou ao comunismo”.

Bolsonaro, apoiador da reeleição de Nunes, demonstrou irritação com a postura de Marçal na manifestação que agiu para dividir o apoio do público e reclamou dos organizadores por não poder subir no palanque ao final do evento. O ex-presidente enviou uma mensagem a aliados dizendo que Marçal tentou “fazer palanque às custas do trabalho e risco dos outros” e protagonizou um “lamentável incidente” ao final do ato.

ATAQUES – Silas Malafaia, principal organizador do 7 de Setembro, também partiu para o ataque contra Marçal, chamando-o de “safado”, “mentiroso” e “oportunista”. “Esse cara não é digno dos votos da direita, dos evangélicos, nem do povo de São Paulo porque mente, deturpa, engana para tirar proveito político”, afirmou.

Como se constata, as eleições para a Prefeitura de São Paulo incluirão um desafio quanto ao poder do bolsonarismo e forças paralelas que podem abalar a sua existência. Marçal tenta arrebatar esse contingente como ficou nítido no último domingo. Não adianta rejeitarem a presença de Pablo Marçal, pois ela existe de forma concreta e tem se expandido entre o eleitorado. A questão agora é saber quem vai para o segundo turno, já que não está sendo nada fácil estabelecer-se um consenso nas eleições de São Paulo.

Kamala conseguiu encurralar Trump, mas ele diz que foi vencedor do debate

EUA. Kamala 'encostou' Trump à parede no 1.º debate entre os candidatos

Trump chamou Kamala de marxista e ela deu uma risada

Patrícia Campos Mello
Folha

Na categoria previsões furadas, o governador da Flórida, o republicano Ron De Santis, caprichou. De Santis previu no X (antigo Twitter) como seria o desempenho da democrata Kamala Harris no debate da noite desta terça-feira (10) com o republicano Donald Trump: “Serão 90 minutos de saladas de palavras temperadas com platitudes”, disse, referindo-se à dificuldade de Kamala de exprimir ideias em poucas palavras e sua tendência de perder o foco.

Nada mais distante da realidade. No debate, Kamala surpreendeu até os democratas mais otimistas. Após a entrevista anódina e cheia de clichês que a candidata concedeu ao lado do vice Tim Walz à CNN, a campanha estava receosa. Mas Kamala conseguiu tirar Trump do sério inúmeras vezes e cunhou frases memoráveis, enquanto mostrou seu amplo domínio sobre diversos temas e se apresentou ao público americano.

CONHECER KAMALA – Esse era um dos maiores desafios para a vice-presidente. A democrata precisava mostrar a que veio. Segundo a última pesquisa Siena-New York Times, 28% dos eleitores diziam que precisam saber mais sobre Kamala —e apenas 9% afirmavam isso sobre Trump.

Trump tinha muito menos a perder na contenda. Já se esperava que o republicano fosse caótico e agressivo. Ninguém realmente acreditava que Trump seria disciplinado e se ateria a criticar as políticas que são flancos dos democratas, como o descontrole na imigração e a inflação.

Mesmo com todas essas expectativas reduzidas, Trump decepcionou. O republicano caiu em todas as cascas de banana e ficou a maior parte do tempo na defensiva. Quando Kamala disse que as pessoas vão embora cedo dos comícios de Trump porque ficam “exaustas e entediadas” com as conversas intermináveis sobre “personagens ficcionais como Hannibal Lecter” e “moinhos de vento que causam câncer”, o republicano não se segurou. “As pessoas não vão embora dos meus comícios, nós temos os maiores comícios da história da política”, protestou.

OS IMIGRANTES – O republicano reiterou seu alarmismo xenófobo recorrendo a hipérboles de milhões de imigrantes saindo de prisões e manicômios e levando o crime para os EUA. E insistiu até na teoria da conspiração de que imigrantes haitianos (que estão no país legalmente, aliás) estariam degolando e comendo gatos e patos em Springfield, no estado de Ohio, mentira lunática espalhada por seu vice, J.D. Vance. “Eles estão comendo os cachorros, estão comendo os gatos”, disse Trump.

Para quem queria se livrar da pecha de “esquisitos” que os democratas tentam colar na chapa republicana, não pareceu muito estratégico. Como disse um consultor republicano ao site Politico: “Ela amassou ele. Ele não estava preparado e ficou divagando.”

Kamala teve bons momentos ao falar de forma enérgica sobre o que batizou de “vetos de Trump” ao aborto, referindo-se a estados que restringiram o acesso ao procedimento após a Suprema Corte reverter Roe vs Wade, e descrever mulheres vítimas de estupro e incesto que seriam obrigadas a manter gestações. “Donald Trump não deveria dizer o que as mulheres podem fazer com seus corpos”, disse Kamala.

