Lêdo Ivo ensina a deixar poeticamente tudo para trás

Homenagem a Lêdo Ivo – Educação Emocional e Terapia por meio de contosO jornalista, cronista, romancista, contista, ensaísta e poeta alagoano Lêdo Ivo (1924-2012) aconselha (queime tudo o que puder) no poema “A Queimada”, pois a verdade não é para ser dita, ela é o eterno segredo.

A QUEIMADA
Lêdo Ivo

Queime tudo o que puder:
as cartas de amor
as contas telefônicas
o rol de roupas sujas
as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência
e anuncia a arterioesclerose
os recortes antigos e as fotografias amareladas.

Não deixe aos herdeiros esfaimados
nenhuma herança de papel.
Seja como os lobos: more num covil
e só mostre à canalha das ruas
os seus dentes afiados.

Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.
Destrua os poemas inacabados, os rascunhos,
as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.

4 thoughts on “Lêdo Ivo ensina a deixar poeticamente tudo para trás

  1. Não é comum nem raro alguém achar que é dono da verdade. Vem um e diz que não existe esse negócio de saudade; outro afirma que náo há o que chamamamos inspiraração.
    Temos todos o direito de ter nossas verdades, desde que não a imponhamos aos outros.

    No caso do poeta do dia, ele nos aconselha a queimar o que tivermos. Um outro achava que as estrelas são entes vivos e com elas falava:


    Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
    Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
    Que, para ouvi-las, muita vez desperto
    E abro as janelas, pálido de espanto…
    ….
    E conversamos toda a noite,”

    Quem fica pálido de espanto sou eu! Como interpretar essa postura poética se ela se assenta em algo inverídico, tolo, infantil.
    .
    Portanto, no que me concerne, fico calado, porque jurei um dia nunca falar mal de poetas.

  2. “…os recortes antigos e as fotografias amareladas.”
    Onde se lê “antogos”, leia-se “antigos”.
    Lindíssimo poema.
    Se for possível, é de grande importância indicar em que obra específica foram publicados os poemas e outros textos desta coluna. Seria o ideal.
    Parabéns!

  3. 1) Já que o espaço é poético, licença…

    2) Poética dos Hinários – Antonio Carlos Rocha

    Vamos pesquisar, inicialmente, o cântico “39 – Como são belos”, inspirado em Isaías 52:7. Inserido na coleção de poesias “Laudate” da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, publicado em 1998. Laudate significa “Louvai”, é um termo em Latim.

    “Como são belos os pés do mensageiro
    Que anuncia a paz.
    Como são belos os pés do mensageiro
    Que anuncia o Senhor.
    Ele vive, Ele reina, Ele é Deus e Senhor (2x).

    Há um ditado popular antigo: “as melhores essências estão nos menores frascos”, assim é com o texto acima. O poeta disse tudo em poucas linhas.

    Lembrei também da Filosofia Oriental, a técnica japonesa Do-In, oriunda da Acupuntura, afirma que os nossos pés tem 72 mil terminações nervosas. Então, que os nossos pés, que o nosso caminhar seja abençoado pelas Luzes do Oriente e do Ocidente.

    Que possamos sempre pisar em solo firme, protegidos pelo Senhor Deus de muitos nomes.

    No verso número 2 vemos tanto a paz interior quanto a paz exterior, aliás, o nosso planeta está precisando de muita paz mundial.

    Outro ditado antigo informa “quem canta seus males espanta”. Parodiando podemos escrever: “Quem Louva seus males espanta” e ajuda muito na Fé, na Devoção e Autocura.

    3) Vemos/lemos a Hinologia Sagrada como versos, poesias, daí o nosso estudo,

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