A resiliência de Lula e a emergência de Michelle: lições do último Datafolha

Levantamento divulgou intenções de voto para 2026

Pedro do Coutto

Por mais que a política brasileira tenha se acostumado com reviravoltas dramáticas e imprevisíveis, os dados da mais recente pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial de 2026 reiteram uma constante quase inescapável: a polarização segue firme como eixo central do debate nacional. O levantamento mostra que, se as eleições fossem hoje, Lula da Silva teria 43% das intenções de voto contra 42% de Tarcísio de Freitas. No cenário com Michelle Bolsonaro, a vantagem do presidente é ligeiramente maior: 46% a 42%.

A princípio, esses números podem parecer apenas mais uma fotografia momentânea do eleitorado. Mas, sob um olhar atento, revelam movimentos significativos – tanto no campo do lulismo quanto na seara bolsonarista. Primeiro, é preciso reconhecer a resiliência de Lula. Mesmo enfrentando críticas recorrentes sobre a condução administrativa e tendo de gerir uma base parlamentar muitas vezes hostil, o presidente mantém-se competitivo. Não há, neste momento, um desgaste fatal à sua imagem que o impeça de disputar em pé de igualdade uma reeleição.

SEM ALTERNATIVAS – A força de Lula parece residir não em uma aprovação exuberante de seu governo, mas na ausência de alternativas robustas no centro político e na capacidade de sustentar sua narrativa histórica – aquela que associa seu nome à superação, inclusão social e resistência democrática. A memória coletiva do lulismo ainda funciona como lastro emocional para boa parte do eleitorado, sobretudo diante de adversários que representam uma guinada conservadora com traços autoritários.

No campo oposto, o avanço de Michelle Bolsonaro é, sem dúvida, o dado mais surpreendente da pesquisa. A ex-primeira-dama, que jamais disputou uma eleição, desponta com 42% das intenções de voto – um desempenho expressivo para quem não possui trajetória político-eleitoral própria. Isso revela duas coisas: a força simbólica do sobrenome Bolsonaro e o desejo do eleitorado bolsonarista por uma alternativa mais “palatável” à figura do ex-presidente, cuja rejeição ainda é considerável fora de sua base fiel.

Michelle é a personificação da tentativa de ressignificar o bolsonarismo. Sua imagem de mulher religiosa, discreta e sem os escândalos diretos que rondaram o marido pode ser uma aposta estratégica do grupo para furar o teto de rejeição que Jair Bolsonaro enfrenta. Ainda é cedo para dizer se ela conseguirá sustentar uma candidatura presidencial, mas o recado do Datafolha é claro: ela tem potencial competitivo.

PEÇA IMPORTANTE – Tarcísio de Freitas, por sua vez, surge como uma peça importante no tabuleiro, mas que ainda não mobiliza paixões fora de São Paulo. Seu desempenho está no limite do empate técnico com Lula, o que é notável, mas talvez ainda insuficiente para consolidar-se como líder incontestável da direita no pós-Bolsonaro. A depender do grau de apoio que receba do ex-presidente e da disposição em nacionalizar seu discurso, pode se tornar o nome viável do campo conservador. Mas enfrenta o desafio de ser reconhecido para além de sua base estadual e de não ser engolido pelo peso simbólico do bolsonarismo de raiz.

No fundo, o retrato desenhado pelo Datafolha sugere uma eleição que pode repetir a lógica das últimas disputas: um país dividido entre dois polos, com os nomes mais conhecidos à frente, mesmo que cercados de críticas e controvérsias. O centro político, mais uma vez, parece órfão de lideranças que encantem ou mobilizem o eleitorado de forma contundente. Isso, por si só, fortalece a polarização, que continua sendo o motor do debate público nacional.

A disputa de 2026 ainda está longe, e muitas águas vão correr debaixo da ponte. Mas o que já se pode afirmar é que Lula permanece como um competidor formidável, mesmo sob o peso do governo. E que o bolsonarismo, longe de ter desaparecido, busca novos rostos para reviver sua narrativa – seja pela via de Michelle ou de Tarcísio. O Brasil segue, portanto, em sua encruzilhada cívica, entre a repetição e o reinício.

7 thoughts on “A resiliência de Lula e a emergência de Michelle: lições do último Datafolha

  1. Análise sinóptica do mestre Pedro do Couto.
    O machismo exacerbado de Bolsonaro, não condiz com a hipótese de apoiar Michele Bolsonaro numa eventual candidatura a presidente no ano que vem.
    Quanto a Tarcísio de Freitas, nem pensar, porque Bolsonaro é daqueles caciques, que não admitem um índio tomando conta da tribo.

    O que se depreende dos movimentos do falso Mito é o sonho de voltar a ocupar o cargo de presidente, seguindo o caminho percorrido por Donald Trump, que perdeu para Biden em 2020 e o derrotou em 2024.

    Bolsonaro conta com a absolvição e a recuperação da inelegibilidade para concorrer em 2026.

    Isso explica a intensa movimentação de Bolsonaro para eleger o maior número de senadores, visando a tomada da Bastilha ( Senador Federal), obter o controle , eleger o presidente do Senado e cassar via impeachment, os ministros, Alexandre de Morais, Flávio Dino e Roberto Barroso.

    Já há articulações para eleger o filho Carlos Bolsonaro, atual vereador do Rio, para senador pela Santa Catarina, apoiado pelo governador Jorginho Melo, que acabou de declarar, que com uma simples fita métrica, pode separar a região sul do Brasil, criando um país sulista.

    No Rio, Bolsonaro, exigiu o candidato a vice de Rodrigo Bacelar, atual presidente da ALERJ e candidato a governador. O nome é Renato Araújo, empresário amigo de Bolsonaro , oriundo de Angra dos Reis.
    Para o Senado no Rio, Bolsonaro tem como favas contadas, a reeleição do filho Flávio Bolsonaro e o governador Cláudio Castro, que irá se desincompatibilizar do cargo em abril, para Rodrigo Bacelar assuma o cargo de governador.

    Em Brasília, Bolsonaro vai tentar eleger senadora, a mulher Michele Bolsonaro e o governador Ibanez Rocha, com a força política da atual senadora Damares Alves. Falta combinar com os russos.

    Em São Paulo, Bolsonaro conta com o apoio do governador Tarcísio de Freitas para eleger o filho Eduardo Bolsonaro.

    De tudo isso, relatado, surge uma constatação: Bolsonaro quer criar uma familiacracia.

  2. Nas formidável não é a situação eleitoral da Organização Petista, ainda que com toda censura. Pois encroou sua juventude tornando-a um bando de delirantes alucinados, quais tais membros de seita, vivendo numa realidade paralela, adorando seu santo de pés de barro, absolutamente apartada da Realpolitik.

    Ninguém aguenta estes revolucionários de e em um mundo metafísico que inventaram. Dão inveja àqueles da ” A Sagrada Família” de Marx.

    Qualquer feijoada gordurosa faz mais revolução no mundo real que todos juntos.

    Não afeitos ao avançado tecnológico, tido como coisa do demônio, nas sabemos como darão vidaceterna ao seu líder farsante.

    Será embalsamado?
    _______

    Luta tem demonstrado especisl ódio com o Nikolas, que humilha sua juvente inerte e imbecilizada.

    https://www.facebook.com/watch/?v=707294358908393&surface_type=vod&referral_source=vod_deeplink_unit

    Não sei como tem gente que ainda não vomita só de ver a cara deste imprestável e ridículo Lula.

    É um garoto propaganda do promissor jovem conservador.

    ________

    Desculpem. Correndo pro caso sanitário.

  3. Pesquisas eleitorais para uma eleição tão longe na linha do tempo, no caso em outubro de 2026,.não me parece logicamente aceitável.
    Até lá, 2026, tudo pode acontecer, porque o imponderável da vida humana, sempre traz uma ou mais surpresas.
    Os atores da peça incluída nas pesquisas, podem desistir, outros podem partir para outros projetos e ainda podem surgir novos atores, antes desconhecidos da platéia eleitoral.

    Então, vamos com calma nessa hora, que o santo é de barro.

    Tudo pode acontecer, até não acontecer nada e ninguém sabe como será o final do processo dos teus envolvidos na tentativa de Golpe de Estado e Abolição violenta do Estado de Direito.

  4. Apenas um apocalipse nuclear global parece capaz de redimir Pindorama — e após o colapso definitivo da raça brasuca.
    Imaginar a perpetuação de um anacronismo político ou o retorno triunfal da demência autoritária é mais do que atear fogo no circo: é carbonizar também os espectadores.
    Implante-se a monarquia parlamentarista.
    Trocaríamos o picadeiro por um teatro de marionetes onde o rei reina, mas não governa, e os ventríloquos do sistema continuariam os mesmos.
    A diferença? Agora com coroa, hino e pompa para dourar a miséria institucional.

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