Trump e Musk estão ameaçando as mais severas regras da democracia

Democracia neste sete de abril | Rede Humaniza SUS - O SUS QUE DÁ CERTO

Charge do Solda (Solda Cáustico)

Merval Pereira
O Globo

Elon Musk mandou mensagens aos senadores ameaçando-os de retaliação caso não votem a favor de Trump. É uma ação que faz parte da maneira como Trump vê a política, mas é impressionante que a pessoa mais rica do mundo tenha coragem de fazer.

É uma coisa escandalosa, que provavelmente não ficará sem resposta; e uma maneira de interferir na democracia através do dinheiro. Se o primeiro passo é este, imaginem o que vem depois.

INTERESSE BRUTAL – Nos EUA, o financiamento privado de campanhas políticas pode não ser ligado aos partidos – o que chamam de PAC – um pacote publicitário em que é possível apoiar alguma tese para ajudar um candidato e o valor é ilimitado.

E Musk, o homem mais rico do mundo, tem um interesse brutal no governo Trump por causa do grande projeto do Space X para Marte.

Além de tudo, Musk é membro do governo e não deveria poder se envolver nestas disputas. Isso define mais ou menos a direção que irão na questão política.

TUDO É POSSÍVEL – Se não houver um escândalo e ele não desmentir, não sabemos o que pode acontecer mais adiante.

Além da interferência do poder financeiro, tem o poder das redes sociais, principalmente agora que Zuckerberg anunciou que vai incentivar discursos políticos. Por isso. é preciso regulamentar as redes sociais.

 Tudo o que Trump quer são as redes sem censura. É uma situação absurda. Trump está testando os limites para ver até onde pode ir. Bolsonaro também fez muito aqui, e recuava quando havia reação. Vamos ver lá, porque Trump tem maioria no Congresso e no Supremo.

Lula planeja viagens semanais pelo país para reverter a impopularidade

Os momentos angustiantes de Lula a bordo do avião... | VEJA

Para Lula, viagens aéreas são cada vez mais desgastantes

Caio Spechoto e Sofia Aguiar
(Broadcast)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja uma temporada fazendo até duas viagens por semana para promover o governo nos Estados do Brasil e tentar recuperar a popularidade. A primeira poderá ser para o Rio de Janeiro, na semana que vem, para anunciar investimentos da Petrobras.

A avaliação no Palácio do Planalto é que a presença do petista no interior do Brasil ajudaria a divulgar a própria gestão.

ATRAIR ATENÇÃO – Nas viagens, o presidente tem atenção da imprensa local, mobiliza apoiadores e tem a oportunidade de falar sobre obras e programas sociais – enquanto, em Brasília, o que toma mais tempo são reuniões em gabinetes.

Lula está em um momento de popularidade fragilizada. Pesquisa Genial/Quaest divulgada na segunda-feira, 27, aponta que a desaprovação do petista chegou a 49%, contra 47% de aprovação. Foi a primeira vez que a desaprovação do presidente apareceu numericamente maior do que a aprovação desde o início do mandato.

Segundo apurou a reportagem, a análise no entorno de Lula é que seria melhor para sua popularidade fazer mais de duas viagens por semana. Essa rotina, porém, seria extenuante demais.

IDADE AVANÇADA – O presidente fará 80 anos em outubro e passou recentemente por dois procedimentos na cabeça. Ele costuma demonstrar cansaço quando faz viagens muito longas. Além disso, sua ausência em Brasília às vezes atrasa discussões dentro do governo.

Lula mencionou as viagens em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira, 30. “Estou 100% pronto para começar a viajar o Brasil, para começar a percorrer os Estados brasileiros, visitar a sociedade brasileira e estabelecer uma conversa muito verdadeira”, comentou.

O presidente da República passou os últimos meses com restrições a viagens de avião. No começo de dezembro, ele foi internado e transferido para São Paulo, onde passou por dois procedimentos para tratar um sangramento intracraniano.

VIAGENS AO EXTERIOR – Somente na última segunda-feira, dia 27, o presidente foi liberado pelos médicos para viagens aéreas. Além das visitas aos Estados para divulgar o governo, Lula fará diversas viagens internacionais neste ano. Ele participará de encontros multilaterais como a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (nos Estados Unidos) e outros bilaterais, como visitas ao Japão e ao Vietnã.

O petista também planeja ir à posse do próximo presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, em março, e indicou que irá à Rússia para a comemoração dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Além disso, o brasileiro deve visitar Honduras para a reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), além da Argentina, para participar do encontro do Mercosul, e da África do Sul, para o G20.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O tempo é implacável, cobra pedágio a gregos e troianos, indistintamente. Aos 79 anos, com a aposentadoria de Joe Biden, Lula tornou-se o governante mais idoso do mundo democrático. Para ele, é desgastante fazer longas viagens aéreas, devido à sensação do jet-lag, com cansaço e tonteira causados pela quebra de fusos horários. Mesmo assim, o falsamente genial marqueteiro Sidônio Palmeira, que hoje manda no Planalto, vai jogar Lula no sacrifício, está pouco ligando para a saúde e o bem-estar do presidente. (C.N.)

Canadá retalia EUA com tarifas, mas China prefere acionar a OMC

Trudeau, premier do Canadá, reage com a mesma moeda

Deu na Folha

A imposição de tarifas sobre importações de Canadá, China e México foi oficializada pelo governo de Donald Trump neste sábado (1º) e já provocou reações e retaliações dos parceiros comerciais, o que pode levar a uma escalada na guerra comercial travada pelo republicano.

O decreto assinado pelo republicano determina taxas adicionais de 25% sobre produtos mexicanos e canadenses e de 10% sobre os chineses a partir de terça-feira (4). A ordem executiva abriu exceção para o petróleo e energia vindos do Canadá —itens dos quais os EUA são mais dependentes e que terão uma taxa menor, de 10%.

ALEGAÇÕES – Trump justificou as tarifas reclamando da segurança frouxa nas fronteiras com México e Canadá, argumentando que ambos —junto com a China— não fizeram o suficiente para conter o fluxo de opioides (fentanil) mortais para os EUA.

Os decretos assinados pelo presidente americano possuem uma cláusula anti-retaliação, prevendo medidas adicionais caso os países decidam revidar. O dispositivo, contudo, não parece ter inibido a resposta de governantes atingidos.

No fim de semana, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre 155 bilhões de dólares canadenses (US$ 106 bilhões) em produtos americanos.

EM 21 DIAS – Parte desse montante (cerca de 30 bilhões de dólares canadenses) começará a ser taxado na terça-feira (4). O restante será efetivado em 21 dias.

As tarifas recairão sobre itens diversos, como tomates, mel, uísque, roupas, equipamentos esportivos e eletrodomésticos. Trudeau ainda pediu aos canadenses que evitem comprar produtos americanos, dando preferência aos canadenses.

“Menos de 1% do fentanil que entra nos Estados Unidos vem do Canadá. Menos de 1% dos migrantes ilegais que entram nos Estados Unidos vem do Canadá”, disse o primeiro-ministro canadenses.

HAVERÁ ACORDO? – Neste domingo (2), a embaixadora do Canadá nos EUA, Kirsten Hillman, disse esperar que um acordo seja feito antes que as tarifas de ambos os países entrem em vigor.

Ainda sem anunciar represálias como as do Canadá, a China anunciou que questionará as tarifas de Trump por meio da OMC (Organização Mundial do Comércio).

“A imposição de tarifas pelos EUA viola seriamente as regras da OMC”, afirmou o Ministério do Comércio chinês em um comunicado, instando os EUA a fazer um diálogo franco e fortalecer a cooperação.

FENTANIL – Já o Ministério das Relações Exteriores da China se pronunciou sobre o fentanil. De acordo com as autoridades chinesas, o país tomou medidas abrangentes para combater o problema. “O fentanil é um problema dos Estados Unidos”, disse a pasta.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, foi ao X (antigo Twitter) para dizer que instruiu seu ministério da economia a também criar tarifas retaliatórias, mas sem dar maiores detalhes.

“Rejeitamos categoricamente a calúnia feita pela Casa Branca ao Governo do México de ter alianças com organizações criminosas”, escreveu Sheinbaum.

SEM CONFRONTO – A presidente mexicana também disse que seu país não quer confronto, e sim colaboração, propondo à Trump que um grupo de trabalho com equipes de saúde pública e segurança de ambos os países. “Coordenação sim; subordinação, não.”

“Em quatro meses, nosso governo apreendeu mais de 40 toneladas de drogas, incluindo 20 milhões de doses de fentanil. Também prendeu mais de 10 mil pessoas ligadas a esses grupos”, escreveu a presidente.

Por meio de um porta-voz, a União Europeia disse que lamenta a decisão de Trump de impor tarifas a Canadá, México e China e afirmou que o bloco responderá com firmeza caso os EUA aplique tarifas sobre importações da Europa —na sexta (31), Trump disse que faria isso.

CRÍTICAS A TRUMP – Medidas tarifárias generalizadas aumentam os custos empresariais, prejudicam trabalhadores e consumidores”, disse o porta-voz. “Tarifas criam perturbações econômicas desnecessárias e impulsionam a inflação. Elas são prejudiciais para todos os lados.”

O plano inicial da zona do euro é negociar com os EUA para comprar mais produtos americanos, como gás, e reduzir o déficit comercial entre as regiões. Outra frente de negociação seria aumentar o gasto europeu com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

 Caso a negociação falhe, produtos americanos podem ser tarifados em mais de 50%, em retaliação.

Ver Alcolumbre presidir o Congresso é como assistir a um filme de terror

Tribuna da Internet | MDB precisa lançar candidato, para evitar que Alcolumbre presida de novo o Senado

Charge do Glauco (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Sorriso de hiena engomada. Pronto para dar o bote.  Palavreado enfadonho de clichês surrados. Lágrimas de canastrão. Dissimulado e fisiologista. Mas há desavisados e ingênuos garantindo que o pilantra mudou. Realmente, mas mudou para pior. Tudo pelo poder, sem ver consequências.

Os métodos que costuma usar são de corar santo de pedra. Para obter o que quer, faz aliança com qualquer governante.

TRÊS MULHERES -Quem tem boa memória lembra da matéria da “Veja”, revelando que a alma penada do Amapá pagava salários, com verbas do Senado,  é claro, para três mulheres. Rachadinha descarada. O filósofo de beira de beco, fantasiado de Davi, ensinava para as coitadas: ” Vocês me ajudam que ajudo vocês”.

Matéria apurada e comprovada. Os arquivos da revista não mentem. O finório colocou a culpa no advogado serviçal do gabinete. Tudo foi esquecido. Ficou por isso mesmo. Alcolumbre virou santo.  Tudo mesclado na farsa e no cinismo do quartel de Alcolumbre.

Como presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sentava em cima de matérias de interesse do Palácio do Planalto. Até conseguir o que queria. Para ele, evidente.

DOIS SENHORES – O indecoroso Davi dá nó em éter.  E agora vai fazer o que mais gosta – servir a dois senhores, Lula e Bolsonaro. O povo que se dane.

Mestre no morde e assopra. Alcolumbre é especialista na política infame que deslustra o Senado Federal e envergonha o busto de Rui Barbosa no plenário. Lamentável que a maioria esmagadora dos senadores tenha se rendido as lições nada republicanas do medonho Alcolumbre.

Ensina o adágio da Lei de Murph: “Nada é tão ruim que não possa piorar”. Senadores que ainda não perderam o senso de raciocinar com a própria cabeça não demora vão se arrepender amargamente. 

Aulas online em aldeias não levam em conta diversidade de dialetos

A imagem mostra um grupo de pessoas em um círculo, participando de uma dança ou celebração. No centro, há homens com pinturas corporais e penas na cabeça, enquanto outros ao redor seguram as mãos. O ambiente é ao ar livre, com tendas ao fundo e pessoas observando. A maioria dos participantes está vestida de forma casual, e há uma diversidade de idades e etnias entre eles.

Indígenas protestam na Secretaria de Educação do Pará

Ailton Krenak
Folha

A COP30 na Amazônia já começou para os povos indígenas que estão mobilizados em Belém. Acampados há mais de duas semanas ocupando a Secretaria de Educação, assim como bloqueando rodovias que cortam seus territórios, os indígenas expõem a falta de cuidado do governo desse estado que, em breve, receberá milhares de visitantes ilustres no maior evento dedicado à discussão global do clima.

O tema, aliás, nos toca a todos, sujeitos a enchentes e inundações, tal como ocorre na capital paulista nesses dias, ou a incêndios nunca antes vistos, como o que apavorou a Califórnia recentemente. Os governos estão desorientados quanto a medidas que possam equipar nossas cidades diante dos imprevistos que ocorrem de norte a sul, sem aviso que permita acionar sistemas de proteção e defesa.

EVENTOS CLIMÁTICOS – Cidades inteiras são paralisadas diante dos eventos climáticos, e isso deveria interessar a cada um de nós, além dos governos. Belém é uma cidade transtornada por canteiros de obras, que corre para terminar as instalações que deverão receber a COP30 —construções de ferro e concreto na capital que bem poderia ser, ela própria, um modelo de florestania, termo que define a condição cidadã para os povos da floresta.

Florescidade e florestania são conceitos que surgem a partir da experiência de décadas de organização das comunidades extrativistas, indígenas e ribeirinhas para resistir à ocupação das últimas florestas onde essas populações têm seus modos de vida estabelecidos.

Organizadas em regiões do Acre, Amazonas, Pará e Amapá, lograram garantir milhares de hectares de áreas cobertas por florestas, algumas demarcadas como terras indígenas ou Rexex (reserva extrativista), criando assim a condição de garantia onde uma economia local sustenta a vida de milhares de famílias dentro da floresta.

CHICO MENDES – Animadas pelo sonho de Chico Mendes, as reservas extrativistas resistem às tentativas de esvaziamento de ações como pesquisa e apoio à permanência de seus jovens dentro da floresta. Ofertar ensino de qualidade para as novas gerações é uma das demandas constantes dessas comunidades.

Promover políticas públicas voltadas à saúde e educação, nessas localidades, é tarefa dos governos municipais, mas também da esfera estadual e do governo federal.

Florestania é a condição cidadã da floresta, estabelecida como conquista de novos direitos por comunidades historicamente excluídas da vida pública brasileira. O país e a língua se descuidam do trato respeitoso com sua população, também “cidadãos” da floresta.

CRISE NA EDUCAÇÃO – Um exemplo disso é a desnecessária crise na relação com as redes de escolas em aldeias e vilas ribeirinhas e quilombolas, promovida pelo governo do Pará. Atendidas em sistema presencial, com professores em sala de aula, esse sistema modular de ensino indígena está sendo reduzido à oferta de ensino a distância.

O governador e seu secretário de educação estão sendo confrontados pelo movimento indígena, que não aceita a substituição de aulas presenciais por aulas online nas aldeias e ganhou o apoio de professores, de movimentos sociais e da sociedade civil.

É uma fagulha que pode incendiar o sonho do governo do Pará —e também de Brasília— quanto à realização dessa que deve ser a mais importante reunião de chefes de Estado na Amazônia.

NA COP30 – A participação dos povos da floresta na COP30 é esperada por todas as organizações internacionais voltadas à questão das mudanças climáticas. Uma das razões da escolha dessa capital para receber o evento é sua proximidade com as áreas naturais, seus rios e suas florestas habitados por povos originários, com seus modos de vida e conhecimentos tradicionais do bioma amazônico.

Lideranças destacadas dessas comunidades da floresta, presentes em todas as Conferências do Clima e que pautaram o debate da COP30, podem ser agora a pedra no caminho de Helder Barbalho (MDB), grande beneficiário da escolha dessa capital amazônica para receber o mais importante debate sobre mudanças climáticas do planeta.

Os povos indígenas querem preservar a experiência do ensino escolar nas centenas de endereços educacionais das aldeias, para mais de 50 etnias, com seus próprios fundamentos pedagógicos de uma educação diferenciada.

VIOLAÇÃO DE DIREITOS – Diante da ameaça de substituição das aulas presenciais por videoaulas, na nova modalidade proposta pelo atual secretário, a ativista Alessandra Korap, do povo munduruku, explica:

“O estado do Pará tem vários povos, mais de 50 povos indígenas. Imagine uma TV falando uma língua e os alunos não entendendo o que o professor está falando na TV. Aulas online não servem para a gente porque muitos alunos não falam português”. Para Korap, “isso é violação de direitos, violação de nossa cultura. Isso é muito grave”.

A mobilização, iniciada pelos indígenas, já reúne muitos representantes da sociedade paraense, com os professores e os servidores aderindo à luta por respeito e autonomia na educação escolar. Cada vez mais, a sociedade se dá conta de que a mudança no sistema de ensino não irá ficar restrita aos povos indígenas, mas entende que todos os povos da floresta serão afetados.

GARIMPAGEM – O filme “Amazônia, a Nova Minamata?”, de Jorge Bodanzky, tem a inconfundível voz de Alessandra Korap denunciando a tragédia que as invasões garimpeiras levaram à região do Tapajós, agravando a situação de ameaças em que vivem os ribeirinhos e as aldeias indígenas, agora com seus rios e lagos contaminados por mercúrio.

São as vozes da floresta que denunciam a destruição do bioma e, hoje, também a desestruturação do sistema de ensino, fundamental para a formação de lideranças de uma nova geração consciente da necessidade de se mudar a relação que temos com a floresta para que essa seja de reciprocidade.

Os enfrentamentos sobre o nosso futuro comum, que deverão ocorrer durante a COP30, já começaram em Belém.

