Como diz Lula, o general Braga Netto tem direito a ampla defesa

Governistas comemoram prisão de Braga Netto

Braga Netto é um militar sem caráter, mas a lei o protege

Carlos Newton

Desde a época em que foi interventor federal na segurança do Rio de Janeiro, em 2018, o general Braga Netto é considerado incompetente e destrambelhado. Não conseguiu enfrentar o crime e agiu com impressionante falta de visão. Quando a intervenção estava para terminar, abrimos aqui na Tribuna da Internet uma forte campanha contra ele, porque tencionava devolver à União vultosa parte da verba que recebera.

Na undécima hora, por sugestão da Tribuna da Internet, o general decidiu comprar coletes e outros equipamentos para os policiais militares. Resultado: a 12 de setembro de 2018, a Polícia Federal realizou uma ação para investigar possível fraude na venda sem licitação dos coletes e de outros bens pela CTU Security LCC, em negociação que fora anulada, porque o governo americano avisou ao Brasil que a empresa estava envolvida no assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse.

PRIMO DE VILLAS BÔAS – De início, pensava-se que Braga Netto fosse um destaque no Exército. Mas na verdade era protegido por ser primo do então comandante Eduardo Villas Bôas, que o indicou para ser interventor e depois para compor o governo Jair Bolsonaro.

Quase dois anos depois, já no governo Bolsonaro, o Tribunal de Contas da União (TCU) denunciou irregularidades no uso de 93 milhões de reais para a compra de blindados Lince K2, inadequados para operar nas estreitas ruas das comunidades do Rio, além de gastos com reformas em instalações do Exército e até compras de camarão e bacalhau, ao preço de 212 mil reais.

A conclusão dos auditores do TCU foi de que os desvios de finalidade apontados em seu relatório final feriam a Constituição e configuravam “graves ilegalidades”.

CRÍTICA EQUIVOCADA – Por tudo isso, é um equívoco criticar a Tribuna da Imprensa, dizendo que estamos defendendo Braga Netto, Jair Bolsonaro e outros envolvidos no golpe que não houve.

Aqui defendemos a tese de que todos devem ser investigados, julgados e condenados, mas dentro da lei.

O general Braga Netto é um mau militar e um péssimo civil. Mesmo assim, as leis que o protegem (e que protegem a todos nós, como ensinava Ruy Barbosa) devem ser respeitadas. No entanto, nesta decisão assinada por Alexandre de Moraes não foi citada nenhuma lei que justificasse a prisão preventiva de Braga Netto. E isso é errado, não importa quem esteja sendo investigado.

###
P.S. 1 –
Para justificar a prisão, Moraes disse que Braga Netto poderia obstruir a investigação, uma tremenda contrafação, porque o inquérito fora oficialmente encerrado 23 dias antes da prisão dele. Ou seja, Braga Netto teria de voltar ao passado para interferir numa investigação já encerrada. E voltar ao passado só acontece em comédias de Hollywood…

P.S. 2 – Aqui na Tribuna, sob o signo da Liberdade, não defendemos A ou B; o que se defende aqui é a democracia, sem a qual não existe liberdade. (C.N.)

5 thoughts on “Como diz Lula, o general Braga Netto tem direito a ampla defesa

  1. Mais uma vez e como sempre, acerta na mosca o nobre sniper/redator da TI, Carlos Newton.
    A voce e à quem por aqui comparece: feliz fim de ano e igual transcorrer de 2025, se assim nos for permitido.
    Saudações Joinvillenses!

  2. Perfeito o artigo do nosso editor no que diz a respeito ao sagrado direito à inocência pressumida do tóxico militar corrupto, golpista , criminoso e traidor da Pátria, como um incompetente juíz se atreve a macular o sagrado direito de defesa de tão qualificado acusado?
    Agora, o que me causa espécie é não ver ninguém defendendo os direitos da pretensa vítima, o povo brasileiro, sujeito à ameaça de inocentes bandidos disfarçados de políticos e militares querendo assassinar-lhes seus líderes e submetê-los a uma ditadura fascista.
    Vamos dar uma chance a esse outro lado da equação judicial!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *