Elon Musk diz que o projeto fiscal de Trump é uma ”abominação repugnante”

Um homem está em um ambiente formal, usando um boné preto com a palavra 'RAGE' em destaque. Ele tem uma expressão pensativa, olhando para cima, enquanto toca levemente o boné com a mão. Ao fundo, há cortinas coloridas e uma bandeira dos Estados Unidos.

Musk desistiu de ajudar Trump a reduzir o déficit fiscal

Joe Miller e Lauren Fedor
Financial Times

Elon Musk detonou o principal projeto de lei tributária de Donald Trump, chamando-o de “uma abominação repugnante”, em um ataque que ameaça destruir a relação entre o presidente dos EUA e seu bilionário apoiador.

Em uma série de publicações na sua rede social X nesta terça-feira (3), Musk —que saiu abruptamente do governo na semana passada— criticou o que chamou de “projeto de lei de gastos do Congresso gigantesco, ultrajante e cheio de privilégios”.

VOCÊS SABEM DISSO – “Vergonha para quem votou a favor: vocês sabem que erraram. Vocês sabem disso”, escreveu. A intervenção agressiva do bilionário ocorre em um momento crítico para o “grande e belo projeto de lei” [big, beautiful bill, ou BBB, em inglês] de Trump, que passou por pouca margem na Câmara dos Representantes no mês passado e precisa ser aprovado pelo Senado para se tornar lei.

Trump impôs um prazo de até 4 de julho para aprovar a medida, que poderia definir seu segundo mandato e estabelecer o rumo para a economia dos EUA. Ele tem pressionado senadores republicanos que estão alarmados com o pacote, que reduziria impostos, diminuiria gastos sociais e aumentaria a dívida pública.

As declarações de Musk ocorreram poucas horas depois de Trump ter criticado o senador republicano Rand Paul, um conservador fiscal ferrenho que questionou as disposições do projeto para aumentar o limite de quanto o governo federal pode se endividar em US$ 5 trilhões.

TRUMP REVIDA – “Rand Paul tem muito pouca compreensão do BBB, especialmente o tremendo CRESCIMENTO que está por vir”, disse Trump em sua plataforma de mídia social Truth Social na manhã desta terça-feira. “O BBB é um grande VENCEDOR!!!”.

Outros senadores fiscalmente conservadores —incluindo Ron Johnson, de Wisconsin, Mike Lee, de Utah, e Rick Scott ,da Flórida — pediram cortes mais profundos nos gastos do projeto.

Outro grupo de senadores republicanos —incluindo Susan Collins, do Maine, Lisa Murkowski, do Alasca, e Josh Hawley, do Missouri— criticaram os cortes propostos pelo projeto ao Medicaid, programa de saúde pública para americanos de baixa renda e com deficiência.

MAIORIA MÍNIMA – O partido de Trump controla o Senado por 53 a 47, o que significa que os republicanos só podem perder o apoio de três senadores.

Questionada sobre os comentários de Musk, porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse: “O presidente já sabe qual era a posição de Elon Musk sobre este projeto. Isso não muda a opinião do presidente. Esse é um projeto grande e bonito, e ele está mantendo sua posição.”

Mas a intervenção de Musk provavelmente encorajará os republicanos críticos do presidente. Paul concordou com Musk no X, dizendo: “Podemos e devemos fazer melhor.” Lee respondeu: “O Senado deve melhorar este projeto.”

CINCO DIAS DEPOIS – O ataque frontal de Musk ocorreu cinco dias após sua despedida no Salão Oval e intensifica sua disputa com a Casa Branca, que ele criticou por causa da política de tarifas e culpou por não apoiar totalmente seus esforços para cortar US$ 1 trilhão do orçamento dos EUA.

O governo americano buscou nesta terça apaziguar apoiadores descontentes da força-tarefa de redução de custos de Musk, o chamado Doge (Departamento de Eficiência Governamental), apresentando ao Congresso uma pequena fatia de cortes que a iniciativa identificou —incluindo contratos relacionados a programas de diversidade e mais de US$ 1 bilhão em financiamento para NPR e PBS— para serem consagrados em lei.

Embora o homem mais rico do mundo tenha evitado criticar o presidente, cuja campanha ele apoiou com mais de US$ 250 milhões no ano passado, ele se distanciou de partes da agenda de Trump.

ELEIÇÕES PARLAMENTARES – Elon Musk também indicou que interromperia seus gastos com candidatos alinhados e nesta terça-feira pareceu pedir que os republicanos fossem removidos do cargo nas eleições de meio de mandato do próximo ano.

Musk disse que seu envolvimento com a Casa Branca trouxe “retaliação” contra seus negócios, especialmente a Tesla, cujas vendas caíram na Europa.

Na semana passada, ele disse à CBS News que estava “preso em um dilema” porque não queria criticar Trump, mas também não queria “assumir a responsabilidade por tudo o que esse governo está fazendo”.

Nesta terça-feira, ele escreveu sobre o projeto de Trump: “Sinto muito, mas simplesmente não aguento mais.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trump está errado e Musk está correto. A sólida amizade entre os dois, que estava balançada há semana, acaba de subir ao telhado e despencou lá de cima, não existe mais. (C.N.)

5 thoughts on “Elon Musk diz que o projeto fiscal de Trump é uma ”abominação repugnante”

  1. Sr. Newton,

    O humorista Léo Lins levou 8 anos de cana, mas 2 milhões de multas por contar piada de mau gosto, algumas bem ácidas.

    Parece que ficou no lucro com os 8 anos de cana por “afrontar” o Regime Sóvietico do Pai da Pátria do Século XXI, o Redentor e Fiscal da Demogracinha.

    Segundo os Especialistas de Plantão, os humoristas são os primeiros a sentirem na pele as mãos da foice e martelo do Regime Soviètico.

    Uma delegação georgiana veio visitar Stálin. Chega, conversa com ele em seu gabinete de trabalho e vai embora.

    Assim que os visitantes desaparecem no fim do
    corredor, Stálin começa a procurar seu cachimbo.
    Abre gavetas, revira papéis, mas não o encontra em lugar nenhum. Ele grita no corredor chamando o chefe da polícia política, Lavrenti Beria. “Beria”, diz ele,

    “Perdi meu cachimbo. Vá atrás da delegação da
    Geórgia e veja se descobre se alguém levou”.

    Beria sai voando pelo corredor. Stálin continua procurando o cachimbo. Depois de cinco minutos, ele olha embaixo da mesa e o encontra caído no chão. Chama Beria de volta.

    “Está tudo certo”, diz. “Encontrei meu cachimbo.
    Pode deixar os georgianos irem embora.”

    “É um pouco tarde”, responde Beria.

    “Metade da delegação confessou ter levado
    o cachimbo e a outra metade morreu
    durante o interrogatório.”

    aquele abraço

  2. Interessante observar que, neste aspecto, o Milei tem alcançado excelentes resultados, no que toca à responsabilidade na gestão fiscal e em colocar as oligarquias estatais nos seus devidos lugares.

    A colaboração do Musk e seu Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) ao Governo Trump poderá restar inócua. Este parece que está caminhando pra ser esbanjador e irresponsável com a riqueza pública, como é a inócua, infértil, reacionária e improdutiva “esquerda progressista” latino-americana (o progresso do atraso).

    Evidentemente que exigir diploma de economista pra que alguém seja Presidente seria um acinte contra a Democracia, mas que um destes, sendo responsável, faça uma diferença enorme, face a esbanjadores analógicos como temos, não resta a menor dúvida.

    https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2025/05/7149564-ajuste-fiscal-de-javier-milei-derruba-inflacao-e-turbina-pib-da-argentina.html

    Milei tem derrubado o dogma supersticioso que o que segura a onda são os gastos estatais e que este seja o motor da Ecomonia, levando a Argentina a sair, ainda que aos poucos, da encruzilhada econômia gestada pela decadente moral, civilizacional e temporalmente “esquerda” peronista.

    __________________

    Por curiosidade fui ver os bolsonaristas exilados nos EUA, que têm levado as oligarquias estatais analógicas da Velha República Tardia à loucura, colocando em risco até nossas delicadas relações internacionais, para perseguí-los.

    Não sendo todos brilhantes intectual e politicamente, estão sendo lançados, pelos desacertos dos oligargas da Organização, futuros políticos eleitoralmente prestigiosos, pois sabemos que a política possibilita a mudança dos que governam.

    Quanto mais avança o combate do bolsonarismo e a “defesa da Democracia”, que não comporta o contraditório, mais este movimento cresce.

    O que me chamou a atenção é que estes tais estão na faixa dos quarenta anos, são jovens relativamente, e têm tudo pra ocuparem os lugares que ficarão vazios pela obsolescência dos velhacos anciões da Organização Petista, absolutamente carente de jovens de alguma expressão político-eleitoral.

    O processo de dominação ideológico, inclusive com seu aparelhoa ideológico educacional, foi de tal monta (dada a magnituda de realidade a ser oculta) que imbecilizou a própria “militância”, que vive numa realidade analógica paralela, logo um discurso idem, que não convence ninguém. Os militantes, com seu dialeto de duas palavras, fascismo e golpe, enchem o saco de qualquer um minimamente crítico e com pelo menos um pé no chão. Os oligarcas esqueceram que não são eternos.

    Pela-sacos insurportáveis, em seu radicalismo pueril e infértil, os eventuais jovens que emergiram na Organização só alcançarão seus companheiros de seita em eventuais aventuras eleitorais. Se houver algum.

    • Ademais, no Executivo, colherão inevitavelmente derrotas, pela adesão ao dogma supersticioso de que a riqueza cai do céu abundante e infinitamente.

  3. Segundo publicações do último final de semana, o bilionário Musk faz uso de drogas, não sei se as chamadas recreativas ou não. Não é difícil ter a percepção disso pelo seu comportamento em determinadas ocasiões, erráticos, escrevem alguns.
    Ele poderia ser “convidado” por quem de direito(!?) a investir no sistema de transporte marítimo da cidade do Rio de Janeiro. Ligações podem ser estudadas, a partir do Morro da Viúva ou Mourisco para o Galeão, Santos Dumont, Fundão, São Gonçalo etc. Pelo que sei , a iniciativa privada poderia contribuir para eliminar certos gargalos nos transportes fluminenses e até pensar em solução lógica e racional para o sistema ferroviário/metroviário. Se Musk entrar nessa será uma vitória de quem?

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