Paulo Peres
Poemas & Canções
O alagoano Jorge Mateus de Lima (1893-1953) foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor. Neste soneto, ele usa a figura do acendedor de lampião para marcar a desigualdade social.
O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
Jorge de Lima
Lá vem o acendedor de lampiões de rua!
Este mesmo que vem, infatigavelmente,
Parodiar o Sol e associar-se à Lua
Quando a sobra da noite enegrece o poente.
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos, se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade
Como este acendedor de lampiões de rua!
Quando a sombra …
1) Jorge de Lima, grande poeta !
2) Lembrando que “Acendedor” era o nome da revista mensal da Seicho-No-Iê, linhagem japonesa que aproxima Budismo – Cristianismo – Xintoísmo…
3) Hoje a revista tem outro nome.
Sensacional !!!
Jorge de Lima, sete em um. Escritor múltiplo de saberes.
Acendedor de ruas, que poderia ser o gari de ruas, o guarda da esquina, o camelô, o feirante, profissões que definem a desigualdade social, no tempo de Jorge de Lima e no nosso tempo de agora.