Trump demite promotores que investigaram a invasão do Capitólio

Donald Trump

Trump quer se vingar de procuradores e agentes do FBI

Deu no Estadão

O governo de Donald Trump planeja investigar milhares de agentes do FBI, o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos, envolvidos nas investigações da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, preparando o cenário para um possível expurgo.

 A investigação vai muito além dos líderes do FBI e visa agentes comuns, de acordo com documentos internos e pessoas familiarizadas com o assunto.

MAIS DEMISSÕES – A decisão foi anunciada em um dia em que mais de uma dúzia de promotores do gabinete do procurador-geral dos Estados Unidos, em Washington, que trabalharam em casos envolvendo a revolta de 6 de janeiro, foram informados de que seriam demitidos.

As ações foram uma indicação poderosa de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem poucos escrúpulos em empregar o poder colossal da aplicação da lei federal para punir inimigos políticos, mesmo que seus indicados para o gabinete tenham oferecido garantias sóbrias de que respeitariam o Estado de Direito, diz The New York Times.

Forçar a saída de agentes e promotores que trabalharam nos casos de 6 de janeiro equivaleria a um ataque em larga escala ao Departamento de Justiça.

NOTIFICAÇÃO – Na sexta-feira (31), os líderes interinos do departamento instruíram o FBI a notificar mais de meia dúzia de altos funcionários de carreira que eles enfrentariam demissão, de acordo com uma cópia de um memorando interno obtido pelo The New York Times.

O procurador-geral adjunto interino, Emil Bove, também disse à liderança interina do FBI para compilar uma lista de todos os agentes e funcionários do FBI “designados a qualquer momento para investigações e/ou processos” relacionados aos eventos no Capitólio em 6 de janeiro de 2021 — o dia em que uma multidão de apoiadores de Trump invadiu os corredores do Congresso.

Ao emitir essa orientação, Bove, que supervisionou uma série de ameaças, demissões e transferências forçadas desde a posse, citou a ordem executiva do Trump prometendo acabar com “a militarização do governo federal”.

ALEGAÇÃO – Sob o comando do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o governo travou uma “campanha sistemática contra seus supostos oponentes políticos”, inclusive mobilizando forças da lei para perseguir seus rivais, disse Bove.

O memorando também exige os nomes dos agentes que trabalharam em um caso contra a liderança do Hamas, embora não esteja claro por que ele foi adicionado à lista de agentes sob escrutínio. Promotores e agentes discordaram sobre os méritos do caso.

O gabinete do procurador-geral adjunto “iniciará um processo de revisão para determinar se quaisquer ações adicionais de pessoal são necessárias” contra esses agentes, analistas e funcionários do FBI, de acordo com o memorando, que foi endereçado a Brian Driscoll, o diretor interino do FBI.

DISSE DRISCOLL – Em um e-mail para funcionários do FBI na sexta-feira, 31, à noite, Driscoll observou que ele estava entre os agentes que estariam em tal lista. O FBI foi informado para enviar a lista de nomes até terça-feira, 4.

“Entendemos que esta solicitação abrange milhares de funcionários em todo o país que apoiaram esses esforços investigativos”, escreveu Driscoll, acrescentando que ele e seu vice “irão seguir a lei, seguir a política do FBI e fazer o que for do melhor interesse da força de trabalho e do povo americano — sempre”.

Mais tarde, a divisão antiterrorismo do FBI enviou um e-mail para escritórios de campo em todo o país com instruções sobre como preencher um banco de dados com funcionários do bureau que trabalharam nos casos — um número provavelmente em torno de 6 mil.

FORÇAR SAÍDA – Pessoas familiarizadas com as discussões internas disseram que alguns funcionários do governo Trump estão se movendo para forçar dezenas, ou possivelmente centenas, de agentes a saírem do FBI nos próximos dias e semanas. Os funcionários discutiram notificar um grande número de agentes de que eles enfrentam possível demissão, rebaixamento ou transferência.

No gabinete do procurador dos EUA em Washington, mais de uma dúzia de promotores que trabalharam em casos relacionados a 6 de janeiro foram informados de que seriam demitidos, de acordo com pessoas familiarizadas com os avisos, segundo o NYT.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O que pretende Trump? Ao que parece, seu intento é destruir a democracia americana, que sempre foi exemplo para o mundo. É claro que tudo isso vai acabar na Suprema Corte, onde Trump acha que tem maioria. (C.N.)

Vários fatores se combinam para formar a supercrise do governo Lula

Lula e o recorde que ninguém quer bater | Jornal de Brasília

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

William Waack
Estadão

É até com certa fleuma que Lula parece caminhar para um cenário dominado por componentes preocupantes. Ou então é a calma dos que ignoram o que pode acontecer, pois até aqui nada é galopante.

A tendência da inflação – o pior inimigo da popularidade de qualquer governo – é de subida. Os gráficos apontando para cima já vêm desde a metade do ano passado. Não causaram pânico, mas seu efeito corrosivo é palpável.

SEM CRESCIMENTO – O mesmo ocorre com as taxas de crescimento de um PIB muito dependente do expansionismo fiscal e, portanto, do consumo das famílias. As previsões de que a economia vai esfriar são unânimes, o que parece se confirmar diante do sufoco causado por juros elevadíssimos.

Antecipa-se que seus efeitos serão igualmente corrosivos, embora seja muito difícil afirmar em que prazo. Não se acredita em danos de grande monta ainda no mercado de trabalho.

São constantes e repetitivas as derrotas do Lula 3 nos embates em redes sociais. Elas acompanham as enormes dificuldades políticas no confronto com o Legislativo, que deixaram somente o Judiciário como grande aliado do Planalto. O governo cambaleia, mas não é iminente um nocaute.

MASSA CRÍTICA – O problema é a combinação de inflação subindo, popularidade descendo, economia esfriando, dificuldades políticas aumentando e capacidade de tocar uma agenda política diminuindo. Evitar que essa mescla se converta em “massa crítica” implica de diagnóstico preciso da situação.

O único fator crítico que Lula 3 forneceu até aqui é o de “problema de comunicação”. O Planalto não vê a sinuca de bico fiscal, considera que o PIB sempre será melhor do que se previa, que a relação entre os poderes pode ser controlada pela concessão de ministérios e que desconfiança é mero resultado de fake news criadas pela oposição.

Parte dos fatores negativos estão fora do controle, como o delicado cenário internacional. Mas o que está encolhendo são as ferramentas para dar conta de deterioração política e econômica doméstica, até aqui razoavelmente ao alcance do Planalto.

ESCOLHAS ERRADAS – Do lado econômico, as escolhas por uma política fiscal expansionista ajudaram a acelerar a inflação e reduziram espaço de manobra se as coisas continuam como estão – ou seja, pisar no acelerador significa impulsionar a crise de desconfiança.

Do lado político, o pecado original na montagem da coligação governista e a incapacidade do PT de realmente dividir o poder restringiu a margem de manobra e foi totalmente incapaz de impedir que o Legislativo deixasse de avançar sobre as prerrogativas do Executivo.

 Em outras palavras, Lula manda menos hoje do que há dois anos. E a ficha ainda não caiu.

Wall Street Journal diz que política trumpista é ‘a mais burra da história’

21.142 Wall Street Journal Newspaper Stock Photos, High-Res Pictures, and  Images - Getty Images

Imprensa já perdeu a paciência com decisões de Trump

Vinicius Torres Freire
Folha

“A guerra comercial mais burra da história” era o título de um editorial do “Wall Street Journal” (WSJ). Critica os aumentos do imposto de importação de Donald Trump sobre produtos de Canadá, México e China.

O WSJ não é suspeito de ser antitrumpista. Mas não bebe sopa fervendo de dólares rasgados. Tributar importações a rodo não faz sentido prático, pragmático ou teórico para quase ninguém. Mas é disso que se trata, de discussão econômica?

ALIMENTA DISCUSSÕES – O programa de Trump suscita debates sobre aumento de ineficiências e de inflação, de alta de juros e do dólar, de prejuízos para o PIB de aliados. Anima ou requenta discussões sobre desglobalização comercial, que já são bem exageradas, porém.

As consequências podem ser essas, a depender da profundidade, duração e extensão do que fizer Trump. Medidas similares, mas não tão idiotas, vêm sendo adotadas por seguidos governos dos EUA. Um motivo de fundo da reação é a ascensão da China.

As razões ou motivos de Trump, porém, não derivam de lobby econômico amplo —ao contrário. Trump diz que vai punir Canadá e México porque esses países não tomariam conta da migração ilegal e do tráfico de drogas para os EUA.  Não resolve nada, ocioso explicar, enquanto houver trabalho para imigrantes e gente disposta a tomar drogas, se por mais não fosse.