PUTIN EM KIEV – Também marcante foi o momento em que afirmou que, se Trump fosse presidente, o autocrata russo Vladimir Putin “estaria, neste momento, sentado em Kiev [a capital da Ucrânia]”. E após Trump se recusar, mais uma vez, a admitir a derrota para Joe Biden na eleição de 2020, a candidata democrata afirmou: “Donald Trump foi demitido por 81 milhões de pessoas, mas ainda está com dificuldade de entender isso.”

Trump não passa recibo. Da mesma maneira que faz com as eleições, quando ele perde um debate, fala que “foi roubado”. Sua campanha disse que eram 3 contra 1 (os dois âncoras, David Muir e Linsey Davis, além de Kamala, contra Trump).

Na verdade, Muir e Davis foram os grandes heróis do debate. Para desespero de Trump e estrategistas republicanos, fizeram intervenções pontuais e necessárias para corrigir as mentiras mais gritantes do republicano. Davis corrigiu a declaração falsa de Trump de que alguns estados permitem a morte de um bebê após o nascimento. E Muir afirmou que o administrador da cidade de Ohio desmentiu a fake news de pessoas comendo gatos.

EMPATE ETERNO – Infelizmente para os democratas, o triunfo de Kamala no debate pode não fazer muita diferença na disputa por votos. Segundo a maior parte das médias de pesquisas, Kamala está de um a três pontos à frente de Trump nos levantamentos nacionais, e os dois estão praticamente empatados em estados pêndulo.

Considerando o funcionamento do colégio eleitoral americano, para vencer, a candidata democrata precisa estar alguns pontos à frente nas pesquisas nacionais. As últimas pesquisas têm assustado estrategistas democratas, que esperavam uma alta por causa da convenção democrata. Não apenas não houve avanço de Kamala nos levantamentos, como ela parece ter estagnado.

E os eleitores de Trump, como ele mesmo deu a entender, são impermeáveis a gafes ou atrocidades. “Eu poderia ficar de pé no meio da Quinta Avenida e atirar em alguém, e mesmo assim não perderia nenhum voto”, afirmou certa vez.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Será uma eleição eletrizante. Trump comemorou, dizendo que foi seu melhor debate. Mas pouco significa. Em 2016, Hillary Clinton fez três debates com Trump. Segundo pesquisas na época, ela teria vencido os três. Mesmo assim, perdeu a eleição. (C.N.)

Lembrando uma bela canção de protesto de Marcos e Paulo Sérgio Valle

Os irmãos Marcos e Paulo Valle são os Donos da Música - Rede E

Paulo Sérgio e Marcos, irmãos e parceiros

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O cantor, instrumentista, arranjador e compositor carioca Marcos Kostenbader Valle e seu irmão Paulo Sérgio retratam na letra de “Terra de Ninguém”, onde a submissão, a injustiça, o sofimento, a luta, a fé e a esperança que o nordestino carrega em busca de um pedaço de terra para plantar, porque “Quem trabalha é que tem / Direito de viver / Pois a terra é de ninguém”, condições estas que, historica e politicamente, originaram os Sem-Terra atuais. Esta bossa-nova foi gravada por Elis Regina e Jair Rodrigues no LP Dois Na Bossa, em 1964, pela Philips .

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TERRA DE NINGUÉM
Marcos e Paulo Sérgio Valle

Segue nessa marcha triste
Seu caminho aflito
Leva só saudade
E a injustiça que só lhe foi feita
Desde que nasceu
Pelo mundo inteiro
Que nada lhe deu

Anda, teu caminho é longo
Cheio de incerteza
Tudo é só pobreza
Tudo é só tristeza
Tudo é terra morta
Onde a terra é boa
O senhor é dono
Não deixa passar.

Para no final da tarde
Tomba já cansado
Cai um nordestino
Reza uma oração
Prá voltar um dia
E criar coragem
Prá poder lutar
Pelo que é seu.

Mas…
O dia vai chegar
Que o mundo vai saber
Não se vive sem se dar
Quem trabalha é que tem
Direito de viver
Pois a terra é de ninguém

Anistia pelo 8 de janeiro é a principal arma da Congresso contra o Supremo

Anistia | Charge | Notícias do dia

Charge do Frank (Arquivo Google)

William Waack
CNN Brasil

Nem impeachment de ministro do Supremo nem leis para alterar decisões tomadas por esse tribunal. O principal movimento do Legislativo em relação ao Judiciário está no projeto de lei que visa anistiar os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Esse projeto conta com apoio político no Congresso e tem chances de ser votado na Câmara nos próximos dias, ao contrário do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e de outras medidas.

A questão é mais abrangente do que simplesmente anistiar aqueles que participaram dos atos violentos na Praça dos Três Poderes. Os atos golpistas, como ficaram conhecidos, foram uma forma de insurreição que foi, em parte, dirigida, financiada, organizada e resultante de um movimento destinado a contestar o resultado de uma eleição democrática.

SEM JULGAMENTO – Um grande número de participantes do quebra-quebra foi condenado a penas de até 17 anos de prisão, enquanto os mandantes e dirigentes ainda não enfrentaram condenações. Até o momento, as investigações não concluíram qual foi o papel e o grau de envolvimento direto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesses eventos.

O processo legal, cujas falhas têm sido reiteradamente criticadas por vozes que pedem o fim do Supremo, continua em andamento. Contudo, o argumento pela anistia é predominantemente político e não jurídico.

Os autores do projeto de lei argumentam que a anistia circunscrita aos eventos de 8 de janeiro serviria para pacificar.

CLAMOR POPULAR – Muitos no Legislativo desejam explorar o que chamam de clamor popular contra o Supremo, surgido por diversos motivos.

De fato, quer se queira ou não, o STF está no centro do turbilhão político. E, com o interminável inquérito das fake news e o julgamento dos eventos de 8 de janeiro, o tribunal não sairá desse turbilhão tão cedo.

A ideia de qualquer tipo de anistia parece improvável. Assim, enfrentamos mais um impasse institucional.

Lula agora se preocupa com linchamento de Silvio Almeida, que ele próprio comandou

Governo Lula investirá R$ 9 bilhões em plano para população com deficiência | Revista Fórum

De repente, Lula pensa (?) que pode ter sido enganado

Carlos Newton
Folha

Segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha, o presidente Lula da Silva (PT) diz ter conversado com amigos comuns dele e de Silvio Almeida sobre o estado do ex-ministro. “Convicto de que fez o certo ao acolher e dar crédito para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e ao demitir o ministro da pasta dos Direitos Humanos, o presidente está preocupado, por outro lado, de que Silvio Almeida tenha o direito de se defender sem ser linchado moralmente e execrado do convívio social”, informa a colunista, acrescentando:

“O presidente tem dito que ele tem direito a um processo que respeite o amplo direito de defesa. No âmbito político, porém, a situação era insustentável: uma das denúncias acabou confirmada pela própria ministra. Seria descabido que o ministro fizesse a sua defesa ocupando o cargo”.

MAIS DETALHES – Mônica Bergamo diz, ainda, que ”Lula teria sido informado antes de o escândalo estourar que Anielle tinha informado diversos ministros, e também a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, sobre a importunação sexual de que diz ter sido vítima. A ministra, no entanto, não queria formalizar as acusações. Só fez isso depois que o assunto foi divulgado pelo portal Metrópoles”.

Com essas informações de Mônica Bergamo, aos poucos, a verdade vai aparecendo. Quando o jornalista do Metrópoles publicou a matéria, disse que havia denúncia de Anielle e de outras mulheres, mas até agora não apareceram essas “outras mulheres”, à exceção de uma professora candidata a vereadora que está em busca de votos e inventou uma narrativa inverossímil.

Agora, há uma nova informação, pois a colunista da Folha diz que Anielle contara a outros ministros. Mas quais ministros? Fica parecendo uma enrolação que não acaba mais. Nesse quadro, o importante é a informação de que Lula está preocupado, porque pode ter cometido uma tremenda injustiça. É o que acontece quando um presidente se deixa ser governado pela primeira-dama.

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P.S. – Na reunião em que “ele segurou minha perna”, o ministro Almeida estava sentado em frente ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que não notou nada. Bem, ou o delegado é muito distraído ou Almeida tem um sangue-frio de agente 007. Agora, Lula deu uma semana de folga para Anielle descansar. Como ela é uma ausência que preenche uma lacuna, ninguém vai notar mesmo. (C.N.)

Supremo despreza constitucionalidade em favor da “conveniência” do governo

Sei distinguir o papel de um juiz e de um político', diz Flávio Dino

Dino fez um bom trabalho que os três poderes estragaram

Carlos Andreazza
Estadão

O Supremo decide e vai à mesa. O tribunal constitucional cujas determinações servem à acomodação posterior. Uma decisão impecável — como a de Flavio Dino sobre a corrupção das emendas parlamentares, chancelada em plenário — é convertida em corda esticada para que tratativas de ordem política produzam-distribuam concessões e conchavos.

É o STF quem cede. O vício do descomedimento a multiplicar senadores togados — uma manifestação primorosa sob a desconfiança de ser obra de líder do governo no STF. A Corte é que decide para, então, sentar e conversar — e pactuar. Recuar. Afrouxar. Lavar as mãos.

NADA MUDA – Talvez mesmo piore. Mais emendas impositivas? Sempre se pode constitucionalizar desequilíbrio adicional à República, aos poucos incorporado o parlamentarismo orçamentário. A decisão firme, nos autos, no entanto pautadora de acordo, que gerou nota, uma carta de intenções — acordo que enfraquecerá o formalmente decidido.

