Esquerda tornou-se parte de uma elite cultural que perdeu seu espaço

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Charge do Jorge Braga (O Popular)

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

O PL perdeu a maioria dos segundos turnos em que enfrentou um candidato de centro ou de centro-direita. Seus grandes triunfos — como Brunini, em Cuiabá — se deram justamente onde o adversário era de esquerda. Isso significa que, na maior parte das capitais, a união entre esquerda, centro e centro-direita ainda soma mais do que a extrema direita sozinha. Ufa!

Mas a direita bolsonarista puro-sangue continua forte. O PL, que tantas cidades perdeu no segundo turno, ainda assim foi o partido com o maior número de votos para prefeito do Brasil e é o partido com o maior número de prefeituras de grandes cidades (aquelas com mais de 200 mil eleitores). Tem 16, seguido pelo PSD com 15. O partido de esquerda melhor colocado nesse ranking é o PT, em oitavo lugar, com 6 prefeituras de grandes cidades.

NOMES VIÁVEIS – Cristina Graeml, Bruno Engler, Pablo Marçal, André Fernandes, Éder Mauro e tantos outros podem ter perdido, mas já se fixaram como nomes viáveis em eleições majoritárias para uma faixa expressiva do eleitorado. A direita, mesmo apostando no radicalismo, chegou tão ou mais perto de ganhar quanto a esquerda que desdobrou para se mostrar moderada.

Isso não é à toa. E duvido que um candidato de esquerda que não se moderasse —se Boulos fizesse da defesa de ocupações e das críticas à Polícia Militar suas bandeiras, por exemplo— tivesse maiores chances.

Há uma série de temas para os quais ser de esquerda é um obstáculo, enquanto o de direita pode contar com os ventos favoráveis da opinião pública. E isso se explica por uma mudança cultural de fundo: nossa sociedade está mais “de direita”.

EM OPOSIÇÃO – Empreendedorismo, por exemplo, é um tema em que as teses da esquerda e as crenças do grosso da população estão em oposição. Para a esquerda, o empreendedorismo é um problema social, uma forma de trabalho precarizado que ilude trabalhadores para melhor explorá-los.

O ideal seria que toda a população trabalhasse no modelo CLT ou, melhor ainda, no regime do serviço público concursado.

Outro ponto é a segurança pública: o que uma candidatura de esquerda tem a dizer sobre esse tema além de desdizer o que era dito antes? Depois de anos tratando o criminoso como vítima da sociedade, e a polícia como violadora de direitos humanos, como alinhar o discurso às crenças da população de forma convincente?

SÃO DESAFIOS – Não faltam outros temas: política externa, meritocracia, religião. Vozes de esquerda terão muito mais capacidade do que eu, mero observador externo, de descobrir como se adequar a esse novo panorama ideológico. Esse desafio, contudo, não diz respeito apenas à esquerda.

Há uma série de conquistas iluministas, que contemplam também a direita liberal, que também estão em xeque: Estado laico, direitos LGBT, pensamento científico (versus pensamento mágico), divisão de poderes, jornalismo profissional, etc.

 Um abismo separa a elite cultural —que até hoje teve peso desproporcional na mídia e na política— e o resto do povo. Diferença de valores, crenças e sensibilidade. Reduzir essa distância —não por meio da censura, e sim pelo diálogo e pela persuasão — deve ser o objetivo número 1 de todos os que acreditam que os valores que marcaram o mundo liberal e democrático precisam ser preservados.

5 thoughts on “Esquerda tornou-se parte de uma elite cultural que perdeu seu espaço

  1. Seu Joel

    Por falar na “esquerda” caviar limpinha e cheirosa.

    Veja como eles estão “preocupados’ com os pobres, e como disse por várias vezes o Ladrão de Nove Dedos., “Vamos cuidas dos pobres”…

    “..“Ex-faz-tudo de Dirceu, dirigente do PT opera banco falso e faz reuniões fora da agenda no governo””…

    “.. Um antigo “faz-tudo” do ex-ministro José Dirceu (PT) opera um banco com lastro falso de R$ 8,5 bilhões”…

    Seu Joel, como é lindoe maravilhoso o “comunismo”……

  2. “Um antigo ‘faz-tudo’ do ex-ministro José Dirceu (PT) opera um banco com lastro falso de R$ 8,5 bilhões e percorre o Palácio do Planalto, a Esplanada e o Congresso fazendo lobby e oferecendo serviços em reuniões fora de agendas públicas. O Atualbank usa documentação falsa do Tesouro Nacional, tem ‘laranjas’ envolvidos na constituição e é ligado a um estelionatário condenado no Mato Grosso.

  3. O problema da autodeclarada “elite cultural” começa aí, porque sabem ler e, alguns, escrever, juram que todo mundo que vive fora da bolha em que vivem não merece consideração ou erspeito. Exemplo disto é o jornalismo da “Red Globe”, lá parece que se vive noutro país, no país onde gente como o Xandão ou o Biden da Silva reinam sem contestação, daí o descolamento da realidade da autodeclarada “elite cultural”, em sua maioria funcionária pública e que jura que não tem nada a aprender com ninguém.

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