
Devagar, Tarcísio começa a delinear sua candidatura
Vinicius Torres Freire
Folha
Na semana passada, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), falou em um encontro do pessoal do mercado financeiro. Falou de política e, mais do que isso, de linhas gerais do que é um programa de acordão e de governo. Não se prestou muita atenção.
Fez um balanço de sua administração. Correto ou não, pode cair bem nos ouvidos de gente que vai das elites econômicas até o meião do eleitorado. Goste-se ou não do que propõe ou faz, fala de modo racional.
CONSTRUINDO PONTES – Até se congratula por sucessos na vacinação (pois é) e em programas sociais —não é Jair Bolsonaro. Na prática, está construindo pontes em direção a vários universos políticos do país.
No caso de a direita conseguir um por ora dificílimo acordão para se livrar de Bolsonaro e varrer para debaixo do tapete a sujeira da barbárie bolsonarista, essa articulação pode ter sucesso. Governo e esquerda em geral não estão prestando atenção ao clima que se vai criando.
Quanto a Bolsonaro, que Tarcísio chama de “líder” e “inocente”, sua conversa foi para públicos além da seita. PACIFICAÇÃO – Diz que o “Brasil precisa de uma pacificação, até porque a gente está presa a uma agenda [polarização, processo do golpe] que não vai nos levar a lugar nenhum”.
Assim, “estamos deixando de discutir” envelhecimento da população, longevidade, reforma administrativa, reforma do sistema político, economia do conhecimento, inteligência artificial, transição energética (pois é). “A gente precisa de uma pacificação, de algumas portas de saída”.
Quais? Reequilíbrio dos três Poderes. “Se transferiu muito poder para o próprio Congresso sem se transferir a responsabilidade, o Orçamento foi todo para lá e os Ministérios não têm condição de fazer política pública”.
ANARQUIA INSTITUCIONAL – “Como é que os gênios vão voltar para as suas garrafas é uma discussão importante, porque senão a gente vai viver uma anarquia institucional.”
Se deu destaque midiático à crítica velada de Tarcísio à isenção do IR, medida eleitoreira, segundo o governador, que anda ele mesmo mais eleitoreiro (“prometeram picanha, está faltando ovo”, disse noutro dia). Tarcísio foi além.
Critica em geral a perda de “base” de pagantes de IR, para ele errado em si, para tributar “o capital, vou tributar, o estoque de capital. Ou seja, vou destruir a poupança e impedir o investimento. E aí é o contrato com fracasso, um país que está caminhando para a informalidade”.
PORTAS DE SAÍDA – Quer e diz fazer em São Paulo “portas de saída” para programas sociais, que estão “explodindo e aumentando o estoque com BPC, Bolsa Família. A gente não está dando a porta de saída, não está emancipando ninguém e a gente vai ficar cada vez mais limitado”.
A fim de tratar de conserto de contas públicas, elogia logo a motosserra. “A gente precisa fazer o que tem que ser feito, porque vai ficar uma conta amarga para ser paga lá na frente. Alguém vai ter que chegar e tomar medidas impopulares para poder botar o Brasil no rumo certo. O Milei fez isso com muita propriedade na Argentina”.
“Se você me perguntasse se seria possível cortar 5% do PIB de despesa do estado em um ano, eu diria que é impossível, e ele fez. Consequência disso, a inflação está caindo e o fluxo de capital aumentou. Ele tem um problema ainda com o câmbio, mas ele está indo bem, está começando a tirar a cabeça do buraco, começando a querer crescer. A inflação foi lá para baixo.”
Espero que durma e nunca mais acorde. Onde governam a desgraça impera
Seria um EXCELENTE CANDIDATO.
Se eleito livraria o Brasil de Lula e Bolsonaro
Desculpe-me o gancho para dizer que também tenho a impressão de que o Tarcísio seria uma boa opção (sem dúvida melhor do que os outros dois panacas!)
Esse “vini”, embora prenhe de titulações, não passa de uma “besta quadrada”, de um “animal de rabo”, como ensinou papai.
Faltam candidatos que queiram impulsionar o Brasil. Um presidente desenvolvimentista que queira de fato lutar pelo Brasil. Tarcísio é um entreguista, vai querer privatizar o que sobrou para tirar sua comissão. Antes de pensar em um presidente ideal, o Brasil deveria pensar em deputados e senadores que tenham amor e este país e ao seu povo.
Presidente do Brasil, independente do seu caráter e sua boa vontade, é uma marionete que segue as ordens dos lobbys e elites do Brasil. Ele não faz nada, mas um senado nacionalista corrige o STF e fiscaliza o presidente. A Câmara passa a direcionar o país para o caminho certo e mesmo que o presidente jogue contra, o país vai andar no caminho certo.
Sem moto próprio
A relação de Tarcísio com Bolsonaro, meio instável no momento, ainda continua sendo a de boneco com o ventríloquo.
Política liberalóide? Ao elogiar Milei, criticar a isenção de IR e a taxação de lucros e dividendos, se vê o que ele pensa da economia e quem vai para o sacrifício, mais uma vez. Ele não fala que a Argentina depende de empréstimos do FMI para sobreviver um pouco com o peso sobrevalorizado.,
Critica a infomalidade, mas qual a saída? BPC, qual a saída? Bolsa família? Qual a saída?
Nenhuma palavra sobre os supersalários.
Afinal, ele quer diminuir ou aprofundar as desigualdades?
Sim, pelo pensamento dele, a privatização de tudo é a panaceia.
Um engana incautos.
Quando congelarem as aposentadorias,como na Argentina, essa velharada vai falar o quê?