J.R. Guzzo
Estadão
Entre todos os desvarios impostos hoje à vida pública brasileira poucos se podem comparar ao esforço desesperado do STF e da esquerda nacional para criar a censura nas redes sociais. Nada pode se igualar, é claro, ao golpe dos estilingues, do batom na estátua (“substância inflamável”, diz o ministro Alexandre de Moraes) e dos oficiais subalternos que não tinham autoridade para dar ordens a um cabo do tiro-de-guerra de São José dos Ausentes.
Aí já é medalha de ouro, e não sobra para ninguém. Mas a censura vem logo atrás, coladinha.
MAIOR ABSURDO – A censura do regime STF-Lula, com o apoio neurastênico, agressivo e irracional das classes culturais, é uma mentira dentro de uma mentira. É simples: estão fazendo o maior ataque à liberdade de expressão jamais visto na história da República, mas juram que seu programa de censura não é censura.
Dizem que é “controle das redes sociais”, onde haveria uma “terra sem lei” que ameaça a própria sobrevivência da nação. Essa terra não é sem lei, e nunca foi.
Está sujeita às regras do Código Penal e do Marco Civil da internet. Também não ameaça a sociedade – só ameaça a eles mesmos. E é censura, porque pune quem quer dizer o que pensa.
DIZ TOFFOLI – E nada define tão bem a boçalidade espetacular da censura do STF do que a desculpa que o ministro Toffoli acaba de dar para ela.
Não se pode admitir, na sua opinião, que a liberdade de expressão seja usada para a polícia jogar gente de cima da ponte, como ocorreu há pouco em São Paulo. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra?
Tudo a ver, diz Toffoli. O policial fez o que fez pela “falta de lei” da internet: achou que o direito à sua livre expressão incluía atirar o infeliz lá do alto. Viram como é um perigo deixar as pessoas lerem e escreverem o que bem entendem nas redes sociais?
MULTAS LEVES – Toffoli diz que multas contra o X foram ‘muito leves’ e Moraes diz que vai ‘rever’ imposições.
Ora, não adianta dizer que isso é apenas mais uma estupidez privada de um repetente que foi reprovado duas vezes seguidas no concurso para juiz de direito antes de ganhar seu lugar no STF.
Tire-se o verniz de segunda categoria que os outros ministros usam em suas encíclicas a respeito do tema e vai se ver a mesma indigência. O problema deles não tem solução.
CALAR A INTERNET – Dizem que “não é censura”, pois não afeta a mídia convencional. Mas o regime não precisa censurar a mídia convencional. O quer, mesmo, é calar a internet – onde, pela primeira vez nas suas vidas, todos os brasileiros podem dizer o que querem, dia e noite, sem pedir licença aos jornalistas, aos professores da USP e aos bilionários com “pegada social”.
O problema real do regime STF-Lula é o povo brasileiro. Se ele puder pensar, dizer livremente o que pensa, e tirar suas conclusões sobre o que ouve, atrapalha tudo.
Nossos para tanto locupletosdefensores tradicionais não permitirão, que NÃO deixe de acontecer!
https://www.espada.eti.br/censuraiminente.asp
Penso, logo existo. Mas se externar meu pensamento, vou em cana.
Se vivesse hoje, no Brasil, René Descartes teria de refazer a sua frase.
Do jeito que vai, se um dia inventarem uma máquina que leia os pensamentos, será um deus nos acuda,
os donos da pátria entupirão as cadeias com “maus pensadores”.
Será que chegaremos a este ponto? Que o todo poderoso se apiede de nós.
Não desejo nenhum mal a Descartes, que continue descansando no panteão dos livres pensadores.
Ele, apreciando toda essa prosopopeia patrocinada pelos Varões de Plutarco, vendo o Catão de Utica escorregar no banheiro e a clarinada dando partida aos Cavaleiros de Granada, aqueles que em altas madrugadas saiam em louca disparada … para nada. Faria sua persignação (sinal da cruz) e bradava, tô fora.
Ps, essa dos Cavaleiros de Granada peguei do grande jornalista Carlos Chagas. Gosto de usar para denunciar as grandes fanfarronadas.