Desaceleração da China é inevitável e o Brasil precisa se situar melhor

China: o que problemas da segunda maior economia global significam para o  mundo - BBC News Brasil

Queda da população está enfraquecendo a economia da China

José Roberto Mendonça de Barros
Estadão

Retomo meu último artigo: a desaceleração da China é inevitável e terá grandes consequências na arena global e em nosso País. Vejam os leitores que há várias semanas o governo chinês vem soltando medidas para reativar os mercados, sem grande sucesso.

Outro indicador do ceticismo dos analistas, com o qual concordo e que reputo importante, é a fraqueza do mercado de petróleo. Mesmo com todo o pacote chinês, a cotação do Brent não descola dos US$ 70 por barril. A demanda por óleo vem sendo revisada para baixo e parece claro que, ante o mínimo sinal da possibilidade de um cessar-fogo no Oriente Médio, veremos os preços irem para a faixa dos US$ 65 – vale lembrar que a Arábia Saudita começará a bombar mais produto a partir de setembro. Não será a demanda chinesa que vai sustentar o mercado.

POPULAÇÃO – Mas, a meu ver, a acelerada queda da população e seu envelhecimento são o centro do problema. Os jovens não querem ou postergam os filhos porque têm idosos para sustentar e têm receio de não poder pagar os custos de uma boa educação, especialmente em um momento de alto desemprego dos recém-formados.

A projetada queda de 200 milhões de pessoas até 2054 é sem precedentes num país onde a renda per capita ainda é baixa. O temor de ficar velho antes de ficar rico parece ter fundamento.

Com isso, o consumo interno tende a crescer mais lentamente, ao contrário do que acontece em outros países da Ásia, até porque parte dos investimentos estrangeiros antes canalizados à China agora busca Índia e outros destinos na região.

BLOQUEIO DE COMERCIO – Ao mesmo tempo, a preocupação com segurança tem limitado a expansão de empresas inovadoras. As exportações também terão mais dificuldades de crescer porque, especialmente nos países ricos, uma ativa política de bloqueio de comércio está se desenvolvendo. Isso é particularmente visível no segmento de carros elétricos e de matérias-primas básicas.

Somando tudo, a economia chinesa irá desacelerar lentamente para a faixa de 4% ao ano. Por outro lado, a população americana seguirá crescendo: a ONU estima que, entre 2023 e 2050, passará de 343 milhões para 380 milhões de habitantes. O consumo e o PIB vêm se expandindo de forma robusta e o progresso técnico tem sido impressionante.

Apostar que a China será a ganhadora na arena global, sobrepujando um “império decadente”, parece um lance excessivamente ousado. Melhor faria o Brasil cultivar relações amistosas e construtivas com todos os líderes globais.

3 thoughts on “Desaceleração da China é inevitável e o Brasil precisa se situar melhor

  1. Que andem a passos de tartaruga. O que produzirem é enviam para o mundo, são produtos de baixa qualidade e sem contrôle de qualidade. Basta entrar numa loja dessas que se espalharam pelo mundo

  2. Crueldade no Corte de Gastos do Governo

    Cruéis e indiferentes à sorte dos economicamente mais fracos, donos da Globo mandam Lula cortar o valor do benefício de idosos e deficientes e dos aposentados do INSS.

    “É preciso desvincular BPC e aposentadoria do salário-mínimo.

    (…) O governo Lula precisa (…) desvincular a correção das Aposentadorias e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário-mínimo.”

    Fonte: Editorial do Jornal O Globo, Opinião, 04/11/2024 16h49

  3. Não entendo como uma politica de contenção demográfica pode ser negativa no segundo país mais populoso do mundo quando a inovação tecnológica avança e substitui empregos.

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