SÓ RENDE VOTOS – Atacar imigrantes, drogas, LGBTQIAP+, planos de apoio a minorias em geral, “ideologia de gênero” e gente sem religião, porém, rendeu votos. Também renderam votos os efeitos daninhos da inflação e o nacionalismo desesperado de quem ficou para trás na sociedade, ressentimento por ora premiado com afirmações imperiais e ataques à elite tecnocrática e cultural.

Há indicadores de onde pode vir essa ira (não razões justas). Cerca de 14,3% da população dos EUA é imigrante (naturalizada, residente legal e ilegal), das maiores taxas da história (similar às do final do século 19 e começo do 20). Em 1970, era 4,7%.

Em 2003, a taxa de mortes por overdose de drogas era de 8,9 por 100 mil pessoas. Em 2023, 31,3 (105 mil mortos, fora a subnotificação).

OUTRO DADOS – A expectativa de vida parou de crescer por volta de 2015 e caiu depois da epidemia. O emprego industrial desapareceu em regiões inteiras, faz tempo. A inflação sob Joe Biden foi a mais alta em 40 anos; até meados de 2023, o salário médio não havia recuperado as perdas inflacionárias da epidemia.

Há motivos de mal-estar e objetos visíveis para quem queira odiar. No mínimo, foram o bastante para que mais de metade do eleitorado escolhesse quem estimula ignorância e delírio social a respeito dessas questões: Trump.

Claro que Trump agrega interesses econômicos como as megaempresas, “big techs” entre elas, amigas da desregulamentação global, de menos impostos e de ataques a acordos internacionais a quem queira limitar o poder delas.

CIRCO IMPERIAL – Porém, delirante ou não, Trump não está falando de economia, até agora. Está fornecendo circo imperial, pão virtual para ressentidos ou desgraçados e tentando dar cabo da ideia de República, nos Estados Unidos e alhures.

Talvez as medidas econômicas de Trump não façam sentido porque não tratem disso, de economia.

Sim, faz tempo que se fala de guerra ou revolução cultural, de virada à direita. Trump 2 está levando isso para outro nível, para mais fundo, muito mais do que Trump 1.

“Só uma palavra me devora, aquela que meu coração não diz…”

CD - Abel Silva - Abel Prazer

Abel Silva, grande compositor brasileiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O professor, jornalista, escritor e compositor Abel Ferreira da Silva, nascido em Cabo Frio (RJ), em parceria com Sueli Costa, revela na letra de “Jura Secreta” que, enquanto durou certo romance, muita coisa deixou de ser feita.  A música foi gravada por Simone no LP Sou Eu, em 1993, Sony/CBS.

JURA SECRETA
Sueli Costa e Abel Silva

Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que não causei

Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada do que eu quero me suprime
De que por não saber inda dão quis

Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que não sofri

Trump avança com tarifas punitivas sobre Canadá, México e China

China humilha as big techs com seu avanço da Inteligência Artificial

A imagem mostra um grupo de pessoas vestidas formalmente em um evento. No primeiro plano, há cinco indivíduos em destaque. Entre eles, há um homem careca de terno escuro e gravata, uma mulher de cabelos longos e escuros vestindo um blazer branco, e outros homens de terno. O fundo está ligeiramente desfocado, com mais pessoas presentes no evento. O ambiente parece elegante e profissional.

Enquanto as big techs cortejavam Trump, a China brilhava

Elio Gaspari
O Globo

O que a China fez com os bilionários americanos das big techs e com Donald Trump foi uma malvadeza histórica. No dia 20 de janeiro, o novo presidente anunciou em seu discurso de posse: “A partir de agora, terminou o declínio americano”. E prometeu o início de uma “Era de Ouro” para o país.

Entre os convidados, aplaudindo-o, estavam os bilionários Elon (Tesla) Musk, Mark (Meta) Zuckerberg, Jeff (Amazon) Bezos, Tim (Apple) Cook, Sundar (Google) Pichai e Sam (OpenAI) Altman.

ENQUANTO ISSO – Com jeito de quem não queria nada, naquele dia, a empresa DeepSeek, do chinês Liang Wenfeng, soltou seu aplicativo de inteligência artificial R1. Em seguida, republicou um artigo de 22 páginas assinado por 193 autores (todos chineses) e a estrutura do seu programa.

O R1 da DeepSeek foi lançado no dia da posse de Trump de caso pensado. A China já fez coisa parecida em 2023, às vésperas de uma visita da secretária do Comércio dos EUA.

Segundo a DeepSeek, o R1 custou US$ 5,6 milhões. Os programas de inteligência artificial das empresas americanas custam entre US$ 100 milhões e US$ 1 bilhão. O R1 é grátis, enquanto alguns similares americanos cobram dos usuários pelo menos US$ 20 mensais.

SUCESSO MUNDIAL – No dia 25, o R1 era o aplicativo mais baixado nos Estados Unidos e em outros 50 países. Dois dias depois, as sete grandes empresas americanas de tecnologia, conhecidas como “the magnificent seven” (Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla), perderam US$ 1 trilhão em valor de mercado.

Os CEOs de cinco delas estavam na cena da posse e só a Apple não micou. A fabricante de chips Nvidia, princesinha do mercado de inteligência artificial, tomou a maior pancada, com uma perda de US$ 589 bilhões, a maior da história de Wall Street. Elon Musk perdeu US$ 5,3 bilhões. Como as ações sobem e descem, a Nvidia recuperou parte da queda.

PREÇO RIDÍCULO – O segredo do R1 estava no fato de que uma unidade de custo que no mercado das big techs vale US$ 15, na DeepSeek ele sai por apenas 55 centavos. Além disso, o R1 é grátis e aberto para programadores pelo mundo afora. A Microsoft e a Dell já incorporaram o R1 às suas plataformas.

Nos próximos meses, artigos e livros contarão o que aconteceu antes do mico de 20 de janeiro. Uma coisa é certa: os bilionários das big techs sabiam que a DeepSeek existia e que não era coisa de chinês em fundo de garagem.

Desde 2023 ela publica seus códigos. Desde maio de 2024 ela mostrava que fazia muito, gastando menos. No mundo a inteligência artificial corria o murmúrio de que a DeepSeek tinha uma “arma secreta”.

CÓDIGOS ABERTOS – Em setembro, ela soltou a versão V2.5, que, em poucos dias, ficou entre os aplicativos líderes de inteligência artificial com códigos abertos. A primeira versão do R1 é de novembro de 2024.

Os bilionários americanos acreditaram na própria superioridade. Erraram. Diante da ameaça dos avanços tecnológicos da China, acreditaram na imposição de barreiras comerciais e, durante o governo de Biden, embargaram as vendas de chips. Erraram de novo.

No dia 20 de janeiro, exibiram-se mostrando-se próximos do poder. Violaram a regra da discrição dos magnatas dos verdadeiros tempos dourados dos Estados Unidos. John D. (Standard Oil) Rockefeller, Andrew (U.S.Steel) Carnegie e J.P. Morgan, o do banco, nunca enfeitaram festas de posse de presidentes em Washington.

MOMENTO SPUTNIK – (Perguntado sobre quais bilionários estavam na posse de Trump, o DeepSeek disse que não tinha informações sobre eventos futuros, esclarecendo que seu conhecimento se estende “até outubro de 2023”.

Feita a mesma pergunta ao Google, ele ofereceu dezenas de links e o primeiro dizia: Musk, Bezos e Zuckerberg: bilionários na posse de Trump.)

Na tarde de domingo passado, o guru tecnológico Marc Andreessen descreveu o impacto da DeepSeek sobre o mercado americano: “momento Sputnik”.

A TERRA É AZUL – O comentário de Andreessen refletiu o pânico que tomou conta dos Estados Unidos em 1957, depois que a União Soviética colocou em órbita o primeiro satélite artificial, pesando 83 quilos. Em 1961, veio a humilhação. Yuri Gagarin entrou em órbita e revelou: “A Terra é azul”.

Pelo menos nove foguetes americanos haviam explodido, mas o presidente John Kennedy anunciou que os americanos iriam à Lua antes do fim da década.

Na outra ponta, o regime russo não revelava que havia perdido sete foguetes, um astronauta e mais de cem pessoas mortas numa explosão em seu centro espacial, inclusive um marechal. Em 1966, Sergei Korolev, pai do programa espacial russo, morreu durante uma cirurgia. Meses depois o astronauta Sergei Komarov foi carbonizado ao retornar à Terra.

Penduricalhos fazem juiz brasileiro ser o mais bem pago do mundo

Charge do Rico (Rico Studio)

Arthur Guimarães de Oliveira
Folha

Penduricalhos garantem elevadas remunerações a ministros de tribunais superiores, desembargadores, juízes, procuradores, promotores, advogados da União e defensores públicos, em valores que consagram os operadores do Direito no Brasil como os de maior remuneração no mundo.

 A diretora-executiva da ONG Transparência Brasil, Juliana Sakai, diz que aprovar pagamentos como o da licença compensatória é um “completo descalabro” que poderia até contrariar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

BECO SEM SAÍDA – “Ficamos em um beco sem saída”, diz ela. “O Judiciário, que deveria prezar pela legalidade, se usa de uma série de mecanismos para desafiar o que está dito na Constituição, para desafiar o teto constitucional.”

“E são eles mesmos que interpretam a lei”, continua Juliana Sakai. “O que vamos fazer se os responsáveis pela defesa da lei estão fazendo esse serviço a seu próprio favor corporativista?”

Um relatório de dezembro da Transparência Brasil indicou que somente a licença compensatória custou R$ 819 milhões à Justiça entre julho de 2023, quando o benefício começou a ser pago em maior escala, e outubro de 2024.

PAÍS DO PUXADINHO – O economista André Perfeito diz que penduricalhos dão a impressão de que “o Brasil é país do puxadinho” e de que não há clareza sobre a máquina pública. Além disso, para ele, essas remunerações criam distorções na economia.

“O Judiciário tem que entrar na discussão sobre gastos do Estado”, afirma ele. “Se o objetivo do Judiciário é trazer mais justiça, talvez ele tenha que cortar. A eficácia de reais por justiça social tem que ser melhor balanceada.”

Felippe Angeli, advogado e coordenador de advocacia da ONG Plataforma Justa, evita qualificar se os penduricalhos e a remuneração dos magistrados são razoáveis ou mesmo justificáveis diante das funções desempenhadas por eles.

CONFLITO DE INTERESSES – O advogado afirma que o debate deve se concentrar no descumprimento do teto salarial do serviço público, que é claramente fixado na Constituição de 1988 em dois artigos diferentes, para que não houvesse dúvidas.

Angeli critica o conflito de interesses na aprovação de penduricalhos pelo próprio Judiciário. Diz que, se os adicionais servem para burlar o teto, deveria haver um limite específico para eles.

No direito, existe uma expressão chamada fumus boni iuris (fumaça do bom direito), lembra Angeli. Do jeito que está, diz ele, “não vejo fumaça do bom direito, não vejo valor constitucional, não vejo justiça”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Realmente, a situação dos excessos remuneratórios dos operadores de Direito no Brasil chegou ao paroxismo. Um país pobre como o Brasil não pode pagar os maiores salários do mundo à classe jurídica. E o pior é que nenhuma autoridade aceita discutir a questão. Estão todas elas compradas por trinta dinheiros, como diria Judas Iscariotes, que também se vendeu, mas tinha consciência. Quando percebeu o erro cometido, fez a gentileza de se enforcar. (C.N.)

Descontrolado, Trump inicia sua guerra econômica contra o mundo inteiro

COLOQUE TARIFAS EM PAÍSES E PESSOAS ESTRANGEIRAS QUE REALMENTE NOS QUEREM  MAL” Donald Trump voltou a mencionar o Brasil na segunda (27), ao acusar o  país de adotar tarifas elevadas contra produtosCarlos Newton

Quando Donald Trump tomou posse no dia 20 de janeiro e imediatamente começou a tomar decisões ilegais ou inconvenientes, descumprindo a Constituição ou tratados internacionais assinados pelo governo dos Estados Unidos e ratificados pelo Parlamento, comentamos aqui na Tribuna da Internet que ele estaria agindo como o ator que sempre sonhou ser ou realmente apresentaria sinais de perturbação mental.

Uma semana depois, pode-se dizer, com toda certeza, que não se trata de um ator em cena, mas de um governante claramente perturbado, que compra briga contra adversários poderosos, como China e Rússia, ao mesmo em que pune países historicamente aliados, como Canadá, México, Colômbia e Panamá.

DONO DO MUNDO – Na sexta-feira, dia 31, o governo americano anunciou que Trump determinaria uma tarifa de 25% sobre os produtos do México e do Canadá, juntamente com uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses.

Neste sábado, dia 1º, o novo dono do mundo mandou a Casa Branca fazer hora extra para avisar que entram em vigor a partir de terça-feira, dia 4, as tarifas prometidas por Trump a países que o desobedecem.

Assim, o governo canadense foi notificado de que os produtos que exporta para os EUA serão taxados em 25%, com exceção de petróleo e energia, que serão atingidos por tarifa de 10%.

REAÇÃO CAUTELOSA – Os três países vêm reagindo com cautela às insanidades de Trump, que está agindo como se não existisse na América do Norte o Nafta, bloco econômico que integra Estados Unidos, Canadá e México. O fato concreto é que o presidente americano está rasgando os acordos celebrados pelos três países, como se não mantivessem relações diplomáticas e comerciais.

Segundo a agência Reuters, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau (Partido Liberal, centro-esquerda), disse na sexta-feira, dia 31, que o país responderá imediatamente e com firmeza se os Estados Unidos prosseguirem com as ameaças de impor tarifas.

“Estamos prontos com uma resposta – uma resposta proposital, enérgica, mas razoável, imediata. Não é o que queremos, mas se ele seguir em frente, também agiremos”, disse Trudeau durante reunião do conselho consultivo sobre as relações Canadá-EUA, convocada às pressas. 

CHINA SOBRETAXADA – No ano passado, o então presidente americano Joe Biden determinou um aumento de tarifas sobre uma ampla gama de importações chinesas — incluindo semicondutores, baterias, painéis solares e minerais estratégicos — em uma tentativa de fortalecer a indústria americana em plena corrida eleitoral.

Biden criou sobretaxa ainda sobre carros elétricos, aço e alumínio, produtos médicos e guindastes portuários. No conjunto, as medidas devem afetar cerca de US$ 18 bilhões em importações anuais da China, segundo a Casa Branca.

Biden perdeu a eleição e agora Trump impõe mais 10% sobre importações chinesas, indistintamente, e ataca também países aliados. É evidente que isso causará uma reviravolta no comércio mundial.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É só o início. Enquanto Trump não for submetido a rigoroso tratamento, a esculhambação reinará nesse mundo cão. Se Lula ficar calado e Trump esquecer o Brasil, já será um grande negócio para nós, porque poderemos aumentar nossas exportações para os Estados Unidos, que têm superávit conosco, e também para a China, que compra muitas commodities norte-americanas. Todo cuidado é pouco (C.N.)

Governo não deve ser entregue a um CEO porque país não é empresa

Tecnologia e Educação | PPTJoão Pereira Coutinho
Folha

Quem precisa de políticos? Não seria melhor ter um CEO dirigindo o país? Alguém com espírito analítico e prático, em busca do bem comum? A pergunta é frequente entre as almas desiludidas com a fauna política. Mas agora há um “filósofo” disposto a defender esse tipo de regime. O nome é Curtis Yarvin e, segundo o New York Times, é influente no movimento Maga e no Vale do Silício.

Fácil entender por quê. A democracia não serve, diz ele em entrevista ao jornal. É demasiado lenta com seus freios e contrapesos. Melhor entregar o governo a um rei-ditador-CEO (ele vai mudando os nomes) capaz de atuar sem esses obstáculos. Donald Trump, logicamente, é esse rei-ditador-CEO, espera Yarvin.

LENTIDÃO SALVADORA – Não vale a pena perder tempo com coisas óbvias. A lentidão da democracia não é um defeito de fábrica. É uma salvaguarda necessária para evitar, precisamente, a emergência de um rei absoluto. Os tais Pais Fundadores dos Estados Unidos sabiam o que faziam.

Além disso, a afirmação de Yarvin de que os reis, no passado, conseguiram construir a civilização de forma pacífica deve ser novidade para os historiadores das Cruzadas, da Guerra dos Cem Anos, da Guerra das Rosas, da Guerra dos 30 Anos, da Guerra Civil Inglesa et cetera.

Curtis Yarvin delira. Mas, apenas como hipótese, vamos levar a sério o delírio: por que não entregar o governo a um CEO?

AMEAÇA À LIBERDADE – A resposta é mais simples do que parece: porque um país não é uma empresa. A ambição de confundir os dois é uma ameaça direta à liberdade dos indivíduos.

Foi Michael Oakeshott (1901-1990) quem, há precisamente 50 anos, lidou com essa confusão no seu “On Human Conduct” (1975). Raros foram os livros que tiveram uma tão grande influência na minha cabeça. Existem dois tipos ideais de associação humana, lembrava ele. Existe a “associação de empreendimento” (“enterprise association”,no original) e a associação civil.

A primeira não descreve apenas uma empresa. Pode ser uma universidade, um sindicato, um clube —no fundo, o que define a associação de empreendimento é o fato de procurar um fim determinado— o lucro, o conhecimento, melhores salários, vitórias esportivas etc. Todos os membros da associação de empreendimento contribuem para esse fim.

QUESTÃO DE LIBERDADE – A associação civil é outra coisa: um tipo de associação onde os membros, respeitando regras e leis gerais, procuram os seus próprios fins. Idealmente, o Estado democrático deveria ser uma associação civil, não uma associação de empreendimento, defende Oakeshott. E por quê?

Por uma questão de liberdade. Numa associação de empreendimento, a liberdade dos indivíduos está sempre preservada porque eles podem entrar e sair da empresa, da universidade ou do clube. Ou seja, não são prisioneiros dela.

Mas como sair da condição civil? Como sair da sociedade política organizada? Romantismos à parte, não é possível.

ENTRAR OU SAIR – Na associação civil, a minha liberdade só pode ser preservada se essa associação não se transformar numa associação de empreendimento. Precisamente porque eu não escolhi entrar e não posso escolher sair.

Dito de outra forma, eu só serei livre se o governo não transformar a sociedade numa empresa onde todos têm de se submeter ao mesmo fim, quer queiram, quer não.

Na sua cabeça pueril, Yarvin argumenta: as melhores coisas da vida foram feitas por empresas. Basta olhar ao redor para os objetos do cotidiano. Como duvidar da excelência e da benevolência de um governante-CEO? Mais uma vez, o “filósofo” delira.

IMPERFEIÇÃO – O progresso material é valioso e insubstituível, ninguém nega. Mas esse progresso também é feito de erros, fracassos e abusos porque nem todos os empresários correspondem à imagem platônica que Yarvin tem deles.

De resto, “as melhores coisas da vida” não se resumem à evidência material. Só uma criança, fascinada pelos seus brinquedos, seria capaz de acreditar no contrário.

Agora que Donald Trump inaugura o seu segundo mandato com um poder quase absoluto, a esperança derradeira é que ele não tente transformar os Estados Unidos numa empresa, submetendo os americanos (e não só) a um único fim.

QUE SEJA LENTA – Para que essa esperança se cumpra, é bom que a democracia liberal funcione. Que seja lenta. Que seja pausada. Que os freios e contrapesos da Constituição funcionem.

Que a descentralização administrativa que tanto encantou Tocqueville —a teia de governos estaduais, locais, regionais, distritais— possa atrasar ou suspender os piores caprichos do novo César.

E, claro, que o novo César seja mais inteligente do que a corte de “filósofos” que o rodeia.

Trump implode multilateralismo e instaura um salve-se-quem-puder 

Infografía | Así es como Trump tiene a México entre la espada y la pared •  Nuestra Revista • Forbes México

Trump procura destruir as instituições internacionais

Eliane Cantanhêde
Estadão

Com sua postura imperial e a determinação de usar o poder dos EUA para impor suas vontades, crenças e certezas pessoais, Donald Trump está criando fissuras drásticas não apenas na sociedade americana, mas também nos organismos internacionais e as alianças regionais.

O multilateralismo, que também favoreceu os países do porte do Brasil, está em desuso, com suas instituições fracas, desacreditadas, cada vez mais inoperantes. O mundo não é mais o mesmo. Prevalece a Lei da Selva, o que equivale a dizer: salve-se quem puder!

Ao recorrer ao seu poder de veto e impedir o cessar-fogo em Gaza com um único voto, os EUA, ainda na era Biden, mostraram ao mundo o quanto a antes poderosa ONU se tornou irrelevante, inclusive diante das duas guerras da década, Gaza e Ucrânia.

TUDO PIORANDO – Com Trump, o que já estava ruim só piora e se soma ao crescente anseio de hegemonia da China, ao voluntarismo da Rússia, ao descaso de Israel com a comunidade internacional, ao tudo ou nada do Oriente Médio e ao declínio da Alemanha, maior economia da Europa.

A diplomacia tem de se reinventar ou, ao menos, se ajustar aos movimentos do mundo, aos novos líderes e ao imenso impacto das redes sociais nos países e no planeta. Se a ONU está ladeira abaixo, vai levando junto toda sua estrutura.

Trump, que fala até em anexar o Canadá (!), já retirou os EUA da OMS (Saúde) e ameaça inclusive os aliados americanos de taxações, não dá a menor bola para as regras da OMC (Comércio), que já vinha tropeçando em campo.

ÓRGÃOS MUNDIAIS – O desmonte dos organismos internacionais decanta para os regionais, inclusive, claro, os da nossa região. A Celac (América Latina e Caribe), por falta de consenso e por estar perdida, não consegue sequer se reunir para discutir uma questão comum a todos os países, a da deportação de “milhões e milhões” nos EUA.

A OEA (Américas, incluindo EUA) há muito não se entende em questões até razoavelmente simples. E qual será o futuro do Mercosul, com o trumpista Javier Milei ameaçando retirar a Argentina do bloco e criar muros nas fronteiras?

Voltando ao primeiro parágrafo: é a Lei da Selva, o salve-se quem puder. O que significa que a diplomacia é cada vez menos exercitada em bloco e em torno de amplos consensos e se transformando num difícil e desgastante desafio bilateral. As articulações de Brasil, Colômbia e México não funcionaram nem para o indescritível Nicolás Maduro, da Venezuela, como poderiam dar em algo contra o mais indescritível ainda Donald Trump?

NOVA DIPLOMACIA – Há uma diferença de escala: bastou uma cara feia e duas ameaças e Trump reduziu a valentia do colombiano Gustavo Petro a pó.

A “nova diplomacia”, portanto, tem de pisar em ovos, medir ainda mais as palavras e os gestos, mirar os alvos certos e identificar com clareza os riscos. Enfrentar Maduro já foi um vexame. Enfrentar Trump seria devastador. Mas simplesmente jogar a toalha, fechar olhos, ouvidos e bocas para absurdos e ataques também não dá.

Há que calibrar ações, reações e riscos e usar a velha técnica do “olho a olho”, “homem a homem”. É assim que o Brasil está recuando da articulação com Colômbia e México e privilegiando a negociação direta com Washington. Vem daí a criação de um grupo de trabalho bilateral para acertar os ponteiros nas deportações.

ITAMARATY DE VOLTA – Para sorte do Brasil, a megalomania de Celso Amorim e a política externa petista e inconsequente parecem ter ficado para trás, no primeiro ano do terceiro mandato, soterradas por erros crassos com a Venezuela, Rússia, China, guerras, manifestações fora de tempo e lugar do próprio presidente Lula. A partir de 2024, o time que está em campo é o profissional, é o Itamaraty.

O resultado é visível. Lula está às voltas com graves problemas e uma avalanche de críticas na economia, na relação com estatais, na comunicação, nas negociações com um Congresso hostil, num custoso equilíbrio com as Forças Armadas em ano de julgamento do golpe e vai por aí afora.

A política externa, porém, saiu da mira, está fora da lista de crises e da mira da oposição. Pensando bem, bom para o Itamaraty, bom para Lula que, cá pra nós, já tem muita guerra doméstica para se ocupar.

Crescente abandono da Amazônia é um tremendo erro geopolítico do Brasil

Conheça As Belezas Naturais Da Amazônia | Descubra Turismo

A Amazônia tornou-se a região mais cobiçada do planeta

Denis Lerrer Rosenfield
Estadão

Nas relações internacionais, geopoliticamente falando, embora isso se aplique às relações diplomáticas e comerciais, não há lei no sentido estrito, pela ausência de um poder coercitivo. Há, sim, regras de conduta aceitas de comum acordo por Estados para dirimir os seus conflitos, sem que esses não derivem para a violência.

Tratados e mesmo instituições internacionais dependem, para sua execução e operacionalidade, do arbítrio dos Estados signatários, sobretudo os de maior força econômica e militar.

IMPOR SANÇÕES – Em caso de descumprimento de algum acordo, um Estado determinado pode impor sanções econômicas, a exemplo das sanções americanas e europeias ao Irã e à Rússia. Pode eventualmente recorrer ao confronto militar direto ou indireto.

O uso de expressões do tipo “desrespeito ao Direito Internacional” significa tão só que um acordo não foi honrado ou expressa uma guerra de outro tipo, a midiática, visando a atingir a opinião pública, ao enfraquecimento da vontade do Estado beligerante.

Argumentos morais são, também, instrumentalizados politicamente. Exemplo: a retirada americana do Vietnã. Claro que seria desejável que os conflitos pudessem ser resolvidos diplomaticamente, mas não é isso que a História mostra.

ALMAS BONDOSAS – Há uma excelente formulação de Carl von Clausewitz: “Em assuntos tão perigosos como a guerra, os erros creditados às almas bondosas são precisamente a pior das coisas”.

Já entramos em uma era de guerra, algumas explícitas, como na invasão da Ucrânia pela Rússia ou na tentativa do Irã em destruir o Estado de Israel por intermédio de seus satélites: Hezbollah, Hamas, governo de Bashar al-Assad na Síria, milícias xiitas do Iraque e os houthis, do Iêmen.

Reconhecimentos internacionais pela Organização das Nações Unidas (ONU), de décadas, foram simplesmente desrespeitados. Valeu estrategicamente apenas o emprego da força, resultando na resistência da Ucrânia, atualmente com perda expressiva de seu território, e na vitória de Israel sobre os satélites iranianos. A Turquia avança também na Síria, dado o seu apoio aos jihadistas que derrotaram a ditadura de Assad.

AMEAÇAS DE TRUMP – Nesse novo cenário, torna-se necessário pôr em perspectiva as declarações do presidente Donald Trump a respeito da Groenlândia e do Canal do Panamá. Estão essas declarações sendo consideradas como “bravatas”, com a cobertura de esquerda procurando ridicularizar o novo presidente. Contudo, sob a ótica geopolítica, elas devem ser levadas a sério.

A Rússia sempre teve um interesse no Ártico por sua navegação, agora mais possível pelas mudanças de temperatura da Terra, e com mais razão ainda por seus minerais, petróleo, etc. A China, embora com maior cautela, seguirá muito provavelmente na mesma direção.

E a Groenlândia é a maior ilha do mundo, com superfície de 2,18 milhões de quilômetros quadrados. Trata-se de uma terra praticamente virgem, a ser explorada, com uma população de 58 mil habitantes. O argumento de que exigem o direito à autodeterminação é geopoliticamente irrelevante. É menos do que um bairro de uma cidade média brasileira.

SEM CONDIÇÕES – A Dinamarca, que detém a soberania dessa ilha, tem, por sua vez, um pouco mais de 5,8 milhões de habitantes, menos do que a cidade de São Paulo. Não tem nenhuma condição de enfrentar os EUA ou qualquer outra potência que procure ocupar esse território.

 No futuro, certamente terá de fazer algum tipo de compromisso. Trump, por enquanto, fala de compra, da mesma maneira que o Alasca foi comprado da Rússia. Enviou essa mensagem em um mundo especialmente conturbado.

A ameaça ao Panamá, reafirmada em seu discurso de posse, deve-se à rivalidade com a China, que avança comercialmente, sem ostentar o uso militar nessa região, apesar de fazê-lo em sua intenção de invadir Taiwan.

PAZ E FORÇA – Os chineses têm demonstrado uma extrema habilidade em fazer “business”, algo estranho para “comunistas”! Em todo caso, o recado de Trump foi claro: há limites ao avanço desse novo comércio. O recurso militar americano sempre está à mão. Seu lema: paz pelo uso da força!

O Brasil deveria olhar atentamente para o processo em curso, pois poderá ser atingido. Dados o caráter não belicista de nosso país e as fronteiras estáveis com nossos vizinhos latino-americanos, a força militar não é uma preocupação central. Deveria sê-lo!

Ora, o País tem todo o território amazônico sob sua soberania, com uma presença fraca do Estado. E se dá principalmente pelas Forças Armadas, embora de uma forma insuficiente.

AMAZÔNIA COBIÇADA – Os Estados amazônicos estão cada vez mais submetidos ao contrabando de armas, narcotráfico, desmatamento ilegal e garimpo. E isso tratando-se da maior reserva ambiental do planeta!

A cobiça internacional encontra-se presente em várias frentes. Poderia ser essa região objeto igualmente de uma invasão militar ou de atos de enfraquecimento da soberania nacional.

Urge que o Brasil se volte para essa questão, seja por maior presença militar, seja impondo a lei, seja por medidas ambientais, seja combatendo as várias formas de criminalidade aí reinantes. Se não o fizer, o problema se tornará geopolítico.

Lula não terá apoio dos evangélicos em 2026, diz Marcos Pereira

Base de Lula é gelatinosa e não faremos parte' | Política | Valor Econômico

Republicanos apoiam nome de centro, diz Marcos Pereira

Augusto Tenório
Metrópoles

Presidente nacional do Republicanos, partido ligado a lideranças evangélicas, Marcos Pereira afirmou que Lula tem uma “desconexão” histórica com esse segmento e que não conseguirá amarrar os conservadores para um projeto de reeleição em 2026. Em entrevista à coluna, o chefe da sigla descartou que uma promessa de indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou o oferecimento de ministérios mudará esse cenário.

“É algo histórico. Eu vi uma pesquisa recente, feita pelo mercado, que mostra 79% de voto dos evangélicos em Lula na eleição de 2002. Essa desconexão do presidente Lula e da esquerda com o setor evangélico é causada pelas pautas progressistas. Quando o eleitor evangélico votou em Lula, não se sabia, penso eu, que esse partido e a esquerda teriam uma postura ativista nas pautas de costumes”, disse Marcos Pereira.

NOME PARA STF – Como mostrou a coluna, uma ala do PT defende que Lula assuma o compromisso de indicar um nome evangélico ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso consiga um novo mandato.

A ideia foi defendida pelo vice-presidente da sigla, que citou Pereira como uma possibilidade de indicação. O comandante do Republicanos afirmou que um acordo do tipo ajudaria no diálogo com o setor, mas dificilmente seria suficiente para significar um embarque de fato no governo.

“Não sei se amarra, mas ajuda. Toda sinalização que o governo puder fazer ao segmento é importante. Ajuda pela relevância que o STF tomou nos últimos anos, com o empoderamento da Corte. É uma sinalização muito positiva que o presidente poderia fazer”, disse Pereira.

FORMAR ALIANÇA – Ele seguiu a mesma linha ao ser questionado se um maior espaço na Esplanada colaboraria para formar uma aliança com lideranças conservadoras e evangélicas.

“Acho que com os conservadores ele não vai conseguir, é muito difícil. Mas acho que reformas são positivas para reoxigenar. O único problema de uma reforma é este timing, penso que deve ocorrer após o carnaval. Quem assumir um ministério e for disputar em 2026, ficará apenas um ano como ministro. Não se consegue fazer muito, a burocracia é muito grande”, comentou Pereira.

Apesar das discordâncias, seu partido integra a base do governo no Congresso e comanda o Ministério de Portos e Aeroportos, com Silvio Costa Filho. E agora está na expectativa de ampliação de indicações na reforma ministerial.

UNIÃO EM 2026 – Apesar dessa convívio com Lula e o PT, o deputado Marcos Pereira afirmou que espera uma união dos pré-candidatos conservadores contra o petista em 2026.

Sem falar sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030, o presidente do Republicanos citou os governadores Ronaldo Caiado (União-GO), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG) como possibilidades.

“Eu acho que esse campo está aberto. Só espero, e seria muito bom, que todo ele tivesse unido em torno de um só nome. Se houver divisão, acho que fica mais difícil uma eleição neste campo contra uma reeleição de Lula”, afirmou Pereira.

Deportação em massa dará prejuízo de US$ 1 trilhão aos Estados Unidos

Comentários irresponsáveis de Trump sobre a Groenlândia podem transformar  os EUA em piada mundial - Estadão

Trump é irresponsável e não sabe o custo da deportação

Jamil Chade
do UOL

Se o medo ronda os imigrantes nos EUA, a perspectiva de uma deportação em massa por parte de Donald Trump leva empresas e o comércio a avaliar o impacto de ficar sem a mão de obra barata que, hoje, garante parte importante da economia americana.

Num país onde um quarto das faxineiras não têm documentos, a repercussão da ofensiva e dos anúncios de que a prisão de Guantánamo pode ser usada para alojar imigrantes já afetam as atividades de restaurantes, hotéis e centenas de negócios pelo país.

HÁ VAGAS – 75% dos eleitores dos EUA admitiram, em outubro, que os imigrantes indocumentados fazem trabalhos que os cidadãos americanos não estão dispostos a desempenhar, segundo um relatório da Pew Research.

Em alguns estados, o déficit de mão de obra é motivo já de crise, antes mesmo da operação de Trump. Em Nebraska, por exemplo, para cada cem empregos, há apenas 39 trabalhadores, de acordo com a Câmara de Comércio dos EUA. A imigração, portanto, é uma das saídas diárias para as empresas da região.

Mas um levantamento realizado pela American Immigration Council concluiu que se a promessa do republicano for implementada, ela conduziria a um abalo na economia dos EUA, com a contração do PIB e uma perda de quase US$ 1 trilhão, o equivalente à metade do PIB brasileiro.

IMPACTO PROFUNDO ´- O impacto seria mais profundo que a quebra do Lehman Brothers, em 2008, e que quase levou a economia mundial ao colapso. Entre 4,2% e 6,8% do PIB americano poderiam ser perdidos.

Com os recursos usados para a operação sem precedentes prometida pelo presidente, o estudo estima que poderiam ser construídas 40,4 mil novas escolas ou 2,9 milhões de casas. Também haveria recursos para pagar a universidade de mais de cinco milhões de pessoas.

Para realizar a deportação de 13 milhões de imigrantes de uma só vez, o governo teria de gastar cerca de US$ 315 bilhões.

FAÇA AS CONTAS –  Isso inclui: US$ 89,3 bilhões para realizar prisões suficientes; US$ 167,8 bilhões para deter imigrantes em massa; US$ 34,1 bilhões em processamento legal; US$ 24,1 bilhões em remoções.

