Carlos Newton
Sempre que assume um novo ministro no Supremo Tribunal Federal, renova-se a esperança de que possa ser um jurista de respeito, que efetivamente obedeça às leis e seja também um magistrado de boa índole, que jamais se mostre impiedoso e tenha a humildade de reconhecer ter cometido um ocasional erro.
Se ministros e ministras do Supremo fossem assim, que maravilha viver, como dizia Vinicius de Moraes. Mas eles se comportam exatamente ao contrário, votam de acordo com os interesses dos presidentes que os nomearam, praticam as maiores arbitrariedades e até boçalidades, desculpem a franqueza.
NUMA REDOMA – O pior é que passaram a se fechar numa redoma, cercados de seguranças, e fingem não se importar com o que a opinião pública acha deles, como se vivessem no melhor dos mundos, na genial visão satírica de Voltaire.
Nomeado em agosto do ano passado, Cristiano Zanin ainda é um estreante, porém demonstra um comportamento bem diferente dos demais. Jamais participa de julgamentos em que possa se considerar suspeito, algo raro no Supremo. E estuda os casos minuciosamente, algo mais raro ainda.
No julgamento de Roberto Jefferson, concluído nesta sexta-feira 13, o mais jovem integrante do STF teve ocasião de dar uma aula nos demais, ao divergir do relator, o todo-poderoso Alexandre de Moraes, aquele que não erra nunca.
ERROS DE MORAES – Zanin mostrou que Moraes estava cometendo erros no julgamento e na dosimetria da pena. Motivo: Jefferson responde por atentado ao exercício dos Poderes, homofobia, calúnia e incitação ao crime. As duas últimas acusações, porém, estavam claramente prescritas, jamais poderiam ir a julgamento.
A denúncia do caso foi recebida em 27 de junho de 2022. Como faz mais de dois anos e as penas definidas em cada um somam menos de dois anos, os crimes estariam prescritos. Bingo para Zanin.
Além disso, havia atenuantes, citadas por Zanin, como a idade de Jefferson, que completou 71 anos em junho, sem falar em sua saúde mais do que precária.
DOSIMETRIA ERRADA – Enquanto Zanin propunha a dosimetria certa com 5 anos, 2 meses e 28 dias de reclusão, Moraes manteve a exagerada pena de 9 anos, 1 mês e 5 dias de prisão, além de R$ 200 mil em danos morais coletivos.
A divergência de Zanin deu frutos. O ministro Edson Fachin acompanhou seu voto, Nunes Marques propôs apenas 2 anos e 11 meses de prisão, e André Mendonça pediu a absolvição do réu.
Os outros seis ministros acompanharam Moraes, aquele que jamais erra, e prevaleceu a equivocada pena de 9 anos, 1 mês e 5 dias de prisão, a manchar a biografia dos ministros.
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P.S. 1 – O pior é que Jefferson não tem a quem recorrer. Seus advogados podem até apresentar Embargos de Declaração com Efeito Modificativo, mas dificilmente o recurso será levado em conta pelos sete ministros que não erram nunca.
P.S. 2 – Falta Jefferson ser julgado por ter atirado em agentes da Polícia Federal que foram prendê-lo. Como ele é um idoso muito doente, cheio de comorbidades, é provável que morra na prisão. Mas quem se interessa? (C.N.)
Jefferson: de “Povo na TV” a “bolsotário”. O que mais se poderia esperar?
Roberto Jefferson começou a ‘carreira’ como um dos apresentadores de “O Povo na TV” pela TVS, atual SBT, em 1980, exibido inicialmente apenas para o Rio de Janeiro. Os demais apresentadores do programa, à época, eram Wilton Franco, Wagner Montes, Christina Rocha, Mara Maravilha e Sérgio Malladro.
Depois, já como deputado federal, ficou conhecido nacionalmente por liderar a “tropa de choque” em defesa do presidente Collor, por delatar o escândalo do Mensalão, e, após sair da cadeia, por seu apoio ao governo Bolsonaro, que deu nisso aí que se vê.
enterrem meu coração na curva do rio, mas não esqueçam de lavar 7 togas nas águas…
Em um futuro distante corajosos jornalistas, baseados em fatos históricos, irão execrar os juízes do supremo, na mesma dosimetria hoje aplicada, quando festivamente chutam os cães mortos do regime militar. Mas como tudo, então, será um passado por muitos desconhecido, estarão confortáveis para enaltecer suas próprias narrativas.
Antes de enaltecer a inegável competência jurídica do Ministro Zanin, não esqueçam de que foi ele, junto com o Dr. Walfrido Warde, o formulador e executor da Lava Lula, servindo de bandeja à Segunda Turma, a jurisprudência pela qual Ela paga em descrédito até hoje e o Lula ganhou um mandato de presidente.
Lembrem-se que ” bandidos e criminosos ” também envelhecem , sendo que em alguns países eles também são presos , vede , o caso do assaltante Ronald do trem pagador inglês , fugiu para o Brasil e constituiu família e mesmo assim foi preso , mesmo estando um caco pois na Inglaterra seu crime não prescreve e não tem essa palhaçada de perdão humanitário , pelo fato de qo bandido esta doente ou velho , vejam o caso de Paulo Maluf , continua livre , leve e solto por ter fingido que esta doente , com o agravante de que esta rindo e debochando das pessoas honestas e de bem do Brasil .
Se eu fosse legislador onipotente baixaria uma Lei, “Cidadão ideológica ou idiotamente polarizado é proibido de falar a palavra justiça, pela simples incompreensão do significado do vocábulo”
In Fux we trust (mas só se ele decidir conforme nós pensamos).. .
Senhor Um Velho na Janela , infelizmente no Brasil as pessoas que pensam diferentes e não concordam com o pensamento padrão , são rotuladas de forma ” depreciativa , pejorativa e desrespeitosa ” .
Caro José Carlos, é por isso que eu cutuco, ser desrespeitado pelo rebanho é gratificante e a garantia de que estou certo. Valeu!