Duas cartas na manga dos golpistas para dificultar prisão de Bolsonaro

E por falar em anistia... - Fred Ozanan

Charge do Fred Ozanan (Arquivo Google)

Rafael Moraes Moura
O Globo

Enquanto insistem na aprovação de uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro, aliados de Jair Bolsonaro já discutem reservadamente uma nova estratégia para tentar tirar o caso da trama golpista das mãos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com interlocutores do ex-presidente ouvidos pelo blog, se nada mais der certo, eles acreditam que ainda poderiam tentar aprovar uma PEC para reduzir o alcance do foro privilegiado.

IDAS E VINDAS – O próprio Supremo já teve uma série de idas e vindas sobre o entendimento da prerrogativa – e decidiu, em março deste ano, que o foro permanece para os casos de crimes cometidos no exercício do mandato e em função do cargo, mesmo após a autoridade deixar o posto.

Agora, uma das ideias em discussão seria tirar o foro nos casos de quem já saiu do cargo, como Bolsonaro – o que, acreditam os aliados do ex-presidente, levaria a trama golpista para a primeira instância.

Assim o processo teria de esgotar todos os recursos em todas as instâncias inferiores até retornar ao Supremo, adiando por anos o provável desfecho do caso – a condenação definitiva do ex-presidente da República por tramar um golpe de Estado.

PRIMEIRO, A ANISTIA – “Primeiro vamos virar a anistia. Depois vamos fazer a mudança de foro”, disse uma liderança do PL ouvida reservadamente pela equipe da coluna. “Estamos discutindo o melhor texto.”

É a melhor alternativa, porque poderia interessar a outros grupos de parlamentares com outras questões na Justiça. Mas isso dependeria de um esforço concentrado para viabilizar a sua aprovação antes da condenação de Bolsonaro. A tramitação de um projeto exige aprovação em maioria simples, com quórum de metade mais um para fazer a votação na Câmara e no Senado, separadamente.

Assim, o projeto da anistia será facilmente aprovado. “Mas precisa de um trabalho para costurar um acordo político e convencer os parlamentares”, afirma um estrategista do PL. “No fundo, a anistia é conversa para boi dormir, porque, mesmo que passe no Congresso, o Supremo derruba.”

FORO PRIVILEGIADO – Há uma série de propostas envolvendo o alcance do foro privilegiado tramitam no Congresso. Uma das mais radicais é uma PEC de autoria do ex-senador Álvaro Dias (Podemos-PR) que acaba com o foro e mantém a prerrogativa apenas para os presidentes da Câmara, do Senado, do STF, além do presidente e do vice-presidente da República, apenas nos casos de crimes relacionados ao mandato. Aprovada em 2017 pelo Senado, ela segue parada na Câmara.

À época, a iniciativa sofreu muita pressão contrária de integrantes do STF, já que apenas o presidente da Corte seria “poupado”.

Mas no próprio Parlamento não há consenso sobre esse ponto, já que a ameaça de tirar o foro dos ministros do Supremo também poderia servir como instrumento de pressão do Congresso sobre a Corte.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
O informante do excelente repórter Rafael Moraes Moura passou uma notícia errada, e tivemos de corrigir. Ele disse que a anistia virá por emenda constitucional, de quórum especial, mas na verdade está sendo apresentada como projeto de lei, que é aprovado por maioria simples em quórum de somente 257 deputados presentes para abrir a votação. Ou seja, apenas 129 votos podem aprovar a anistia. (C.N.).  

9 thoughts on “Duas cartas na manga dos golpistas para dificultar prisão de Bolsonaro

  1. A Organização Petista, ao cozinhar o galo em fogo brando, já tendo colocado o Bolsonaro inelegível, se esta contando com o desfecho destes processos pra colocar, deve ser sua múmia embalsamada, Lula de volta ao Governo, pode tirar o cavalinho da chuva.

    Se inelegivel tem esta performane eleitoral, imaginem tornado mártir?

    https://www.gazetadopovo.com.br/republica/lula-empata-bolsonaro-mais-4-segundo-turno-2026/

    A questão que fica é a capacidade de transferência de votos.

    Composta por um bando de aloprados do oba-oba, a Organização Petista, dando uma de pragmática, é uma bocó.

    Gastam muita energia pra resultados pífios. Vide a lutacquixotesta com as big techs pra perseguir meia dúzia de bolsonaristas exilidados nos EUA.

    Pueris.

    • Num pais bananeiro do Quindo Mundo é possivel reelger múmias, mas não sea pelo “derrotamos o bolsonarismo” de elevadíssimo custo/benéficio, não econômico mas de enfraquecimento das relações e reconhecimento internacionais.

  2. Não vai dar em nada.

    Moraes satisfará seu pavão interior.

    Advogadinhos aproveitam para se exibirem e capitalizarem com a tragédia da impunidade, “defendendo” e mandando golpistas calarem a boca, como no caso de Augusto Heleno.

    Há risco crescente de um golpe de verdade nos próximos anos.

  3. Os golpistas que não deram golpe e as Vestais querendo o golpe. Só se for um a golpe de sorte para que o Lula desapareça ainda este ano e permita a recomposição do PT em curto prazo de tempo. Metem o “irmão” na cadeia e dizem que o Iposentão está terminado com a devolução de 20 reais para cada aposentado roubado. Como as mulas têm memória curta em 2026 ninguém lembrará de mais nada.

  4. Tem que ser pobre e miserável mesmo para votar no larápio ou ser elemento do grupo que sempre lembro:

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não é “frustrado por ser pobre”, em discurso no encerramento do Fórum Econômico Brasil-Angola, em Luanda, capital angolana, nesta sexta-feira, 25. A declaração de bens do petista ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apresenta outro cenário. Em 2022, então candidato à Presidência, Lula afirmou ter um patrimônio R$ 7,4 milhões.

    “Eu te confesso que não consigo me conformar que é normal um cidadão nascer pobre e morrer pobre, seu filho nascer pobre e morrer pobre, e seu neto nascer pobre e morrer pobre. Não é possível. Não é normal. E não pense que eu sou frustrado porque eu sou pobre, não”, disse o presidente.

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