De forma mais realista, porém, a deportação em massa teria de ocorrer ao longo de vários anos. Um dos cenários seria o de conduzir a deportação de um milhão de imigrantes por ano, o que custaria US$ 88 bilhões anuais, incluindo a construção de campos de detenção.

“Seriam necessários mais de dez anos e a construção de centenas a milhares de novas instalações de detenção para prender, deter, processar e remover todos os 13,3 milhões de imigrantes visados —mesmo supondo que 20% dessa população sairia voluntariamente durante qualquer esforço de deportação em massa de vários anos”, diz o estudo.

QUASE 1 TRILHÃO – O custo total em 10,6 anos seria de US$ 967,9 bilhões. E outro obstáculo se refere à organização da operação.

“Para realizar mais de 13 milhões de prisões em um curto período, seriam necessários entre 220.000 e 409.000 novos funcionários do governo e agentes da lei, o que seria praticamente impossível, considerando os desafios atuais de contratação em todos os órgãos de aplicação da lei”, alertou.

“Até mesmo a realização de um milhão de prisões em liberdade por ano exigiria que o ICE contratasse mais de 30.000 novos agentes e funcionários policiais, tornando-o instantaneamente o maior órgão policial do governo federal”, indicou o levantamento.

SEM EMPREGADOS – Entre empresários e donos de lojas, o temor é já o de ficar sem mão de obra. Em 2022, quase 90% dos imigrantes sem documentos estavam em idade de trabalhar, em comparação com 61,3% da população nascida nos EUA com idade entre 16 e 64 anos.

“A perda desses imigrantes indocumentados em idade ativa pioraria os graves desafios da força de trabalho com os quais muitos setores já vêm lutando nos últimos anos”, disse o estudo.

Segundo o levantamento, a deportação em massa prejudicaria vários setores importantes dos EUA que dependem muito de trabalhadores sem documentos.

MAIS AFETADOS – “Os setores de construção e agricultura perderiam pelo menos um em cada oito trabalhadores, enquanto no setor de hospitalidade, cerca de um em cada 14 trabalhadores seria deportado devido ao seu status de indocumentado”, afirma.

A deportação em massa removeria mais de 30% dos trabalhadores dos principais setores de construção, como os responsáveis pelo gesso, telhados e pintores; quase 28% dos niveladores e classificadores de produtos agrícolas.

SEM DOCUMENTOS – No setor de serviços, o mesmo estudo indica que um quarto de todas as faxineiras não tem documentos. E o impacto também seria sentido na arrecadação de impostos por parte do governo americano.

Entre os deportados estariam um milhão de pequenos empresários imigrantes sem documentos, que geraram US$ 27,1 bilhões em renda total de negócios em 2022.

“A perda de 157.800 empreendedores imigrantes sem documentos em empresas de bairro levaria a interrupções nos serviços que se tornaram parte integrante da vida comunitária e proporcionam empregos locais para os americanos”, diz o documento.

PREVIDÊNCIA – Juntos, esses migrantes empreendedores contribuem com US$ 22,6 bilhões para a Previdência Social e US$ 5,7 bilhões para o Medicare, a rede pública de saúde dos EUA.

“A deportação em massa privaria os governos federal, estadual e municipal de bilhões em contribuições fiscais locais de famílias sem documentos. Somente em 2022, as famílias de imigrantes sem documentos pagaram US$ 46,8 bilhões em impostos federais e US$ 29,3 bilhões em impostos estaduais e municipais”, explicou o estudo.

Além da reforma ministerial, e preciso arrumar o governo, diz Lira

Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira

Lira comandou a Câmara durante quatro anos seguidos

Gabriel Sabóia e Victoria Abel
O Globo

Prestes a deixara a cadeira após quatro anos no comando, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirma que o governo precisa de uma “arrumação de baixo para cima” e que só a reforma ministerial não será suficiente. Cotado para o Ministério da Agricultura, ele argumenta que “falta sintonia” e existe “desequilíbrio” na composição do primeiro escalão, com representantes do Senado ocupando um espaço maior que os da Câmara.

O governo Lula registrou reprovação maior que a aprovação pela primeira vez. A que isso se deve?
O governo foi eleito com uma pauta social muito forte. Isso tem custos, mas tem que ter responsabilidade fiscal. Não é fácil equilibrar. Quando parte da população que votou no governo e outra parte que votou contra começam a caminhar para o mesmo lado (para a insatisfação), é lógico que baixa a popularidade. Não é com uma varinha de condão que vai resolver. Eu tenho a impressão de que o governo vai ter que arrumar do primeiro andar para a cobertura. Não adianta mudar só a cobertura.

O que isso significa?
O primeiro andar é a economia, emprego, inflação. É o sentimento popular, se há alguma coisa melhorando a vida. Depois (no segundo andar) tem a credibilidade política. O governo está com deficit, com dificuldades no Parlamento, na relação institucional. É preciso solucionar.

A dificuldade se resolve com mudança na articulação?
É fato que é necessária uma reforma ministerial. As nomeações originais da Esplanada foram feitas no calor da PEC da Transição. Ainda acho que o Senado ficou mais prestigiado que a Câmara e, no final, a Câmara votou mais fácil com o governo do que o Senado. Existem partidos que estão menos representados e dão mais votos. O governo deve ajustar isso, se entender que é a maneira de conseguir apoios. Deve haver arrumação de baixo para cima. Só em cima, não salvará, não resolverá. O Lula é um animal político muito experiente, mas não pode estar na linha de batalha. Tem que ter gente brigando.

Na articulação política?
Sim, em todos os aspectos. Há um desencontro do governo com o próprio governo, entre áreas do governo. Não há uma sintonia. Mas, é o momento agora de tentar fazer, olhando para todos os aspectos, inclusive econômicos.

Como viu as declarações do presidente do PSD, Gilberto Kassab, com críticas ao governo? Disse que Haddad era “fraco”.
Não posso emitir um juízo de valor. São falas dele.

Aceitaria um convite para ocupar uma vaga na Esplanada?
Eu não falo sobre conjecturas. O “se” não existe. Nunca tive conversas com Lula sobre ministério, nem com nenhum membro do governo. Não tenho respostas para algo que nunca foi conversado. Minha obrigação é deixar a presidência com a cabeça erguida, com a sensação de dever cumprido.

O senhor se incomodaria em prestar contas ao PT ou a Rui Costa, caso virasse ministro?
Não tenho nenhum problema com ninguém. Tenho amigos do PT ao PL.

Acredita que o momento pode fazer com que alguns partidos evitem entrar no governo?
Alguns partidos podem fazer essa opção, sim.

O senhor defende o apoio do PP à reeleição de Lula?
Hoje temos Lula e Bolsonaro como únicos candidatos da esquerda e da direita, é assim que vejo. Bolsonaro está tão inelegível quanto Lula esteve preso em 2018. A nossa Constituição traz brechas para isso. A decisão de apoiar um ou outro precisa ser muito amadurecida. Hoje, o PP não tem essa decisão clara de que iremos para cá ou para lá.

Os últimos anos foram marcados pelo acirramento do embate entre Congresso e Judiciário. Como solucionar o impasse das emendas?
Sempre defendemos a transparência e sempre defenderei as emendas. Elas têm uma função social importante. Para obras estruturantes, de saúde, saneamento e para o povo. Coisas que nenhum ministro tem condições de enxergar. As desvirtuações disso são caso de polícia, não de política. Tudo o que foi votado no final do ano foi feito seguindo orientação do poder Executivo. Mas, essa discussão vai perdurar por algum tempo, porque estamos falando de disputa de poder.

Qual é a solução?
Existem palavras fáceis de serem usadas depois de algum tempo. Hoje, fala-se em “rastreabilidade”. Sempre se soube de onde vinha a emenda. Na obra, o prefeito, o deputado, sempre falaram com orgulho da realização para aquele lugar. É claro que tudo está documentado. Mas, se quiserem transformar todas as emendas em individuais, podemos fazer, e cada emenda terá um único dono. Não podemos criminalizar a indicação parlamentar.

A insana poesia de Augusto dos Anjos busca o passado para chegar ao futuro

O beijo, amigo, é a véspera do... Augusto dos Anjos - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, professor e poeta paraibano Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) mergulha suas fantasias no soneto “Insânia” e parte em busca do passado para alcançar o futuro.
 
INSÂNIA
Augusto dos Anjos

No mundo vago das idealidades
Afundei minha louca fantasia;
Cedo atraiu-me a auréola fulgidia
Da refulgência antiga das idades.

Mas ao esplendor das velhas majestades
Vacila a mente e o seu ardor esfria;
Busquei então na nebulosa fria
Das ilusões, sonhar novas idades.

Que desespero insano me apavora!
Aqui, chora um ocaso sepultado;
Ali, pompeia a luz da branca aurora.

E eu tremo entre um mistério escuro:
– Quero partir em busca do Passado,
– Quero correr em busca do Futuro.