Teste definitivo de Bolsonaro é ganhar apoio e aprovar a anistia no Congresso

Jair Bolsonaro após participar de uma reunião partidária no Senado, em Brasília, nesta quarta, 30

Bolsonaro perde no Supremo mas pode ganhar no Congresso

William Waack
Estadão

O grande teste imediato para averiguar o peso político de Jair Bolsonaro e seu papel na direita é saber se consegue mobilizar no Legislativo forças suficientes para compensar o que enfrentará no Judiciário. Simplificando, é anistia versus denúncia.

As articulações no Legislativo estão criando um tipo de geringonça política na qual Bolsonaro “comanda” um agrupamento nutrido. Porém, é apenas um entre pelo menos outros três.

SEM GRATIDÃO – A leitura dos fatos feita pelos operadores desse “centrão radical” (na expressão do cientista político Carlos Pereira) — um amálgama que se acomoda em qualquer lado — é a de que Bolsonaro tem peso significativo, mas se afastando da condição de fator dominante nesse setor do espectro político.

Em outras palavras, dado o fato de que Bolsonaro depende do Legislativo para se livrar da cadeia e voltar a disputar eleições, as raposas felpudas na Câmara entendem que o capitão lhes deve mais, e não o contrário (não existe gratidão em política). O Senado talvez venha a ser mais sorridente para Bolsonaro e o que ele significa, mas só em 2026.

É possível que o Judiciário só trate da aguardada denúncia contra o ex-presidente apenas próximo do Carnaval, ou seja, com as Casas legislativas sob nova direção.

VAI DEMORAR – Essa dilatação do prazo (inicialmente falava-se do final de novembro) para encerramento dos inquéritos e a formulação de uma denúncia por parte da Procuradoria-Geral da República não altera o que se tem como dado seguro: uma peça de acusação robusta.

Dado o número de inquéritos, a quantidade de pessoas investigadas e a linha do tempo (que provavelmente abrangerá os dois últimos anos da Presidência de Bolsonaro) a denúncia promete ser longa e sua principal linha de ataque é a “preparação para golpe de Estado”.

Trata-se de algo difícil de ser provado na Justiça, ao contrário do julgamento político e moral, e depende da composição meticulosa de fatos e indícios capazes de “contar uma história” de maneira convincente.

FALTAM DETALHES – Não que a Segunda Turma do STF, que receberá a denúncia, precise de muito convencimento. É óbvio que a tarefa da defesa de Bolsonaro será a de “desmontar” o todo a partir de suas partes, mas ainda não se sabe em detalhes o que caiu nas mãos da Polícia Federal e da Abin durante os inquéritos. As Forças Armadas permanecerão caladas.

O ambiente político depois das eleições municipais sugere ser ilusório o surgimento de uma atmosfera de alta pressão no Legislativo capaz de moderar a aguardada dura resposta “institucional” do MPF e do Judiciário aos anos de Bolsonaro — “institucional” entendido aqui como julgamento político, no sentido amplo dessa expressão.

Resta talvez a voz rouca das ruas, que anda meio apagada.

10 thoughts on “Teste definitivo de Bolsonaro é ganhar apoio e aprovar a anistia no Congresso

  1. Bom, num Estado definitivamente criminoso, um falsificador de NFs de combustíveis e atestados médicos, líder de organização criminosa especializada em desvio de recursos públicos (rachadinhas), culpado de charlatanismo médico responsável por milhares de mortes de brasileiros na Pandemia, contrabandista internacional de joias e, ainda, padrinho de milicianos, tem tudo para chefiar esse Estado.
    Se falei alguma mentira me corrijam!

      • Bom, se por acaso eu entendi errado e estão querendo me tachar de lulista, devo informar que possivelmente tenha sido o primeiro a chamar o governo do lula de “cleptocracia” há muitos anos atrás, no blog do saudoso Jorge Bastos Moreno, o que me valeu uma campanha agressiva de petistas contra mim e que me fez abandonar aquele veículo e passar a postar na Tribuna da Imprensa do imortal Hélio Fernandes e posteriormente nesta Ti numa primeira vez.
        Então, desfeitas as dúvidas, vão atrás de quem votou no Lula…eu bem que avisei:
        https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-politica/7412867

        • “…Malandro, inteligente e sedutor, qualidades básicas para triunfar como vigarista, logo viu que ser sindicalista era mais leve do que operário e lá foi ele, prometer o céu na porta da fábrica, e ganhar o pão com o suor dos “cumpanheiros”. O pão, as cachaçadas, os churrascos e os fins de semana em Santos….”””

    • Lógico, num país polarizado com torcedores idiotizados votando, o painho de Garanhuns sabe que com o Cupim da República na contenda, a eleição está no papo, ladrão ele pode ser, burro em politicagem, nunca!

  2. Bom, não sei porque lembrei de David Nasser, que acostumava a finalizar alguns escritos no Cruzeiro com o provérbio árabe “Os cães ladram e a caravana passa”

  3. ‘Se na cadeira presidencial, com a caneta na mão e gastando absurdos de dinheiro público, Bolsonaro não conseguiu ser reeleito para a presidência, jamais se elegerá.’

    ‘Foi incompetente demais para não ser reeleito’.

    O TSE pode revogar a declaração de inelegibilidade de Bolsonaro, que ele não volta nunca mais à presidência. Esquece.

    E ele sabe disso, tanto que sendo anistiado/elegível, deverá ser candidato a deputado federal ou a senador, buscando seu grande objetivo, que é o foro privilegiado, para não ir para a cadeia.

    Acorda, Brasil!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *