Galípolo diz que país vai conviver com inflação acima da meta a curto prazo

O Brasil tem inflação acumulada em 12 meses de 5,06%

Pedro do Coutto

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, admitiu nesta quinta-feira em matéria no O Globo, um cenário incômodo na economia, com inflação acima da meta de 3% e juros altos, depois da subida da Selic para 14,25% ao ano, na semana passada. Segundo Galípolo, a curto prazo, o país precisará lidar com uma inflação acima da meta, estipulada em 3% neste ano, acrescentando que o BC tem consciência de que a “combinação de inflação acima da meta e de taxa de juros mais contracionista costuma produzir essa posição mais incômoda”.

“O Banco Central sabe que, no curto prazo, a gente vai conviver com uma inflação acima da meta e que os mecanismos de transmissão desse processo vão se dar nessa ordem que a gente tem comunicado”, declarou. Atualmente, o Brasil tem inflação acumulada em 12 meses de 5,06% — bem acima do teto da meta para este ano, que é de 4,50%.

SELIC – Ao ser questionado sobre a orientação futura da próxima alta na taxa básica de juros, Galípolo não estimou a dimensão do aperto monetário, preferindo reforçar o que foi dito na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, em que o BC indicou que o ciclo de alta da Selic “não está encerrado”, mas que a próxima elevação “seria de menor magnitude”.

O presidente do BC ainda comentou que precisará escrever uma segunda carta informando o estouro da meta inflacionária. Isso porque a autoridade monetária segue confirmando a possibilidade de a inflação estourar a meta em junho. A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Nesse novo modelo, se o acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.

As declarações de Gabriel Galipolo certamente causaram irritação do presidente Lula da Silva, pois o presidente do BC considera o cenário incômodo para o governo e a inflação fora da meta até 2027. O reflexo político desta entrevista desmancha a esperança da população que esperava que a inflação fosse contida numa escala muito abaixo dessa atual.

DECLARAÇÕES – Não sei o que houve com Galipolo, que sucedeu a Roberto Campos Neto, acusado pelo governo de causar o desequilíbrio inflacionário e o aumento dos juros para o giro da dívida interna. Galipolo assumiu para colocar em prática uma política contrária à mantida por Campos Neto, mas agora piora a situação política com as declarações de que há perspectiva de que a inflação poderá recuar somente daqui a dois anos, ou seja, após a sucessão de 2026, dando margem à possíveis articulações de especuladores.

O cenário abala a credibilidade do governo que tinha assumido o compromisso de conter a alta dos preços. A situação é difícil, tanto que os empréstimos consignados pelo governo atingiram R$ 1,5 bilhão na primeira semana.  Lula deve ter ficado muito contrariado com a entrevista de Galipolo. Afinal, ele criticava Roberto Campos Neto justamente por ele não agir para conter a inflação.

8 thoughts on “Galípolo diz que país vai conviver com inflação acima da meta a curto prazo

  1. Um discurso longo e coerente às vezes escorrega numa pequena afirmação pouco convicente. É o caso do Presidente do Banco Central quando cita uma inflação de apenas 5,06%. Informação que até as galinhas poedeiras desacreditam.

  2. A Economia não é uma ciência exata. Isto é um ponto. É um mix de exatas e humanas. Este é outro ponto. De forma que, por exemplo, nem as mais sofisticas fórmulas de regressão, podem prever com exatidão o comportamento das variáveis estocásticas, de incerta previsibilidade. Daí vem seus aspectos típicos das Ciências Humanas. Mas nem tudo é imprevisíbilidade. Uma lei exata: não é possível distribuir riqueza sem produzí-la.

    Como exemplo, algumas das variáveis determinantes da taxa de juros são Inflação, crescimento econômico, expectativas do mercado, taxa de câmbio, riscos fiscais e confiança do mercado, situação externa, nível de endividamento e crédito. Ou seja, não é uma canetada dos campos netos, galípolos ou do raio que o parta, que irá determiná-la.

    Destaque pro crescimento da taxa são, na atual situação, as variáveis presidente falastrão, militância fundamentalista, intelectuais orgânicos bajuladores na defesa santificada do “falastricionismo”, visão idealista positivista que propugna que as ideas, por si só, forjam a realiade e outras sandices alopradas.

    Embora tache a “extrema-direita” de negacionista, o fracasso retumbante da esquerda por onde passa, é justamente o negacionismo da Ciência Econômica que, embora não exata, tem suas leis, que não podem ser substituídas por dogmas de seitas fundamentalistas (por aqui o abjeto, reacionário e encroador fanatismo idólatra do Painho).

    Para não esticar o assunto, o principal dogma fundamentalista da esquerda é que há uma fonte inesgotável de riqueza ( e de direitos), sem a necessidade de qualquer esforço produtivo.

    Só pensa na distribuição igualmente sem freios e limites (ô, coitados!). Desta forma, vislumbrando o eterno maná, pode gastar sem medo de ser feliz, com a corrupção, distribuição de esmolas pra acomodar os pobres na sua condição de impedidos de desesnvolverem plenamente seus gigantescos potenciais intelectuais, econômicos, sociais e políticos, por exemplo.

    Isto porque sobrevive e banca seus faustos banquetes pela extração da mais valia absolutíssima da Indústria da Miséria e da Miséria do Identitarismo.

    Pra quê projeto de país, desenvolvimento, inserção auto-determinante no mercado global, absorção e desenvolvimento das tecnologias de ponta?

    Reacionária, neo-ludista, capitalista selvagem (mais valia absolutíssima), idealista positivista (aos moldes dos extremismos de direita), negacionista.

    Por onde passa, nem capim nasce. Não semeia.

    • História práxica de vida.

      Eu já fui da seita. Tendo sido Secretário da Fazenda de um Município, o Prefeito dizia que havia uma secretaria que pensava que era independente do Governo.

      E era mesmo, não ia manchar minha história e rasgar meu diploma de Economista pra adotar dogmas fundamentalistas e nem quebraria o município deixando o povo a ver navios.

      Hoje os pilantras reconhecem, mesmo porque, dentre um dos motivos que levaram à morte da seita por lá, fora deixarem de lado meu legado e terem quebrado o município, por sinal, riquíssimo.

  3. Está tudo combinado.
    Colocam o bode na sala, todos reclamarão do cheiro. Após, por ordem do rei retira-se o bode à força, some o cheiro e segue-se o aplauso bajulador da claque. E então os tolos de sempre dirão que graças ao bom rei tudo melhorou. É a estupidez coletiva no mais puro transe.
    Deus tenha misericórdia deste povo.

  4. Caminho para combater a inflação:

    Combater a gastança/roubalheira estatal.

    Não é o povo

    São os agentes políticos, inclusive os vitalícios e sem voto deste Brasil de agentes públicos multimilionários extorquindo o povo, que desviam todos os recursos do Leão alimentam o Dragão.

    Estado imperial e centralizado aprimorado na longa história do crescente patrimonialismo até o século XXI.

    A Maior Milícia do Mundo está na Praça dos Três Podres, irradiando nas oligarquias locais.

    • Agentes políticos vitalícios e sem voto não são servidores/trabalhadores.

      São os membros de podres que esbanjam e desviam como querem o orçamento e se acham donos do Estado. Exploram servidores/trabalhadores.

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