Veto a cerimônias sobre 1964 não apaga a realidade dos fatos e a memória viva

Golpe militar de 1964 foi em 31 de março ou em 1º de abril? | CNN Brasil

Tanque bloqueia o trânsito próximo ao Palácio Laranjeiras,

Dora Kramer
Folha

O veto a cerimônias oficiais pode até ser visto como sinal de conciliação, mas não apaga os fatos dos idos de março e o golpe em abril há 60 anos. Os militares sabem disso. Percebem que gestos não substituem a realidade.

E a verdade é que uma ruptura institucional efetivada e prolongada por 21 anos tem teor de gravidade bem maior que a recente tentativa frustrada de golpear as instituições. O tempo não as separa, antes exibe um traço de união a ser mantido no radar de todos.

INSPIRAÇÃO – Os golpistas de lá inspiraram os conspiradores de cá. A diferença é que estes se depararam com circunstâncias diversas, e para eles adversas, das que asseguraram o perverso êxito daqueles.

O empenho do presidente Luiz Inácio da Silva na defesa de sua posse e da democracia em geral realmente não combina com a proibição de que o governo promova atos em memória de episódio perverso da quadra brasileira, cuja história é vasta em episódios assemelhados durante o século 20.

Ocorre, porém, que o veto presidencial é aceno dirigido, não impede ninguém, grupo político ou social, de se manifestar individual e/ou coletivamente para marcar a data com a veemência que considerar adequada.

MEMÓRIA VIVA – É o que está acontecendo até em decorrência da decisão de Lula. A partir das críticas a ele, o debate em torno dos acontecimentos e consequências do golpe de 1964 ganhou dimensão correspondente à importância do marco.

Não há uma decisão de Estado que vede homenagens à memória. Não se exige da sociedade que se submeta a uma decisão de governo. Se a liderança tem suas razões para não liderar, os liderados que atuem sem exigências paternalistas.

Lula faz um movimento estratégico, enquanto militares de alta patente são alvos de investigação e prisão sob os ditames do regime civil. Algo inédito, cujo significado não deve ser subestimado, mas visto como resposta compatível com as nossas peculiaridades. Goste-se ou não, é como fazemos.

7 thoughts on “Veto a cerimônias sobre 1964 não apaga a realidade dos fatos e a memória viva

  1. Aparente e seletiva “mitigação do corporativismo que protege altos oficiais das Forças Armadas”.

    Ampliação reacionária do foro privilegiado para a casta detentora de título de nobreza estatal.

    Não há o que comemorar neste Brasil com inócuo efeito simbólico e retardado, lesado e enganado de 2024.

  2. A frase de Dino “não existe poder militar, o poder é apenas civil” me parece alienada, com arrogância e pompa de pavão incomparável.

  3. 1964 foi um segundo freio visando futuras infiltrações e atual posição de quatro, quando já moribundam 90% de decadentes e já supremas “khazarianas” fôrças!
    PS. Não se tocam e já nem ligam para quem trabalham, em sutil fingimento pátrio!

  4. “Algo inédito, cujo significado não deve ser subestimado, mas visto como resposta compatível com as nossas peculiaridades. Goste-se ou não, é como fazemos.”
    Um pouco dessas ‘peculiaridades’.
    Farra com cartões corporativos volta a disparar com governo Lula
    Como a ordem do Palácio do Planalto é torrar sem piedade o dinheiro dos impostos, os gastos com cartões corporativos no governo Lula (PT), que já bateram recorde em 2023, dispararam no início deste ano. Já foram mais de R$170 milhões incluindo despesas com os cartões da defesa civil, utilizados supostamente para bancar ações relacionadas à infraestrutura, e os cartões de pagamento que ganharam fama nos primeiros governos do PT por custearem tapioca, motel etc.
    Ano dos recordes
    Em 2023, o governo Lula bateu todos os recordes de gastos, em todos os tipos de cartão: R$430,6 milhões no total.
    Cartões clássicos
    Só os gastos com cartões de pagamentos, que tomam conta de qualquer despesa, foram mais de R$90,7 milhões só no ano passado.
    Ninguém merece
    Exatos 1.931 cartões corporativos foram emitidos em nome de funcionários do governo. Gasto médio de R$88 mil só em 2024.
    Desemprego sobe
    Números do IBGE mostram que a economia não vai tão bem como afirmam governistas. A taxa de desemprego subiu 4,1% no trimestre até fevereiro. São 8,5 milhões de pessoas buscando trabalho.

    Frase do dia
    “Estão forçando uma narrativa”
    Esperidião Amin (PP-SC) sobre as tentativas de constranger o embaixador húngaro

    Tudo outra vez
    Empreiteiras que voltaram à cena do crime contratam “especialistas” para difundir a tese cara-de-pau de que a culpa é do xerife e não do assaltante da diligência: dizem que a Lava Jato “acabou de uma canetada” empresas que subornaram a autoridades dos governos do PT.

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