Declara a nota: “Firmou-se o consenso de que as emendas parlamentares deverão respeitar critérios de transparência, rastreabilidade e correção”.

Esse consenso foi firmado pela Constituição, sob os princípios que fundamentariam as disposições de Dino. Princípios que, materializados em decisões do Supremo em 2021 e 2022, Parlamento — sob Lira e Pacheco — e governo (Bolsonaro e Lula) já desrespeitaram. A mesa está posta, pelo STF, para que desrespeitem novamente.

INVERSÃO DE VALORES – O Supremo decide — exerce o controle de constitucionalidade — e convida para o almoço. Decide e subordina sua atividade à linguagem da conciliação circunstancial. Adotada a inversão de valores, O STF só se enfraquece.

O exercício do controle de constitucionalidade a serviço da negociação política. Do controle de conveniência. O problema maior não estando na formação de 2 x 1, e sim em o STF compor com (para) os interesses do governo; em criar melhores condições para uma parte comerciar.

O Supremo agente político que se enfraquece é o que terá — já tem — suas decisões burladas.

AS EMENDAS – O grande lance, o que importa ao Lirão, é a garantia de manutenção de seus fundos orçamentários e a transição-evolução das emendas de comissão, superfície corrente para a dinâmica do orçamento secreto. A carta-retrocesso não fala, por exemplo, em identificação dos padrinhos das emendas.

O acordo estabelece que Parlamento e Planalto se acertem — o Supremo abençoa. Têm se acertado desde 2022. Aceita-se entregar os anéis das emendas Pix dando-lhes objeto.

Depois do almoço, é feita a cama para o arranjo-partilha que encontrará, no corpo da LDO ainda aberta, a nova superfície — ou a superfície adaptada — para que a operação do orçamento secreto, ininterrupta desde 2019, continue em 2025.

Vem PEC aí.

 AGU recorre contra a decisão que pode beneficiar Bolsonaro no caso das joias

Tribuna da Internet | Sob o signo da Liberdade

Charge do Spacca (Arquivo Google)

Rayssa Motta
Estadão

A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com recurso no Tribunal de Contas da União (TCU) para tentar reverter o resultado do julgamento que abriu margem para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser poupado no caso das joias sauditas. Bolsonaro é acusado pela Polícia Federal de desviar joias e relógios de luxo da Presidência avaliados em R$ 6,8 milhões. O escândalo das joias foi revelado pelo Estadão em março do ano passado.

Os ministros do Tribunal de Contas decidiram, por maioria de votos, que a Corte não pode obrigar os presidentes a devolverem presentes recebidos no exercício do mandato até que o Congresso aprove uma lei específica que reconheça esses itens como bens públicos.

ALEGA A AGU – Em recurso enviado na sexta-feira, dia 6, a AGU argumenta que o posicionamento do TCU viola o interesse público, afronta os princípios da razoabilidade e da moralidade administrativa e compromete o patrimônio da União.

A Advocacia-Geral da União afirma que o TCU contrariou um entendimento que havia sido firmado pelo próprio tribunal em 2016. Na ocasião, os ministros definiram que, ao deixar o cargo, os presidentes só podem ficar com “itens personalíssimos” e todos os outros presentes recebidos na qualidade de chefe de Estado devem ser incorporados ao acervo da União.

O recurso menciona o artigo 20 da Constituição Federal, que prevê que “são bens da União os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos”. “Nessa lista, portanto, figurariam os presentes entregues aos chefes de Estado durante eventos diplomáticos, visitas oficiais ou quaisquer outras circunstâncias similares”, argumenta a AGU.

EFEITO CASCATA – Os advogados que representam o governo Lula também alertam para o risco de um efeito cascata, ou seja, de outros ex-presidentes requisitarem presentes que tiveram que devolver ao patrimônio da União.

A defesa de Bolsonaro se apoia na decisão do TCU para pedir o arquivamento do inquérito das joias. Os advogados argumentam que, por “isonomia”, o Tribunal de Contas da União deve reconhecer que o ex-presidente não cometeu irregularidade ao ficar com os presentes.

Ou seja, pedem que a mesma interpretação deve prevalecer tanto na esfera administrativa quanto na seara penal.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO nome que se dá a essa situação é altamente significativo – insegurança jurídica. A esculhambação interpretativa chegou a tal ponto que ninguém agora sabe que leis e jurisprudências devem ser obedecidas. Veja-se o caso da “presunção de culpa”. Depois que Alexandre de Moraes criou esse retrocesso doutrinário junto com Benedito Gonçalves, para cassar Deltan Dallagnol, qualquer maluquice pode ser permitida. (C.N.)